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Anna lillian canuto bittencourt Epidemiologia • Apresenta prevalência em torno de 3% da população; • Nos países mais pobres, a nefrolitíase é mais comum em crianças e são compostos de ácido úrico; • Em países ricos, é mais comum em adultos e compostos por cálcio; • A diferença entre os países pobres e ricos está mais relacionado com a dieta de cada um; • A taxa de recorrência é: - 10% no primeiro ano; - 35% nos cinco anos subsequentes; - 50-60% em dez anos. • Mais comum em homem com pico de incidência entre 20-40 anos; • Os principais fatores de risco são: - História pessoal de nefrolitíase; - História familiar; - Baixa ingesta hídrica; - Urina ácida, como em casos de resistência insulínica, obesidade, diabetes mellitus e diarreia crônica; - História de gota; - Hipertensão arterial sistêmica; - Cirurgia bariátrica; - Uso prolongado de alguns medicamentos; - Infecção urinária crônica ou recorrente. • Cerca de 50% dos casos de litíase é resultado de hipercalciúria; • É uma doença crônica que precisa ser controlada!!!!! Fisiopatologia A formação dos cálculos é a junção de três mecanismos principais e outros: 01. Aumento na concentração urinária de solutos: • O aumento na concentração de solutos pode dar-se por: - Baixo volume urinário, em casos de baixa ingestão de água; - Aumento na concentração de solutos devido a um distúrbio metabólico ou dieta inadequada; - Baixa ingestão de água + distúrbio metabólico. • O sódio, a ueria e a creatinina possui alta solubilidade na água, então sempre dissolvidos, mesmo que em altas concentrações; Nefrolitíase Anna lillian canuto bittencourt • Os sais de cálcio possuem baixa solubilidade em água, então tendem a produzir precipitados; A) Formação de cálculos de cálcio: • A hipercalciúria pode ser causa ou por defeito na reabsorção tubular de cálcio ou por absorção intestinal excessiva de cálcio; - Não há alterações nos níveis séricos de cálcio e de paratormônio. • A reabsorção tubular de cálcio pode estar diminuída sem um defeito tubular, como em casos de ingestão excessiva de sódio... o indivíduo passa a excretar (reabsorve menos) mais sódio e, como a reabsorção do cálcio segue a do sódio, o indivíduo passa a reabsorver menos cálcio também, dando origem a hipercalciúria; • A hipercalciúria pode ser causada por hiperparatireoidismo (que cursa com hipercalcemia e aumento de paratormônio) ou por outras causas, como imobilização prolongada, neoplasias, entre outros; • O excesso de cálcio na urina forma precipitados; - Oxalato de cálcio ou fosfato de cálcio. B) Formação de cálculos de ácido úrico: • A hiperuricosúria aumenta o risco de cálculos de ácido úrico; • Pacientes com GOTA apresentam hiperuricosúria; • A formação pode ser por: - Formação direta de precipitados devido ao aumento da concentração de ácido úrico; - Nucleação – formação de pequenos agregados (eliminados sem problemas) que estimulam a precipitação de outros sais, como os de cálcio, formando um cálculo misto; - Formação de complexos de inibidores de cristalização. • Em pacientes com pH muito alto, é comum haver precipitação de cálculos de ácido úrico puros. C) Formação de cálculos de oxalato: • É sempre decorrente de uma exagerada produção/absorção intestinal de oxalato; • Quando não é catabolizado, precisa ser excretado pela urina. D) Formação de cálculos de cistina: • A cistinúria é uma doença genética rara (autossômica recessiva); • Há um defeito na absorção intestinal e na reabsorção tubular da cistina; • A cistina possui baixa solubilidade, formando cálculos com facilidade, principalmente em pH ácidos; Anna lillian canuto bittencourt • Tendem a crescer por agregação e formar cálculos grandes, provocando obstrução urinária grave. 02. Diminuição de inibidores da cristalização: • Os principais inibidores da cristalização são: citrato e magnésio; • A deficiência desses íons é um fator importante na produção de cálculos renais; • O citrato possui alta afinidade com o cálcio e, quando ligados, aumenta a solubilidade do cálcio em água, sendo o contrário do que o oxalato e o fosfato fazem; • A hipocitratúria, ou seja, baixa quantidade de citrato na urina, é um fator de risco importante para nefrolitíase; • O magnésio possui afinidade com o oxalato, agindo da mesma forma que o citrato; • Além disso, o magnésio também diminui a absorção intestinal de oxalato, reduzindo sua excreção urinária. 03. Aumento de substâncias ou condições promotoras da formação de cálculos: • Em pH ácido, o fosfato de cálcio é mais solúvel, e em pH neutro ou básico, ele é mais precipitável; • O oxalato de cálcio não tem mudança de solubilidade de acordo com o pH, continuando a ocorrer em urina ácida, por isso que esse é tipo mais comum de cálculo. 04. Mecanismo de formação de cálculos por bactérias que produzem urease: • Os cálculos formados por bactérias é chamado de “cálculos estruvita”; • Causado pelas bactérias que produzem uréase: Proteus, Klebsiella, Serratia, Pseudomonas, Ureaplasma e Citrobacter; - A Escherichia Coli, frequente em ITU, não produz uréase. • A uréase irá produzir íons amônio e pH alcalino, facilitando a combinação de fosfato com amônia e magnésio com cálcio, que se precipitam e formam o cálculo. Composição dos cálculos • Os cálculos de cálcio representam 70- 80% dos casos; Anna lillian canuto bittencourt - Em sua maioria, de oxalato de cálcio (40-70% de todos os cálculos renais). • Existem dois tipos de cristais de oxalato de cálcio: monoidratado e o di-hidratado; - Diferem na morfologia e nas propriedades físicas. • O segundo tipo mais frequente de cálculo renal é o de estruvita, que corresponde a 10-20% do total; - É chamado de cálculo infeccioso, pois só se desenvolve na presença de bactérias que secretam urease. • Em terceiro lugar, tem o cálculo de ácido úrico, representando 5-10%; • Por fim, o cálculo de cistina, responsável por 2-3% dos casos; • Os cálculos possuem diferenças na forma, cor e consistência. Quadro clínico • Nem todos os cálculos provocam sintomas, alguns são assintomáticos; • A dor típica dos cálculos urinários é decorrente de sua mobilização, o que produz graus variáveis de obstrução ao fluxo de urina; - Cálculos grandes e imóveis são indolores geralmente. • Pontos de constrição fisiológica do ureter: - Junção ureteropélvica (mais comum); Anna lillian canuto bittencourt - Terço médio do ureter; - Junção vesicureteral. • A cólica nefrética é ocasionada pela impactação do cálculo nos pontos de constrição fisiológica do ureter; • O ureter se contrai de maneira espasmódica e repetitiva, o que justifica a dor em cólica que dura entre 20 a 60 minutos; • Se houver uma obstrução importante, há um aumento na pressão do trato urinário, gerando distensão aguda da cápsula renal; - Sinal de Giordano positivo (punho- percussão na lombar). • Manifestações neurovegetativas como náuseas, vômitos, sudorese fria e síncope acompanham a dor; • A nefrolitíase é a segunda causa mais comum de hematúria, depois de infecção urinária; - 90% dos casos possui hematúria, visível a olho nu ou não. • A complicação mais grave da nefrolitíase é a pielonefrite, infecção renal; - Os pacientes apresentam febre, calafrio e leucocitose com desvio a esqueda. Diagnóstico • História patológica do paciente; • Hábitos de vida; • Ocorrências prévias, idade na primeira e na última crise, consequências e intervenções; • Hematúria micro ou macroscópiaé regra na cólica nefrética, que ocorre em 80-90%; • Na urina tipo I (a sedimentoscopia) pode revelar a presença de cristais (cristalúria); - A urina não pode ser refrigerada, pois pode estimular a precipitação de sais, dando um falso-positivo; - Leucócitos podem ser encontrado, com discreta leucocitose, geralmente sem desvio para a esquerda; - A presença de bactérias no exame deve levar a suspeita de uma ITU associada. • Na urina de 24h devem ser dosados: pH, ureia, creatinina, cálcio, ácido úrico, citrato, fosfato, magnésio códio, potássio e volume urinário, cloreto, amônia e sulfato; • Deve-se confirmar se há cálculo e a sua localização: - Padrão ouro: TC helicoidal não contrastada e USG do trato urinário. • A radiografia simples de abdome pode conseguir diagnosticar um cálculo, já que Anna lillian canuto bittencourt 90% dos cálculos são radiopacos, porém apresenta baixa sensibilidade; - Não detecta os cálculos de ácido úrico. • A urografia excretora é pouco usada atualmente; • A TC helicoidal é padrão ouro, pois apresenta alta sensibilidade e especificidade; - Resultado em poucos minutos; - Pode ser realizada sem contraste; - Identifica diversos tipos de cálculo; - Cuidado com as grávidas. • A USG renal é menos sensível com a TC, porém deve ser escolhido para grávidas. Tratamento da dor espasmódica • A dor espasmódica é causada pela contratura da musculatura lisa ureteral na tentativa de expulsar o cálculo; • 1° opção: AINE de preferência pela via oral; - Em caso de náuseas ou vômitos, a via parenteral é recomendada; - Funcionam como bons analgésicos e previnem o espasmo da musculatura. • Os opioides são utilizados apenas em pacientes que não respondem ou que não toleram o AINE; - Não funciona como amenizador de espasmo ureteral; - Pode provocar náuseas e vômitos. Anna lillian canuto bittencourt • Os bloqueadores alfa-1-adrenérgicos relaxam diretamente a musculatura lisa ureteral, diminuindo os espasmos; - Isso facilita a eliminação espontânea do cálculo; - Principal usado: tamsulosin na dose de 0,4mg/dia (uma droga usada em controle de hiperplasia prostática benigna que pode ser usada em mulheres. • Terapia Médica Expulsiva (TME): combinação de AINE + bloqueador alfa- 1-adrenérgico; - Pacientes com cálculos ureterais pequenos (menor ou igual a 10mm), cujos sintomas conseguem ser bem controlados e que não apresentam indicação de abordagem urólogica imediata, pode usar a TME.
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