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SÍNDROMES FEBRIS DENGUE -Problema de saúde pública -Detecção precoce -Redução da letalidade -Vigilância epidemiológica -Ações preventivas -É a arbovirose que mais causa problemas no mundo -Vírus RNA, gênero flavivírus; família flaviviradae -4 Sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 -Todos sorotipos podem causar doença grave -Imunidade permanente ao sorotipo que causou da doença -Circulando os 4 sorotipos: possibilidade de reinfecção aumenta -A proporção de casos graves tende a aumentar a cada nova epidemia. -Período de incubação (PI): 2- 12 dias (média: 5-6 dias) -Transmissão: 1 dia antes do aparecimento da febre e vai até o 6º dia da doença. DENGUE NO MUNDO -50 a 100 milhões de infecções anuais, influenciadas pela globalização, crescimento desordenado, mudanças climáticas, mudanças nas atividades dos vetores e suas mutações, genéticas e ampliação da área atuante do vetor, existência de criadouros. DENGUE NA GESTAÇÃO -Gestação: infecções mais graves nas gestantes, maior susceptibilidade fetal à infecção congênita e imunossupressão fisiológica. -A dengue grave durante a gestação: óbitos materno, fetal e perinatal – 1° trimestre. -Complicações hemorrágicas: a infecção pela doença ocorre próximo ao parto. ARBOVIROSES – INTRODUÇÃO NO BRASIL -Dengue: 1946/1986 (África) -Chikungunya – 2014 (África e Ásia) -Zika – 2015 (Ásia) Aedes aegypti: um mosquito, três doenças → Dengue, Zika, Chikungunya ❖ Criadouros do aedes: bebedouro, vaso de planta, vaso sanitário, torneiras, geladeira, ar condicionado, calhas, ralos e lixeiras Transmissão das arboviroses: As pessoas infectadas são o principal reservatório multiplicador do vírus, servindo como fonte de infecção para o mosquito. -A dengue é uma doença dinâmica, necessitando de toda a atenção possível. FASE FEBRIL -Febre: início abrupto -Cefaleia -Mialgia e artralgia -Dor retrorbitária -Anorexia -Náuseas e vômitos -Exantema: maculo papular -Diarreia -Manifestações hemorrágicas -Prova do laço positiva -Leucopenia -Duração: 2 a 7 dias. Monitorização da defervescência da febre (maior risco de hemoconcentração e queda de plaquetas) FASE CRÍTICA -Presente em alguns pacientes -Evolução para as formas graves -Medidas diferenciadas de manejo clínico -Observação devem ser adotadas imediatamente -Início com a defervescência da febre: entre o terceiro e o sétimo dia do início da doença -Surgimento dos sinais de alarme -Aumento da permeabilidade vascular -Deterioramento clínico do paciente -Evolução para o choque por extravasamento de plasma Dengue grave: 1. Extravasamento Grave do plasma 2. Choque (shock por dengue) ± angústia respiratória: quatro ou cinco (com intervalo entre três a sete dias 3. Sangramento grave 4. Comprometimento grave de órgãos: dano hepático importante (AST o ALT>1000), alteração da consciência, miocardite ou outros órgãos, ex: acumulação de líquidos com insuficiência respiratória 5. O extravasamento plasmático: aumento do hematócrito 6. Redução dos níveis de albumina e por exames de imagem -O período de escape do plasma, clinicamente grave, normalmente dura de 24 a 48 horas. OUTRAS MANIFESTAÇÕES -Encefalite -Meningoencefalite -Mielite -Miocardite -Hepatite HISTÓRIA NATURAL DA DENGUE Evolução em curso: doença vai até 10 dias de manifestação. Nos primeiros três dias: maior potencial de paciente ter febre → risco de desidratação → cuidado. Nessa fase o hematócrito e hemograma estão normais. Momento de maior pico de viremia, por isso a febre → quanto mais viremia mais febre. -Após 3 ou 4 dias, paciente para a febre: se não tiver hidratado, pode evoluir para choque, com extravasamento plasmático. Isso aumenta o hematócrito, porque há uma desidratação. Nesse momento, a viremia já diminuiu, e temos a fase crítica da doença. Paciente pode pular essa fase. Onde ocorre aumento do hematócrito é o momento onde as plaquetas começam a cair. Então entre o quarto e sétimo dias o paciente pode ter dano de algum órgão, instabilidade hemodinâmica e hemoconcentração. -Até o terceiro dia, onde temos o maior pico de viremia, qual exame pedir? NS1, que é o antígeno de superfície que a dengue produz. Sorologia ainda não: produção de IgM e IgG vai ser a partir do sétimo dia. Mais idealmente após o 10° dia. -Na fase de convalescência/reestabilização, que ocorre ali entre o sexto e sétimo dia, o líquido perdido começa a ser reabsorvido, as plaquetas começam a cair e temos os anticorpos IgM e IgG. FASE DE RECUPERAÇÃO -A reabsorção gradual de fluidos a partir dos espaços extravasculares ocorre nas 48 a 72 horas seguintes -Estabilização hemodinâmica e melhora a diurese -Pode aparecer um exantema intenso -Pacientes que passaram pela fase crítica: reabsorção gradual do conteúdo extravasado com progressiva melhora clínica -Complicações relacionadas à hiper-hidratação -Infecções Bacterianas → principalmente as pneumonias DIAGNÓSTICO -Sorologia: ELISA → a partir do sexto dia do início dos sintomas -Detecção de antígenos virais: NS1, isolamento viral, RT-PCR e imunohistoquímica: até o quinto dia do início dos sintomas FASE CRÍTICA -Defervescência: melhora ou piora clínica -Sinais de alarme: aumento da fuga do plasma DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL -Particularidades da dengue: risco de sangramento e choque e maior risco de mortalidade. -Chikungunya dá mais artrite/artralgia → doença articular crônica com limitações na vida diária. -O zika o principal destaque é o exantema rápido absurdo, semelhante a uma alergia. Hiperemia conjuntival e maior risco de microcefalia durante a gestação. MANEJO CLÍNICO DA DENGUE PROVA DO LAÇO -Verificar a pressão arterial e calcular o valor médio pela fórmula (PAS + PAD)/2; por exemplo, PA de 100 x 60 mmHg, então 100+60=160, 160/2=80; então, a média de pressão arterial é de 80 mmHg -Insuflar o manguito até: 5 minutos adultos/3 minutos em crianças -Contar o número de petéquias em um quadrado de 2,5 cm de lado, no local com maior concentração → positivo se: > 20 em adultos >10 em crianças GRUPO A (caso febril) -Identificação: febre associada a dois ou mais dos seguintes sintomas → mialgia, artralgia, cefaleia, dor retro-orbitária, leucopenia, náuseas e/ou vômitos, exantema. -Ausência de: ❖ Fenômenos hemorrágicos (prova do laço negativa) ❖ Sinais de alarme ❖ Sinais de choque -Avaliação clínica da dengue → exame clínico completo incluindo: ❖ Busca por sinais de alerta ❖ Busca por sangramentos ❖ Prova do laço ❖ Pressão arterial em duas posições -Exames inespecíficos: hemograma simplificado com resultado em até 24 horas para todos os suspeitos de dengue -Tratamento: ❖ Hidratação oral (60-80 ml/kg/dia), pelo menos 1/3 com roso de reidratação oral ❖ Sintomáticos (paracetamol, dipirona ou antieméticos) ❖ Orientação sobre sinais de alarme para paciente e seus familiares ❖ Retorno para reavaliação no primeiro dia sem febre (hemoconcentração) GRUPO B (caso febril com fenômenos hemorrágicos na pele ou fatores de risco) -Identificação: Idem grupo A + presença de petéquias ou prova do laço positiva. Ausência de sinais de alarme e de sinais de choque. -Presença de fatores de risco: ❖ Idade maior de 65 ou menor que dois anos ❖ Gestantes ❖ Diabetes mellitus ❖ Doenças cardiovasculares ❖ Outras doenças crônicas -Manejo clínico: ❖ Hemograma completo para todos os pacientes ❖ Liberar o resultado em até duas horas, no máximo quatro horas ❖ Avaliar a hemoconcentração → avalia desidratação ❖ Observação até o resultado dos exames ❖ Hidratação oral conforme recomendado para o grupo A, até o resultado dos exames ❖ Paracetamol e/ou dipirona ❖ Hematócrito normal: tratamento em regime ambulatorial, reavaliação clínica laboratorial diária, até 48h após a queda da febre ou imediata, na presença de sinais de alarme ❖ Não se automedicarGRUPO C (sinais de alarme presente e sinais de gravidade ausentes) -Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua -Vômitos persistentes -Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico) -Hipotensão postural e/ou lipotimia -Hepatomegalia maior do que 2 cm abaixo do rebordo costal -Sangramento de mucosa -Letargia e/ou irritabilidade -Aumento progressivo do hematócrito -Manejo clínico: ❖ Reposição volêmica com 10 ml/kg de soro fisiológico na primeira hora ❖ Devem permanecer em acompanhamento em leito de internação até estabilização – mínimo 48h ❖ Hemograma completo ❖ Dosagem de albumina sérica e transminases ❖ Os exames de imagem recomendados são radiografia de tórax (PA, perfil e incidência de Laurell) ❖ Ultrassonografia de abdome ❖ Outros exames: glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, TP e TTPA e ecocardiograma ❖ Reavaliação clínica (sinais, PA, avaliar diurese: desejável 1 ml/kg/h) após uma hora ❖ Manter a hidratação de 10 ml/kg/h, na segunda hora, até a avaliação do hematócrito que deverá ocorrer em duas horas (após a etapa de reposição volêmica) ❖ Total máximo de cada fase de expansão 20 ml/kg em duas horas, para garantir administração gradativa e monitorada ❖ Se não houver melhora do hematócrito ou dos sinais hemodinâmicos, repetir a fase de expansão até três vezes ❖ Reavaliação clínica (sinais vitais, PA, avaliar diurese) após uma hora, e de hematócrito em duas horas (após conclusão de cada etapa) ❖ Se houver melhora clínica e laboratorial após a fase de expansão, iniciar fase de manutenção: o Primeira fase: 25 ml/kg em 6 horas → 25 x 70 kg: 1750 ml SF 0,9% ❖ Se houver melhora, iniciar segunda fase → manutenção o Segunda fase: 25 ml/kg em 8 horas, sendo 1/3 com soro fisiológica e 2/3 com soro glicosado -Os pacientes do grupo C devem permanecer em leito de internação até estabilização e critérios de alta, por um período mínimo de 48h. GRUPO D (dengue grave) -Extravasamento grave de plasma, levando ao choque evidenciado por taquicardia; extremidades distais frias; pulso fraco e filiforme; enchimento capilar lento (> 2 segundos); pressão arterial convergente (< 20 mm Hg); taquipneia; oliguria (< 1,5 ml/kg/h); hipotensão arterial (fase tardia do choque); cianose (fase tardia do choque); acumulação de líquidos com insuficiência respiratória -Sangramento grave -Comprometimento grave de órgãos -Sinais de choque: ❖ Taquicardia ❖ Extremidades distais frias ❖ Pulso fraco e filiforme ❖ Enchimento capilar lento (> 2 segundos) ❖ Pressão arterial convergente ❖ Taquipneia ❖ Oliguria (< 1,5 ml/kg/h) ❖ Hipotensão arterial (fase tardia do choque) ❖ Cianose (fase tardia do choque) -Manejo clínico: ❖ Reposição volêmica (adultos e crianças) ❖ Iniciar imediatamente fase de expansão rápida parenteral, com solução salina ❖ Isotônica: 20 ml/kg em até 20 minutos, em qualquer nível de complexidade o Reavaliação clínica a cada 15-30 minutos e de hematócrito em 2 horas. Estes pacientes necessitam ser continuamente monitorados ❖ Repetir fase de expansão até três vezes ❖ Se houver melhora clínica e laboratorial após fases de expansão, retorna para a fase de expansão do grupo C e seguir a conduta recomenda para o grupo o Esses pacientes devem permanecer em acompanhamento em leito de UTI até estabilização (mín 48h), e após estabilização permanecer em leito de internação ❖ Dosagem hemograma, albumina sérica e transaminases ❖ Os exames de imagem: radiografia de tórax (PA, perfil e incidência de Laurell) e ultrassonografia de abdome ❖ Glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, TPAE e ecocardiograma ❖ Exames para confirmação de dengue: isolamento viral ou PCR (até o quinto dia de doença ❖ UTI -Se persistência do choque, deve-se avaliar: ❖ Se o hematócrito estiver em ascensão, após a reposição volêmica adequada, utilizar plasmáticos (albumina 0,5-1 g/kg) ❖ Usar colóides sintéticos, 10 ml/kg/hora ❖ Se o hematócrito estiver em queda e houver persistência do choque, investigar hemorragias e avaliar a coagulação ❖ Hemorragia: transfundir concentrado de hemácias ❖ Coagulopatias: plasma fresco, vitamina K endovenosa e crioprecipitado ❖ Considerar a transfusão de plaquetas: sangramento persistente não controlado, depois de corrigidos os fatores de coagulação e do choque, e com trombocitopenia e INR maior que 1,5 vezes o valor normal. ❖ Sinais de desconforto respiratório, sinais de insuficiência cardíaca congestiva e investigar hiperhidratação ❖ Redução na infusão de líquido, uso de diuréticos e drogas inotrópicas, quando necessário ❖ A infusão de líquidos deve ser interrompida: melhora clínica, normalização do hematócrito, sem sangramentos, normalização dos sinais vitais, presença de diurese CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR -Presença de sinais de alarme -Recusa na ingestão de alimentos e líquidos -Comprometimento respiratório: dor torácica, dificuldade respiratória, diminuição do murmúrio vesicular ou outros sinais de gravidade -Impossibilidade de seguimento ou retorno a unidade de saúde -Comorbidades descompensadas como diabetes mellitus, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, uso de dicumarinicos, crise asmática etc -Outras situações a critério clínico. CRITÉRIOS DE ALTA HOSPITALAR Os pacientes precisam preencher todos os critérios a seguir: -Estabilização hemodinâmica durante 48 horas -Ausência de febre por 48 horas -Melhora visível do quadro clínico -Hematócrito normal e estável por 24 horas -Plaquetas em elevação e acima de 50.000/mm3. CHIKUNGUNYA -Descrita pela primeira vez em 1950 na Tanzânia. É uma arbovirose, RNA do gênero alfavírus. Chikungunya = “aquele que se dobra”. Em 2013 chegou ao Caribe e às Américas e em 2014 ao Brasil -Transmissão picada do mosquito: Aedes aegypti e Aedes albopictus -Por se tratar de doença nova no Brasil, não há imunidade naturalmente adquirida -A susceptibilidade é total, logo, todas as faixas etárias são passíveis de infecção -Não há vacina → imunidade de longa duração somente será obtida por meio da infecção natural Sintomas: Começam de dois a dez dias após a picada do mosquito Transmissão: As pessoas infectadas com o vírus podem transmiti-lo até o quinto dia da doença → até o quinto dia conseguimos fazer, então, PCR -Não há transmissão de pessoa para pessoa -Nas gestantes, pode haver transmissão no parto -É possível a transmissão por transfusão sanguínea SINTOMAS -Febre alta de início rápido -Dores intensas simétricas nas articulações dos pés, mãos, dedos, tornozelos, punhos e joelhos -Dores no corpo -Dores de cabeça -Manchas vermelhas na pele FASE AGUDA OU FEBRIL -Febre de início súbito -Poliartralgia, geralmente acompanhada de dores nas costas, cefaleia, fadiga e mialgia → 90% dos casos -Duração média de 7 dias -Geralmente simétrica -Tenossinovite -Exantema (5º dia) -Hiperemia ocular -Outros sintomas FASE SUBAGUDA -Persistência da artralgia e edema -Surgimento de lesões purpúricas, vesiculares e bolhosas, doença vascular periférica, fadiga e sintomas depressivos FASE CRÔNICA -Sintomas > 3 meses -Alguns pacientes poderão evoluir com artropatia destrutiva semelhante à artrite psoriática ou reumatoide -Outras: fadiga, cefaléia, prurido, alopecia, exantema, bursite, tenossinovite, disestesias, parestesias, dor neuropática, fenômeno de Raynaud, alterações cerebelares, distúrbios do sono, alterações da memória, déficit de atenção, alterações do humor, turvação visual e depressão. Esta fase pode durar até três anos ❖ Os sinais e sintomas tanto da dengue e Chikungunya tendem a ser mais intensos em crianças e idosos ❖ Pessoas com doenças crônicas têm mais chance de desenvolver formas graves da doença ❖ FORMA ATÍPICA DIAGNÓSTICO -Isolamento de vírus: coleta até o 3º dia do início dos sintomas -RT-PCR em Tempo Real ou RT-PCR convencional: até o 8º dia do início dos sintomas -Sorologia-IgM e IgG– ELISA: Serão realizadas em soro ou plasma coletados a partir do 4º dia do início dos sintomas TRATAMENTO – SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA ME, musculoesquelética; EVA, escala visual analógica; AINE, anti-inflamatório não esteroidal; CE, corticosteroide; HCQ, hidroxicloroquina; SSZ, sulfassalazina; DAIC, doença articular inflamatória crônica. Fase aguda (até 14 dias): Tylenol + dipirona. Se não melhorar: tramadol. Não dá AINEs pela queda de plaquetas e também porque quadro inicial parece muito com a dengue. Fase subaguda (até 3 meses): Analgésicos comuns → se não melhorar: opioides → se não melhorar: AINE Fase crônica (> 3 meses): Se não houver melhora com corticóide oral, alguns pacientes tem a necessidade de tomar imunobiológicos (anti-TNF ou sulfassalazina) ZIKA -Pela primeira vez em 1947 na Uganda. De 1951 a 1981: infecção humana; 2007: surto na ilha de YAP e outras próximas do Pacífico; 2013: 8264 casos suspeitos zika vírus na Polinésia Francesa -Confusão com vírus da dengue: semelhança no quadro clínico -No Brasil: primeiro caso em maio de 2015. 3500 pessoas na Bahia: RT-PCR. -Novos casos de doenças exantemáticas: dengue, rubéola, parvovírus B19, chikungunya, sarampo, outros arbovírus e enterovírus -02/2016: OMS: Emergência em Saúde Pública -Vírus RNA de cadeia única ; Gênero Flavivírus, família Flaviviridae -Transmitido principalmente pela picada de um mosquito infectado da espécie Aedes (Ae. aegypti e Ae. albopictus) -Evolução da Zika é benigna → sintomas desaparecem espontaneamente 3-7 dias TRANSMISSÃO -Pode acontecer da mulher grávida para o feto e está relacionada a danos fetais -Transmissão sexual -Transfusão de sangue SINTOMAS A maioria das pessoas infectadas não desenvolve manifestações clínicas, mas podem ter: -Dor de cabeça -Febre baixa -Dor no corpo -Linfonodo retroauricular -Dores leves nas articulações -Manchas vermelhas -Coceira na pele -Vermelhidão nos olhos ZIKA – GESTANTES -Abortamento -Microcefalia -Formas graves e atípicas são raras, mas podem evoluir para o óbito ZIKA – RECÉM NASCIDOS -Todos os bebês com microcefalia deverão manter consultas de puericultura nas UBS -Também deverão ser acompanhados em serviços especializados para estimulação precoce LEISHMANIOSE VISCERAL -Calazar: origem Hindu. “Febre Negra” -Doença crônica potencialmente grave -Óbito > 90% dos casos sem tratamento -Problema de Saúde Pública → É uma doença negligenciada -Endemia rural com transmissão domiciliar e peridomiciliar. Urbanização recente -Acomete principalmente crianças desnutridas, exceto nos surtos e epidemias EPIDEMIOLOGIA -Uma das sete endemias mundiais de prioridade absoluta da OMS -500.000 casos novos/ano. 50.000 óbitos/ano -Prevalência anual: 12 milhões de pessoas -Endêmica em 88 países -Notificação compulsória em 32 países -Distribuição mundial: seis países são responsáveis por 90% dos casos de leishmaniose visceral que ocorrem em todo o mundo: Índia, Nepal, Sudão, Bangladesh, Brasil e Etiópia -Brasil: na América Latina é responsável por 90% dos casos. Região Nordeste: Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí. Ocorre em 21 dos 26 estados brasileiros, em epidemias urbanas. É de notificação compulsória e tem tido aumento expressivo das taxas de letalidade. Leishmania spp. -Parasitas de células fagocitárias do Sistema Fagocítico Mononuclear -Parasitas intracelulares obrigatórios -Formas promastigotas (infectante) e amastigotas -O vetor: Fêmeas de flebotomíneos (mosquito palha): Lutzomyia longipalpis - principal no Brasil -Reservatórios: homens, caninos (cão doméstico), marsupiais e roedores CICLO DE VIDA – LEISHMANIA Período de incubação: -No homem: 10 dias a 24 meses (média de 2 a 6 meses) -No cão: 3 meses a vários anos (média 3 a 7 meses) LEISHMANIOSE – ESPECTRO CLÍNICO -Leishmaniose visceral -Leishmaniose mucocutânea ❖ Leishmaniose Tegumentar Americana LEISHMANIOSE VISCERAL INTRODUÇÃO -Kala-azar: fere negra (hindu) -90% casos do mundo: Leste da Índia e Bangladesh, Sudão e Brasil -90% casos do Brasil: Nordeste (Bahia, Ceará, Piauí e Maranhão) -Rural → Urbana -Infecção X Doença: ❖ Crianças 6,5:1 ❖ Adultos 18:1 -Período de incubação: 2-6meses (10 dias-1ano) QUADRO CLÍNICO -Gerais: Febre alta e intermitente, perda de peso, astenia -Com o tempo de evolução da doença → hepatoesplenomegalia (baço mais proeminente) -Pancitopenia (Invasão da medula óssea + hiperesplenismo) -Anemia / Infecções Secundárias / Hemorragias -Outros: Linfadenopatia, diarréia, dor abdominal, icterícia, tosse seca, edema, derrames cavitários, insuficiência renal/cardíaca LEISHMANIOSE VISCERAL GRAVE Sinais de alerta: -6-12 meses de idade -50-65 anos de idade -Suspeita de Infecção bacteriana -Recidiva ou Reativação -Diarreia ou vômitos -Edema localizado -Febre >60 dias Sinais de gravidade: -Idade < 6 meses e > 65 anos -Icterícia -Fenômenos hemorrágicos -Anasarca -Toxemia -Desnutrição grave -Comorbidade (inclusive infecção bacteriana) COMPLICAÇÕES -Insuficiência Hepática -Insuficiência Renal (glomerulonefrite por imunocomplexos) -Insuficiência Cardíaca (Miopatia, Anemia) -Infecção Bacteriana (sepse, PNM, ITU...) -Hemorragias DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Hepatoesplenomegalias febris: -Doenças Hematológicas (Linfoma, Leucemias) -Doenças Infecciosas (Malária, Enterobacteriose Septicêmica Prolongada, Febre tifóide, Endocardite Infecciosa, Chagas aguda, TB disseminada, Histoplasmose, Mononucleose, Brucelose) EXAMES COMPLEMENTARES -Hemograma completo: Pancitopenia -Albumina baixa, Gamaglobulina alta -Transaminases: normais ou pouco elevadas -SU: Hemácias, proteínas -Outros exames para solicitar: ECG, RX tórax, Amilase, função renal EXAMES DIAGNÓSTICOS -Certeza: Visualização direta ou cultura (NNN) ❖ Medula óssea – 90% positivo ❖ BX fígado/baço ❖ Lesões de pele -Teste de Montenegro: negativo ❖ Positivação após cura -Sorologias (K-39) TRATAMENTO Escolha: Antimonial pentavalente (Glucantime®) - 20mg/kg/dia EV 1xd -Diluir em SF ou SG 5% e correr em 1-2h -1 amp: 81mg/ml (5ml) -Tempo de tto: 21 -28 dias -Efeitos colaterais: mialgia, artralgia, sintomas TGI, pancreatite, cardiotoxicidade, IR -Acompanhar com ECG 1-3xsem (prolongamento do QTc, arritmias) Anfotericina B deoxicolato -1-2g/kg/dia por 14-21dias -Efeitos colaterais: Nefrotoxicidade, Hipopotassemia, cardiotoxicidade, hepatotoxicidade, alergia -Droga de escolha para Calazar grave, recidivas, falha terapêutica, gestantes, cardiopatas Anfotericina B Lipossomal -Droga de escolha nos países desenvolvidos -5-7 dias de tto -No Brasil: Refratariedade a Anfo B deoxicolato, IR, transplantados renais Miltefosina -Droga oral desenvolvida e utilizada na Índia -Não existe no Brasil Antibioticoterapia → se o paciente chega com febre, neutropênico → pior complicação em paciente com leishmaniose é a complicação bacteriana Antibioticoprofilaxia (< 2 anos e < 500 neutrófilos) Hemotransfusões -Hb < 7g/dl, repercussões hemodinâmicas -Plaq < 20000/mm³ SEGUIMENTO -Melhora evidente em até uma semana do tratamento -Regressão mais lenta das megalias (podem persistir por mais de 1 ano) -Repetir exames 1x semana -Acompanhamento ambulatorial por 1 ano MALÁRIA HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA -A erradicação mundial da malária é discutida desde as décadas de 1950 e 1960 -Destaque como responsável por cifras extraordinárias de casos e de mortes no mundo inteiro -Regiões tropicais e subtropicais como Ásia, África e Américas Central e do Sul -1990: 300 e 500 milhões de novos casos da doença -1 a 2 milhões de casos na África sub- -Saariana -Grupos de atenção: crianças menores de 5 anos de idade e gestantes -Brasil: Bacia Amazônica – 99% dos mais de 300.000 anuais -Em 2015 tiveram mais de 214 milhões de novos casos e 438 mil óbitos -Expansão no financiamento → cobertura de programasde controle da malária em países endêmicos -OMS: 97 países com transmissão ativa da malária -3,3 bilhões vivem sob risco de infecção ou doença em desenvolvimento -Problema de saúde pública -Resulta da interação de fatores: biológicos (espécie de Plasmodium, virulência do parasito, resistência ao tratamento), culturais, ambientais (ambiente fresco, úmido) e socioeconômicos (idade → + em crianças; imunidade inata ou adquirida; susceptibilidade) -Em relação ao mosquito: capacidade de dispersão, densidade, disponibilidade e características dos criadouros, antropofilia, endofagia/endofilia, longevidade, resistência aos inseticidas, susceptibilidade ao Plasmodium MALÁRIA -Doença febril infectoparasitária não contagiosa, com manifestações episódicas de caráter agudo e com agravos em viajantes -Causada pelo protozoário Plasmodium sp -Transmitida pelo mosquito Anopheles -Aproximação entre o ser humano e o habitat natural do mosquito AGENTE ETIOLÓGICO Gênero: Plasmodium mais de 125 espécies (podem parasitar aves, repteis e outros mamíferos) -Plasmodium falciparum: FORMA GRAVE → frequente e mais grave no Brasil -Plasmodium vivax → mais prevalente na nossa região -Plasmodium ovale – Africa → menos frequente e menos grave no Brasil -Plasmodium malariae -Plasmodium Knowlesi: Ásia - (quinta malária) PLASMODIUM – ASPECTOS BIOLÓGICOS Forma assexuada: Esquizogonia – Homem -Forma sexuada: Esporozoito – Esporogonia: mosquito -Ciclo vital semelhante entre os plasmódios -Brasil: P. vivax : 86% dos casos registrados. P. falciparum 13% (podendo ser raro ou ausente em algumas áreas). P. malariae apresenta índices menores que 1%. TRANSMISSÃO DA MALÁRIA -Transmissão natural: picada de fêmeas infectadas de mosquitos do gênero Anopheles ❖ Anopheles darlingi – mais importante ❖ Criadouros preferenciais: coleções de água limpa, quente, sombreada e de baixo fluxo, (frequentes na Amazônia brasileira). Locais de piscicultura também são criadouros frequentes CICLO EVOLUTIVO Picada do vetor → inoculação na pele: parasitos (esporozoítos) – 30 minutos invadem os hepatócitos (tem tropismo por essas céls) -Invasão dos hepatócitos → esquizonte 8-15 dias -Origem a milhares de merozoítos rompem os hepatócitos e cai na circulação sanguínea -Invasão das hemácias → à segunda fase do ciclo, chamada de esquizogonia sanguínea -Fase sanguínea: os sintomas da malária – rompimento das hemácias – picos periódicos ASPECTOS PARASITOLÓGICOS RESPOSTA IMUNE – Efeito fisiológico da virulência do P. falciparum Teorias: -Oclusão microvasculatura -Alteração permeabilidade capilar – edema cerebral Alteração mecânica ❖ Deformabilidade o alteração do citoesqueleto da hemácia, aumenta viscosidade o vênula pós-capilar: estagio maduro ❖ Citoaderência – adesão de hemácias -Parasitadas vênulas pós- capilares -Fenômeno de Rosetas e Formação de Knobs -Adesão das hemácias não parasitadas às cel. endoteliais dos capilares e vênulas MALÁRIA – PATOGENIA -Multiplicação dos parasitos e destruição dos eritrócitos → anemia, sequestro esplênico, disfunção da medula óssea, hemólise induzida por anticorpos -Sequestro dos eritrócitos parasitados e obstrução microvascular → Citoaderência – microcirculação -Resposta inflamatória aguda com lesão endotelial e redução da perfusão tecidual → libera mediadores como TNF e IL-1 e óxido nítrico -Lesão celular induzida por complexos imunes → glomerulonefrite, nas infecções por Plasmodium malariae MALÁRIA – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS -Período de incubação: ❖ P. vivax 10 – 14 dias ❖ P. falciparum 7– 11 dias ❖ P. malariae 14 – 28 dias o Congênita : 3 a 8 semanas o Tranfusão : 10 horas -Período inicial – síndrome febril ❖ Febre alta ( 41° C), calafrio, mal-estar, cefaléia, cansaço, fraqueza, mialgia, náusea, vômito, diarréia ❖ Sinais clínicos: palidez cutânea, esplenomegalia -Síndrome febril periódica: Paroxismo lise das hemácias ❖ Febre terçã 48 h x febre quartã 72 h ❖ Múltiplas picadas em região hiperendêmica : + de 1 ciclo de esquizogonia -Acesso palúdico – 15-60 min, 2-6 h, 2-4h ❖ Febre, calafrio, frio intenso, tremores generalizados Pode Acompanhar cefaléia, nauseas e vômitos. Crianças: delírio e convulsões -Achados ao exame físico – Hepatoesplenomegalia febril + síndrome ictérica -Evolução benigna – convalescença -Recaídas – Plasmodium vivax -Malária em áreas endêmicas: sem apresentação típica da doença -Malária no indivíduo semi-imune -Síndrome da Esplenomegalia Tropical: baço hiper-reativo da malária -Resposta a quimioprofilaxia antimalárica PACIENTE COM QUALQUER UM DOS SINAIS DE PERIGO PARA MALÁRIA GRAVE -Hiperpirexia (temperatura > 41 C) -Convulsão -Hiperparasitemia (> 200.000/mm3) -Vômitos repetidos -Oligúria -Dispneia -Anemia intensa -Icterícia -Hemorragias -Hipotensão arterial DIAGNÓSTICO -Direto: gota espessa – espécia, carga parasitária, estágio do plasmócito → padrão ouro. Custo elevado -Indireto: sorologia ❖ PCR: resistência, reinfecção, recaídas e recrudescência ❖ Teste rápido: locais de difícil acesso ❖ Clínico epidemiológico: o Febre + viagem à área de transmissão o Transfusão sanguínea prévia o Realizou medidas de prevenção + profilaxia -Diagnóstico diferencial: leptospirose, hepatites, febre amarela, dengue, influenza, infecções das vias respiratórias, infecção do trato urinário, febre tifóide TRATAMENTO -Gravidade da doença -Espécie do plasmódio: distinção das 5 espécies -Idade do paciente -História de exposição anterior à infecção -Susceptibilidade dos parasitos aos antimaláricos convencionais Objetivos do tratamento: -Interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável pela patogenia e manifestações clínicas da infecção -Destruição de formas latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos) das espécies P. vivax e P. ovale, evitando assim as recaídas tardias -Interrupção da transmissão do parasito, pelo uso de drogas que impedem o desenvolvimento de formas sexuadas dos parasitos (gametócitos) GRAVIDADE E HOSPITALIZAÇÃO – necessidade de hospitalização -Crianças menores de 1 ano, idosos com mais de 70 anos, todas as gestantes e pacientes imunodeprimidos -Paciente com qualquer um dos sinais de perigo para malária grave: ❖ Hiperpirexia (>41°C) ❖ Convulsão ❖ Hiperparasitemia (>200000/mm³) ❖ Vômitos repetidos ❖ Oligúria ❖ Dispneia ❖ Anemia intensa ❖ Icterícia ❖ Hemorragias ❖ Hipotensão arterial DROGAS UTILIZADAS NA GESTAÇÃO -Quinino -Cloroquina -Derivados da artemisinina Contra indicadas: ❖ Na gestação: primaquina e tetraciclina ❖ No aleitamento: tetraciclina ❖ Crianças menores de 8 anos: tetraciclinas, doxiciclina e primaquina (< 6 meses) TRATAMENTO – Malária P. falciparum grave Medidas de suporte – UTI -Controle de convulsão -Controle de temperatura – sintomáticos -Hemotransfusão -Hemodiálise, hemofiltração Malária P. vivax grave: manejo e tratamento semelhante MEDIDAS DE CONTROLE -Distribuição de mosquiteiros impregnados de longa duração (MILD) -Borrifação intradomiciliar de inseticidas de efeito residual -Expansão do diagnóstico laboratorial e aumento do manejo clínico -Quimioprofilaxia em situações especiais – viajantes -Crescente investimento para o controle da doença -Redução da transmissão e do número de casos nas áreas de risco QUIMIOPROFILAXIA -Objetivo: prevenir a doença; prevenir ou suprimir os sintomas causados pelos parasitas sanguíneos. -Reservada para situações específicas: o risco de adoecer de malária grave por P. falciparum -Início: 1-2 semanas antes da viagem. Término: 1-4 semanas após a viagem -Cloroquina, Mefloquina, Primaquina, Doxiciclina, Atovaquone VACINAÇÃO MALÁRIA -Plasmodium vivax e o Plasmodium falciparum: alvo de investimento em pesquisas para o desenvolvimento de vacinas -Emergência de cepas resistentes aos derivados de artemisinina -Aumento da resistência dos mosquitosaos inseticidas -Cepas de Plasmodium com perfil multidroga resistente -Ciclo evolutivo do parasito: ponto de partida -Três estágios do ciclo do parasito: ❖ vacinas com atuação nas formas pré-eritrocíticas ou vacinas bloqueadoras da infecção (esporozoítos e/ ou formas teciduais hepáticas) ❖ formas assexuadas eritrocitárias ou modificadoras da doença (merozoítos) ❖ formas sexuadas ou bloqueadoras da transmissão (gametócitos) FEBRE AMARELA -Doença infecciosa febril aguda, transmitida ao homem mediante picada de insetos hematófagos, após um período de incubação extrínseco, para que o vírus se reproduza em seus tecidos -Possui 2 ciclos epidemiológicos distintos (silvestre e urbano) ❖ Silvestre: mosquito Ha. janthinomys pica o macaco → vetor → macaco (acidentalmente infecta o homem) ❖ Urbano: Aedes aegypti pica o homem → vetor → transmissão -Vírus de RNA, do gênero Flavivirus, família Flaviviridae, arbovírus do grupo B -1ª epidemia no Brasil em 1685. 1937: vacina contra febre amarela (vírus vivo atenuado → imunidade mais permanente) -2016: dois casos em SP → ambos foram a óbito -Silvestre - Brasil: vetores dos gêneros Haemagogus e Sabethes. - Os macacos (primatas não-humanos) são os principais reservatórios do vírus - o homem é considerado hospedeiro acidental neste ciclo -Urbano - vetores são do gênero Aedes - único hospedeiro é o homem -Não se registram casos de febre amarela transmitida em ciclo urbano desde 1942 PATOGENIA -PI: 3 a 6 dias, após a picada do mosquito infectado -Período de transmissibilidade - O sangue dos doentes é infectante 24 a 48 horas antes do aparecimento dos sintomas até 3 a 5 dias após, tempo que corresponde ao período de viremia -No mosquito Aedes aegypti, o período de incubação é de 9 a dias, após o que se mantém infectado por toda a vida -PATOLOGIA: - Picada → cél dendrítica → vírus no linfonodo → ”desaparecem “ por 24h → sistema linfático e sanguíneo → viremia -Principal alvo: Fígado ❖ Focos hemorrágicos subcapsulares e parenquimatosos ❖ Necrose médio-zonal dos hepatócitos (áreas centrais entre o espaço porta e a veia centrolobular), são mais atingidas pela necrose ❖ Corpúsculo de Councilman (degeneração eosinofílica dos hepatócitos) ❖ Corpúsculo de Torres (inclusões granulares eosinofílicas) -Rins: oligúria por mudança do fluxo sanguíneo intra-renal secundária à do débito cardíaco -Diátese hemorrágica: Síntese do fatores de coagulação dependentes de Vitamina K; plaquetas; CIVD. -40 a 65% tem a infecção assintomática, 20 a 30% tem a forma leve e moderada (febre e cefaleia), 10 a 20% tem a forma grave (febre e icterícia) e 5 a 10% tem a forma maligna (morte) QUADRO CLÍNICO -“Período de infecção” : sintomas inespecíficos, febre, calafrios, dores pelo corpo, prostração, náuseas e vômitos -90% dos pacientes tem melhora progressiva -10%, após curto período de alívio dos sintomas (que dura algumas horas até 2 dias), evoluem para a segunda fase (período toxêmico) -“Período toxêmico”: reaparecimento da febre e sintomas decorrentes de insuficiência hepática (icterícia, aumento das transaminases , distúrbio de coagulação, com sangramentos em quaisquer sítios, plaquetopenia e hipoglicemia) -Insuficiência renal (oligoanúria, proteinúria, uremia ) Esta fase tem letalidade variável, cerca de 50% no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde de 1980 a 2016 -Formas Graves → Óbito: ❖ Ocorre em 20 - 50% dos casos graves ❖ Em geral do 7°-10º dia de doença ❖ Precedido por piora da icterícia, hemorragias, taquicardia, hipotensão, oligúria e azotemia ❖ Prenunciam o êxito letal: hipotermia, agitação, delírios, hipoglicemia, anúria, estupor, coma DIAGNÓSTICO LABORATORIAL -Inespecífico: ❖ Leucopenia, neutropenia, plaquetopenia e anemia ❖ Transaminases: Acima de 1000 (formas graves) ❖ Bilirrubinas aumentadas as custas de BD ❖ Aumento de: colesterol, fosfatase alcalina, Gama-GT, uréia e creatinina ❖ Coagulograma: aumento do PTTa e do tempo de protrombina ❖ Albuminúria, hematúria, cilindrúria ❖ VHS baixo -Específico: ❖ Isolamento Viral: PCR ou Cultura entre o 4º e 7º dia da doença ❖ Sorológico: MAC-ELISA: anticorpos IgM a partir do 6° dia de doença; repetido após 14 dias, se a primeira amostra vier negativa ❖ Imuno-histoquímico: Detecção dos antígenos virais ou complexo vírus-IgM em amostra de tecidos ❖ Histopatológico: Análise de órgãos pós-morte TRATAMENTO -Não há tratamento específico -Medidas de suporte nas formas leves -Suporte avançado em UTI nas formas graves -Evitar salicilatos PREVENÇÃO -Evitar o vetor e áreas silvestres -Proteção individual em áreas suspeitas -Monitoramento de mortalidade de macacos -Controle do vetor urbano -Vacinação -Isolamento relativo de enfermos (1os dias) -Notificação compulsória -Investigação de óbitos>viscerotomia VACINAÇÃO -No Brasil estão disponíveis duas vacinas: ❖ Biomanguinhos – Fiocruz, utilizada pela rede pública ❖ Sanofi Pasteur, utilizada pela rede privada ❖ Compostas de vírus vacinal amarílico vivo atenuado cultivado em ovo de galinha RECOMENDAÇÕES -Residentes em áreas com recomendação para vacinação (mesmo que temporária) e para indivíduos que se deslocam para estas áreas: 9 meses a 59 anos de idade, desde que não apresentem contraindicação -Indivíduos em viagens para países que exigem a vacinação, segundo o Regulamento Sanitário Internacional: vacinar todos entre 9 meses a 59 anos de idade (10 dias antes da viagem , desde que não apresentem contraindicação) -Nesses casos (incluem idade acima de 60 anos) deve-se emitir o certificado de isenção da vacinação contra febre amarela com a justificativa da isenção, documento esse que permite a entrada de não vacinados nos países que exigem o CIVP de pessoas provenientes de regiões endêmicas -Indivíduos residentes em áreas onde há casos de epizootias (febre amarela em macacos) ou casos da doença em humanos e para indivíduos que se deslocam para estas áreas: vacinar todos entre 9 meses e 59 anos de idade, desde que não apresentem contraindicação LEPTOSPIROSE -Doença infecciosa febril, de início abrupto, cujo espectro pode variar desde um processo inaparente até formas graves -Trata-se de uma zoonose de grande importância social e econômica -Apresenta elevada incidência em determinadas áreas, alto custo hospitalar e perdas de dias de trabalho, além do risco de letalidade, que pode chegar a 40% nos casos mais graves -Sua ocorrência está relacionada às precárias condições de infraestrutura sanitária e alta infestação de roedores infectados -As inundações propiciam a disseminação e a persistência do agente causal no ambiente, facilitando a ocorrência de surtos DESCRIÇÃO -Doença infecciosa: transmissível por um agente patogênico → bactéria -Aguda: tem um curso acelerado em humanos, terminando em cura ou óbito em menos de 3 meses -Caráter epidêmico: pode afetar ao mesmo tempo grande número de pessoas no mesmo lugar, com concentração de casos -Com envolvimento sistêmico: capaz de afetar inteiramente um organismo atingindo vários órgãos e sistemas AGENTE ETIOLÓGICO -Bactéria espiralada: espiroqueta do gênero Leptospira → aeróbia obrigatória, helicoidal, flexível, móvel (2 flagelos), extremidades em forma de gancho -Duas espécies: ❖ Lestospira interrogans (patogênica) ❖ Leptospira biflexa (saprófita) -Individualizadas em sorotipos ou sorovares pelas suas características antigênicas → dois ou mais sorovares antigenicamente relacionados formam um sorogrupo DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA -2004 a 2008: 68300 casos notificados → 25,6% confirmados → 78,6% em homens, 82,4% entre 15 e 59 anos e 60% em zona urbana TRANSMISSÃO -Principal reservatório: roedores sinantrópicos das espécies Rattus norvegicus (ratazana ou rato de esgoto), Rattus rattus (rato de telhado ou rato preto) e Mus muculus (camundongo ou catita) ❖ Ao se infectarem, não desenvolvem a doença e tornam-se portadores, albergandoa leptospira nos rins, eliminando-a viva no meio ambiente e contaminando água, solo e alimentos -Outros reservatórios de importância são: caninos, suínos, bovinos, equinos, ovinos, caprinos e animais silvestres -Os seres humanos são apenas hospedeiros acidentais e terminais dentro da cadeia de transmissão -Infecção humana ocorre por exposição direta ou indireta à urina de animais infectados e penetração do microrganismo em pele lesada ou mucosa da boca, narinas e olhos ❖ Pele íntegra quando imersa em água por longo tempo ❖ Contato com sangue, tecidos e órgãos de animais infectados ❖ Ingestão de água e alimentos contaminas ❖ Transmissão acidental em laboratórios FISIOPATOGENIA -A penetração da Leptospira ocorre através das mucosas, pele, ingestão ou aerossol. -Após invasão dissemina através do sangue para todos os órgãos, incluindo SNC -Lesão multiorgânica em casos graves FORMAS CLÍNICAS Forma anictérica: -Período de incubação: 3 a 14 dias -Evolução geralmente bifásica (gravidade variável) ❖ Fase de leptospirosemia: 3 a 7 dias o Febre, calafrios, cefaleia, mialgia, artralgia, náuseas e vômitos, tosse seca ou produtiva, exantema macular ou maculo-papular ❖ Defervescência em lisa: 1 a 2 dias ❖ Fase imune: 4 a 30 dias o Febre, meningismo, uveíte anterior e/ou posterior, paralisia de nervos cranianos o Detecção de anticorpos específicos, leptospirúria -Duração: 1 a 4 semanas Forma ictérica: -Evolução monofásica → gravidade é elevada -Sintomas descritos anteriormente ❖ Maior intensidade ❖ + icterícia rubínica (coloração alaranjada) -Sinais de gravidade comuns: ❖ Insuficiência renal ❖ Manifestações hemorrágicas -Duração: 3 a 4 semanas Síndrome de Weil – forma icterohemorrágica: -Icterícia rubínica (colestase) -Insuficiência renal aguda (nefrite tubulointersticial) -Fenômenos hemorrágicos, devido à vasculite sistêmica agravada pela plaquetopenia: ❖ Petéquias e equimoses em pele e mucosa ❖ Hemorragia pulmonar ❖ Hemorragia TGI alta/baixa o Hematêmese, melena, enterorragia -Comprometimento cardíaco: ❖ Miocardite ❖ Alterações eletrocardiográficas -Tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragias (pulmonar) SINAIS CLÍNICOS DE ALERTA 1. Dispneia, tosse e taquipneia 2. Alterações urinárias, geralmente oligúria 3. Fenômenos hemorrágicos, incluindo hemoptise e escarros hemoptoicos 4. Hipotensão 5. Alterações do nível de consciência 6. Vômitos frequentes 7. Arritmias 8. Icterícia -INDICAM GRAVIDADE → internação hospitalar PERFIL LABORATORIAL -Hemograma: anemia, leucocitose com desvio à esquerda, plaquetopenia -Transaminases normais ou elevadas -Aumento de bilirrubinas (direta) -CPK elevada -Aumento de ureia e creatinina -Potássio sérico normal ou diminuído ❖ Reduzida reabsorção de sódio (perda de canais de sódio no epitélio tubular proximal), aumento do aporte distal, perda de potássio) -TP alargado, fibrinogênio elevado -Urina rotina: leucocitúria, proteinúria, cilindrúria -Gasometria arterial: acidose metabólica e hipoxemia DIAGNÓSTICO Métodos sorológicos: melhor alternativa -Reação de microaglutinação – padrão-ouro ❖ Detecta os sorovares. O aumento de 4x ou mais nos títulos de anticorpos confirma o diagnóstico ❖ Alta sensibilidade ❖ Títulos maiores que 1:800 -Reação de macroaglutinação – mais acessível ❖ Ideal coletar a partir do 7° dia de doença ❖ Menos sensível, rápida execução -Teste de Elisa IgM ❖ Detecção a partir do 7º dia de doença. Permanece positivo por 1 a 2 meses DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL TRATAMENTO (7 a 10 dias)
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