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Projeto de prática Políticas da Educação Básica - Ciclo 3

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CLARETIANO – REDE DE EDUCAÇÃO
		CURSO DE PEDAGOGIA (LICENCIATURA)
NÍVEA DE CARVALHO MOURA VELLOSO 
 RA 8113246
A EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL ATUAL: DESAFIOS E PERSPECTIVAS
Atividade do 3º ciclo de aprendizagem
BATATAIS
2020
NÍVEA DE CARVALHO MOURA VELLOSO 
RA 8113246
A EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL ATUAL: DESAFIOS E PERSPECTIVAS
	Atividade do 3º ciclo de aprendizagem
Trabalho apresentado como requisito da disciplina Políticas da Educação Básica para obtenção do título de licenciada em Pedagogia pelo Claretiano – Rede de Educação
Orientadora: Prof. Dr. Wagner Montanhini
Batatais
2020
Descrição do Projeto:
Esse projeto se caracteriza pelo desenvolvimento de uma ação investigativa, que busca compreender as problemáticas que envolvem a educação básica no Brasil atual, por intermédio da análise do documentário dirigido por João Jardim Pro dia nascer feliz (2007), da coleta e análise de dados estatísticos e da elaboração de um texto dissertativo ao final sobre “A educação básica no Brasil atual: desafios e perspectivas”. Vimos que, ao longo da história do Brasil, o Estado se mostrou negligente em relação à garantia do direito à educação. Desde o período monárquico até recentemente, somamos iniciativas no campo da educação por parte do poder público, que contribuíram para a consolidação do caráter elitista da educação brasileira e a marginalização de contingentes significativos da população. Encontramos um retrato desse descaso nas estatísticas e dados levantados pelos próprios órgãos oficiais como o INEP em relação aos índices de analfabetismo e as taxas de evasão escolar. Nos últimos anos, podemos identificar vários movimentos em favor da universalização da educação e em defesa da escola pública e a implementação de políticas educacionais que conseguiram avanços quantitativos em direção à democratização do ensino, porém essa democratização do acesso não foi acompanhada da devida qualidade de ensino. Atualmente, os estudos apontam o baixo rendimento escolar dos estudantes e outros graves problemas que afetam a educação brasileira como a violência, a falta de motivação de alunos e professores, dentre outros, que comprometem a aprendizagem e demonstram que a educação democrática de qualidade está longe de ser efetivada. Dessa forma, esse projeto se justifica cientificamente pela tentativa de aproximar o aluno de licenciatura das problemáticas que envolvem a educação básica na atualidade, propiciando a reflexão e o debate e o desenvolvimento de postura docente crítico e investigativa nos planos históricos e pedagógicos. 
Objetivos:
•Aproximar o aluno de licenciatura das problemáticas que envolvem a educação na atualidade. 
•Utilizar metodologias de pesquisa que propiciem o desenvolvimento de uma postura docente investigativa. 
•Proporcionar a reflexão sobre as problemáticas que envolvem a educação e a atuação docente na atualidade. 
•Utilizar os conhecimentos sobre a legislação e as políticas públicas referentes à educação para uma inserção profissional crítica. 
Metodologia: 
Neste tópico, está descrito cada etapa para o desenvolvimento do seu projeto ou atividade-prática. 
1ª etapa - Assistir ao documentário Pro dia nascer feliz (2007). Direção: João Jardim, ano: 2007. Para isso acesse o documentário diretamente no Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=nvsbb6XHu_I&t=45s. Acesso em: 05 dez. 2019. 
2ª etapa - Após ver o documentário, apresentar um resumo dos diferentes momentos mostrados pelo diretor, quanto aos locais e escolas vistas. 
3ª etapa - Coleta de dados estatísticos como número de matrículas na rede pública municipal e estadual de ensino de sua cidade e Estado; dados sobre evasão e repetência, índice de desenvolvimento como o IDEB, dentre outros. Os dados podem ser coletados no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Disponível em: < http://portal.inep.gov.br/web/guest/painel-educacional>. Acesso em: 19 nov. 2019. 
4ª etapa - Para finalizar, elabora um texto crítico, fazendo um paralelo envolvendo o documentário Pro dia nascer feliz (2007) e os dados coletados de sua cidade/Estado. 
Desenvolvimento do projeto:
Resumo dos diferentes momentos quanto aos locais e escolas vistas
O documentário começa com uma escola em Manari/Pernambuco, uma das cidade mais pobres do Brasil. A escola é a Escola Estadual Cel. Souza Neto. Logo no início já vemos o choque que virá. A escola recebe apenas R$1.200,00, aparentemente por ano – dos quais, após INSS, contador e taxa da prefeitura, sobra um valor ainda menor, cerca de R$600,00 para a escola. Com isso podemos entender que a escola não tem estrutura como deveria; não tem água encanada, o banheiro tem privada mas não tem descarga, pia ou papel higiênico, seu teto não é completamente fechado, podemos ver bacias com água parada e não é sempre que tem merenda. A escola não tem ensino médio, as crianças precisam pegar um ônibus disponibilizado pela prefeitura para ir às aulas em outra cidade (Inajá, a 31 km de Manari). São 300 alunos, que vão em 2 ônibus em pé e muitas vezes os ônibus não saem por algum problema como o ônibus quebrar por exemplo. 
A 2a escola é a referida anteriormente, em Inajá/Pernambuco, a Escola Estadual Dias Lima. Nela havia a possibilidade do magistério (documentário gravado em 2004), mas ainda assim vemos uma situação precária. Muitos professores não vão a escola, e nem se preocupam em mandar substituto. O desinteresse de muitos alunos é nítido quando vemos que muitas meninas do ensino médio se arrumam como se fossem a um encontro e nem entram nas aulas. A falta de interesse dos alunos aumenta ainda mais o desinteresse dos professores e assim desestimulam-se a darem boas aulas ou até mesmo comparecer. Um bom exemplo é analisar as sextas-feiras, que costumam ter muita sala sem professor e um professor, dos poucos que se importam, dando suporte a 2/3 salas. Esse ciclo de desinteresse gera uma evasão muito alta dos alunos.
Em seguida mudamos totalmente de cenário e vamos para Duque de Caxias/Rio de Janeiro no Colégio Estadual Guadalajara. O colégio fica a poucos metros da boca de fumo e isso passa a ser um ponto importante quando vemos a evasão de alunos e interesse de alguns na criminalidade. Apesar das condições e estruturas muito melhores do que as escolas de Pernambuco, ainda aqui vemos um grande desinteresse por parte dos professores. Nas cenas iniciais deste escola temos a mesma postura de antes comentada: um dispensou, outra não foi. Mais de uma turma dispensada por isso e assim os alunos que já são de difícil atração, encontram mais um motivo para deixar de estudar: a falta de interesse dos professores. A principal forma de trabalhar a favor da retenção de alunos foi um tripé formado por: Oficina de teatro, ritmo e dança afro. Com estas atividades a escola tirou os alunos da rua ou do marasmo de estar em casa sem fazer nada e levou para dentro da escola cada vez mais. Nessa escola também vemos um grande interesse da diretora em tentar ajudar aos alunos a permanecerem na escola. É mostrado a reunião de conselho em que não apenas se interessam e discutem as notas, mas também os impactos de aprovação ou reprovação na vida do aluno em questão. Muitas vezes acontece do aluno passar de ano sem saber a matéria ensinada e há sempre o risco de não conseguir acompanhar o novo ano. 
A escola seguinte é a Escola Estadual Parque Piratininga II, em Itaquaquecetuba / São Paulo. Mais uma vez vemos uma escola da periferia, referida como periferia da periferia, mas com uma condição muito melhor do que as iniciais. Aqui os alunos tem alguma condição de vida, apesar de não terem dinheiro para vida cultural fora da escola. A escola se torna um local que as famílias gostam e levam os filhos para conhecer, para ver o local, admirar e aproveitar o ambiente. Nesse patamar já temos uma escola cuidada a ponto de ter a preocupação em se manter um ambiente agradável com direito a fonte e peixes. A escola já apresenta outras características como uma boa pontuação
dos alunos no Enem e alguns até colocados em faculdades pelo Pro-Uni. Isso despertou interesse dos alunos que passaram a acreditar que poderiam fazer uma faculdade, trouxe esperança à comunidade. Mas em conversas com os alunos vemos um cenário um pouco diferente, os próprios alunos percebem que o ensino não está melhorando, apenas a imagem dele. Um exemplo citado é que o verbo “to be” é ensinado nas aulas em inglês desde a 5a série (agora 6o ano) até o 3o colegial e mesmo assim há alunos que não sabem nem responder o significado. Apesar do esforço da diretora, assim como nas outras instituições vemos turmas que são dispensadas com frequência porque os professores não comparecem e não há aula. Situação que apenas ocorre pela abertura da legislação que permite que o professor tenha várias faltas sem que isso prejudique sua carreira. 
Nessa escola adentramos um pouco mais no universo dos professores e em depoimento uma professora comenta que falta por causa do cansaço causado pela carga física e mental. Ela relata que o professor é mal recebido pelos alunos logo que entra na sala de aula, e que o envolvimento do professor com os problemas pessoais dos alunos traz uma carga mental muito grande. Falta dar importância ao professor, que se sente abandonado, sem dignidade para trabalhar, tendo que aceitar situações dentro da sala de aula que o deixa ainda mais sem interesse. O estado deixa tudo muito jogado, sem interesse pelo que o professor tem a dizer. Há muitos professores que não dão nota vermelha apenas para não preencher um formulário de porquê o aluno foi mal na matéria em questão, há um grande desinteresse pelos professores, que resulta em um pobre processo de ensino.
A próxima escola é um colégio particular em São Paulo / São Paulo, Colégio Santa Cruz. A estrutura da escola já se apresenta em um cenário completamente diferente, com natureza, jardins, carteiras melhores, espaço de convivência grande e outras vantagens de uma escola da classe alta. As conversas entre os alunos são muito mais filosóficas sobre o que se quer da vida, sobre a bolha social em que vivem, as pessoas (alunos e staff da instituição) se vestem de forma mais arrumada com roupas e acessórios mais caros ou de marca ou camisas de futebol. Porém mesmo dentro de toda essa condição ainda assim temos em evidência a falta de interesse dos alunos ao vermos alunos sonolentos ou com notas baixas. Outro tema que surge são aulas particulares para ajudar na recuperação e a postura da escola que prefere reter o aluno e pressionar a melhorar nota do que passar sem o conhecimento. O oposto de outro cenário visto antes.
A última escola nos leva à periferia de São Paulo, na Escola Estadual Levi Carneiro. Aqui o cenário emocional é o mais pesado. Vemos pais que não conhecem os filhos, pais mais distantes porque buscam trabalhar sempre mais para poder dar alguma qualidade de vida aos filhos. Essa carência é suprida pelos amigos e namorados (nesse tema também encontramos a realidade dentro da escola da classe alta, na qual a menina expõe sua vida íntima e revela a tristeza causada pela carência vivida). As famílias da região são desestruturadas, com frequência o pai é só registrado mas nem mesmo vê os filhos, são cenários nos quais o pai bate em mãe, o pai é bandido e outras situações desse mesmo patamar. Com essas vivencias de dentro de caso, vemos que a agressividade entre alunos, e o medo causado por ela, é um dos grandes motivos de evasão. Também vale dizer que essa vida difícil traz aos alunos o não valor a vida, afinal, entendem que não tem o que perder. A agressividade ao professor, o palavrão, é tão natural para eles que nem percebem o que fizeram. A história do final, na qual uma simples discussão por colocar uma colega para fora de uma festa, vira motivo para esfaquear a outra é a maior prova de que não tem medo de nada. “Não dá nada matar sendo de menor. 3 anos, passa rápido. A vida dela ia acabar mesmo, eu só adiantei”. É essa a forma que encaram a vida e o resultado claramente se apresenta na educação escolar. “Não sei nem se vou estar vivo amanhã. “ “Até o politico rico rouba. Eles roubam milhões e tá tudo bem. A gente rouba R$1.000 e somos presos. A criminalidade existe porque eles plantaram. “ – são algumas das frases de alunos de 14 a 18 anos que ilustra essa pesada realidade.
Coleta de dados estatísticos na rede pública municipal e estadual de São Paulo / SP.
Texto crítico fazendo um paralelo envolvendo o documentário e dados acima. 
Após o documentário e análise dos dados, acredito que podemos ver uma grande relação no que diz respeito a padrão de vida, desigualdade social e a realidade escolar. Os índices de matrícula em São Paulo são bons. Os de evasão, apesar de crescerem ao longo do período, não são tão altos quanto os demonstrados no documentário, mas podemos observar que cre	scem a medida que crescem também os índices de reprovação. O que nos linka àquela reunião de conselho em que discutem a aprovação ou não de um aluno em dificuldades. A realidade do Brasil na educação é dura: no censo de 2004, haviam 210 mil escolas no Brasil, sendo que 13,7 mil não tinham banheiro e 1,9 mil não tinham água. Com a desigualdade social tão forte no Brasil, não poderia esperar outro cenário que não o evidenciado: o susto apresentado no documentário que nos remete à realidades muito distintas das nossas e nos faz pensar e relembrar da importância da educação na vida de cada indivíduo que por ela passa. 
REFERÊNCIAS
JARDIM, João. Pro dia nascer feliz. 2007. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=nvsbb6XHu_I&t=45s. Acesso em: 25 out. 2020.
INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Disponível em: < http://portal.inep.gov.br/web/guest/painel-educacional>. Acesso em: 28 out. 2020. 
BRASIL. Lei n.9.394, de 20 /12 /96. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 30 out. 2020.
CORRÊA, R.A., SERRAZES, K.E.. Políticas da Educação Básica. Batatais/SP: Claretiano, 2013.

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