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BIORREMEDIAÇÃO EM ÁREAS CONTAMINADAS

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOCIÊNCIAS FORENSES 
 
BIORREMEDIAÇÃO EM ÁREAS CONTAMINADAS 
 Lohanne Paccelli Guimarães Assunção ¹ 
Daniela Buosi Rohlfs ² 
 
 
¹ Bióloga. Aluna da Pós-Graduação em Biociências Forense, pela Universidade Católica 
de Goiás/IFAR. 
 
² Orientadora: Engenheira Florestal pela Universidade de Brasília; Mestre em Ciências 
Ambientais pela Universidade de Brasília; Especialista em Gestão Integrada das Águas 
– Saneamento Ambiental pela Universiade das Águas da Itália; Especialista em Saúde e 
Poluição Atmosférica pela Universidade de São Paulo. Professora em Biociências 
Forenses IFAR/PUC. 
 
RESUMO 
A contaminação ambiental ocasionada pelo uso intenso de produtos químicos e 
disposição final inadequada destes têm gerado preocupações por parte de empresas e 
organizações ambientais, como a CETESB, que vêm estudando, analisando e 
recuperando áreas degradadas por estes resíduos. Foi criado também o SISSOLO, um 
sistema de informações que coleta dados de várias cidades e municípios brasileiros, 
fazendo assim um quantitativo de áreas contaminadas, com o intuito de recuperá – las 
em parceria com órgãos do governo. Uma ótima alternativa para recuperação dessas 
áreas é a biorremediação, uma técnica totalmente natural, que usa seres vivos para que o 
local contaminado retome sua condição original, é um processo com custo relativamente 
baixo, que tem sido muito utilizado em países dos EUA e da Europa, e que vem sendo 
difundido no Brasil. País este que mesmo com as leis vigentes ainda possui um 
quantitativo bastante elevado de áreas contaminadas, aumentando os casos 
epidemiológicos na população. 
Palavras – chave: resíduos sólidos, contaminação, biorremediação, crimes ambientais. 
ABSTRACT 
Environmental contamination caused by heavy use of chemicals and improper disposal 
of these have generated concerns from businesses and environmental organizations such 
as CETESB, who have been studying, analyzing and recovering areas degraded by these 
wastes. It was also created SISSOLO, an information system that collects data from 
various cities and municipalities, thus making a quantitative contaminated areas, in 
order to recover - them in partnership with government agencies. A great alternative for 
rehabilitation of these areas is bioremediation, a completely natural technique, which 
uses living organisms to the contaminated site resumes its original condition, is a 
process with relatively low cost, which has been used in the U.S. and countries Europe, 
and has been widespread in Brazil. This country that even with the laws still have a very 
high quantity of contaminated areas, increasing cases in epidemiological population. 
Keywords: solid waste, contamination, bioremediation, environmental crimes. 
1. Introdução 
A utilização de produtos químicos na agricultura vem apresentando importante 
crescimento especialmente após a segunda metade do século passado até os dias atuais, 
sendo este um tema relevante devido aos riscos associados à contaminação de águas, 
solos, atmosfera e humana, quando utilizados de forma indiscriminada ou indevida. Os 
produtos agroquímicos foram criados e desenvolvidos para serem utilizados no 
ambiente como uma ferramenta para o agricultor minimizar o prejuízo causado pela 
ação danosa de insetos, fungos, plantas invasoras, dentre outros agentes (STUTZER et 
al., 2003). 
Há muitos anos que estão sendo observadas mudanças no processo tradicional de 
trabalho na agricultura, bem como nos impactos sobre o ambiente e a saúde humana. 
Novas tecnologias, muitas baseadas no uso extensivo de agentes químicos, foram 
disponibilizadas para o controle de doenças, aumento da produtividade e proteção 
contra insetos e outras pragas (MOREIRA et al., 2002). 
Os agrotóxicos são produtos utilizados na agricultura para o controle de insetos, 
microrganismos e plantas daninhas, com a finalidade de aumento da produtividade e 
garantia da produção de alimentos para a humanidade. Embora os agrotóxicos possam 
ter um efeito benéfico sobre a produtividade agrícola, deve-se considerar o risco desses 
compostos químicos no ambiente, o que tem despertado o interesse científico para a 
biodegradação de pesticidas e compostos relacionados (ARAÚJO, 2002). 
A contaminação ambiental causada pelo uso de agrotóxicos tem gerado 
preocupações quanto ao uso inadequado destes compostos, devendo ser tomadas 
precauções quanto à sua aplicação e disposição final adequada, sem comprometimento 
do meio ambiente (LUCHINI et al., 2000). 
Cabe destacar que a disposição inadequada de substâncias químicas vem 
causando a contaminação de diversas áreas, restringindo sua utilização. Apenas no 
estado de São Paulo foram registradas, até dezembro de 2011, 4.131 áreas 
contaminadas, sendo que destas 787 estão em processo de monitoramento para 
reabilitação e apenas 264 estão reabilitadas (CETESB, 2012). 
Uma alternativa para a remediação de áreas contaminadas é a biorremediação, 
que consiste na utilização de seres vivos ou seus componentes na recuperação dessas 
áreas. Geralmente são processos que empregam microrganismos ou suas enzimas para 
degradar compostos poluentes. Este processo tem sido intensamente pesquisado e 
recomendado pela comunidade científica como uma alternativa viável para o tratamento 
de ambientes contaminados, como águas superficiais, solos e resíduos industriais 
(GAYLARDE et al., 2005). Surgiu como uma tecnologia alternativa de remediação de 
locais impactados com poluentes orgânicos e se baseia na utilização de populações 
microbianas que possuem a habilidade de modificar ou decompor determinados 
poluentes. 
Neste processo emprega-se um produto novo, totalmente natural, provocando a 
extração para compostos voláteis, este possui o poder da oxidação lenta, composto 
formado por bio-reação. O processo de biorremediação pode ser definido como todo o 
processo que usa microrganismos, fungos, plantas, algas verdes ou suas enzimas para 
que o ambiente contaminado retorne a sua condição original ou reduza os valores 
detectados dos contaminantes químicos a níveis aceitáveis pelos órgãos ambientais. 
O presente trabalho tem o objetivo de realizar revisão bibliográfica sobre a 
técnica de biorremediação no tratamento de áreas contaminadas e a viabilidade de sua 
utilização. 
 
2. Metodologia 
Trata-se de um trabalho de revisão bibliográfica baseado em artigos científicos, 
bem como mídias impressas, tais como jornais, revistas e periódicos. Os artigos, teses, 
dissertações e monografias foram obtido em bibliotecas digitais de Universidades e sites 
de pesquisa como Scielo e Google Acadêmico. 
 
3. Técnicas de Remediação 
De acordo com a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do Estado 
de São Paulo - Cetesb (2012), ao longo dos anos, misturas de contaminantes têm sido 
acumuladas no ambiente, sendo estes metais e compostos químicos sintéticos e 
derivados de petróleo. Dentre as várias técnicas de remediação praticadas atualmente, 
estas podem ser distinguidas em dois tipos: tecnologias consagradas e tecnologias 
emergentes. 
As técnicas tidas como consagradas são aquelas sobre as quais já se possui um 
conhecimento técnico elevado para prever resultados ou, em função disto, que não 
requerem mais testes de laboratório, podendo ser aplicadas diretamente no campo. Já as 
técnicas emergentes são tecnologias em desenvolvimento, como opções alternativas de 
tratamento de locais contaminados àquelas que são tradicionalmente empregadas 
(CETESB, 2007). 
O objetivo dessas técnicas é diminuir a periculosidade ou o nível de toxicidade 
dos contaminantes presentes em determinada área,por meio da degradação biológica ou 
da modificação química, utilizando-se reações que neutralizem ou decomponham esses 
compostos; ou ainda, por meio da retirada de determinadas frações dessa contaminação. 
Dentre os objetivos destas alternativas, inclui-se também a redução de custos, porém, 
nem sempre com redução de tempo (CETESB, 2007). 
Algumas técnicas convencionais vêm sendo muito realizadas, como a escavação 
dos solos contaminados, seguida de tratamento ou disposição em aterros, estas tem sido 
utilizadas para efetuar a remediação de locais contaminados, mesmo apresentando 
muitas vezes, elevados custos, bem como a possibilidade de impactos ao ambiente. Por 
outro lado essas técnicas são eficientes, requerem prazos curtos e propiciam uma 
remediação mais rápida da área (CETESB, 2007). 
Além das técnicas de remoção e redisposição de solos, outras técnicas têm sido 
aprimoradas e testadas em relação a sua eficiência, eficácia e custo, incluindo a 
biorremediação. Em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, Canadá e vários 
países da Europa, a técnica bioquímica de remediação vem sendo amplamente utilizada 
em trabalhos que se baseiam, por exemplo, no tratamento de solos contaminados por 
hidrocarbonetos de petróleo. Segundo Andrade et al. (2010), no Brasil, os projetos de 
biorremediação ainda estão na teoria, com poucos casos práticos aplicados. 
 
3.1 Biorremediação 
A biorremediação é uma técnica na qual ocorre a transformação ou destruição de 
contaminantes orgânicos por decomposição, pela ação de microrganismos naturais no 
solo, como as bactérias, os fungos e protozoários. Estes microrganismos biodegradam 
poluentes tóxicos, para obtenção de energia (alimento), em substâncias como dióxido de 
carbono, água, sais minerais e gases. O contaminante funciona como uma espécie de 
fonte de carbono para os microrganismos. Dentre os compostos biodegradáveis estão os 
hidrocarbonetos derivados do petróleo, preservantes de madeira, solventes halogenados 
e os pesticidas (CETESB, 2007). 
Esta técnica pode ser empregada para atacar contaminantes específicos no solo e 
águas subterrâneas, tais como a degradação de hidrocarbonetos do petróleo e compostos 
orgânicos clorados pelas bactérias. Este processo se dá pelo fato de microrganismos, 
como as bactérias, utilizarem substratos orgânicos e inorgânicos, como exemplo o 
carbono como fonte de alimentação, desta forma, convertendo os contaminantes em 
CO2 e H2O (SILVA, 2002). 
Esta é uma técnica que vem alcançando importância mundial, uma vez que o 
aumento da atividade industrial está degradando, cada vez mais, os ecossistemas 
naturais. O emprego de microrganismos no tratamento de rejeitos tóxicos é uma prática 
habitual em alguns países desenvolvidos. Os sistemas biológicos geralmente utilizados 
são microorganismos e plantas, no entanto, a biodegradação com microrganismos é a 
opção mais frequentemente utilizada (UETA et al., 1999). 
 As vantagens da biorremediação são: a habilidade dos microrganismos de 
biodegradar substâncias perigosas ao invés de transferir o contaminante de um meio 
para outro; eficiente em meios homogêneos e de textura arenosa; baixo custo se 
comparado a outras técnicas de remediação, se os compostos forem facilmente 
degradáveis a tecnologia pode ser considerada como destrutiva dos contaminantes 
(CETESB, 2007). 
Porém, existem algumas desvantagens também, como: maior dificuldade de 
aclimatação dos microrganismos; limitações de escala para aplicação in situ; 
biodisponibilidade na zona saturada; limitações em função de heterogeneidades em 
subsuperfície; inibição por compostos competidores e a possibilidade de formação de 
sub-produtos tóxicos (CETESB, 2007). 
O processo de biorremediação pode ser dividido em duas técnicas: 
bioestimulação e bioaumentação. A bioestimulação é quando o crescimento dos 
microrganismos naturais, autóctones ou indígenos, que são aqueles pertencentes às 
espécies nativas de regiões biogeográficas, são estimulados por práticas que incluem a 
introdução de: oxigênio, nutrientes, substâncias para correção do pH do meio e 
receptores de elétrons específicos para a degradação da contaminação. Quanto maior a 
população de microrganismos que degradam o contaminante dentro da área de 
remediação, mais rápido e mais eficiente será o processo (CESTESB, 2010). 
Já a bioaumentação é quando há a necessidade de se aplicar microrganismos não 
indígenos (alóctones), em locais onde após a contagem das bactérias heterotróficas 
totais e fungos foi identificada uma insuficiência de microrganismos indígenos ou 
autóctones para a biodegradação do contaminante em questão, mesmo após a tentativa 
de bioestimulação (CETESB, 2010). 
Atualmente, ainda existe a necessidade de maior entendimento dos processos de 
biorremedição, e por isso os principais fatores críticos para sua aplicação com sucesso 
são: a suscetibilidade do contaminante considerado à degradação; presença de 
populações microbiológicas apropriadas e em quantidades suficientes para promover 
uma taxa de degradação adequada; condições do pH e temperatura para o crescimento 
dos microorganismos; biodisponibilidade do contaminante; geração de subprodutos que 
sejam menos tóxicos que os produtos primários; capacidade do meio de sustentar 
atividade biológica (CETESB, 2010). 
Koning (2002, apud BERGER, 2005) destaca a importância dos fatores 
abióticos do meio ambiente, tais como tipo e textura do solo, teor de oxigênio, umidade, 
temperatura, pH, dentre outros, para o sucesso do procedimento de biorremediação. 
Uma avaliação mais detalhada da área também deve ser realizada, para 
compreender as populações microbianas presentes no subsolo; identificar a existência 
de populações microbianas que degradam o contaminante de interesse; identificar as 
necessidades químicas dessas populações; reconhecer os sub-produtos de degradação 
dos contaminantes de interesse; identificar a existência de compostos e efeitos 
inibidores; estimar a taxa de biodegradação, projetar e dimensionar o sistema (CETESB, 
2010). 
 
3.2 Tipos de biorremediação 
As tecnologias de biorremediação podem ser classificadas como: "in-situ" ou 
"ex-situ". A "in-situ" é um método onde a transformação ou destruição dos 
contaminantes ocorre no próprio local, enquanto a "ex-situ" consiste na remoção do 
material contaminado para tratamento em local externo ao de sua origem. Entretanto, 
nem todos os contaminantes são facilmente tratados pela biorremediação, como é o 
exemplo dos metais pesados tais como o cádmio e o chumbo que não são absorvidos 
nem capturados pelos microorganismos, porém, podem ser transformados em 
compostos menos perigosos (MACEDO et al., 2002). 
A remediação “in situ” ocorre através da ação de microrganismos no próprio 
local, sem que o solo tenha que ser escavado. Pode ser dividida em três métodos: 
intrínseca, quando os contaminantes se transformam nas condições naturais do local; 
mediante injeção ou recirculação de fluidos; ou por biobarreiras permeáveis. Esta é a 
única tecnologia com capacidade de retirar os contaminantes adsorvidos no solo e em 
aqüíferos, removendo-os até os níveis exigidos pela legislação (CESTESB, 2007). 
Normalmente, essa opção de biorremediação torna o processo mais atrativo e 
economicamente viável. Além disso, acarreta menores impactos ambientais advindos da 
remediação da área contaminada (ANDRADE et al., 2010). 
Já o método “ex situ” ocorre quando o solo é removido e tratado em um sistema 
separado (tanques de reação contínua ou reatores de fluidificação), respectivamente na 
própria área ou em uma instalação situada em outro local. Interferem no processo as 
características do material a ser tratado, as concentraçõesdos contaminantes presentes e 
as condições do meio (temperatura, umidade, estrutura, pH, teor de oxigênio, teor de 
nutrientes). A adoção deste procedimento pode resultar em um aumento considerável do 
custo do processo (ANDRADE et al., 2010). 
Algumas técnicas de biorremediação “ex-situ” conhecidas são: biorreatores 
(utiliza reatrores), landfarming (priemira técnica utilizada em larga escala) e biopilhas 
(BERGER, 2005). 
 A figura 01 apresenta as etapas para definição e implementação de um processo 
de birremediação. 
Figura 1: Esquema geral das etapas para definição e implementação de um processo de 
biorremediação (GAYLARDE et al., 2005). 
4. Panorama de consumo de agroquímicos e de áreas contaminadas no Brasil 
O uso dos agroquímicos no Brasil começou a se difundir na década de 1940, e já 
no final da década de 1960 o consumo acelerou bastante, em função da isenção de 
impostos e taxas de importação, e de aviões de uso agrícola. Em função dos seus efeitos 
no combate às pragas, o aumento de tecnologia e renda dos agricultores, também 
contribuiu para que as vendas dos agroquímicos tivessem um aumento significativo, isto 
ocorreu devido a uma política oficial de incentivo, reforçada pelo lançamento do 
Programa Nacional de Defensivos Agrícolas (SOARES et al., 2012). 
No início dos anos 1990, o Brasil já era o quinto mercado mundial, sendo que 
em 1994 e em 1998 atingiu a quarta e a terceira posições, respectivamente, apenas 
superadas pelos EUA e pelo Japão. Segundo Soares et al. (2012), um estudo realizado 
pela Food and Agriculture Organization (FAO) em 38 países em desenvolvimento 
revelou que 26 deles subsidiavam o uso de fertilizantes. Porém, essa política de 
subsídios contribuiu para o uso indiscriminado dos agroquímicos, que passaram a ser 
utilizados não só pelos agricultores mais bem capitalizados, mas também por produtores 
familiares. Resultando assim, em um grande desrespeito às prescrições técnicas e 
práticas agrícolas, expondo os agricultores e trabalhadores rurais aos riscos desses 
agroquímicos. 
Atualmente, o Brasil ocupa a posição de principal mercado consumidor de 
agroquímicos, ficando à frente dos EUA, consumindo 733,9 milhões de toneladas. Esse 
volume pode ser considerado como um verdadeiro "tsunami" na agricultura brasileira, 
visto que os impactos sociais, ambientais e à saúde encontram-se ainda "invisíveis" 
perante boa parte da sociedade. Outra questão preocupante é que as perspectivas de 
crescimento para o mercado no médio e longo prazo são ainda maiores (SOARES et al., 
2012). 
 
4.1 Legislação brasileira 
A Resolução Conama 420/2009 dispõe sobre os critérios e valores orientadores 
de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes 
para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em 
decorrência de atividades antrópicas. Disciplina, ainda, que se comprovada a ocorrência 
de concentrações naturais de substâncias químicas que possam causar risco à saúde 
humana, os órgãos competentes deverão desenvolver ações específicas para a proteção 
da população exposta. Define princípios básicos de gerenciamento de áreas 
contaminadas, e estabelece que o órgão ambiental competente deverá instituir 
procedimentos e ações de investigação e de gestão, que contemplem as etapas de 
identificação, diagnóstico e intervenção da área contaminada. 
A lei 12.305/2010 em seu art. 41 estabelece que, sem prejuízo das iniciativas de 
outras esferas governamentais, o Governo Federal deve estruturar e manter instrumentos 
e atividades voltados para promover a descontaminação de áreas órfãs. Se, após 
descontaminação de sítio órfão realizada com recursos do Governo Federal ou de outro 
ente da Federação, forem identificados os responsáveis pela contaminação, estes 
ressarcirão integralmente o valor empregado ao poder público. 
As infrações para aqueles que de alguma forma promovam a contaminação de 
uma área são estabelecidas pela Lei de Crimes Ambientais (Lei 9605/1998). 
Essas Lei e regulamentos, somadas a outras, como a Política Nacional do Meio 
Ambiente e diversas resoluções Conama, colaboram com a normatização do tema de 
proteção ambiental e da saúde humana, incluindo a regulamentação das áreas 
contaminadas. 
 
4.2 Áreas contaminadas 
 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) define área 
contaminada como o local onde há contaminação causada pela disposição, regular ou 
irregular, de quaisquer substâncias ou resíduos. Já a CETESB (2012), estabelece o 
conceito de uma área contaminada como um local ou terreno onde há comprovação de 
poluição ou contaminação causada pela introdução de quaisquer substâncias ou resíduos 
que nela tenham sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados 
de forma planejada, acidental ou até mesmo natural. 
Com o aumento da contaminação dos solos e das águas subterrâneas, países 
industrializados, principalmente nos Estados Unidos e na Europa têm tido grande 
preocupação, e assim cada vez mais vêm tomando providências para descontaminar 
essas áreas, e precauções que evitem futuras contaminações (CETESB, 2011). 
A existência de uma área contaminada pode gerar problemas sérios, como danos 
a saúde, comprometimento da qualidade dos recursos hídricos, restrições ao uso do solo 
e danos ao patrimônio público e privado, com a desvalorização das propriedades, além 
de danos ao meio ambiente (CETESB, 2011). 
Em maio de 2002, a Cetesb divulgou uma lista das áreas contaminadas, 
registrando a existência de 255 áreas contaminadas no Estado de São Paulo. Após a 
última atualização, ocorrida em dezembro de 2011, foram totalizados 4.131 registros no 
Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas no Estado de São Paulo, com este 
aumento exorbitante mostra-se a necessidade de fazer a remediação com urgência destas 
áreas já contaminadas e também a prevenção em áreas com possíveis riscos de 
contaminação. 
Já para o Estado de Minas Gerais, o primeiro inventário de áreas contaminadas 
foi feito em 2007, com o registro de 56 áreas. Em 2011, o inventário apresentou um 
quantitativo de 490 áreas, com potencial de aumento para 2012 (FEAM, 2012). 
O aumento no número de áreas registradas observado nestas informações 
demonstra o esforço na identificação de novas áreas. A contaminação do solo por metais 
pesados pode acarretar sérias consequências sobre os componentes funcionais dos 
ecossistemas (VIANA, 2011). Através da absorção destes pelas plantas, os metais 
pesados podem entrar na cadeia trófica, contaminando o homem e animais (Accioly et 
al., 2000). As principais rotas antrópicas de entrada de metais pesados no solo são pela 
deposição de resíduos industriais e resíduos urbano (lodo de esgoto e composto de lixo), 
e o uso de fertilizantes e pesticidas (VIANA, 2011). 
Estes impactos das atividades humanas, principalmente a contaminação do solo 
por substâncias químicas, e a mobilidade ou transporte dessas substâncias podem 
contribuir para a degradação dos ecossistemas e resultar na contaminação da atmosfera, 
do solo e da água, favorecendo o aquecimento global. Sendo assim, verifica-se a 
dimensão do problema, a necessidade de políticas públicas para a definição de 
estratégias e a criação de instrumentos de gestão relacionados à contaminação do solo e 
seus efeitos diretos ou indiretos à saúde humana e ao ambiente (Rodrigues et al., 2011). 
Visando estabelecer estratégias de prevenção à saúde humana foi criado, pelo 
Ministério da Saúde, o Sistema de Informação de Vigilância em Saúde de Populações 
Expostas a Solos Contaminados (SISSOLO), que é composto pela etapa de 
identificação de áreas com população exposta a contaminantes, por meiodo levan-
tamento preliminar de informações, preenchimento da ficha de campo e cadastro no 
SISSOLO. Este sistema constitui uma das etapas do monitoramento da saúde de 
populações expostas, ou sob risco de exposição, de forma a orientar a execução de ações 
interventoras e prioritárias (RODRIGUES et al., 2011). 
As informações contidas na ficha de campo permite a construção do banco de 
dados do SISSOLO, que possibilita uma série de análises quantitativas e qualitativas. 
Com isso, em 2004, o Ministério da Saúde, em conjunto com os estados e municípios, 
iniciou o registro das áreas contaminadas, este registro vem sendo feito continuamente, 
com atualização dos dados e divulgação das informações. Neste período de 2004 a 2010 
foram cadastradas um total de 5.995 áreas, com estimativa de 12.057.318 milhões de 
pessoas expostas. A figura 2 apresenta a evolução do número de áreas cadastradas no 
Brasil no período de 2004 a 2010 (RODRIGUES et al., 2011). 
 
Figura 2: Número total de áreas cadastradas por ano. 
 
Segundo Rodrigues et al. (2011), a região que realizou o maior número de 
cadastros de áreas no SISSOLO foi a Região Nordeste, correspondendo a 38,8% (2.326) 
do total, seguida da Região Sudeste com 18,2% (1.094), Região Centro-Oeste com 
15,8% (950), Região Sul com 14,4% (860) e Região Norte com 12,8% (765). 
Cabe destacar que por não se tratar de um censo de áreas contaminadas, o 
SISSOLO não apresenta o registro de todas as áreas contaminadas identificadas pelos 
órgãos ambientais. Isso facilmente pode ser notado uma vez que apenas o estado de São 
Paulo, em 2010, registrava 3.675 áreas contaminadas e a região Sudeste no mesmo ano 
pelo SISSOLO apenas 1.094. 
O aumento no número de áreas cadastradas demonstra o empenho de estados e 
municípios na identificação de novas áreas, e também a importância de ações entre as 
esferas de governo para o levantamento de áreas contaminadas (Rodrigues et al., 2011). 
 
5. Considerações Finais 
 
Em função do uso intensivo de produtos químicos tanto na agricultura moderna 
quanto em outras áreas e da formação de grandes quantidades de resíduos, nos últimos 
anos tem havido uma maior preocupação em se conhecer o comportamento e destino 
desses produtos, nos diversos ecossistemas. Além disso, o Brasil conta com um 
importante passivo de áreas contaminadas que tiveram usos diversos como indústrias e 
áreas de disposição de resíduos, e hoje encontram-se contaminadas e abandonadas, 
apresentando risco potencial à saúde humana e ao meio ambiente. 
A biorremediação, por ser um processo natural, pode promover um tratamento 
adequado ao meio, e também apresenta um custo relativamente mais baixo quando 
comparado à outras alternativas convencionais de tratamento. 
Em função dos grandes problemas ambientais causados pelo uso inadequado e 
acondicionamento irregular dos resíduos sólidos, foram instituídas algumas leis para 
tentar minimizar os impactos sobre o meio ambiente. Como a Lei de crimes ambientais, 
nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, que em seu art. 56 determina que produzir, 
processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, 
guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à 
saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em 
leis ou nos seus regulamentos é crime, e pode ocasionar penas de acordo com a 
modalidade e periculosidade. 
Tem-se ainda a Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos 
Sólidos (PNRS), contendo instrumentos importantes para o avanço do País no 
enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes 
do manejo inadequado dos resíduos sólidos. Institui ainda a prevenção e a redução na 
geração de resíduos, tendo como proposta principal a prática de hábitos de consumo 
sustentável e métodos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos 
resíduos sólidos e a destinação ambientalmente adequada desses rejeitos. 
E mesmo com estas leis de proteção ambiental ainda existe em muitas áreas do 
Brasil a exposição humana aos contaminantes químicos, que podem contribuir 
ativamente para a alteração do quadro epidemiológico da população. 
Apesar das iniciativas e legislações aqui apresentadas, o Brasil ainda carece de 
um levantamento sistemático, por todos os órgãos ambientais do país, a exemplo do que 
ocorre nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Com a instituição da Política Nacional 
de Resíduos Sólidos, há uma previsão legal de identificação, cadastramento e 
remediação de áreas contaminadas, em especial as áreas consideradas órfãs. Essas 
ações, porém, ainda aguardam regulamentação específica para sua implementação. 
Pelo histórico de áreas contaminadas aqui apresentado e pelo alto custo da 
remediação com técnicas tradicionais, entende-se que a biorremediação em função de 
sue custo acessível pode ser implementada em larga escala, proporcionando, assim, a 
preservação ambiental e evitando o adoecimento da população pela exposição a áreas 
contaminadas. 
 
6. Referências Bibliográficas 
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