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Intermediária – Problema 2 Módulo Febre, Infamação e Infecção Hyana M. 1 UNIME 2021 ácido acetilsalicílico (AAS) O acido acetilsalicílico (AAS – aspirina) é um dos AINES mais conhecidos, que se encaixa nos inibidores não seletivos da COX-2, e foi um dos primeiros a ser sintetizado. Ele é muito usado no tratamento da dor leve a moderada, da cefaleia, da mialgia e da artralgia. Ele é Anti-inflamatório, antipirético e analgésico. MECANISMO DE AÇÃO: E o que diferente ele dos outros AINEs, é que ele é capaz de acetilar de forma irreversível (e dessa forma inativar) a ciclo-oxigenase, ou seja, ele bloqueia tanto a COX1 (plaquetas, estomago e rim) quanto a COX 2 (SNC, traqueia, rim, células endoteliais, testículos, ovários..), porem ele possui uma afinidade maior a COX1. Os outros AINEs, inclusive os salicilatos, são inibidores reversíveis da ciclo-oxigenase. O ácido acetilsalicílico inibe a síntese de prostaglandinas e consequentemente inibe a liberação dos grânulos das plaquetas, interferindo na agregação plaquetária normal. Para entender melhor, é bom lembrar de como ocorre a síntese de prostaglandinas em plaquetas e células endoteliais: A gente vai ter: a ativação das plaquetas e das células endoteliais, e isso vai induzir a clivagem dos fosfolipídios de membrana pela fosfolipase A2 (FLA2) e liberação de ácido araquidônico. Depois o ácido araquidônico é convertido em prostaglandina G2 (PGG2 ou endoperóxido cíclico) pela enzima COX1. Nas plaquetas, essa prostaglandina vai ser convertida em tromboxano A2 (TxA2). A partir disso, o tromboxano A2 vai interagir com seus receptores de superfície celular, e levar a vasoconstrição localizada, uma agregação plaquetaria e reação de liberação dos grânulos das plaquetas. Ou seja, o tromboxano A2 formado, vai desencadear uma resposta de agregação plaquetaria, vai fazer com que as plaquetas que estão em torno da plaqueta ativada, comecem a se unir. Posteriormente vai ativar a cascata de coagulação para poder formar o trombo (no qual vai impedir a saída de sangue caso ocorra alguma lesão) --- ex disso temos quando esprememos uma espinha e fica uma casquinha de sangue mais durinha, isso é um trombo tentando evitar a saída de sangue. Nas células endoteliais, a prostaglandina G2 é convertida em prostaciclina (PGI2), e essa prostaciclina (PGI2) vai provocar vasodilatação localizada e inibe a agregação plaquetaria e a reação de liberação do conteúdo dos grânulos das plaquetas. E voltando pra ação do AAS, ele vai promover essa inibição irreversível pela ligação covalente com uma molécula de serina no local ativo. Ex: Na estrutura da COX-1, a aspirina acetila a serina na posição 530, prevenindo a ligação do ácido araquidônico ao local ativo da enzima. Então, o ácido acetilsalicílico inibi a síntese de endoperóxido cíclico (prostaglandina G2) e de vários de seus metabólitos. Se o AAS inibiu a formação da prostaglandina G2, os níveis de prostaglandina G2 na plaqueta vão diminuir, consequentemente os níveis de tromboxano A2 vão diminuir também, pois sua síntese é mediada pela prostaglandina G2. Então, com isso vamos observar acentuada redução da agregação plaquetária e da reação de liberação dos grânulos das plaquetas. E como o ácido acetilsalicílico bloqueia a cox1 de forma irreversível, as plaquetas se tornam “envenenadas” durante toda a sua sobrevida (7 a 10 dias). Apesar de o ácido acetilsalicílico também inibir a enzima COX nas células endoteliais, sua ação não é permanente nessas células, uma vez que elas são capazes de sintetizar novas moléculas de COX. Por conseguinte, a produção de prostaciclina pelas células endoteliais não é relativamente afetada pelo ácido acetilsalicílico em doses farmacologicamente baixas. Obs: A COX-1 é a isoforma predominante da COX nas plaquetas, enquanto as células endoteliais parecem expressar tanto a COX-1 quanto a COX-2 em condições fisiológicas. Como o ácido acetilsalicílico inibe tanto a COX-1 quanto a COX-2 de modo não seletivo, esse fármaco atua como agente antiplaquetário efetivo. Intermediária – Problema 2 Módulo Febre, Infamação e Infecção Hyana M. 2 UNIME 2021 USO CLÍNICO: Indicações: 1. Redução do risco de mortalidade em pacientes com suspeita de infarto agudo do miocárdio (IAM); 2. Redução do risco de morbidade e mortalidade em pacientes com antecedente de infarto do miocárdio; 3. Prevenção secundária de acidente vascular cerebral; 4. Prevenção do risco de ataques isquêmicos transitórios (AIT) e acidente vascular cerebral em pacientes com AIT; 5. Prevenção do tromboembolismo após cirurgia vascular ou intervenções; 6. Profilaxia de trombose venosa profunda e embolia pulmonar; 7. Redução do risco de primeiro infarto do miocárdio em pessoas com fatores de risco cardiovasculares; 8. Profilaxia de Pré-Eclâmpsia em gestantes alto risco para Doenças Hipertensivas Específicas da Gestação (HAS crônica, história de pré-eclâmpsia, Primiparidade tardia >40 anos, Doença renal crônica, doenças autoimunes, Diabetes). 9. Tratamento de síndromes coronarianas agudas. Contraindicação: 1. Hipersensibilidade ao ácido acetilsalicílico 2. Histórico de asma induzida pela administração de salicilatos, principalmente fármacos anti-inflamatórios não- esteroidais 3. Úlceras gastrintestinais agudas; 4. Diátese hemorrágica; 5. Insuficiência renal grave; 6. Insuficiência hepática grave; 7. Insuficiência cardíaca grave; 8. Combinação com metotrexato em dose de 15 mg/semana ou + (pode ser por causa de “Interações Medicamentosas”); 9. Gravidez Doses administradas: 1. A dose analgésica-antipirética de ácido acetilsalicílico para adultos é de 324-1.000 mg VO a cada 6 h. 2. As doses anti-inflamatórias de ácido acetilsalicílico recomendadas para artrite, espondiloartropatias e lúpus eritematoso sistêmico (LES) variam de 3-4 g/dia em doses fracionadas. 3. Os salicilatos estão contraindicados para febres associadas a infecções virais em crianças ("Síndrome de Reye"); para etiologias não virais, recomendam-se 40-60 mg/kg/dia fracionados em 6 doses, a cada 4 h. 4. A dose diária máxima recomendada de ácido acetilsalicílico para adultos e crianças maiores de 12 anos é de 4 g. 5. A administração retal de supositórios de ácido acetilsalicílico pode ser preferível em lactentes ou quando a via oral não está disponível. Ainda sobre a posologia: Quando saber a dose necessária de aspirina para ter uma resposta efetiva no bloqueio de respostas de formação de coágulo? Antigamente acreditava-se que doses de AAS precisava ser muito alta, cerca de 200 -300mg por dia para se ter uma resposta protetora contra a formação de coágulos. Hoje em dia existem estudos que comprovam que é possível bloquear a COX1 das plaquetas com doses mais baixas. Diversos autores têm recomendado o uso de doses entre 75 e 100 mg/dia, levando-se em conta a efetividade na redução de desfechos cardiovasculares e menor proporção de efeitos adversos. Porque se você for pensar, o tempo de vida da aspira vai ser igual o tempo de vida da plaqueta que ela se ligou, pois a ligação é irreversível. E em relação os efeitos adversos, podemos ver que um dos fatores de precaução de uso da aspirina era que ela causava muitos distúrbios gástricos, muitos pacientes chegavam ate a formação de ulceras, porque o bloqueio irreversível na COX1 nas células parenterais gástricas favorecem o aumento da secreção de acido clorídrico, o que causaria um desconforto gástrico. Agora se você esta com uma dose mais ↓ e com um bom intervalo de tempo (ex: 100 mg/dia), boa parte da aspirina vai servir para se ligar com as plaquetas que já estiverem presentes na veia porta hepática, e ai Intermediária – Problema 2 Módulo Febre, Infamação e Infecção HyanaM. 3 UNIME 2021 pouca aspirina que sobrar vai ser metabolizada no fígado, e então vai haver apenas a resposta de bloqueio de agregação plaquetária sem afetar o estomago. EFEITOS ADVERSOS: 1. Respiratório: em doses altas o AAS ↑ a ventilação alveolar. Os salicilatos aumentam o consumo de e a produção de (principalmente no m sculo es uel tico) com doses anti-in lamat rias; esses e eitos são resultado do desacoplamento da os orilação oxidativa. Também pode ocorrer a alcalose respiratória primária. 2. Rim: oses terap uticas de salicilato produ em mudanças de initivas no padrão de e uil brio cido-base e de eletrólitos, podendo ocorrer a acidose renal compensatória. 3. Efeitos cardiovasculares: aixas doses de cido acetilsalicilico (+/-1 mg/dia) são amplamente utili adas devido a seus efeitos cardio- protetores. 4. TGI: Pode gerar um sofrimento epigástrico, náuseas, vômitos, úlcera gástrica, azia, dispepsia, hemorragia e gastrite erosiva. 5. Fígado: Geralmente não há sintomas, o que ocorre é um aumento dos níveis séricos de transaminases hepáticas. Contudo, alguns pacientes referem desconforto e sensibilidade no quadrante superior esquerdo do abdômen. 6. Efeitos endócrinos: Pode ocorrer a diminuição da captação pela tireoide do iodo e sua depuração, ocorre aumento do consumo de oxigênio e a taxa de desaparecimento de tiroxina e triiodotironina da circulação. 7. Efeitos locais: O ácido salicílico é irritante para a pele e mucosas e destrói as células epiteliais. 8. Na gravidez: Os bebês podem ter o peso ao nascimento reduzido, pode ocorrer mortalidade perinatal, hemorragia pré-parto e pós-parto partos complicados ou gestação prolongada. RELACIONANDO COM O PROBLEMA: O outro efeito adverso importante da Aspirina é a Síndrome de Reye. E por isso a aspirina e outros salicilatos são contraindicados em crianças e adultos jovens com menos de 20 anos de idade com febre associada a doença viral. E relacionando com o caso: karen tem 15 anos, fez uso de aspirina sem prescrição médica e também apresenta febre. A síndrome de reye, é uma doença grave e muitas vezes chega a ser fatal, ela é caracterizada pelo inicio aguda de encefalopatia, disfunção hepática e infiltração de gordura no fígado e em outras vísceras. A SR pode ocorrer durante a recuperação de uma infecção viral ou pode desenvolver-se 3 a 5 dias após o início da virose. Seus sintomas incluem: vômito recorrente ou persistente, letargia, mudanças de personalidade como irritabilidade ou agressividade, desorientação ou confusão, delírio, convulsões e perda da consciência. Os sintomas da SR não seguem um padrão típico, como por exemplo, vômitos nem sempre ocorrem. A terapia com ácido acetilsalicílico durante o curso de infecção viral febril tem sido indicada como etiologia potencial da lesão hepática. Em vez de aspirina, é amplamente utilizado o paracetamol e o ibuprofeno também é apropriado. Outro ponto importante também do uso da Aspirina é em pacientes com dengue ou com suspeita de dengue, no qual como regra, pacientes com dengue devem evitar o uso de ácido acetilsalicílico, porque são anticoagulantes ou antigregantes plaquetários e assim, aumentam o risco de sangramentos e hemorragias, pois a coagulação do paciente já está prejudicada pela redução de plaquetas e também desenvolvimento da síndrome de reye. Os Anti-inflamatórios não hormonais (ou não esteroidais) como o diclofenaco, indometacina, ibuprofeno, piroxicam, naproxen, sulfinpirazona, fenilbutazona, sulindac, diflunisal e o ibuprofeno, por exemplo, são todos contraindicados, pois também elevam o risco de sangramentos, tanto que alguns deles são suspensos antes de cirurgias. SILVA, Penildon. Farmacologia. 8ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. Cucchiara BL, Messé SR. Antiplatelet therapy for secondary prevention of stroke. UpToDate [database]. jan. 2019 Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/antiplatelet-therapy-for-secondary-prevention-of-stroke. Antithrombotic Trialists' Collaboration. Collaborative meta-analysis of randomised trials of antiplatelet therapy for prevention of death, myocardial infarction, and stroke in high risk patients. BMJ 2002; 324(7330):141. Disponível em: http://www.bmj.com/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=11786451 https://www.uptodate.com/contents/antiplatelet-therapy-for-secondary-prevention-of-stroke http://www.bmj.com/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=11786451
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