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DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS FÚNGICAS Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) Curso de Medicina MICOSES SUPERFICIAIS: Dermatofitoses Micoses por leveduras Candidíases Pitiríase versicolor Dermatofitoses são infecções cutâneas superficiais causadas por fungos denominados genericamente de dermatófitos As micoses cutâneas estão entre as infecções fúngicas mais comuns, sendo principalmente causadas por fungos filamentosos queratinofílicos, que utilizam a queratina como nutriente durante a infecção de pele, cabelos e unhas. Estados de imunossupressão, como diabetes, HIV e transplantados causam aumento da incidência 10- 15% da população humana pode ser infectada por dermatófitos no decorrer de sua vida A transmissão das dermatofitoses ocorre pelo contato direto com animais e humanos infectados, ou indireto por fômites contaminados MICOSES SUPERFICIAIS - Dermatofitoses Como tem afinidade por queratina, infectam a pele e anexos. Não conseguem levar a quadros sistêmicos Os fungos podem ser: Antropofílicos Zoofílicos Geofílicos Esses fungos são denominados dermatófitos e estão classificados em três gêneros: Trichophyton Microsporum Epidermophyton As formas clínicas variam de acordo com o agente etiológico (espécie) e o sítio anatômico acometido MICOSES SUPERFICIAIS - Dermatofitoses DERMATÓFITOS: Modo de transmissão ANTROPOFÍLICOS Trichophyton rubrum Trichophyton sp. Epidermophyton sp. GEOFÍLICOS Microsporum gypseum ZOOFÍLICOS Microsporum canis Microsporum gallinae Os principais o dermatófito antropofílico T. rubrum é o mais frequente em casos clínicos de tinea pedis (pés), tinea unguium (unhas), tinea corporis (corpo) e tinea cruris (virilhas) DERMATOFITOSES- Fisiopatologia Um mecanismo importante na defesa do organismo contra agentes infecciosos que acometem sítios superficiais é a queratinização. Para se instalar na epiderme, o patógeno deve aderir à superfície do tecido, o esporo deve germinar e a hifa deve penetrar rapidamente no estrato córneo, evitando que o fungo seja eliminado com a descamação do epitélio. Na patogênese das dermatofitoses, a interação inicial entre os esporos e o estrato córneo ocorre após 3 a 4 horas de contato Ou seja: Não é necessário porta de entrada para haver contágio por esses fungos QUERATINIZAÇÃO: processo de renovação do estrato córneo realizado pelos queratinócitos que leva à descamação epitelial e consequentemente à possível remoção do fungo se a pele estiver lesada, facilita a infecção. Após a adesão, os dermatófitos devem obter nutrientes para seu desenvolvimento e sobrevivência, utilizando as macromoléculas presentes no tecido hospedeiro. Haverá secreção de uma ampla variedade de enzimas pelos dermatófitos, como as queratinases. Essa maquinaria enzimática é um dos fatores de virulência mais bem caracterizados dos dermatófitos A umidade é importante para a colonização. As lesões decorrem da presença do próprio fungo ou de reação de sensibilidade ao agente ou seus produtos (dermatofitides). DERMATOFITOSES- Fisiopatologia ENZIMAS COMO: como proteases, lipases, elastases, colagenases, fosfatases e esterases. As queratinases secretadas pelos dermatófitos catalisam a degradação de queratina presente no tecido hospedeiro em oligopeptídeos ou aminoácidos A queratina é uma molécula proteica fibrosa de alto peso molecular, sendo o principal constituinte da pele e unhas, desempenhando uma função de revestimento e proteção. Alguns fatores do hospedeiro protegem contra a infecção: A própria queratinização Alguns ácidos graxos saturados tem ação anti-fúngica Transferrina insaturada alfa-2-macroglobulina Resposta TH1 é importante para o controle de infecção fúngica DERMATOFITOSES- Fisiopatologia Transferrina insaturada e alfa-2-macroglobulina impedem a degradação da queratina pelas queratinases DERMATOFITOSES- Quadro clínico Levando-se em consideração os aspectos clínicos das dermatofitoses, podemos dividi-las nas seguintes formas: Tinha do couro cabeludo (Tinea capitis) Tinha da barba ( Tinea barbae) Tinha do corpo (Tinea corporis) Tinha do pé/ Tinha da mão ( Tinea pedis/Tinea manuum) Tinha crural (Tinea cruris) Tinha da unha (Onicomicose) TINHA DO COURO CABELUDO (TINEA CAPITIS) Tinea capitis é uma infecção fúngica do couro cabeludo que ocorre mais em crianças em idade pré-escolar Após os 16 anos a doença é rara, achada mais comumente em áreas rurais. Pode ter manifestações mais brandas, com placas descamativas, com alopecia e cotos pilosos ou ter uma apresentação mais inflamatória É dividida em: Tinea Tonsurante Tinea Favosa Rosangela disse que é dificil ter em adultos Tinha Tonsurante: Uma das mais frequentes apresentações clínicas das dermatofitoses; Acomete preferencialmente as crianças no período escolar (4 a 10 anos). Apresentação no couro cabeludo: Alopecia aparente, onde se observam pequenos fragmentos de pelos emergindo dos folículos pilosos, os quais são remanescentes dos pelos na sua totalidade; Se causada por Microsporum= uma placa Se causada por Trichophyton= várias placas Quando não tratadas, tendem à cura espontânea na puberdade. TINHA DO COURO CABELUDO- TINEA TONSURANTE Tinha Favosa: É uma lesão essencialmente crônica causada pelo Trichophyton Schönleinii; Ocorre como microendemias nas comunidades rurais e interioranas. É considerada de maior gravidade pois pode determinar alopecia definitiva. Persiste através dos anos nos adultos atuando como fonte de infecção para as crianças. TINHA DO COURO CABELUDO- TINEA FAVOSA Forma espaços de ar entre os pelos, causando uma manifestação bem destrutiva “tricófiton shaunlaini” TINEA FAVOSA TINEA TONSURANTE É uma complicação da tinea capitis Caracteriza-se por uma placa inflamatória, bem delimitada e dolorosa, com pústulas e abcessos com tendência supurativa de forma a promover a expulsão dos pêlos parasitados. Como consequência na sua resolução, formam-se áreas cicatriciais fibróticas que podem condicionar zonas de alopécia definitiva No quadro clínico agudo: Febre e tumefação ganglionar regional. Geralmente é causado por um fungo zoofílico. No Brasil, os agentes etiológicos de kerion Celsi são o Trichophyton verrucosum, o Trichophyton mentagrophytes, o Microsporum canis e o Microsporum gypseum TINHA DO COURO CABELUDO- KERION CELSI placa inflamatória bem delimitada e dolorosa com pústulas e abscessos CLÍNICO Se falha ao tratamento ou dúvida diagnóstica, pode-se solicitar exame micológico direto O exame micológico direto em hidróxido de potássio dos pelos, pode dar o diagnóstico Cultura leva ao agente causador Lâmpada de Wood: fluorescência verde-azulada em infecções por M. canis e M. audouinii Diagnósticos diferenciais incluem: Nas crianças: Psoríase e a pseudotinha amiantácea Nos adultos: Dermatite seborreica e psoríase TINHA DO COURO CABELUDO- Diagnóstico PSORÍASE PSEUDOTINHA AMIANTÁCEA DERMATITE SEBORREICA Pseudotinha amiantácea: placas descamativas presentes em atópicos O tratamento sempre deve ser realizado com antifúngicos sistêmicos. As medicações de primeira escolha são a griseofulvina e a terbinafina. Fluconazol e itraconazol apresentam indicação limitada visto que possuem eficácia inferior às medicações de primeira linha. Cetoconazol sistêmico não deve ser utilizado para o tratamento, pois possui alta hepatotoxicidade. TINHA DO COURO CABELUDO - TRATAMENTO Griseofulvina (500 mg): Dose Adultos e crianças: 20 a 25 mg/kg 1 vez ao dia (dose máxima diária de 1000 mg). Duração do tratamento: 6 a 12 semanas. Efeitos adversos: Sintomas gastrointestinais, cefaleia e erupções cutâneas. Raramente apresenta toxicidade hepática ou hematológica. É melhor absorvida quando ingerida com alimentos gordurosos. Não é necessário solicitar exames laboratoriais antes de iniciar a medicação em pessoas sem comorbidades. Se tratamento persistir por mais de8 semanas, sugere-se realizar hemograma, plaquetas, TGO e TGP. TINHA DO COURO CABELUDO - TRATAMENTO Terbinafina (125 ou 250 mg) Dose Adultos: 250 mg 1 vez ao dia Crianças: 10 a 20 kg: 62,5 mg 1 vez ao dia 20 a 40 kg: 125 mg 1 vez ao dia > 40 kg: 250 mg 1 vez ao dia Duração do tratamento: 4 a 6 semanas. Efeitos adversos: Sintomas gastrointestinais, alteração no paladar, cefaleia, aumento de transaminases e erupções cutâneas. Deve-se solicitar exames de função hepática prévio ao tratamento (não deve atrasar o tratamento em pessoas sem doença hepática conhecida) TINHA DO COURO CABELUDO - TRATAMENTO Porém, essa conduta não deve atrasar o tratamento em pessoas sem doença hepática conhecida. Se o tratamento durar mais de 6 semanas, deve-se repetir TGO, TGP, hemograma e plaquetas. MEDIDAS PREVENTIVAS DA TINHA DO COURO CABELUDO Examinar os familiares que moram com a pessoa infectada para adequado diagnóstico e tratamento. Recomenda-se que os familiares assintomáticos utilizem shampoo com antifúngico (como sulfeto de selênio 2,5% ou cetoconazol 2% ou ciclopirox 1%) por 2 a 4 semanas para diminuir o risco. Lavar roupas de cama e travesseiro da pessoa infectada e evitar que a mesma compartilhe roupas de cama ou acessórios de cabelo enquanto estiverem com a infecção. Orientar avaliação do animal de estimação por médico veterinário, especialmente se houver diversas pessoas acometidas na família ou recorrência da infecção. Familiares assintomáticos podem ser reservatórios dos dermatófitos, possibilitando a recorrência da infecção. TINEA DA BARBA (TINEA BARBAE) A tinha da barba atinge a pele e os pêlos faciais da zona da barba Afecta homens adultos e mulheres hirsutas Placas eritematodescamativas com bordas elevadas e bem delimitadas e clareamento central, com aspecto de lesão anular. Pode, também, existir alopécia no centro das lesões O diagnóstico diferencial abrange: Foliculite bacteriana Dermatite perioral Pseudofoliculite da barba dermatite de contato herpes simplex. Pode apresentar de três formas: Tipo Inflamatório, Tipo Herpes circinado e Tipo sicosiforme Tipo inflamatório: Lesões exsudativas e supurativas circunscritas lembrando o kerion . Tipo herpes circinado: Lesões anulares eritemato-pápulo-vesicoescamosas nas bordas com tendência à cura central. Tipo sicosiforme: Idêntica à foliculite bacteriana. Pústulas foliculares com posterior formação de crostas. TINEA DA BARBA (TINEA BARBAE) Exame micológico direto é rápido e tem boa acurácia Tratamento: Casos locais: cremes de imidazólicos cetoconazol ou isoconazol Casos disseminados: medicações sistêmicas terbinafina (125 ou 250 mg) Adultos: 250 mg 1 vez por dia Crianças de acordo com o peso TINEA DA BARBA (TINEA BARBAE) Terbifirina: 10 a 20 kg: 62,5 mg 1 vez ao dia 20 a 40 kg: 125 mg 1 vez ao dia > 40 kg: 250 mg 1 vez ao dia TINEA CORPORIS (tronco e extremidades) Apesar de se poder desenvolver em qualquer parte do corpo, ocorre, geralmente, nas áreas cutâneas expostas É maioritariamente causada por espécies de Tricophyton, mais especificamente o T.rubrum, o dermatófito mais comum em países desenvolvidos. Fatores de risco importantes: A existência de história pessoal ou Contacto próximo com tinha do couro cabeludo ou do pé Manifesta-se tipicamente como: uma ou múltiplas lesões anulares descamativas, com borda ligeiramente elevada e eritematosa. A borda pode ter pústulas ou pápulas foliculares Prurido é variável. O crescimento da lesão é centrífugo com tendência ao clareamento central. Com o aumento do número das lesões e seu agrupamento, assume um padrão circinado Diagnóstico diferencial: Eczema mumular Pitiríase rosada Doença de Lyme Pitiríase versicolor Dermatite de contacto Granuloma anular Padrão circinado Padrão clássico TINEA CORPORIS (tronco e extremidades) TRATAMENTO- TINEA CORPORIS Na maioria dos casos o tratamento inicial é com antifúngico tópico que deve ser aplicado na lesão e 2 cm ao redor da mesma, sobre a pele sem infecção, 2x ao dia por 1 a 3 semanas. O uso prévio de corticosteróides pode alterar a aparência das lesões, situação designada como tinea incógnita O tempo de tratamento varia conforme a resposta clínica, mantendo-se até a resolução da infecção. Em lesões muito extensas ou na falha do tratamento tópico pode-se utilizar antifúngico sistêmico. 1° escolha: terbinafina e o itraconazol. 2° escolha: fluconazol e griseofulvina devem ser usados por maior tempo e tem menor chance de resposta. Aconselhar evitar o contato direto com outros indivíduos (prevenir a transmissão) O cetoconazol sistêmico deve ser evitado para tratamento de dermatofitoses, pois o perfil risco-benefício é desfavorável em comparação com as outras opções disponíveis. Terbinafina (125 ou 250 mg) 1 a 2 semanas Adultos: 250 mg 1 vez por dia Crianças de acordo com o peso Itraconazol (100 mg) 1 semana Adultos: 200 mg 1 vez ao dia Crianças: 3 a 5 mg/kg 1 vez ao dia (dose máxima de 200 mg por dia) Fluconazol (100 ou 150 mg) 2- 4 semanas Adultos: 150 a 200 mg 1 vez por semana Crianças: 6 mg/kg 1 vez por semana (dose máxima 150 mg) Griseofulvina (500 mg) 2 - 4 semanas Adultos: 500 a 1000 mg 1 vez por dia Crianças: 10 a 20 mg/kg 1 vez por dia (dose máxima de 1000 mg/dia) TRATAMENTO- TINEA CORPORIS Terbifirina: 10 a 20 kg: 62,5 mg 1 vez ao dia 20 a 40 kg: 125 mg 1 vez ao dia > 40 kg: 250 mg 1 vez ao dia TINHA DO PÉ( Tinea pedis) É comum em adolescentes e adultos e rara em crianças antes da puberdade A tinha do pé é a dermatofitose mais frequente e a da mão, pouco frequente. A sua incidência, juntamente com a das onicomicoses, tem vindo a crescer: Utilização de banhos comuns Calçado oclusivo; Aumento da incidência da diabetes e da infecção pelo VIH O diagnóstico diferencial inclui: Dermatite de contato, Eczema e a Psoríase. A tinea pedis apresenta-se clinicamente de três formas: Interdigital Hiperceratótica Vesiculobolhosa Na dúvida diagnóstica da tinea pedis (psoríase vulgar, dermatite eczematosa, ceratodermias, intertrigo por cândida) ou tinea mannum (dermatite de contato, dermatite atópica, psoríase vulgar e líquen simples crônico) o exame micológico direto deve ser solicitado. INTERDIGITAL: lesão pruriginosa e eritematosa nas regiões interdigitais dos pés; Fissuras associadas podem causar dor. É a mais habitual TINHA DO PÉ HIPERCERATÓTICA Normalmente causada pelo T. rubrum Pode afectar as regiões plantares com espessamento e descamação, acompanhando-se de eritema e hiperqueratose dos calcanhares, plantas e faces laterais dos pés – tipo “mocassin” TINHA DO PÉ VESICULOBOLHOSA: Erupções vesiculobolhosas pruriginosas, com eritema; Geralmente acomete a região medial do pé. TINHA DO PÉ É uma infecção que acomete as mãos, de forma unilateral na mão dominante ou bilateral Costuma apresentar-se como placas descamativas hiperceratóticas bem delimitadas Pode ser pruriginosa. A presença de fissuras costuma causar dor. É necessário avaliar a presença de outras infecções fúngicas, visto que estão frequentemente associadas à tinea pedis e à tinea cruris. Diagnóstico diferencial: Eczema desidrótico, Dermatite de contacto, Psoríase e as Calosidades Na dúvida diagnóstica: Exame micológico deve ser solicitado Tratamento semelhante à tinea do pé TINHA DA MÃO ( Tinea manuum) Uma infecção por dermatófitos O tratamento da tinea pedis e tinea mannum é semelhante 1° escolha: Antifúngicos tópicos (como miconazol, clotrimazol, itraconazol, terbinafina ou ciclopirox olamina) 2 vezes ao dia por 1 a 4 semanas, conforme a resolução da infecção. O creme de cetoconazol a 2% pode melhorar a adesão terapêutica (Apenas uma aplicação diária) Nistatina tópica não é efetiva para o tratamento de dermatofitoses e, portanto, não deve ser utilizada. A infecção crônica ou recidivante pode implicar tratamento oral,especialmente se os agentes tópicos falharam, ou quando a área afectada é extensa - terbinafina . TRATAMENTO- TINHA DO PÉ/ TINHA DA MÃO Uma vez que a celulite estreptocócica é uma complicação possível, pode ser necessária a adição de um antibiótico tópico ou oral quando houver sinais de sobre-infecção bacteriana A prevenção da reinfecção é essencial: Utilização de chinelos em piscinas e balneários públicos, Controle da hiperidrose com pós antimicóticos e/ou antimicrobianos Desinfecção dos sapatos com sprays anti-sépticos. Os pés devem ser secos Calçado fechado: evitar ou alternar a cada 2-3 dias a fim de reduzir a umidade local TINHA DO PÉ( Tinea pedis)- TRATAMENTO TINEA CRURIS (TINHA CRURAL) A tinea cruris é uma infecção dermatófita da região inguinal que ocorre predominantemente no sexo masculino (na faixa etária de 18 a 30 anos) . Eczema marginado de Hebra Tem-se tornado mais frequente em mulheres com excesso de peso ou que vestem calças apertadas Pode também estar presentes, porém em menor frequência, nas regiões axilares, inframamárias e interglúteas. Se o escroto estiver envolvido, pensar em candidíase das pregas A tinea cruris encontra-se frequentemente associada à tinea pedis. uma vez que o vestuário é contaminado ao passar pelos pés, entrando posteriormente em contacto com a região inguinal. Sendo as duas infecções habitualmente concomitantes, a etiologia de ambas é comum (T. rubrum, T mentagrophytes e E. floccosum A infecção geralmente inicia com uma placa eritematosa, macerada, e evolui de forma centrífuga, com clareamento central Bordas elevadas, descamativas e eritematosas, bem delimitadas e com pequenas vesículas. Pode haver prurido moderado a intenso e ardor, muitas vezes perturbando o sono. Transmissão do eczema marginado de Hebra: Contato íntimo com roupas contaminadas, salas de ginástica e vestiários públicos O diagnóstico é clínico, mas pode-se solicitar exame micológico direto quando houver falha ao tratamento ou dúvida diagnóstica. Diagnósticos diferenciais são: psoríase inversa, eritrasma, dermatite seborreica e candidíase inguinal. TINEA CRURIS (TINHA CRURAL) TRATAMENTO- TINEA CRURIS (TINHA CRURAL) Tratamento inicial: Antifúngico tópico 2 vezes ao dia por 1 a 3 semanas. O tempo de tratamento varia conforme a resolução da infecção. Os corticosteróides tópicos em baixa dose podem ser usados como adjuvantes nos primeiros dias, para reduzir a inflamação da pele envolvida. Em lesões muito extensas ou na falha do tratamento tópico pode-se utilizar antifúngico sistêmico. Terbinafina e Itraconazol Para evitar recorrência, deve-se avaliar e tratar pacientes com tinea pedis e onicomicose Aconselhar: O uso de vestuário pouco apertado, a perda de peso e a lavagem de roupas contaminadas TINEA DAS UNHAS (Onicomicose) Infecção da lâmina ungueal (rica em queratina) Frequentemente progride para o leito ungueal Muito frequente na população em geral, mais comum em idosos Unhas dos pés são de 8 a 10 vezes mais acometidas do que as das mãos Formas clínicas: Superficial: manchas esbranquiçadas na superfície da lâmina → forma mais leve e de fácil tratamento. Distal: forma mais comum, o dermatófito penetra pelo hiponíquio, levando à onicólise e à queratose subungueal, associadas a estrias subungueais esbranquiçadas ou amareladas. Proximal: forma rara, muito associada à imunossupressão/HIV. O agente penetra pela dobra ungueal proximal, causando descoloração esbranquiçada na região subungueal proximal. Total: forma evolutiva das apresentações descritas, a unha apresenta-se totalmente distrófica, impossibilitando detectar-se a forma de penetração do agente. Leito ungueal: região de tecido conjuntivo ricamente vascularizada TINEA DAS UNHAS: Diagnóstico O diagnóstico apenas clínico não é indicado (pois a acurácia é de apenas 50%) Exame micológico direto e cultura para fungos são importantes Os agentes mais isolados são do gênero Trichophyton sp. Tinha de unha: forma distrófica total nas unhas dos primeiros pododáctilos e forma branca superficial nas demais unhas; O diagnóstico deve ser sempre confirmado pelo exame micológico direto, para exclusão de outras causas (psoríase e líquen plano). A coleta do material se fará de acordo com a apresentação clínica: por debaixo da lâmina a partir da borda livre (onicomicose distal); raspando-se a mancha na superfície ungueal (onicomicose superficial) ou perfurando-se a lâmina (onicomicose proximal) TINEA DAS UNHAS: Tratamento O tratamento é longo e com potencial de hepatotoxicidade, sendo necessária a monitorização das enzimas hepáticas Deve ser sistêmico, exceto nos casos da branca superficial Terbinafina, itraconazol por 4 a 6 meses, são as drogas de escolha Esmaltes tópicos com ciclopirox olamina ou amorolfina são usados para complementar o tratamento sistêmico e na profilaxia das recidivas * Unhas de coloração esverdeada sugere contaminação secundária por Pseudomonas TINEA NEGRA Micose superficial causada por um fungo filamentoso demáceo (pigmentado) Responsável pelo surgimento de máculas acastanhadas ou enegrecidas em região palmoplantar, mais frequentemente em crianças Diagnóstico diferencial: melanoma e púrpura do atleta Exame micológico direto: confirma o diagnóstico Tratamento: antifúngicos tópicos MICOSES SUPERFICIAIS- Micoses por leveduras São fungos ovalados que se reproduzem por brotamento Incluem: Candidíases Pitiríase versicolor CANDIDÍASES (MONILÍASE) Infecções por Candida albicans (menos de 10% por outras Candida sp.) A Candida é classificada como fungo gram positivo, dimorfo, saprófita, sendo encontrada na vagina em 20% de mulheres sadias e assintomáticas Comumente associada a áreas ocluídas e úmidas São infecções muito comuns Nem sempre o encontro simples da C. albicans leva ao diagnóstico da infecção Aspectos que devem estar presentes: Encontro de pseudo-hifas (formações invasivas: maior virulência) Quantificação do número de colônias na cultura Aspecto clínico com reação inflamatória local CANDIDÍASE Fatores predisponentes: Uso de antibióticos (altera a flora bacteriana, diminuindo a competição natural) Diabetes mellitus Uso de anticoncepcionais e gravidez (mudanças na mucosa vaginal) Estados de imunossupressão Deficiente ventilação vulvar, pelo uso de roupas sintéticas e apertadas Doenças da tireóide, obesidade e corticoterapia A gravidez, o uso de anticoncepcionais orais com altas doses de estrogênio e o diabetes propiciam aumento na concentração de glicogênio vaginal, com conseqüente acidificação do meio e proliferação da levedura. CANDIDÍASE: Quadro clínico Candidíase oral Forma mais comum é a pseudomembranosa aguda (“sapinho”) Formas menos frequentes: forma crônica hiperplásica (placas verrucosas na língua) e a queilite angular Dermatite das fraldas Intertrigo devido à oclusão pelas fraldas, iniciando dermatite por irritação pelas fezes (ricas em C. albicans) e pela urina É um quadro comum tanto em crianças quanto em idosos Candidíase genital É muito mais frequente nas mulheres na apresentação de vulvovaginite com: - Irritação, ardência, eritema e prurido vulvar, eventualmente fissuras, disúria, dispareunia e secreção vaginal que pode variar de aspecto de talco molhado aderido à parede vaginal, com coloração esverdeada, até aparência fisiológica. - O odor costuma ser incaracterístico e as paredes vaginais podem se encontrar hiperemiadas Nos homens (candidose balanoprepucial): lesões eritematosas ou eritematoerosivas na glande. No prepúcio há eritema e edema. Subjetivamente, ardor e prurido. Pode ocorrer secreção purulenta por infecção bacteriana secundária. Quando esse processo evolui, as placas se estendem para a região inguinal e o escroto (nos casos de tinha, costuma ser poupado) CANDIDÍASES: Quadro clínico Intertrigo por Candida Placas eritematosas em áreas ocluídas Comum na região inframamária e entre o 3º e 4º espaços interdigitais das mãos Característicamarcante: presença de pequenas pápulas/pústulas adjacentes à grande lesão (satélites) CANDIDÍASES: Quadro clínico Onicomicose e paroníquia Onicomicose: apresenta-se da mesma forma dos dermatófitos Paroníquia: inflamação da prega periungueal devido à perda da cutícula, criando um espaço morto e úmido (principalmente em donas de casa que têm contato constante com água) onde se formam colônias de leveduras Quadros sistêmicos Esofagite, infecção do trato urinário e fungemia: encontrados em pacientes graves de UTI ou em imunossuprimidos CANDIDÍASES: Diagnóstico O exame microscópico direto nem sempre é útil, pois pode indicar apenas colonização inocente A cultura é fundamental e sempre deve ser acompanhada da quantificação do número de colônias, sendo altamente sugestiva quando >1 milhão. CANDIDÍASES: Tratamento A maioria dos casos requer tratamento sistêmico: fluconazol 100 a 200 mg Algumas espécies de Candida (C. krusei e C. glabrata) são naturalmente resistentes a essa medicação, sendo necessários outros imidazólicos: cetoconazol ou itraconazol Casos graves com candidemia: anfotericina B PITIRÍASE VERSICOLOR Infecção superficial (na camada córnea) causada por Malassezia furfur, que cursa com lesões maculodescamativas de cores variáveis (versicolor) É uma afecção extremamente frequente, em especial no verão Mais presente em adolescentes e adultos jovens, rara em crianças e idosos (estes últimos têm a pele menos oleosa) A levedura M. furfur coloniza inocentemente a pele de mais de 95% das pessoas, com preferência pelas regiões mais seborreicas, onde aproveita os lipídios cutâneos como fonte de energia O mecanismo exato que transforma a vivência pacífica em simbiose para infecção é desconhecido Fatores de imunossupressão local (má higiene e umidade) são predisponentes e muito ligados à recidiva “pano branco” acomete ambos os ssexos na mesma proporção PITIRÍASE VERSICOLOR- Quadro clínico É de fácil identificação: lesões maculodescamativas ovaladas, disseminadas, presente principalmente no tronco e na região cervical. São raras nas extremidades. A descoloração pode se dar por máculas brancas, rosas ou acastanhadas Há uma fina descamação, que pode ser intensificada quando a pele é esticada pelo examinador (sinal de Zileri) *A causa das hipocromias é a produção do ácido dicarboxílico pelo fungo que inibe a reação dopa-tirosinase, que, por sua vez, diminui a produção de melanina PITIRÍASE VERSICOLOR- Diagnóstico Exame microscópico direto: pode ser realizado nos casos duvidosos (encontrado o típico “espaguete com almôndegas”: pseudo-hifas alongadas com esporos ovalados) Diagnóstico diferencial: Pitiríase alba (mais nas extremidades e na face, e com outros indícios de atopia) Vitiligo (as lesões não descamam) PITIRÍASE VERSICOLOR- Tratamento A maioria dos casos requer tratamento tópico, sendo os imidazólicos igualmente eficazes Tioconazol, isoconazol e bifonazol (solução ou loção a 1%). Aplicar diariamente, após o banho, por 4 semanas. Tolerância excelente e cura em praticamente todos os casos. Xampus com antifúngicos podem ser usados em casos recidivantes, pois o couro cabeludo é uma importante fonte de infecção Casos resistentes ou disseminados podem ser tratados com antifúngicos orais: cetoconazol é o mais eficaz, por ter excreção maior na secreção sebácea (dose: 200 mg, por 10 a 14 dias) Após o tratamento, verifica-se com frequência hipopigmentação residual, que pode persistir por meses. A repigmentação pode ser estimulada pela exposição à luz solar. REFERÊNCIAS PELLIZZARI, A.C., SCHWARBACH A. P., RIBEIRO A. E. T. (et al) DERMATOFITOSES, disponível em: http://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/880204/dermatofitoses.pdf Telecondutas- Dermatofitoses, UFRGS, 2017. Disponível em: https://www.ufrgs.br/telessauders/documentos/telecondutas/tc_tinea.pdf Tomaz D. Será fungo? Rev Port Clin Geral 2011 Jan-Fev; 27 (1): 96-108. Dermatologia de Sampaio E Rivitti 4 ed 2018
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