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INTRODUÇÃO O exame de Ressonância Magnética é um método de diagnóstico por imagem que não utiliza radiação e permite retratar imagens de alta definição dos órgãos do corpo. O equipamento que realiza o exame trabalha com campo magnético, e, por isso, algumas precauções devem ser tomadas para realização do exame, como não utilizar jóias e maquilagem, entre outros. HISTÓRIA O conceito de spin surgiu da necessidade de se explicar os resultados até então impensados na experiência de Stern-Gerlach na década de 1920. Nessa experiência, um feixe colimado de átomos de prata, oriundos de um forno a alta temperatura, atravessavam um campo magnético altamente não-homogêneo. Tal experimento era destinado a medir a distribuição dos momentos magnéticos, devidos principalmente aos elétrons. Como os átomos, na temperatura em que estavam emergindo do forno, estavam no seu estado fundamental 1S0, deveriam sofrer desvios nulos na presença do campo magnético não-homegêneo. A distribuição esperada era da perda da coerência espacial do feixe durante o seu tempo de vôo, do forno de origem até o alvo. Tal não sucedeu, contudo. O resultado obtido foram duas manchas de depósito de prata sobre o alvo, indicando que o feixe se dividira em dois durante o percurso. Isso indicou que os átomos de prata do feixe ainda tinham um grau de liberdade de momento angular, mas que não era o momento angular orbital dos elétrons no átomo, mas sim um momento angular intrínseco destas pertículas. A esse "momento angular intrínseco" deu-se o nome de spin (significando giro em Português) Em 1924, Wolfgang Pauli postulou que os núcleos se comportariam como minúsculos ímãs. Mais tarde, experimentos similares, porém mais sofisticados, aos do Stern-Gerlach determinaram momentos magnéticos nucleares de várias espécies. Posteriormente, em 1939, Rabi e colaboradores submeteram um feixe molecular de hidrogênio (H2) em alto vácuo a um campo magnético não- homogêneo em conjunto com uma radiação na faixa das radio-freqüências (RF). Para um certo valor de freqüência o feixe absorvia energia e sofria pequeno desvio. Isso era constatado como uma queda da intensidade observada do feixe na região do detector. Este experimento marca, historicamente, a primeira observação do efeito da ressonância magnética nuclear. Nos anos de 1945 e 1946 duas equipes, uma de Bloch e seus colaboradores na Universidade de Stanford, e outra de Purcell e colaboradores na Universidade de Harvard procurando aprimorar a medida de momentos magnéticos nucleares observaram sinais de absorção de radio-freqüência dos núcleos de 1H na água e na parafina, respectivamente, pelo que os dois grupos foram agraciados com o prêmio Nobel de Física em 1952. Quando Packard e outros assistentes de Bloch substituíram a água por etanol, em 1950 e 1951, e notaram que havia três sinais (um tripleto) e não somente um sinal (um singleto)1 ficaram decepcionados. Entretanto, esse aparente fracasso veio a indicar alguns dos aspectos mais poderosos da técnica: a múltipla capacidade de identificar a estrutura pela análise de parâmetros originados de acoplamentos mútuos de grupos de núcleos interagentes. Pouco tempo depois, em 1953, já eram produzidos os primeiros espectrômetros de RMN no mercado, já com uma elevada resolução e grande sensibilidade. Nos equipamentos de ressonância magnética para imageamento biológico, os núcleos do átomos de hidrogênio presentes no objeto de análise são alinhados por um forte campo magnético e localizados por bobina receptora devidamente sintonizada na freqüência de ressonância destes. As imagens em medicina podem ser produzidas por diferentes fontes que interagem no tecido humano. O tecido biológico em geral é opaco à radiação de comprimento de onda intermediário, tais como as da ultravioleta, infravermelho e das microondas (freqüências inferiores a 150 Mhz). Entretanto, o corpo humano é relativamente transparente as radiações de comprimento de onda curto (por ex. raios-X) que interagem com os elétrons e as de comprimento de onda longo (ondas de rádio) que interagem com os núcleos. As técnicas radiográficas (raios x convencionais e tomografia computadorizada) produzem imagens resultantes da atenuação dos fótons dos raios-X pelo tecido corporal. As variações de contraste nestes casos se baseiam na variação das densidades de cada tecido que está sendo examinado. Imagens podem também ser produzidas por ultra-som, onde a clareza do sinal é o resultado da quantidade relativa de sinais refletidos. O ultra-som não utiliza a radiação ionizante contida nos raios-X e na tomografia computadorizada (TC), porém oferece resolução espacial bastante inferior. Além disso, o ultra-som é limitado pela presença de uma janela acústica entre a superfície externa e a região de interesse. As imagens por RM, são obtidas de modo não invasivo, tem extraordinária resolução espacial, não emprega radiação ionizante e se baseia na resposta específica do próton de hidrogênio de absorver e refletir energia contida em ondas eletromagnéticas. A RM é o único método de imagem que permite a obtenção dos três planos ortogonais (sagitais, coronais e axiais), sem reposicionamento do paciente. A. O paciente é colocado em um grande magneto, que provoca a polarização dos seus prótons de hidrogênio que se alinham em um determinado eixo (paralelo ou antiparalelo), pois os prótons de hidrogênio funcionam na natureza como minúsculos ímãs. B. Os prótons de hidrogênio, executam um movimento em torno do seu eixo longitudinal e outro circular, simultaneamente, como se imitassem um pião. Este fenômeno chama-se precessão e tem uma freqüência própria para cada campo magnético específico e depende da intensidade do campo magnético (Sendo assim, quanto maior a potência do magneto, melhor a qualidade da imagem e mais rápido será o exame). C. O alinhamento dos prótons se rompe com a aplicação de pulsos de radiofreqüência aplicados ao paciente, fazendo com que os prótons de hidrogênio precessem em sincronia, em fase. Isto cria um novo vetor magnético. D. Quando o pulso de radiofreqüência é subitamente desligado, os prótons de hidrogênio voltam à sua posição normal, e se realinham, e nessa circunstância eles emitem um sinal que é captado por uma bobina localizada ao redor da área a ser examinada (por exemplo, bobina de crânio, de coluna, de joelho, de mama, da ATM, etc.). E. O sinal emitido e captado pela bobina é utilizado pelo computador que, através de complexos princípios matemáticos, o transforma em imagens. Aparelho de Ressonância Magnética BIOSSEGURANÇA Durante a realização do exame de RM o paciente é exposto a três formas diferentes de radiação eletromagnética: 1) Campo Magnético Estático, 2) Campos Magnéticos de Gradiente 3) Campos Eletromagnéticos de Radiofreqüência (RF). Todos os campos podem causar efeitos significativos se aplicados à níveis de exposição suficientemente altos. Inúmeras investigações foram realizadas para identificar possíveis bioefeitos adversos da RM. Embora nenhum tenha identificado a presença de qualquer riscos significativo ou inesperado, os dados não são suficientemente amplos para se assegurar a segurança absoluta. Portanto, esta discussão dos bioefeitos de campos estáticos, de gradientes e eletromagnéticos de RF é suplementada por uma visão geral de outras considerações de segurança e aspectos de tratamento do paciente relacionados a esta técnica de estudo. BIOEFEITOS DOS CAMPOS MAGNÉTICOS ESTÁTICOS Algumas das investigações originais em seres humanos expostos a campos magnéticos estáticos foram realizadas em trabalhadores envolvidos na indústria de magnetos permanentes. Os Trabalhadores expostos a campos magnéticos estáticos quevariam de 0,0015 a 0,35 T(Tesla), os trabalhadores relataram sintomas de cefaléia, dor torácica, fadiga, vertigem, perda de apetite, insônia, prurido e outros incômodos inespecíficos. A exposição ocupacional a outras condições ambientais potencialmente perigosas (como temperatura ambiente elevada, poeira metálica no ar ou substância química) pode ter sido parcialmente responsável pelos sintomas descritos nos indivíduos estudados. Na literatura ocorre algumas declarações de conflito com relação aos efeitos de campo magnético estáticos sobre as temperaturas corporais e cutânea dos mamíferos. Alguns relatos indicam que os campos magnéticos estáticos aumentam e diminui a temperatura tecidual, dependendo da orientação do organismo no campo magnético estático. Outros artigos afirmam que os campos magnéticos estáticos não têm efeito sobre as temperaturas cutâneas e corporais de mamíferos. Efeitos Térmicos Uma investigação em seres humanos indicou que a exposição a um campo magnético de 1,5T não altera a temperatura cutânea e corporal. Este estudo foi realizado utilizando um sistema de termômetro flurópico especial que demonstrou não ser perturbado por campos magnéticos estáticos de alta intensidade. Indução Elétrica e Efeitos Cardíacos O biopotencial induzido é exibido como ampliação da amplitude da onda T. O aumento da amplitude da onda T está diretamente relacionado à intensidade do campo magnético. Em baixas intensidades do campo magnético os efeitos não são tão predominantes quanto aquele de maiores intensidades do campo. Acredita-se que o efeito mais acentuado sobre a onda T seja causado quando o sangue flui através do arco aórtico torácico. Esta mudança da amplitude da onda T pode ser suficientemente significativa para deflagrar falsamente a excitação durante um exame de RM com sincronização cardíaca. Após cessar a exposição ao campo, estas anormalidades de voltagem eletrocardiográficas voltam ao normal. Como não há alterações circulatórias que pareçam coincidir com estas alterações eletrocardiográficas, não se acredita que haja riscos biológicos associados ao efeito magneto-hidrodinâmico que ocorre em conjunto com intensidades do campo magnético estático de até 2,0T. Efeitos Neurológicos A condução do impulso no tecido nervoso pode ser afetada pela exposição aos campos magnéticos estáticos. Atualmente, a exposição a campos magnéticos estáticos de até 2,0T não parece afetar significativamente as propriedades bioelétricas dos neurônios em seres humanos. CONSIDERAÇÕES SOBRE O CRIOGÊNIO Todos os sistemas de RM em uso clínico atualmente empregam hélio líquido. O hélio líquido mantém as bobinas do magneto em seu estado supercondutor, atingindo o estado gasoso a aproximadamente 268,93°C (4,22º K). Se a temperatura no interior do criostato aumentar subidamente, o hélio entra no estado gasoso. Nesta situação, o aumento acentuado de volume do criogênio gasoso versus líquido (com razões de volume gás-líquido de 760:1 para hélio e 695:1 para nitrogênio) aumentará dramaticamente a pressão no criostato. O hélio em sua forma gasosa é muito mais leve do que o próprio ar. Havendo a liberação inadvertida de gás hélio na sala de exame, as dimensões da sala, sua capacidade de ventilação,capacidade de ventilação e a quantidade total de gás liberado determinarão se o gás hélio chegará ao paciente ou ao profissional, que estão na parte inferior da sala. Uma valva "pop-off" de carbono pressuro-sensível cederá, algumas saída de hélio gasoso do criostato. Em situações normais, este gás deve ser removido da sala de exame para atmosfera externa. Entretanto, é possível que durante esta remoção algum gás hélio seja acidentalmente liberado para atmosfera ambiente da sala de exame O vapor de hélio parece vapor d'água, sendo inodoro e insípido, mas pode ser extremamente frio. Em um resfriamento do sistema, uma quantidade considerável de gás hélio pode ser liberada para sala de exame. A diferença de pressão resultante poderia causar secundariamente dificuldades em abrir a porta da sala. Neste caso, a primeira resposta deve ser evacuar a área até que o vapor de hélio agressor seja adequadamente removido do ambiente da sala de exame e redirecionado para um ambiente externo distante de pacientes, e material termossensível. Com o melhor design e isolamento do criostato, muitos dos novos magnetos supercondutores usam apenas hélio líquido. Entretanto, muitos magnetos utilizam também o nitrogênio líquido. O nitrogênio líquido no criostato age como um tampão entre o hélio líquido e a atmosfera externa, com ebulição a 77,3ºk. O nitrogênio em sua forma gasosa tem aproximadamente a mesma densidade que o ar, sendo certamente muito menos flutuante que o gás hélio. A concentração total de gás nitrogênio contida na sala seria determinada com base na quantidade total de gás liberada para a sala, nas dimensões da sala, e na sua capacidade de ventilação (a existência e o tamanho de outras vias de saída como portas, janelas, dutos de ventilação e ventiladores). O armazenamento em "dewar" (recipientes para armazenamento de criogênio) deve ser realizado em área bem ventilada porque as taxas de ebulição normais aumentam a concentração de gás inerte na sala de armazenamento até um nível perigoso ( J.E.Gray, PhD, comunicação oral, setembro de 1989). Os criogênios apresentam preocupação potencial na RM clínica apesar de seu registro extremamente seguro de uso em seus mais de 13 anos de utilização clínica. O manuseio e armazenamento apropriados de criogênios, assim como o treinamento da resposta apropriada no caso de vazamento, devem ser enfatizados em cada local. Um monitor de oxigênio com alarme audível, situado em altura apropriada em cada sala de exame, deve ser uma medida de segurança mínima obrigatória em todos os locais; a ligação e a ativação automáticas de um sistema de ventilação da sala de exame quando o monitor de oxigênio registrar abaixo de 18% ou 19% deve ser considerado em cada instalação do magneto. BIOEFEITOS DOS CAMPOS MAGNÉTICOS DE GRADIENTE Campos magnéticos podem induzir campos elétricos e correntes em meios condutores (incluindo tecido biológico) de acordo com a lei de indução de Faraday. O potencial de interação entre campos magnéticos de gradiente e tecido biológico é inerentemente dependente da freqüência do campo fundamental, da densidade de fluxo máxima, da densidade média, da presença de freqüências harmônicas, das características da onda do sinal, da polaridade do sinal, da distribuição da corrente no corpo e das propriedades elétricas e da sensibilidade da membrana celular específica. Para os seres humanos, a corrente induzida é proporcional à condutividade do tecido biológico e à velocidade de alteração da densidade do fluxo magnético. Teoricamente, as maiores densidades de corrente são produzidas nos tecidos periféricos (isto é, no maior raio) e diminuem linearmente em direção ao centro do corpo. A densidade da corrente será aumentada em freqüências e em densidades do fluxo magnético das maiores e será ainda mais acentuada por um raio maior do tecido com uma maior condutividade do tecido. Os bioefeitos das correntes induzidas podem ser devidos à energia depositada pelas correntes induzidas (efeitos térmicos) ou a efeitos diretos da corrente (efeitos não-térmicos). Os efeitos térmicos devidos a gradientes conduzidos usados em RM são negligenciáveis e não se acredita que sejam clinicamente significativos. Os possíveis efeitos não-térmicos das correntes induzidas são estimulação de células nervosas ou musculares, indução de fibrilação ventricular, aumento do espaço do manitol encefálico, potencial epileptogênico, estimulação de sensações de flash visual e alteração da consolidação óssea. As correntes limiares necessárias para estimulação donervo e fibrilação ventricular são muito maiores que as densidades de corrente estimadas induzidas em condições de RM clínica de rotina. A produção de magnetofosfenos é considerada uma das respostas fisiológicas mais sensíveis ao campo magnético de gradiente. Acredita-se que os magnetofosfenos sejam causados por estimulação elétrica da retina e sejam completamente reversíveis, sem efeitos associados sobre a saúde. Foram produzidos por densidades de corrente de aproximadamente 17µA/cm². Em contraste, as correntes necessárias para indução de potenciais de ação do nervo são de aproximadamente 3.000µA/cm², e aquelas necessárias para indução de fibrilação ventricular no tecido cardíaco saudável são calculadas em 100 a 1.000µA/cm². Embora não saibamos de casos descritos de magnetofosfenos para campos de 1,95T ou menos, os magnetofosfenos foram descritos de 4,0T ou próximos. Além disso, gosto metálico e sintomas de vertigem também parecem ser associados aos movimentos rápido dentro do campo magnético destes sistemas de 4,0T. BIOEFEITOS DOS CAMPOS ELETROMAGNÉTICOS DE RF A radiação é capaz de gerar calor em tecidos em dentrimento das perdas resistivas. Os principais bioefeitos associados à exposição à radiação de RF estão relacionados às qualidades termogênicas deste campo eletromagnético. A exposição à radiação de RF também pode causar alterações não-térmicas, campo-específicas em sistemas biológicos sem aumento significativo de temperatura. Este verso devido às declarações acerca do papel dos campos eletromagnéticos na produção de câncer e anormalidades do desenvolvimento e nas ramificações destes efeitos. Um relato da United States Environmental Protection Agency afirmou que as evidências existentes nesta questão são suficientes para demonstrar uma relação entre exposições a campos eletromagnéticos de baixo nível e o desenvolvimento de câncer. Até hoje, não foram realizados estudos específicos de possíveis bioefeitos não-térmicos das imagens de RM. Uma revisão no que se refere à RM foi publicada por Beers. Ao estudar as preocupações acerca da deposição de energia de RF, os pesquisadores quantificaram a exposição à radiação de RF através da determinação da taxa de absorção específica (TAE). A TAE é a taxa normalizada para massa em que a energia de RF é acoplada ao tecido biológico, sendo expressa em watts por quilograma. A TAE produzida durante RM é uma função complexa de inúmeras variáveis incluindo a freqüência (que, por sua vez, é determinada pela intensidade do campo magnético estático), o tipo de pulso de RF (90° ou 180°), o tempo de repetição a largura do pulso, o tipo de bobina de RF usada, o volume de tecido na bobina, a resistividade do tecido e a configuração da região anatômica estudada. O aumento real da temperatura tecidual causado por exposição à radiação de RF depende do sistema termorregulador do indivíduo (envolvendo fluxo sangüíneo cutâneo, área de superfície cutânea, taxa de suor, e outros fatores). A eficiência e o padrão de absorção da energia de RF são determinados pelas dimensões físicas do tecido em relação ao comprimento de onda incidente. Portanto, se o tecido for grande em relação ao comprimento de onda, a energia é absorvida na superfície; se for pequeno em relação ao comprimento de onda, há pequena absorção da energia de RF. Devido à relação entre energia de RF e dimensões físicas que acabamos de descrever, os estudos projetados para investigar os efeitos da exposição à radiação de RF durante RM no ambiente clínico exigem volumes teciduais e formas anatômicas comparáveis às de seres humanos. Os animais de laboratório não imitam ou simulam precisamente o sistema termorregulador ou as respostas dos seres humanos. Por estas razões, os resultados obtidos em experiências com animais de laboratório não podem ser “calculados ” ou extrapolados para seres humanos. Imagens de RM e Exposição à Radiação de RF Os poucos estudos existentes não se aplicavam diretamente à RM porque estas investigações examinavam sensações térmicas ou aplicações terapêuticas de diatermia, geralmente envolvendo apenas regiões localizadas do corpo. Foram realizados diversos estudos de absorção de energia de RF durante RM, e estes forneceram informações úteis sobre o aquecimento de tecidos em seres humanos. Durante a produção de imagens de RM, o aquecimento tecidual resulta basicamente de indução magnética com uma contribuição negligenciável dos campos elétricos, de forma que o aquecimento ôhmico é maior na superfície do corpo e aproxima-se de zero no centro do corpo. Cálculos e medidas preditivos obtidos de forma fictícia e em seres humanos expostos a estudo por RM apóiam este padrão de distribuição da temperatura. Uma investigação utilizando sondas de termometria fluróptica que não são perturbadas por campos eletromagnéticos demonstrou que seres humanos exposto a RM em níveis de TAE até 4,0 W/Kg (dez vezes maior que o nível atualmente recomendado pela United States Food and Drug Administration [FDA]) não apresentam aumento estatisticamente significativos da temperatura corporal e apresentam elevações das temperaturas cutâneas que não parecem ser clinicamente perigosas. Estes resultados implicam que o nível de exposição sugerido de 0,4 W/Kg para radiação de RF durante RM é muito conservador para pessoas com função termorreguladora normal. Órgãos Termossensíveis Alguns órgãos humanos possuem capacidades reduzidas de dissipação do calor, como os testículos e os olhos, são particularmente sensíveis a temperaturas elevadas. São locais primários de possíveis efeitos prejudiciais se as exposições à radiação de RF durante RM forem excessivas. Testículos Investigações laboratoriais demonstraram efeitos prejudiciais sobre a função testicular (incluindo redução ou cessação da espermatogênese, comprometimento da motilidade dos espermatozóides e degeneração dos túbulos seminíferos) causados por aquecimento induzido por radiação de RF decorrente de exposições suficientes para aumentar as temperaturas teciduais escrotais ou testiculares até 38°C a 42°C. A maior alteração na temperatura cutânea escrotal foi 2,1°C e a maior temperatura cutânea escrotal registrada foi 34,2°C Estas mudanças de temperatura estava abaixo do limiar que compromete a função testicular. Olhos A dissipação de calor do olho é um processo lento e ineficiente devido à sua relativa ausência de vascularização. Exposições agudas de campo próximos à radiação de RF, caso sejam de intensidade e duração suficientes, dos olhos ou cabeças de animais de laboratório demonstraram ser cataratogênicas em virtude da ruptura térmica dos tecidos oculares. As temperaturas das córneas foram medidas em pacientes submetidos a estudo por RM do cérebro, utilizando uma bobina de emissão-recepção para cabeça TAEs locais de até 3,1 w/Kg. A maior modificação da temperatura da córnea foi de 1,8°C e a maior temperatura média foi de 34,4°C. Como limiar da temperatura para cataratogênese induzida por radiação de RF em modelos de animais foi demonstrado entre 41°C e 55°C para exposições agudas, em campo próximo, não parece que a RM utilizando uma bobina para cabeça tenha o potencial de causar lesão térmica do tecido ocular. Os, chamados de “pontos quentes” da radiação de RF causados por uma distribuição desigual da energia de RF podem surgir sempre que forem produzidas concentrações de corrente associas a padrões condutivos restritivos. Alguns sugeriram que os pontos quentes da RF podem gerar pontos quentes térmicos em determinadas condições durante imagens de RM. Como a radiação de RF é absorvida principalmente pelos tecidos periféricos, foi usada termografia para estudar o padrão de aquecimento associado às imagens de RM em TAEs de corpo todo altas. O estudo demonstrou evidência depontos quentes térmicos na superfície relacionados à RM em seres humanos. O sistema termorregulador aparentemente responde ao estímulo do calor distribuindo a carga térmica, produzindo um efeito de “espalhamento” das temperaturas superficiais. Todavia, há uma possibilidade de que possam surgir pontos quentes térmicos internos nas imagens de RM. Radiação de RF “Pontos Quentes” ORI ENTAÇÕES DA FDA NORTE-AMERICANA PARA APARELHOS DE RM Teoricamente, “pontos quentes” da radiação de RF causados por RM foram reclassificados de classe III, na qual é exigida aprovação pré- comercialização, para classe II, que é regulada por padrões de desempenho desde que os aparelhos estejam dentro dos limites definidos. Após esta reclassificação, os novos aparelhos só tinham que demonstrar ser “substancialmente equivalentes” a qualquer aparelho classe II trazido ao mercado utilizando o processo de notificação pré-comercialização (510[K]) ou a qualquer dos dispositivos descritos pelos 13 fabricantes de sistemas de RM que haviam solicitado reclassificação à FDA. Foram então identificadas quatro áreas relativas ao uso de sistemas de RM para as quais a FDA divulgou orientações de segurança. Incluindo: 1- O Campo Magnético Estático, 2- Os Campos Magnéticos de Gradiente, 3- A Potência de RF do Exame 4- Considerações Acústicas. As orientações a seguir foram extraídas do “Safety Parameter Action Levels” da FDA: Campo Magnético Estático: A Intensidade do campo magnético estático que não ultrapassem 2,0T está abaixo do nível de preocupação para o campo magnético estático. Campo Magnético de Gradiente: Limitar a exposição do paciente a campos magnéticos variáveis no tempo com intensidades menores que aquelas necessárias para produzir estimulação do nervo periférico ou outros efeitos. Há três alternativas: Demonstrar que a taxa máxima de modificação do campo magnético (dB/dt) do sistema de 6T/s ou menos. Demonstrar que para gradientes axiais, dB/dt < 20T/s para µs ≤ 120 ms, dB/dt < (2.400/p) T/s para 12 ms < µs < 120 ps, ou dB /dt < 200T/s para µs ≤ 12 ps, onde µs é igual à largura (em frações de segundo) de um pulso retangular ou a metade do período de um pulso dB/dt sinusoidal. Para gradientes transversais, dB/dt é considerado abaixo do nível de preocupação quando é menor que o triplo dos limites acima gradientes axiais. Demonstrar com evidências científicas válidas que o dB/dt para o sistema não é suficiente para causar estimulação nervosa periférica com uma margem adequada de segurança (no mínimo um fator de três). O parâmetro dB/dt deve ser menor que um dos dois níveis de preocupação por apresentação de medida científica válida ou evidência quantitativa suficiente para demonstrar que o dB/dt não causa preocupação. Deposição da Energia de RF: Opções para controlar o risco de sobrecarga térmica sistêmica e lesão térmica local causada por absorção da energia de RF como a seguir: Se a TAE for de 0,4 W/Kg ou menos para todo o corpo e o pico espacial for de 8,0 W/Kg ou menos em qualquer 1g de tecido, e se a TAE for de 3,2 W/Kg ou menos em média sobre a cabeça, então está abaixo do nível de preocupação. Se a exposição a campos magnéticos de RF for insuficiente para produzir um aumento da temperatura central de 1°C e aquecimento localizado não superior a 38°C na cabeça, 39°C no tronco e 40°C nos membros, então é considerada abaixo do nível de preocupação. O parâmetro de aquecimento de RF deve estar abaixo dos dois níveis de preocupação por apresentação de medida científica válida ou evidência de cálculo suficiente para demonstrar que os efeitos do aquecimento de RF não preocupam. Níveis de Ruído Acústico: Os níveis de ruído acústico associados ao aparelho devem ser mostrados abaixo do nível de preocupação estabelecido por regulamentação federal pertinente ou outras organizações reconhecidas de estabelecimento de padrões. Se o ruído acústico não estiver abaixo do nível de preocupação, o fabricante deve recomendar medidas para reduzir ou avaliar o ruído ao qual o paciente é exposto. IMAGENS DE RM E RUÍDO ACÚSTICO O ruído acústico produzido durante o exame por RM representa um possível risco para os pacientes. O ruído acústico está associado à ativação e desativação da corrente elétrica que induz vibrações das bobinas de gradiente. Este som repetitivo é realçado por ciclos de funcionamento de maior gradiente e transições de pulso mais agudas. Assim, o ruído acústico tende a aumentar com diminuições nas espessuras do corte, diminuição dos campos de visão, tempos de repetição e tempo de eco. Os níveis de ruído relacionados ao campo magnético de gradiente medidos em vários “scanners” de RM comerciais estão na faixa de 65 a 95 dB, que é considerado dentro das orientações de segurança recomendadas pela FDA. Entretanto, houve relatos de que o ruído acústico gerado durante produção de imagens de RM causou perturbação do paciente, interferência com a comunicação verbal e perda auditiva reversível em pacientes que não usaram proteção auricular. Um estudo de pacientes submetidos a exame por RM sem tampões de ouvido resultou em perda auditiva temporária em 43% dos indivíduos. Além disso, é possível que o ruído significativo induzido pela bobina de gradiente cause comprometimento auditivo permanente em pacientes particularmente susceptíveis aos efeitos prejudiciais de ruídos relativamente altos. A forma mais segura e menos dispendiosa de evitar problemas associados a ruído acústico durante RM clínica é incentivar o uso rotineiro de tampões de ouvido descartáveis. Foi demonstrado que o uso de proteção auditiva evita com sucesso qualquer perda auditiva temporária que possa estar associada a exames de RM clínicos. Fones de ouvido compatíveis com RM que abafam significativamente o ruído acústico também estão à venda. Outra estratégica aceitável para reduzir os níveis de som durante estudo por RM é usar uma técnica de interferência “anti-ruído” ou destrutiva que não apenas reduza efetivamente o ruído, mas também permita melhor comunicação entre o paciente e a equipe. Esta técnica requer uma análise Fourier em tempo real de ruído emitido do sistema de RM. É produzido, então, um sinal que possui as mesmas características físicas, mas em fase opostas do som gerado pelo sistema de RM. Os dois sinais em fases opostas são então combinados, resultando em cancelamento do ruído repetitivo enquanto se permite a transmissão de outros sons como música e voz para o paciente. Uma investigação recente não demonstrou degradação significativa da qualidade da imagem quando as imagens de RM são produzidas com sistemas que usam este método anti-ruído. Embora ainda não tenha encontrado aplicação clínica difusa, esta técnica tem considerável potencial de minimizar o ruído acústico e seus problemas associados. INVESTIGAÇÕES DOS EFEITOS BIOLÓGICOS DAS IMAGENS DE RM As investigações realizadas especificamente para estudar os possíveis bioefeitos das imagens de RM, demonstraram que foi predominante negativo, sustentando a visão ampla de que não há riscos significativos à saúde, associados ao uso desta modalidade de imagem. As experiências que fornecem resultados positivos identificaram possíveis respostas biológicas inespecíficas, determinaram alterações prejudiciais ou encontraram bioefeitos que exigem comprovação adicional. Nestes estudos, os aspectos dosimétricos da exposição a campos eletromagnéticos estáticos, de gradiente ou de RF variaram e incluíram alguns que ultrapassaram as exposições clínicas, simularam-nas ou envolveram exposições crônicas de baixo nível. Em alguns casos, foram avaliados os efeitos de apenas um dos campos eletromagnéticos usados para RM. Teoricamente, a combinação de campos eletromagnéticos estáticos, de gradiente e de RF pode produziralguns bioefeitos incomuns ou imprevisíveis peculiares das imagens de RM. Freqüentemente há efeitos “janela” em relação às alterações biológicas que ocorrem em resposta à radiação eletromagnética. Os efeitos janela são alterações biológicas associadas a um espectro específico de radiação eletromagnética que não são observadas em níveis abaixo ou acima daquela faixa. Foram descritas janelas de intensidade do campo e de freqüência. Praticamente todas as experiências realizadas até hoje sobre efeitos biológicos da RM foram realizadas em janelas específicas e não se pode supor que os resultados sejam aplicados a todas as várias intensidades ou freqüências de campo utilizadas nas imagens de RM clínica. Vários sistemas biológicos também foram usados para esta experiência. Como mencionado eletromagnética aos tecidos biológicos é altamente dependente do tamanho do organismo ou do indivíduo, de fatores anatômicos, da duração da exposição, da sensibilidade dos tecidos envolvidos e de outras variáveis, estudos realizados em preparações laboratoriais não podem ser extrapolados ou diretamente aplicáveis a seres humanos nem ao uso clínico de RM. Portanto, é aconselhável uma conduta cuidadosa para interpretação dos resultados destes estudos. IMPLANTES E DISPOSITIVOS ATIVADOS ELÉTRICOS, MAGNÉTICA OU MECANICAMENTE A FDA exige colocação de etiquetas em sistemas de RM para indicar que o aparelho é contra-indicado em pacientes com implantes ativados elétrica, magnética ou mecanicamente porque os campos eletromagnéticos produzidos pelo sistema de RM podem interferir com a operação destes dispositivos. Portanto, pacientes com marcapassos cardíacos internos, desfibriladores cardíacos implantáveis, implantes cocleares, neuroestimuladores, estimuladores do crescimento ósseo, bombas de infusão de drogas eletrônicas implantáveis e outros aparelhos semelhantes poderiam ser afetados adversamente pelos campos eletromagnéticos usados nos exames de RM. Entretanto, o teste ex vivo de alguns destes implantes e dispositivos pode indicar que estes são, na verdade, compatíveis com a RM. Os riscos associados ao exame de pacientes com marcapassos cardíacos estão relacionados à possibilidade de movimento, fechamentos ou danos dos dispositivos de leitura, modificações do programa, inibição reversão para um modo de operação assicrônicos, interferência eletromagnética e corrente induzida nas derivações. Houve relatos de um paciente com marcapasso que foi examinado por RM sem incidente e de outro, que não era marcapasso- dependente, submetido a imagens de RM que teve seu marcapasso desabilitado durante o procedimento. Embora o procedimento tenha sido realizado sem desconforto aparente para o paciente nem danos para o marcapasso, não é aconselhável realizar este tipo de manobra em paciente com marcapassos rotineiramente devido aos possíveis riscos mencionados acima. Houve uma morte relacionada à RM de um paciente com marcapasso. De particular preocupação é a possibilidade de que a derivação do marcapasso ou outra configuração de fio intracardíaca semelhante agisse como uma antena na qual os campos eletromagnéticos de gradiente ou de RF podem induzir corrente suficiente para causar fibrilização, queimadura ou outros eventos perigosos. Devido a este efeito teoricamente prejudicial e imprevistos, pacientes com fios de marcapasso externo residuais, fios de marcapasso temporário, cateteres de termodiluição de Swan-Ganz (cateter na artéria pulmonar com ponta em balão), ou outros tipos de fio condutor interno ou externo ou aparelho semelhante não devem ser submetidos a estudo por RM. Os implantes cocleares possuem um magneto de samáriocobalto com intensidade do campo relativamente alta, usados em conjunto com um magneto externo, para alinhar e manter uma bobina transmissora de RF sobre a cabeça do paciente, ou são ativados eletronicamente. Imagens de RM são rigorosamente contra-indicadas em pacientes com estes implantes devido a possibilidade de lesar o paciente ou danificar ou alterar a operação do implante coclear. Implantes que envolvem magnetos (ex., implantes dentários, esfíncteres magnéticos, tampões de estoma magnético, implantes oculares magnéticos e outros dispositivos semelhantes) podem ser desmagnetizados durante produção de imagem de RM, e pode ser necessário cirurgia para substituir o implante danificado. Portanto, se possível, tais implantes devem ser removidos do paciente antes do estudo por RM. Caso contrário, o estudo por RM não deve ser excluído do exame por RM, exceto se foi anteriormente demonstrado que o implante ou dispositivo específico não é afetado pelos campos magnéticos e eletromagnéticos usados. PACIENTE COM IMPLANTES E CORPOS ESTRANHOS METÁLICOS Devido à possibilidade de movimento ou deslocamento, imagens de RM são contra-indicadas em pacientes que possuem implantes, materiais ou corpos estranhos ferromagnéticos. Outros problemas que podem ser encontrados ao se examinar estes pacientes incluem indução de corrente elétrica no objeto, aquecimento excessivo do objeto e interpretação errada de um artefato produzido pela presença do objeto. Entretanto, estes últimos riscos possíveis são ou raramente encontrados ou insignificantes em comparação com a possibilidade de movimento ou deslocamento de um implante ou corpo estranho ferromagnético causado pelos campos magnéticos do sistema de RM. Inúmeras investigações avaliaram as qualidades ferromagnéticas de vários implantes, materiais ou corpos estranhos metálicos medindo-se as forças de deflexão ou movimentos associados aos campos magnéticos estáticos usados por "scanners" de RM. Estes estudos foram realizados para determinar o risco relativo de produzir imagens de RM em um paciente com objeto metálico em relação a se a atração magnética foi ou não suficientemente forte para produzir movimento ou deslocamento. Vários fatores devem ser considerados quando se avalia o risco relativo de realizar um procedimento de RM em pacientes com implante, material, dispositivos ou corpo estranho ferromagnético. Incluem a intensidade dos campos magnéticos estáticos e de gradiente, o grau relativo de ferromagnetismo do objeto, a massa e a geometria do objeto, a localização e a orientação do objeto in situ e o tempo em que o objeto permaneceu no local. Todos devem ser considerados antes de permitir que pacientes com objetos ferromagnéticos entrem no ambiente eletromagnético do sistema RM. Clipes de Aneurisma e Hemostáticos Dos diferentes clipes de aneurisma e vasculares estudados e relatados na literatura, muitos dos clipes de aneurisma e nenhum dos clipes vasculares foram considerados ferromagnéticos. Portanto, apenas pacientes que definitivamente possuem clipes de aneurisma não-ferromagnéticos devem ser expostos aos campos magnéticos usados para imagens de RM. Qualquer paciente com um dos clipes hemostáticos testados previamente pode ser submetidos com segurança a exame por RM. Clampes Vasculares da Artéria Carótida Todos os clampes vasculares da artéria carótida avaliados quanto à ferromagnetismo apresentaram forças de deflexão. Entretanto, apenas o clampes de Poppen-Bloalock (Codman, Randolph, MA) foi considerado contra- indicado em pacientes submetidos à RM devido ao significativo ferromagnetismo exibido por este objeto. Outros clampes vasculares da artéria carótida são considerados seguros para imagens de RM devido às forças de deflexão mínimas relativas ao seu uso em uma aplicação in vivo (isto é, as forças de deflexão são insignificantes e, portanto, há pequena possibilidade de movimento ou deslocamento significativo do implante). Dispositivos e Materiais Dentários Vários dispositivos e materiais dentários foram testados quanto ao ferromagnetismo. Embora muitos tenham demonstrado forças de deflexão, apenasalguns representam um possível risco para pacientes submetidos à RM, porque são dispositivos ativados magneticamente. Valvas Cardíacas Muitas próteses valvares cardíacas disponíveis comercialmente foram testadas quanto ao ferromagnetismo. A maioria apresentou forças de deflexão mensuráveis, entretanto, as forças de deflexão foram relativamente insignificantes em comparação com a força exercida pelo coração que bate. Portanto, os pacientes com próteses valvares cardíacas podem ser submetidos com segurança às imagens de RM. Implantes Oculares Vários implantes oculares foram avaliados quanto ao ferromagnetismo. Destes, a mola palpebral de Fatio e tacha retiniana feitos de aço inoxidável martensítico apresentam forças de deflexão associadas causariam movimento ou deslocamento de um implante, é possível que um paciente com um destes implantes sentisse desconforto ou sofresse uma pequena lesão durante o estudo por RM. Implantes, Materiais, e Dispositivos Ortopédicos A maioria dos implantes, materiais e dispositivos ortopédicos testados para ferromagnetismo demonstrou ser de materiais não-ferromagnéticos. Portanto, pacientes com estes implantes, materiais e dispositivos podem ser submetidos a exame de RM seguro. O parafuso de interferência Perfix (instrument Makar, Okemos, MI) usado para reconstrução do ligamento do cruzado anterior é composto de material ferromagnético, mas não representa um risco para o paciente submetido a imagens de RM devido à força significativa que o matem in vivo. Entretanto, o artefato de imagem resultante impede a avaliação do joelho utilizando imagens de RM. Implantes Otológicos Imagens de RM são contra-indicadas em pacientes com os implantes cocleares avaliados até hoje para ferromagnetismo. Além de serem atraídos por campos magnéticos estáticos, estes implantes também são ativados eletrônica ou magneticamente. Apenas um dos implantes otológicos testados apresentava forças de deflexão associadas. Este implante, a prótese do estribo em pistão McGee composta de platina e aço inoxidável cromo 17-níquel 4 (Richards Medical, Memphis, TN), foi produzido de forma limitada em meados de 1987 e foi recolhido pelo fabricante. Os pacientes com este implantes otológico receberam cartões de advertência que os instruíram a não submeterem a imagem de RM. Chumbo Projéteis de Arma de Fogo e Estilhaços A maioria dos chumbos e projéteis de arma de fogo testados para ferromagnetismo é composta de material não-ferromangnético. Tipicamente, a munição ferromagnética provinha de outros países ou era usada por militares. Os estilhaços geralmente contêm quantidade variáveis de aço e, portanto, representam um possível risco para imagens de RM. Além disso, como os chumbos, projéteis de arma de fogo e estilhaços podem ser contaminados por materiais ferromagnéticos, estes objetos representam contra-indicações relativas para exame por RM. Os pacientes com estes corpos estranhos devem ser avaliados individualmente, determinando se o objeto está posicionado próximo de uma estrutura neural, vascular ou de tecidos moles vital. Isso pode ser avaliado colhendo-se uma história cuidadosa e utilizando radiografia simples para determinar a localização do corpo estranho. Implantes Penianos e Esfíncteres Artificiais Um dos implantes penianos testados para ferromagnetismo apresentou forças de deflexão significativas. Embora seja improvável que este implante, o Omniphase (Dacomed, Minneapolis, MN), causasse lesão grave de um paciente submetido a imagens de RM, seria indubitavelmente desconfortável para o paciente. Portanto, este implante é considerado uma contra-indicação relativa a imagens de RM. A maioria dos esfíncteres artificiais que já foram testados é feitos de materiais não-ferromagnéticos. Entretanto, ao menos um esfíncter artificial atualmente submetido a provas clínicas tem um componente magnético e, portanto, os pacientes com este dispositivo não devem ser submetidos a imagens de RM. Abertura de Acesso Vascular (Ports) Das várias aberturas de acesso vascular testadas para ferromagnetismo, duas mostraram forças de deflexão mensuráveis, mas as forças foram consideradas insignificantes em relação à aplicação in vivo destes implantes. Portanto, é considerado seguro produzir imagens de RM em um paciente que pode ter uma destas aberturas de acesso vascular testadas previamente. A exceção a isto é qualquer abertura de acesso vascular que seja programável ou ativada eletronicamente. Os pacientes com este tipo de abertura de acesso vascular não devem ser submetidos a imagens de RM. Outros Implantes Metálicos Vários tipos de outros implantes, materiais e corpos estranhos metálicos também foram testados para ferromagnetismo. Destes, o conector do tubo da derivação ventricular cerebral (tipo desconhecido) e o expansor tecidual ativado magneticamente exibiram forças de deflexão que podem representar risco para pacientes durante um exame por RM. Uma arruela em “O” usada como marcador vascular também mostrou ferromagnetismo, mas foi determinado que a força de deflexão fosse mínima em relação ao uso deste dispositivo in vivo. Todos os diafragmas contraceptivos testados para ferromagnetismo exibiram forças de deflexão significativas. Entretanto, nós realizamos estudos por RM em pacientes com estes dispositivos que não queixaram de qualquer sensação relacionada ao movimento destes objetos. Portanto, não se acredita que o exame de pacientes com diafragmas seja considerado fisicamente perigoso para as pacientes. Orientações Gerais De acordo com as informações de Polices, Guidelines, and Recommendations for MR Imaging Safety and Pacient Management publicado pela Society for Magnetic Resonance Imaging Safety Committee, os pacientes com dispositivos elétrica, magnética ou mecanicamente ativados ou eletricamente condutores devem ser excluídos do estudo por RM, exceto se foi previamente demonstrado que o dispositivo específico (geralmente por procedimentos de teste ex vivo) não é afetado pelos campos eletromagnéticos usados para imagens de RM clínica e não houver possibilidade de lesar o paciente. Durante o processo de triagem para RM, os pacientes com tais dispositivos devem ser identificados antes do exame e antes da exposição a campos eletromagnéticos. Se o dispositivo ainda não fio testado quanto à compatibilidade com RM, não deve permitir que o paciente seja submetido a imagens de RM. Triagem de Pacientes com Corpos Estranhos Metálicos Pacientes que tiveram corpos estranhos metálicos como lascas, projéteis e arma de fogo, estilhaços ou outros tipos de fragmentos metálicos devem ser submetidos a triagem antes do exame por RM. O risco relativo de examinar estes pacientes depende das propriedades ferromagnéticas do objeto, de seu formato e dimensões e da intensidade dos campos magnéticos estáticos e gradientes do sistema de RM. Também é importante a intensidade com que o objeto está fixado no tecido e se está ou não posicionado em, ou adjacente a, uma estrutura neural, vascular ou de tecidos vital. Um paciente com um corpo estranho metálico intra-ocular está sob risco especifico de lesão ocular significativa pelo campo magnético estático de um sistema de RM. Em um caso descrito, um paciente apresentava um fragmento metálico intra-ocular oculto (2,0 x 3,5 mm) que se deslocou durante estudo por RM em um “scanner” de 0,35T, resultando em hemorragia do vítreo que causou cegueira. Este incidente enfatiza a importância de triagem adequada de pacientes com suspeita de corpos estranhos metálicos intra-oculares antes das imagens de RM. A pesquisa demonstrou que pequenos fragmentos metálicos intra- oculares (de apenas 0,1 x 0,1 x 0,1mm) podem ser detectados utilizando-se radiografias simplespadronizadas. Embora tenha sido demonstrado que a tomografia computadorizada em cortes finos (≤ 3mm) detecte corpos estranhos metálicos de apenas 0,15mm, é improvável que um fragmento metálico deste tamanho seja deslocado durante estudo por RM, mesmo com um campo magnético estático de até 2,0T. Fragmentos metálicos de vários tamanhos e dimensões, variando de 0,1 x 0,1 x 0,mm a 3,0 x 1,0 x 1,0 mm, foram examinados para determinar se foram movimentados ou deslocados dos olhos de animais de laboratório durante exposição a um sistema de RM de 2,0T. Apenas o fragmento maior (3,0 x 1,0 x 1,0 mm) rodou, mas mesmo isso não causou qualquer lesão discernível do tecido ocular. Portanto, o uso de radiografia simples pode ser uma técnica aceitável para identificar ou excluir um corpo estranho metálico intra-ocular que representa um possível risco para o paciente submetido a imagens de RM. Os pacientes altamente suspeitos de terem um corpo estranho metálico intra-ocular (por exemplo, um trabalhador com metal exposto a lascas metálicas com uma história de lesão ocular) devem ser submetidos a radiografias simples das órbitas para excluir a presença de fragmentos metálicos antes da exposição ao campo magnético estático. Se um paciente com suspeita de corpo estranho intra-ocular ferromagnético não apresenta sintomas e uma série de radiografias simples das órbitas não demonstra um corpo estranho radiopaco, o risco de realizar exame por RM é mínimo. O uso de radiografia simples para pesquisar corpos estranhos metálicos é uma forma sensível e de custo relativamente baixo de identificar pacientes não adequados para RM e também pode ser usada para triagem de pacientes que podem ter fragmentos metálicos em outros locais potencialmente do corpo. Cada local de imagens de RM deve estabelecer uma política padronizada para triagem de pacientes com suspeita de corpos estranhos. A política deve incluir orientações sobre que pacientes necessitam de estudo por procedimentos radiológicos, o procedimento específico a ser realizado (incluindo o número e tipos de incidências e a posição do paciente) e cada caso deve ser considerado individualmente. Estas precauções devem ser tomadas para todos os pacientes encaminhados para RM em qualquer tipo de sistema de RM, independentemente da intensidade do campo, tipo de magneto, presença ou ausência de proteção magnética. IMAGENS DE RM DURANTE A GRAVIDEZ Embora imagens de RM não sejam consideradas perigosas para o feto, apenas alguns pesquisadores examinaram o potencial teratogênico desta modalidade de produção de imagem. Por comparação, foram realizados literalmente milhares de estudos para examinar os possíveis riscos da ultra- sonografia durante a gravidez e ainda há controvérsia acerca do uso seguro desta técnica de imagens com radiação não-ionizante. A maioria dos estudos iniciais realizados para determinar possíveis bioefeitos indesejáveis durante a gravidez mostrou resultados negativos. Mais recentemente, um estudo examinou os efeitos das imagens de RM em camundongos expostos no meio da gestação. Embora não fossem observados efeitos embriotóxicos, houve redução do comprimento cabeça-nádega. Em outro estudo realizado por Tyndall e Sulik, a exposição aos campos eletromagnéticos usados para um exame de RM clínico simulado causaram malformações oculares em uma cepa de camundongos com predisposição genética. Portanto, parece que os campos eletromagnéticos usados para RM possuem a capacidade de produzir anormalidades do desenvolvimento. Existem vários mecanismos que podem produzir bioefeitos prejudiciais em relação ao feto em desenvolvimento e o uso de campos eletromagnéticos durante produção de imagens de RM. Além disso, sabe-se que as células que sofrem divisão, como no caso do feto em desenvolvimento durante o primeiro trimestre, são altamente susceptíveis a lesão por diferentes tipos de agentes físicos. Portanto devido aos dados limitados disponíveis no momento, é recomendada uma conduta cautelosa para o uso de imagens de RM em gestantes. As orientações atuais da FDA exigem identificação de aparelhos de RM para indicar que não foi estabelecida a segurança da RM quando usada para estudar o feto e o lactente. Na Grã-Bretanha, os limites aceitáveis de exposição para estudo por RM clínico recomendados pelo National Radiological Protection Board em 1983 especificam que poderia ser prudente excluir gestantes durante os 3 primeiros meses de gravidez. De acordo com o Safety Commitee of the Society for Magnetic Resonance Imaging (informações também adotadas recentemente pelo American College of Radiology), o exame por RM é indicado para uso em gestantes se outras formas de estudo diagnóstico não-ionizantes forem inadequadas ou se o exame fornecer informações importantes que exigiriam exposição à radiação ionizante (como exposição a raios-X ou tomografia computadorizada). Recomenda-se que as pacientes grávidas sejam informadas de que, até hoje, não houve indicação de que o uso de RM clínica durante a gravidez tenha produzido efeitos prejudiciais. Entretanto, como observado pela FDA, a segurança da RM durante a gravidez não foi comprovada. As pacientes grávidas, ou que suspeitam estar grávidas, devem ser identificadas antes de serem submetidas à produção de imagens de RM para avaliar os riscos versus os benefícios do exame. Outra preocupação relacionada às imagens de RM na gestante é que durante o primeiro trimestre de gravidez a taxa de abortos espontâneos é muito alta (maior que 30%) na população em geral. Possíveis implicações médico- legais relativas a abortos espontâneos exigem que haja cuidado especifico no uso de imagens de RM durante este período. CLAUSTROFOBIA, ANSIEDADE E DISTÚRBIOS DE PÂNICO Claustrofobia e várias outras reações psicológicas incluindo ansiedade e distúrbios de pânico podem ser encontradas em até 5% a 10% das pacientes submetidas a produção de imagens de RM. Estas sensações originam-se de vários fatores, incluindo as dimensões restritivas do interior do “scanner”, a duração do exame, os ruídos induzidos pelo gradiente e as condições ambientes dentro do orifício do “scanner”. Felizmente, as respostas psicológicas adversas à produção de imagens de RM geralmente são transitórias. Entretanto, houve um relato de dois pacientes sem história de claustrofobia que toleraram a RM com grande dificuldade e tiveram claustrofobia persistente que exigiu tratamento psiquiátrico prolongado. Como as respostas psicológicas adversas ao estudo por RM tipicamente retardam ou exigem cancelamento do exame, foram desenvolvidas as técnicas a seguir, que podem ser usadas para evitar estes problemas. • Informar ao paciente sobre os aspectos específicos do exame por RM incluindo o nível de ruído induzido por gradiente a esperar, as dimensões internas do “scanner” e a duração do exame. • Permitir que um parente ou amigo apropriadamente escolhido permanecesse com o paciente durante o procedimento. • Usar fones de ouvido com música calma para diminuir o ruído repetitivo criado pelas bobinas de gradiente. • Manter contato físico ou verbal com o paciente durante todo o exame. • Colocar o paciente em decúbito ventral com o queixo apoiado por um travesseiro. Nesta posição, o paciente é capaz de visualizar a abertura do orifício, o que ajuda a aliviar o sentimento de “estar trancado”. Outra forma de reduzir a claustrofobia é colocar primeiro os pés do individuo em vez de colocar primeiro a cabeça no “scanner”. • Espelhos montados no “scanner” ou vidros espelhados ou prismáticos no “scanner” permitem que o paciente veja do lado de fora. • Um grande foco de luz em uma das extremidades do “scanner” diminui a ansiedade por estar em um local escuro e longo. • Uma venda ajuda a mascarar o ambiente próximo do paciente.• Técnicas de relaxamento, como respiração controlada e imaginação, também são úteis. Também, vários relatos de casos mostraram que a hipnoterapia é eficaz na redução de claustrofobia e ansiedade relacionada à RM. • Usar técnicas de dessensibilização psicológica antes do exame por RM. Vários pesquisadores recentemente tentaram comparar a eficácia destas técnicas na redução de ansiedade ou claustrofobia induzida pela RM. Um destes estudos demonstrou que o fornecimento de informações detalhadas sobre o procedimento de RM, além de exercícios de relaxamento, reduziu com sucesso o nível de ansiedade de um grupo de pacientes antes e durante a RM. A redução semelhante da ansiedade não poderia ser demonstrada em pacientes que receberam apenas informações ou aconselhamento para redução do estresse. Métodos de relaxamento também mostraram diminuir significativamente a ansiedade durante outros procedimentos médicos. Alguns sistemas de RM que utilizam campo magnético vertical oferecem desenho mais aberto que poderia reduzir a freqüência de problemas psicológicos associados a procedimentos de RM. MONITORIZAÇÃO DE PARÂMETROS FISIOLÓGICOS DURANTE IMAGENS DE RM Como o sistema de RM típico é construído de tal forma que o paciente é colocado dentro de uma estrutura cilíndrica, observações e monitorização convencional dos sinais vitais não são tarefas triviais. O equipamento de monitorização convencional não foi projetado para operar no ambiente de RM onde campos eletromagnéticos estáticos, de gradiente e de RF podem afetar adversamente sua operação. Felizmente, foram desenvolvidos monitores compatíveis com RM que são comumente usados em centros de RM que atendem a pacientes internados e ambulatoriais. É necessária monitorização fisiológica para o uso seguro do exame por RM em pacientes sedados, anestesiados, comatosos, gravemente enfermos ou incapazes de se comunicar com o operador do sistema de RM. Devem ser rotineiramente monitorizados durante o exame de RM e, considerando-se a disponibilidade de atual de monitores compatíveis com RM, não há razão para se excluir estes tipos de pacientes das imagens por RM. Todo parâmetro fisiológico que pode ser obtido em circunstâncias normais na unidade de terapia intensiva ou sala de cirurgia pode ser monitorizado durante produção de imagens de RM, incluindo freqüência cardíaca, pressão arterial sistêmica, pressão intracardíaca, concentração de dióxido de carbono corrente final, saturação de oxigênio, freqüência respiratória, fluxo sangüíneo cutâneo e temperatura. Os monitores que contêm componentes ferromagnéticos (como transformadores ou revestimentos externos) podem ser fortemente atraídos por sistemas de RM de campo médio e alto, representando sério risco para o paciente e possível dano do sistema de RM. Como a intensidade do campo magnético estático padrão cai em razão da terceira potência da distância do magneto, a simples colocação do monitor a uma distância adequada do sistema de RM é suficiente para proteger a operação do dispositivo para ajudar e evitar que se transforme em um projétil em potencial. Se o equipamento de monitorização não estiver permanentemente fixado na posição, devem ser dadas instruções para toda a equipe apropriada acerca dos riscos de se aproximar muito este equipamento do sistema de RM. Além de serem influenciados pelo campo magnético estático, os monitores podem ser afetados adversamente por interferência eletromagnética dos pulsos de gradiente e RF do sistema de RM. Nestes casos, o aumento da extensão da interface paciente-monitor e o posicionamento do paciente fora da sala protegida para RF (na sala de controle, por exemplo) possibilitarão que o monitor funcione apropriadamente. Geralmente é necessário posicionar todos os monitores com os tubos de raios catódicos em um local no campo da orla magnética de forma que a exibição não seja curva ou distorcida. Alguns monitores emitem ruído eletromagnético espúrio que pode resultar em artefatos de imagem moderados a intensos. Podem, entretanto, ser modificados para funcionar durante exame por RM através da adição de cabos protegidos de RF, uso de transmissão dos sinais por fibra óptica (que está se tornando, cada vez mais, o método de escolha no ambiente de RM), ou uso de um revestimento externo especial. Também, podem ser acrescentados filtros especiais ao monitor para inibir o ruído eletromagnético. Também causa preocupação o fato de que algum equipamento de monitorização pode ser potencialmente prejudicial para pacientes se não forem seguidas precauções especiais. Uma causa primária de interações adversas entre sistema de RM e monitor fisiológico foi a interface usada entre o paciente e o equipamento, porque esta geralmente requer um cabo condutor ou outro dispositivo. A presença de material condutor na área imediata do sistema de RM é uma preocupação de segurança devido à possibilidade de queimaduras relacionadas ao monitor. Houve um relato de acidente envolvendo paciente anestesiado que sofreu queimadura de terceiro grau do dedo associada ao uso de um oxímetro de pulso durante imagens de RM. A investigação deste incidente revelou que o cabo que seguia do oxímetro de pulso até a sonda no dedo pode ter feito uma alça durante a produção de imagens de RM, e os campos magnéticos de gradiente ou RF induziram corrente suficiente para aquecer excessivamente a sonda do dedo, resultando na queimadura. Este problema também pode ocorrer com o uso de fios de derivação eletrocardiográfica ou qualquer outro cabo que possa fazer ou formar uma alça condutora que toque o paciente. As recomendações a seguir ajudam a evitar acidentes relacionados ao monitor: • O equipamento de monitorização só deve ser usado por pessoal treinado. • Todos os cabos e as derivações de dispositivos de monitorização que entram em contato com o paciente (a interface monitor-paciente) devem ser posicionados de modo a não se formarem alças condutoras. • Os dispositivos de monitorização que não parecem funcionar apropriadamente durante produção de imagens de RM devem ser imediatamente removidos do paciente e do ambiente magnético. TÉCNICAS PARA MONITORIZAÇÃO DE PARÂMETROS FISIOLÓGICOS Pressão Arterial Os monitores de pressão arterial não-invasivos utilizam a técnica oscilométrica para medir a pressão arterial, utilizando um transdutor de pressão conectado a um manguito de pressão arterial por um tubo de enchimento pneumático. Alguns monitores (como o Omega 1 400, In Vivo Research, Orlando, FL) possuem alarmes audíveis e visuais e também registradores em fita de papel. Ocasionalmente, a insuflação do manguito perturba pacientes levemente sedados, principalmente crianças, e assim pode causar o seu movimento e a distorção da imagem de RM. Por esta razão, o monitor de pressão arterial não- invasivo pode não representar o instrumento ideal para obtenção de sinais vitais em todos os grupos de pacientes. Se necessária, a monitorização direta das pressões sistêmicas ou intracardíacas pode ser realizada utilizando-se um transdutor de pressão de fibra óptica feito totalmente de plástico. Freqüência Respiratória, Oxigenação e Troca Gasosa A monitorização de parâmetros respiratórios durante produção de imagens de RM de pacientes sedados ou anestesiados é particularmente importante porque as medicações usadas para estes procedimentos podem produzir complicações de depressão respiratória. Portanto, como padrão de assistência, deve-se usar sempre um oxímetro de pulso, capnómetro ou capnôgrafo para monitorizar pacientes sedados ou anestesiados durante produção de imagens de RM. Os monitores respiratórios usados com sucesso em pacientes pediátricos ou adultos sedados (como o Respiration Monitor modelo 515 e Capnometer modelo 8800, Biochem International, Wauskesha, WI )têm custo relativamente baixo e podem ser modificados para uso durante produção de imagens de RM pelo simples alongamento do tubo plástico que faz a interface com o paciente, de forma que os monitores possam ser colocados a no mínimo 2,5m do aparelho de RM não protegido. São usados oxímetros de pulso para registrar a saturação de oxigênio e a freqüência cardíaca. Foram usados oxímetros de pulso modificados, disponíveis no comércio, que utilizam cabos de fio rígido para monitorizar pacientes sedados e anestesiados durante a produção de imagens de RM e o período de recuperação com sucesso moderado. Estes oxímetros de pulso tendem a funcionar intermitentemente durante a produção de imagem de RM devido à interferência dos campos eletromagnéticos de gradiente ou RF. Em determinados casos, os pacientes foram queimados, provavelmente em virtude da indução de corrente excessiva em cabos condutores que formam alças impróprias fixados às sondas dos oxímetros de pulso do paciente. Atualmente existem oxímetros de pulso de fibra ópticas portáteis desenvolvidas para uso durante procedimentos de RM. Quando se utiliza tecnologia de fibra óptica para obter e transmitir sinais fisiológicos de pacientes submetidos a imagens de RM, não há interferência eletromagnética relacionada à RM associada. É fisicamente impossível que um paciente seja queimado utilizando um monitor de fibra óptica durante imagens de RM porque não há vias condutoras formadas por quaisquer materiais metálicos. Fluxo Sanguíneo Cutâneo O fluxo sanguíneo cutâneo pode ser monitorizado durante imagens de RM através da técnica de velocimetria Doppler com laser. Esta técnica de medida não-invasiva utiliza luz laser que é administrada à região de interesse, e nela detectada, por fios leves de fibra óptica de índice graduada e flexível. A ampliação Doppler da luz do laser dispersa por hemácias em movimento no tecido é analisada em tempo real por um processador análogo que indica a velocidade sanguínea instantânea e o volume e fluxo sanguíneos efetivos. A pequena sonda circular pode ser fixada a qualquer superfície cutânea disponível. Áreas com um fluxo sanguíneo cutâneo relativamente alto (como a mão, dedo, pé, artelho ou orelha proporcionam os melhores resultados. Traçados impressos obtidos por velocimetria Doppler com laser podem ser usados para determinar a freqüência cardíaca, freqüência respiratória e fluxo sanguíneo cutâneo do paciente. Um sinal audível pode ser ativado para permitir ao operador ouvir as alterações do fluxo sanguíneo durante a monitorização. Esta técnica de monitorização fisiológica continua é particularmente útil quando há preocupação em perturbar um paciente sedado porque é facilmente tolerada. Freqüência Cardíaca A monitorização do eletrocardiograma durante imagens de RM é necessária para estudo cardíaco, para controle para reduzir artefatos de imagem decorrentes do movimento fisiológico do líquido cerebrospinal no encéfalo e na coluna vertebral, e para determinar a freqüência cardíaca do paciente. Os artefatos causados pelos campos eletromagnéticos estáticos, de gradiente e RF podem distorcer intensamente a morfologia do eletrocardiograma, tornando a determinação do ritmo cardíaco, durante imagens de RM, extremamente difícil e não fidedigna. Embora possam ser usadas técnicas de filtragem sofisticadas para atenuar os artefatos dos campos de gradiente e RF, o campo magnético estático causa aumento da onda T, como mencionado anteriormente, e outras alterações inespecíficas da onda que são diretamente proporcionais à intensidade do campo e que não podem ser neutralizadas. Em alguns casos, as ondas T aumentadas induzidas por campo magnético estático podem ter maior amplitude que as ondas R, resultando em falsa deflagração e em determinação imprecisa do número de batimentos por minuto. Os artefatos do eletrocardiograma podem ser minimizados durante as imagens de RM através do uso de filtros especiais, de eletrodos de eletrocardiograma com quantidade mínima de metal, de seleção de fios de derivação com quantidade mínima de metal, de torção ou trancamento dos fios das derivações e de uso de posicionamentos especiais do chumbo. Os oxímetros de pulso descritos acima também podem ser usados para registrar com precisão a freqüência cardíaca durante exames por RM. Estes dispositivos possuem sondas que podem ser fixadas ao dedo, artelho ou lobo da orelha do paciente. PREPARAÇÃO DO PACIENTE a) Questionário prévio obrigatório para checar contra-indicações do paciente ao exame de Ressonância Magnética. Exemplo de questionário: Responda SIM ou NÃO para as perguntas abaixo. - Possui Marca Passo Cardíaco - Clipe de Aneurisma (Aneurisma Intra Craniano) - Foi submetido à cirurgia craniana - Apresenta Válvula cardíaca - Bomba de infusão - Filtros de Vasos Sanguíneos - Eletrodos - Utiliza Aparelho de Audição - Possui Implantes Cirúrgicos - Possui Implantes Metálicos em Ossos, Articulações - Placas, parafusos, Hastes Metálicas - Apresenta Tatuagem pelo corpo - Maquiagem Permanente - DIU - Próteses Dentárias Fixas - Foi atingido por projétil de arma de fogo Se trabalha com atividade que envolva manipulação de metais e teve problemas de fagulha nos olhos, avise-nos. b) Explicação do Exame Tempo: A duração do exame é variável. Depende do local a ser examinado, da colaboração do paciente, da necessidade de usar contraste, entre outros fatores. Os exames duram entre 30 a 60 minutos. Barulho: O exame de Ressonância Magnética emite ondas de radiofreqüência (semelhante às ondas de rádio), ocasionando o barulho. Tubo estreito: É importante informar ao paciente que o local do exame é um túnel, aberto, com uma contínua corrente de ar e luz. Comunicação com o paciente durante o exame: A comunicação pode ser feita através de um sistema de circuito interno de TV, microfone e fones de ouvido. Campainha de Alarme: Sempre deixar na mão do paciente quando possível, para haver comunicação em qualquer circunstância de emergência. Tranqüilizar o paciente. Esta figura mostra à dimensão do tubo, o fone de proteção de ouvido, a campainha para o paciente chamar o operador, e o painel de controle da mesa do aparelho de RM. Figura 2 Figura 1: Rádio comunicador operador Vs paciente; este aparelho fica sobre a mesa do operador. Figura 2: Visão do operador em relação ao paciente, da mesa de operação, através de um vidro fosco; nota-se que o paciente fica fechado em uma sala, chamada de “Gaiola”, que é feita de alumínio. Sinalização de segurança que contém na porta da sala de Ressonância Magnética. Sinalização de segurança na porta da sala de máquina, onde contém o módulo de gradiente, bomba de refrigeração, ductos de refrigeração etc. CONTRA-INDICAÇÕES PARA O EXAME DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA Implantes Otológicos: Os implantes cocleares contra-indicam o exame de Ressonância Magnética, pois são deslocados quando expostos ao campo magnético e podem ser desativados eletronicamente. Colete de Swan-Ganz: A sua porção externa (entrada) contém agente ferromagnético que pode "derreter” quando exposto ao campo magnético. Clips de Aneurisma Ferromagnético: contra- indicam o exame. Marca-Passo: Contra-indica o exame. Stents Intravasculares: Tais materiais aderem à parede do vaso 4 a 6 semanas após sua introdução, portanto após este período pode-se submeter o paciente ao exame. Claustrofobia e reações psicológicas: Claustrofobia e outras reações psicológicas, incluindo ansiedade e doenças do pânico podem ser encontradas em até 5 a 10% dos pacientes. Essas sensações originam-se devido a vários fatores: dimensão do aparelho, duração do exame, barulho, condições ambientais no interior do tubo, etc. O que fazer nessas situações: - Informe ao paciente a respeitodos aspectos específicos do exame, incluindo nível do ruído, as dimensões internas do aparelho, duração do exame, etc. - Deixe um familiar ficar com o paciente durante o procedimento. - Use fones de ouvido com músicas tranqüilas para reduzir os ruídos. - Mantenha contato físico ou verbal com o paciente. - Coloque o paciente em decúbito ventral (quando possível). Nesta posição ele verá a abertura do túnel, aliviando assim a sensação de "encarceramento". - Outro método é introduzir o indivíduo no aparelho com os pés entrando primeiro e não com a cabeça. OBS: é contra- indicado quando tiver dúvida sobre o posicionamento desses materiais ou se não estiverem firmemente aderidos. Próteses Vasculares Cardíacas: Não contra-indicam. Próteses, balas, fragmentos de projéteis e outros: É contra-indicado se o material estiver alojado próximo a uma estrutura neural, vascular ou tecido mole vital. Implantes, materiais e dispositivos ortopédicos: Não contra-indicam o exame. Implantes dentários fixos: Não contra-indicam o exame. Dispositivos de Acesso vascular (porto-cath, Intracath): Não contra-indicam o exame. FIM DO MÓDULO I
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