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Relatório 5 - Campo e Cidade no Mundo Helênico Arcaico

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
CAMPUS ITUIUTABA
EDELI BARBOSA
MARIA FERNANDA GUIMARÃES
MATHEUS BARBOSA
MILENA OLIVEIRA
SARA MOREIRA
CAMPO E CIDADE NO MUNDO HELÊNICO ARCAICO
Ituiutaba
2019
RESUMO
Este relatório busca compilar as principais informações acerca dos modos e estruturas produtivas que permeiam o mundo helênico arcaico, de forma que, se possa compreender os importantes acontecimentos que se desenvolveram durante aquele período, a partir da perspectiva das fontes escritas de Homero até as pesquisas contemporâneas faz-se necessário uma integração entre os processos políticos das “poleis” com a estrutura social daquele grupo. 
Palavras-chave: Mundo Helênico. Homero. Polis. Oikós. Basileus.
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	4
2.	O MUNDO DE HOMERO	4
3. AS POLEIS ARCAICAS	7
4. A POLIS ARISTOCRÁTICA	9
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.................................................................................10
	
1. INTRODUÇÃO
De acordo com os estudos dos capítulos anteriores foi possível notar que as poleis, a democracia, a arte helênica clássica, pertencem ao período clássico e, principalmente, a Atenas, uma dentre as diversas poleis da Hélade. Não podemos esquecer que as poleis, a democracia, a arte denominada “clássica” etc., dependeram de muitos séculos de formação, criação, adaptação e amadurecimento. Ainda foi possível identificar que há dificuldades para obter-se dados em relação a história antiga.
O período de quatro séculos que separa o fim da civilização dos palácios micênicos do mundo das poleis, revela-se mais complexo do que este título faz supor. À medida que as buscas são multiplicadas, descobre-se que as rupturas são menos radicais do que se pensava até pouco tempo atrás, e que a civilização micênica não desapareceu bruscamente de um dia para outro.
Já se sabia que data daquela época a emigração de populações gregas rumo às ilhas e ao litoral da Ásia Menor. Cada vez mais se acredita que parte delas era oriunda de Atenas, e que a Ática permaneceu durante estes quatro séculos uma região relativamente ativa. A tendência, enfim, é revalorizar e pesquisar esse período, do qual derivou o mundo grego do período clássico.
Em síntese, nesse capitulo será possível conhecer melhor o mundo que surgiu após a destruição de Micenas.
2. O MUNDO DE HOMERO
Em primeira instancia, os estudiosos modernos procuraram reconstituir uma imagem da sociedade micênica a partir do relato homérico, procurando cotejá-lo com os dados arqueológicos disponíveis.
Esse mundo revela um profundo declínio do nível geral de vida, que foi seguido por uma paulatina reorganização política, econômica, social e cultural, durante muito tempo considerou-se que essa fosse uma época obscura, uma “Idade das Trevas”, mas hoje se sabe que foi o momento no qual a civilização helênica se forjou, e daí resulta a sua importância e o seu interesse para a pesquisa histórica.
O classicista francês fala do período micênico como sendo fértil em transformações: a metalurgia do ferro suplanta a do bronze, as representações artísticas mudam sua forma e temática. Verificam-se grandes transformações políticas e sociais, e a incineração de cadáveres substitui a prática da inumação.
Quando começam a aparecer figuras nessa decoração, são também frequentemente geométricas: bustos triangulares, braços formando um retângulo sobre a cabeça e um círculo para o rosto, ainda que a localização do olho indique que ele está sendo visto de perfil. 
Em relação às transformações sociais, Vernant nos chama a atenção para as alterações no âmbito da linguagem. O vocabulário dos títulos, dos postos, das funções guerreiras etc, praticamente desapareceu com o mundo micênico. Poucos foram os títulos que subsistiram, como basileus, mas seu significado se alterou. Não mais significava o anax, o rei micênico em seu palácio, e sim o chefe de uma propriedade rural, o oikós (VERNANT: 1967, p. 24). 
Em relação a Odisséia. Já dissemos que este poema é, dos dois poemas homéricos, aquele que nos fornece informações mais relevantes para o estudo da sociedade da época, pois o poeta fala bastante da ilha de Ítaca e de elementos da vida quotidiana nesta região. O quadro de Ítaca, apresentado pelo poeta, com seu basileus, com sua assembléia e os banquetes de nobres, seu demos (povo).
Alguns escravos eram adquiridos a partir da compra. Os fenícios eram especialistas no tráfico de crianças escravas. Homero fala na existência de cinquenta escravos do sexo feminino na casa de Ulisses, que eram responsáveis pelas tarefas domésticas, como fazer os pães, lavar as roupas, fiavam e teciam. Já escravos homens também tinham alguns afazeres domésticos, mas trabalhavam especialmente nos campos.
A família dos basileus, também participava da produção de bens do oikós (traduzido do grego tem o significado de casa ou família). Ulisses, era engenhoso com a agricultura, com as caçadas e com a marcenaria. As mulheres também tinham suas responsabilidades, na qual a principal eram fiar e tecer, mas também supervisionavam os escravos em suas tarefas. 
A situação de vida dos escravos de oikós podia ser classificada como mais “confortável e segura” do que a vida de uma pessoa livre porém pobre, essas pessoas eram denominadas thetes e estavam abaixo dos escravos na hierarquia social homérica, não obtinham os recursos e a proteção que oikós oferecia. Portanto, pode-se considerar que a posição social de cada indivíduo não dependia do fato de ser livre ou não, e sim da sua inclusão em um oikós. Haviam também as pessoas livres que não eram thetes, eram denominados de demiourgoi, possuíam habilidades de trabalho especiais, como por exemplo as do artesanato e de esculpir, o que faziam com que eles tivessem uma posição social privilegiada.
No período homérico, observamos que um ideal será adotado, a autharkeia, traduzindo por “autarquia”, cada oikós buscava por esse ideal. Por exemplo, um basileus, procurava fazer com que seus domínios produzissem uma ampla quantidade de variedades, logo, desenvolviam várias atividades, como pastoreio, agricultura e tecelagem. Haviam também produtos que os oikós não conseguia produzir, com isso, era necessário a importação de alguns produtos para a propriedade, nesse caso, as incursões guerreiras e o banquete os forneciam os alimentos necessários e promove a criação de laços de lealdade entre os membros do grupo. No interior da sociedade, frequentemente, o estatuto social era definido pela comida servida nos banquetes.
Segundo a arqueologia, um oikós era uma construção que se ordenava em torno de dois eixos, o armazém e a sala de banquetes que se chamava mégaron, na qual é uma instituição social elementar para este período, e de certo modo continua sendo até hoje, porém, os basileus teria de oferecer banquetes aos nobres, pois, estariam afirmando sua autoridade, seu prestígio e sua fama, levando em conta que o banquete é um rito ligado ás questões de identidade e de formação de uma elite, elite social, na qual no mundo homérico era o grupo dos guerreiros, que tinha a função de proteger a comunidade dos oikoi. 
O costume do banquete foi para o mundo homérico uma das principais instituições sociais, na qual está ligado a aristocracia guerreira e ao prazer, que criava a identidade do grupo, graças a mesma posição social e econômica. Estes banquetes, reforçavam os laços políticos, por meio dos presentes oferecidos aos convivas que tinham grande importância política e econômica, pelos laços de parentesco que eram possíveis por meio dos casamentos combinados ligando os convivas, e, pela troca de objetos de luxo, como metais, tecidos, escravos, esposas, etc. 
Outro momento importante para este período era a assembleia dos guerreiros, eram realizadas quando os aristocratas estavam diante uma situação de guerra ou algo parecido, com isso, eles se reuniam e organizavam em círculo, de modo que assim iriam discutir, deliberar e decidir as ações de guerra.
3. AS POLEIS ARCAICAS
A Hélade sofre diversas transformaçõesapós a chegada de novos povos e as contribuições orientais. Dentre as transformações mais decisivas está a criação de polis ou cidades estado, dando assim um novo sentido para a organização social.
	Depois da consolidação das poleis arcaicas, houve uma estabilidade relativa dos povoados e o desenvolvimento da colonização, derivando de ambas, o desenvolvimento da produção permitiu a comercialização dos excedentes, a especialização do trabalho e o desenvolvimento das trocas, ocasionando um desenvolvimento de forma desigual sobre partes do mundo helênico. 
	A palavra Polis, vem ganhar sentido de cidade na Hélade em seu período arcaico, tal fato ganha sentido após o fim das monarquias centralizadas do período micênico e após a transição feita da sociedade para os oikoi. Com a criação das polis, as planícies em torno da cidadela passam a fazer parte da sociedade e passa a ser designado como acrópole. 
	No início do século VIII, o mundo grego está dividido politicamente em muitas cidades politicamente. Até o século VI, 	o desenvolvimento desse mundo grego de cidades se completa, agora deixando de ser camponeses guerreiros e passando a ser um tipo de organização social e política centrada nas poleis. Os gregos espalharam cidades por todo o Mediterrâneo, rivalizando no comércio com os grandes mercadores orientais, os fenícios.
	A principal novidade da polis é sua forma de governo como colegiado, e não mais uma forma monárquica. O poder do rei não desaparece por completo, em algumas polis possui uma intervenção de forma mais ampla, enquanto em outras seu sentido torna-se exclusivamente religioso.
	Torna-se perceptível nesse momento a fragmentação do poder monárquico, até mesmo seu desaparecimento, tornando o rei um magistrado eleito por um período determinado. Com isso, a autoridade real passar para às mãos de um conselho composto por membros da aristocracia militares, dizendo ser cada um deles descendentes dos heróis lendários.
	Conseguindo reduzir o papel do rei, esses aristocratas tornam-se os novos dirigentes das polis. Formavam um conselho soberano e administravam a justiça em nome de um direito tradicional pautado por regras mantidas em segredo. Proprietários do solo, detentores dos poderes políticos e judiciários, defensores da região, os aristocratas eram os verdadeiros donos da polis, num regime aristocrático.
	Em geral, a nova forma de governo compreende três mecanismos básicos: os magistrados, o conselho e a assembleia. Os aristocratas monopolizavam totalmente o exercício das magistraturas e a composição do conselho, órgão que, no início, concentrava todas as decisões importantes. Na assembleia (ecclesia), tinham assento todos os homens livres adultos, como os demiourgoi, que prestavam serviços à comunidade; os georgoi, ou seja, os pequenos proprietários de terras e os thetes, pessoas livres sem qualquer posse ou qualificação profissional e que, como você já sabe, dependiam da boa vontade dos demais.
Fisicamente falando, uma polis é um pequeno agrupamento humano soberano que compreende uma cidade e o campo ao redor e, eventualmente, alguns povoados urbanos secundários. A polis se define, de fato, pelo povo, demos, que a compõe: uma coletividade de indivíduos submetidos aos mesmos costumes fundamentais e unidos por um culto comum às mesmas divindades protetoras. Em geral, uma polis, ao se formar, compreende várias tribos: a tribo está dividida em diversas fratrias e estas em gene; estes, por sua vez, compostos de muitas famílias no sentido estrito do termo. A cada nível, os membros desses agrupamentos acreditam descender de um ancestral comum e se encontram ligados por estreitos laços de solidariedade. As pessoas que não fazem parte destes grupos, os estrangeiros (xenoi), não têm direitos, nem proteção. 
A forma políade arcaica de organização social constituía um instrumento eficaz de integração social, garantindo um lugar social a todo o demos e, ao mesmo tempo, distinguindo-os dos estrangeiros, dos dependentes e dos escravos.
4. A POLIS ARISTOCRÁTICA
Tendo em vista a passagem da sociedade do bronze para a sociedade do ferro, ocorrida no séc. IX, podemos dividir a “dinâmica do ferro”, segundo o historiador francês Pierre Lévêque, em dois domínios: no domínio das guerras e no domínio da agricultura. No primeiro ponto, a expansão do ferro deu-se pelo fortalecimento dos guerreiros, através da adoção de armas mais eficazes. Na agricultura, a expansão do ferro veio a partir da adoção de instrumentos que facilitaram e melhoraram o rendimento no trabalho do campo, melhorando a qualidade de alimentos colhidos.
Devido à expansão do ferro, houve um crescimento exacerbado da população, aumentando assim relações marítimas com o Oriente. A partir destas negociações mais longínquas, podemos destacar como principais beneficiários os aristocratas, pois eram estes que comandavam estas expedições, aumentando cada vez mais seu prestígio. Também é importante destacar que além do progresso na produção agrícola e industrial, como por exemplo o aumento da produção da cerâmica, houve também um grande avanço populacional e uma grande diversificação do povo.
A partir deste aumento populacional, observamos uma ruptura de povos. Através deste progresso houve o aparecimento de uma nova sociedade, estranha a aristocracia, que tiravam do comércio o essencial e ocorreu, desse modo, a chegada de uma nova forma de adquirir riquezas, a moeda surgiu no mundo grego por volta do século VII a. C.
Há também de ser destacado o aparecimento de diversos conflitos, uma vez que a polis com suas grandes transformações econômicas e sociais, tornou-se um lugar visado e cobiçado por invasores, surgindo assim incontáveis conflitos armados no período arcaico.
Outro ponto importante foi a crise agrária, ocorrida por volta do séc. VII. Já que as massas camponesas ficaram endividadas, já que a terra e suas produções eram pertencentes às classes superiores, que detiam também o poder da moeda. Os camponeses só tinham as classes superiores para pedirem socorro. Dá-se aí, seu grande endividamento. Analisamos cidades como Nápolis e Palermo, como terras descobertas por povos excluídos da aristocracia por diversos motivos, como escassez de terras ou derrotas em disputas políticas. Estes povos saíam em buscas de novas terras a serem dominadas.
REFÊRENCIA BIBLIOGRÁFICA
DAVIDSON, Claudia Beltrão E Jorge. História antiga. V. 2. 1 ed. Fundação Cecierj Rio de Janeiro, RJ: Tereza Queiroz, 2010. 366 p.;

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