Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Síndromes ictéricas febris: - Quadros febris associados a icterícia. - Muitas vezes infeccioso, mas nem sempre. Causas: • Malária • Leptospirose • Febre amarela • Hepatites virais • Sepse • Outras. MALÁRIA: • Doença febril aguda causa por protozoário do gênero Plasmodium • P. vivax • P. falciparum • P. malariae • P. ovale -> unca registrado caso autóctone no Brasil (existe na África) • Transmitida por mosquitos do gênero Anopheles: • Muriçoça, mosquito prego - É uma doença de notificação compulsória imediata (em até 24h) fora da região amazônica. Epidemiologia: • A Organização Mundial de Saúde estima que ocorram, anualmente, em torno de 215 milhões de casos de malária em mais de 90 países e 445 mil mortes pela doença. • Africana, onde ocorrem, aproximadamente, 90% de todas as mortes por paludismo. • República Democrática do Congo e a Nigéria são responsáveis por 40% da mortalidade estimada em todo o mundo. O Plasmodium falciparum é o mais prevalente na África. • Subsariana, sendo responsável por 99%. MALÁRIA EXTRA-AMAZÔNICA • 1% dos casos notificados no Brasil • Grande maioria é P. vivax • 80% são importados • Região amazônica, África, sudeste asiático, Paraguai • MS divisa com Paraguai • Mata atlântica -> principalmente SP, RJ, ES - Período de incubação: irá variar de acordo com a especie de plasmódio: • P. falciparum - 8 a 12 dias • P. vivax - 13 a 17 dias • P. malariae- 18 a 30 dias QUADRO CLÍNICO: • Febre alta, calafrios e sudorese em padrões cíclicos • Duração 6-12h (temperatura pode passar dos 40oC!!) • Terçã benigna -> P. vivax (a cada 48h) • Terçã maligna -> P. falciparum • Quartã -> P. malariae (a cada 72h) • Pródromos de náuseas, vômitos, astenia, fadiga e anorexia • Não espere o quadro de paroxismo para suspeitar de malária! • Vínculo epidemiológico é fundamental OUTROS SINTOMAS: • Hepatoesplenomegalia: • Principalmente esplenomegalia • Principalmente após dias de doença ou em áreas endêmicas • Hiperreatividade do sistema reticuloendotelial • Palidez (anemia) • Icterícia (a custas de...) • Casos mais graves: • Oligúria • Alteração nível de consciência (malária cerebral) • Edema pulmonar não cardiogênico QUADROS MAIS GRAVES: • Infecção pelo P. falciparum • Indivíduos infectados pela 1a vez • Crianças • Idosos • Gestantes • Imunodeprimidos Sinais de malária grave e complicada: - Prostração importante - Hiperpirexia (temperatura >41C) - Convulsão - Hiperparasitemia (>200.00/m3) - Vômitos repetidos - Oligúria - Dispneia ou hiperventilação, edema pulmonar - Anemia intensa - Icterícia - Hemorragias - Hipotensão arterial ou choque - Alteração de consciência, delírio e coma - Oligúria e hemoglobinúria - Acidose metabolica DIAGNÓSTICO • Exame da gota espessa -> padrão-ouro • Coloração vital (azul de metileno e Giemsa) • Permite visualização do parasita e quantificação • Teste rápido para detecção de antígenos • Sensibilidade variável, dependendo da espécie e carga parasitária • Não deve ser usada em substituição a gota espessa • Útil para locais afastados que faz o teste ao lado do paciente • Diferencia P. falciparum de não-falciparum • PCRs -> pouco utilizado/disponibilidade na prática TRATAMENTO – P. vivax: • Base do tratamento é a cloroquina • Necessário associar primaquina para tratar os hipnozoítas • Contra indicado para gestantes, puérperas e lactantes até 1 mes de lactação, menores de 6 meses; deficiência de G6PD -> dose menor por mais tempo; • P. malariae -> igual, porém não é necessário a primaquina • Em <1 ano, recorrência ou casos graves -> derivado de artemisina • Casos hospitalizados sempre derivado de artemisina EV/IM • Controle de cura -> gota espessa nos dias 15, 45, 75, 105, 135, 165, 180 dias após início do tratamento TRATAMENTO – P. falciparum • Tratamento baseado no derivado de artemisina • Artesunato/mefloquina • Artemeter/lumefantrina • No início do tratamento dar 1 dose de primaquina • Matar os gametócitos • P. falciparum – dias 3, 7, 14, 28, 42, 56 dias após início do tratamento PREVENÇÃO • Evitar picada se estiver em áreas endêmicas • Repelentes (DEET, icaridina) • Roupas claras, mangas longas, calças compridas • Evitar locais com criadouros naturais (beira de rio, área alagadas) • Evitar exposição no final da tarde e amanhecer • Telas de proteção • Ar condicionado • Mosquiteiros • Quimioprofilaxia (apenas para viajantes que visitarão área endêmica por P. falciparum por mais de 7-10 dias) • Diagnóstico precoce LEPSTOSPIROSE: • Doença febril aguda com amplo espectro de apresentação • Oligo/assintomáticas • Síndrome de Weil -> síndrome icterohemorrágica • Agente etiológico -> Espiroqueta do gênero Lepstopira • Mais importante -> L. interrogans EPIDEMIOLOGIA • Diversos animais servem de reservatório • No meio urbano -> ratos são principais reservatórios • Homem -> hospedeiro acidental • Contato com urina de animais infectados de modo direto ou indireto • Água, lama, solo contaminados • Bactéria penetra de forma ativa (principalmente pele não-íntegra e mucosas) • Possível em pele íntegra (maior período de exposição) • Período de incubação -> 2-30 dias (geralmente 7-14 dias) • Doença disseminada pelo mundo • Maior impacto epidemiológico em estações chuvosas • Maior impacto em países tropicais e em desenvolvimento • Aglomerações urbanas • Infra-estrutura sanitária inadequada • Maior infestação de roedores • Maior risco de inundações • Locais chuvosos QUADRO CLÍNICO: • Fase precoce (leptospirêmica) • Febre, • Cefaleia • Mialgia(principalmentepanturrilhas) • Sufusão hemorrágica • Exantema em 10-15% dos casos • Duração 3-7 dias • Diagnóstico de “virose” (influenza,dengue...) • Nessa fase só faz diagnóstico se pensar no vínculo epidemiológico • ~10-15% evolui para a forma grave FASE IMUNE • Classicamente ocorre na 2a semana de doença (mas pode ocorrer antes) • Fase que ocorre em 10-15% dos casos • Síndrome icterohemorrágica (síndrome de Weil) • Tríade icterícia, hemorragia (pulmonar) e insuficiência renal • Icterícia rubínica (laranja intenso) • Predomínio de BD • Principal causa de óbito era a insuficiência renal • Inicialmente não oligúrica e com hipocalemia • Com diálise e melhora do suporte clínico a principal causa de óbito passou a ser a hemorragia pulmonar • Miosite • Pericardite e miocardite é frequente, podendo ocorrer arritmias • Hepatite -> Aumento de bilirrubinas desproporcionalmente maior em relação ao aumento de transminases • SNC -> meningite asséptica é comum • Uveíte -> pode evoluir cronicamente DIAGNÓSTICO • Hemocultura -> meio específico (EMJH ou Fletcher) • Baixa sensibilidade (melhor dentro dos 4 primeiros dias dos sintomas) • Demora para obter resultado • Sorologias • Começa a positivar a partir do 5-7o dia (IgMELISA) • Microaglutinação (MAT) ou IgG ELISA -> Repetirem 2-3 semanas • Se viragem sorológica ou aumento em 4x o valor o caso é confirmado • MAT é padrão ouro -> IgG ELISA pouco padronizado • PCR • Cada vez mais disponível • Ainda pouco padronizados • Parece ter melhor sensibilidade no sangue (até 10 dias de sintomas) • Na urina • PCR e cultura -> é possível encontrar positividade na urina por mais tempo que no sangue (semanas) • Demoramaistempoparapositivar • Em biópsia -> imunohistoquímica TRATAMENTO • Notificação compulsória imediata (até 24h) • Evidências fracas na literatura sobre o melhor tratamento • Mais eficaz se iniciada na primeira semana dos sintomas • O papel do tratamento na fase imune é pouco esclarecido • Assim como na sífilis pode ocorrer a reação de Jarisch-Herxheimer • Casos ambulatoriais • Amoxicilina por 7dias • Doxiciclina por 7 dias (contraindicado em gestantes e evitado em crianças <8 anos) • Casos internados • PenicilinaGcristalina,ampicilinaouceftriaxone • Doxicilina EV seria uma opção mas não é disponível no Brasil PREVENÇÃO • Saneamento básico• Evitar exposição as águas de enchente, local alagados • Se for se expor usar EPI • Controle de roedores • Não há vacinas para humanos • Quimioprofilaxia? • Discutível (mais aceito para situações especiais) • Pré exposição -> ex: militares, trabalhadores que terão exposição por período curto • Pós exposição -> acidente de laboratório, contato com urina de animal potencialmente infectado • Não há evidência do benefício FEBRE AMARELA: • Doença aguda febril causada pelo vírus da febre amarela • Flavivirus • Endêmica no Brasil • Até 2016 era mais restrito a região amazônica com eventuais epidemias em regiões extra-amazônicas • 2016 -> Avanço em MG • 2017 -> Avanço nos demais locais da região sudeste, chegando até a mata atlântica QUADRO CLÍNICO • Incubação -> até 10 dias (geralmente 3-6 dias) • Formas oligo/assintomáticas • Formas leves/moderadas sem icterícia -> até 90% dos casos • Febre, mal-estar, mialgia, altralgia, náuseas -> sintomas inespecíficos • Pode ter sinal de Faget • Duração ~4 dias • Alguns pacientes podem evoluir para formas graves -> ~10% • Bifásico FORMAS GRAVES DA FEBRE AMARELA • Letalidade ~40-50% • Hepatite • Icterícia, insuficiência hepática • Coagulopatias -> sangramentos • Acidose metabólica, insuficiência renal • Miosite, miocardite • Pancreatite • Alterações de nível de consciência DIÁGNÓSTICO • PCR no sangue -> quanto antes melhor • Até 5o dia preferêncialmente • Sorologia • IgM a partir de 5-7 dias • Pareamento após 14-21 dias • Imunohistoquímica em tecidos • Isolamento viral -> pesquisas TRATAMENTO • Suporte clínico • Correção de coagulopatias e demais distúrbios metabólicos • Transplante hepático • Antivirais apenas experimentais • Notificação compulsória imediata PREVENÇÃO • VACINAÇÃO • Evitar exposição dos mosquitos
Compartilhar