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GUIA DE COVID-19 NA EMERGÊNCIA PARA MÉDICOS EBOOK O QUE VOCÊ VAI ENCONTRAR NESTE E-BOOK: 1. INTROUÇÃO SOBRE A COVID-19; 2. AVALIAÇÃO E MANEJO DE INFECÇÃO RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE NO PRONTO- SOCORRO (OMS); 3. AVALIAÇÃO INICIAL E EVOLUÇÃO DO PACIENTE COM COVID-19 NA EMERGÊNCIA; 4. MANEJO INESPECÍFICO; 5. MANEJO ESPECÍFICO; 6. DEFININDO A SEVERIDADE DA DOENÇA; 7. INTUBAÇÃO EM CASOS DE COVID-19; 8. COMPLICAÇÕES; 9. REFERÊNCIA; 10. SAIBA MAIS SOBRE A PÓS EM MEDICINA DE EMERGÊNCIA DA SANAR! https://pos.sanarmed.com/medicinadeemergencia/?utm_source=ebook&utm_medium=covid-na-emergencia&utm_campaign=posmed-cont MANEJO DE COVID-19 NA EMERGÊNCIA 1. INTRODUÇÃO A maior parte das pessoas infectadas com o SARS-CoV-2 desenvolvem a versão branda ou descomplicada da doença. Cerca de 14% casos apresentam-se de maneira severa. Nessas situações, é necessário hospitalização e suporte de oxigênio. Por isso, a atuação do profissional emergencista torna-se indispensável no manejo da COVID-19. 1.1. Quando buscar o serviço hospitalar (OMS). 1.1.1. Fatores de risco. 1.2. Medidas de controle de infecção para COVID-19. 1.2.1. Instruções para pacientes: • O paciente suspeito deve utilizar máscara descartável e ser direcionado para área separada (uma sala de isolamento, se disponível); • Deve existir ao menos 1m de distância entre pacientes suspeitos e outros pacientes; • Pacientes devem tapar o nariz e a boca durante tosse ou espirros com tecido ou cotovelo flexionado e realizar a higiene das mãos após o contato com secreções respiratórias. 1.2.2. Aplicar precauções contra gotículas e precauções de contato. • Profissionais devem utilizar EPIs (máscara, proteção para os olhos, luvas e avental) ao entrar no quarto/ter contato com o paciente. Remover EPIs ao se afastar. É necessário higienizar as mãos após a remoção e atentar para as regras de colocação e retirada; • Se possível, utilizar equipamento descartável ou dedicado (por exemplo, estetoscópios, manguitos de pressão arterial, oxímetros de pulso e termômetros). Se o equipamento precisar ser compartilhado entre os pacientes, limpe e desinfete entre cada uso. 1.2.3. Aplique precauções no ar ao executar um procedimento de geração de aerossol. • Na execução de procedimentos geradores de aerossol (por exemplo, aspiração aberta do trato respiratório, intubação, broncoscopia, ressuscitação cardiopulmonar), usar EPIs, como já mencionado. Nesse caso, a máscara deve ser a N95 ou outra com nível de proteção equivalente ou superior; • Sempre que possível, usar quartos individuais adequadamente ventilados ao executar procedimentos de geração de aerossol, ou seja, salas de pressão negativa com um mínimo de 12 trocas de ar por hora ou pelo menos 160 L/segundo/paciente em instalações com ventilação natural. 1.3. Fluxo da unidade de urgência e emergência. O protocolo emergencial hospitalar é baseado em evidência limitada, que tem se modificado constantemente e pode ter variações de acordo com especificações locais. O Ministério da Saúde, no entanto, preconiza: Idade > 65 anos Doença pulmonar pré-existente Doença renal crônica Diabetes mellitus História de hipertensão História de doença cardiovascular Obesidade (IMC ≥30) Uso de agentes biológicos (por exemplo, inibidores de TNF, inibidores de interleucina, agentes anti-células B) História de transplante ou outra imunossupressão HIV, contagem de células CD4 <200 células/microL ou contagem de CD4 desconhecida 1º - Identificação de caso suspeito 2º - Isolamento + Precaução e Higiene 3º - Notificação 4º - Coletar duas amostras de aspirado de nasofaringe ou swabs combinados (nasal/oral) ou amostra secretiva de via aérea inferior 5º - Estabilização clínica/tratamento de suporte 2. AVALIAÇÃO E MANEJO DE INFECÇÃO RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE NO PRONTO-SOCORRO (OMS). Pacientes graves por infecção respiratória aguda podem apresentar qualquer uma das três condições de risco de vida: dificuldade em respirar, choque ou estado mental alterado. Nessas situações emergenciais, o protocolo padrão de “ABCDE” deve se cumprir no ambiente de Emergência, atentando para as especificações do manejo imediato e os diagnósticos diferenciais: ACHADOS NA AVALIAÇÃO MANEJO IMEDIATO VIA AÉREA A Inconsciente com movimento aéreo limitado ou inexistente Se SEM TRAUMA: head-tilt e chin-lift, use via aérea orofaríngea ou nasofaríngea para manter as vias aéreas abertas, coloque em posição de recuperação ou em posição de conforto. Se possível TRAUMA: use jaw- thrust com proteção da coluna cervical e mantenha uma via aérea orofaríngea para mantê-la aberta (sem via aérea nasofaríngea se houver trauma facial). Corpo estranho em via aérea Remova corpo estranho visível. Encoraje tosse. ▪ Se incapaz de tossir: compressões torácicas/abdominais | golpes nas costas, como indicado ▪ Se o paciente ficar inconsciente: RCP Borbulhar Abrir as vias aéreas como acima, sucção (evitar engasgos). Estridor Mantenha o paciente calmo e permita posição de conforto. ▪ Para sinais de anafilaxia: dar adrenalina intramuscular (IM) ▪ Para hipóxia: dar oxigênio VENTILAÇÃO B Sinais de respiração abdominal ou hipóxia Administre oxigênio. Ventilação assistida com máscara com saco e válvula se respiração NÃO adequada. Chiado Administre salbutamol. Para sinais de anafilaxia: dar adrenalina IM. Sinais de pneumotórax de tensão (ausência de sons/hiperressonância em um lado COM hipotensão, distensão de veias do pescoço) Realizar descompressão com a agulha, administrar oxigênio e fluidos intravenosos. Necessitará de dreno torácico. Sinais de overdose de opioide (Estado mental alterado e respiração lentificada com pupilas pequenas) Administre naloxona. CIRCULAÇÃO C Sinais de má perfusão / choque Se não houver pulso, siga os protocolos relevantes de RCP. Administre oxigênio e fluidos intravenosos. Sinais de sangramento interno ou externo Controle o sangramento externo. Administre fluidos intravenosos. Sinais de tamponamento pericárdico (má perfusão com veias distendidas do pescoço e abafamento de sons do coração) Administre fluidos intravenosos, oxigênio Necessitará de drenagem pericárdica rápida DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA D Estado mental alterado Se SEM TRAUMA, posicionar em posição de recuperação. Convulsão Administre benzodiazepínico Convulsão na gravidez (ou após parto recente) Administre sulfato de magnésio Hipoglicemia Administre glicose se <3,5 mmol/L ou desconhecido. Sinais de overdose de opioide (Estado mental alterado e respiração lentificada com pupilas pequenas) Administre naloxona. Sinais de massa cerebral com risco de morte ou sangramento (estado mental alterado com anisocoria) Levante a cabeceira da cama, monitore as vias aéreas. Necessitará de transferência rápida para serviços de neurocirurgia. EXPOSIÇÃO E Remova a roupa, e se estiver molhada, mantenha a pele completamente seca Remova joias, relógios e peças constritivas roupas Evitar a hipotermia e atentar para pudor Picada de cobra Imobilizar extremidade. Enviar foto da cobra com o paciente. Pedir anti-veneno se relevante. LEMBRE-SE: PACIENTES COM ACHADOS ANORMAIS NO ABCDE PODEM PRECISAR RÁPIDA ENTREGA/TRANSFERÊNCIA. Planeje com antecedência. CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS NA AVALIAÇÃO DE CRIANÇAS A ▪ As crianças têm cabeças e línguas maiores e pescoços mais curtos e macios do que os adultos; ▪ Posicionar as vias aéreas como apropriado para a idade; ▪ Sempre considere corpos estranhos. B ▪ Procure sinais de aumento do trabalho respiratório (por exemplo, tiragem subcostal, retrações, queimação nasal); ▪ Ouça sons anormais da respiração (por exemplo, grunhidos, estridorou peito silencioso). IDADE FREQUÊNCIA REPIRATÓRIA (IRPM) <2 meses 40-60 2-12 meses 25-50 1-5 anos 20-40 C ▪ Sinais de má perfusão em crianças incluem: enchimento capilar lento, diminuição da produção de urina, letargia, afundamento da fontanela, turgor de pele diminuído; ▪ Procure sinais de anemia e desnutrição (ajuste os líquidos); ▪ Lembre-se de que as crianças nem sempre relatam trauma e podem ter ferimentos internos graves com poucos sinais externos. IDADE (Em anos) FREQUÊNCIA REPIRATÓRIA (irpm) <1 100-160 1-3 90-150 4-5 80-140 D ▪ Verifique sempre o AVPU (alert, verbal, pain, unresponsive); ▪ Hipoglicemia é comum em crianças doentes; ▪ Verifique o tom e a resposta ao estímulo; ▪ Procure letargia ou irritabilidade. E BEBÊS E CRIANÇAS TÊM DIFICULDADE DE MANTER A TEMPERATURA ▪ Remova a roupa molhada e seque a pele completamente. Coloque os bebês pele a pele quando possível; ▪ Para hipotermia, cubra a cabeça (mas verifique se a boca e o nariz estão limpos); ▪ Para hipertermia, separe os bebês bem embrulhados. Quer alavancar sua carreira na Medicina d e Emergência? Conheça a Pós em Medicina de Emergência da Sanar! O aluno da Pós-graduação em Medicina de Emergência da Sanar vai desenvolver competências teóricas e práti cas para melhorar a sua atuação numa das áreas mais complexas da medicina que exige decisões rápidas e as sertivas. O curso te habilita a atuar em serviços de Urgência e Emergência seguindo os melhores procedimentos, com ba se nos protocolos mais modernos estabelecidos no Brasil e exterior, possibilitando ainda novos caminhos na sua carreira e desenvolvimento enquanto profissional. SABER MAIS! https://pos.sanarmed.com/medicinadeemergencia/?utm_source=ebook&utm_medium=covid-na-emergencia&utm_campaign=posmed-cont https://pos.sanarmed.com/medicinadeemergencia/?utm_source=ebook&utm_medium=covid-na-emergencia&utm_campaign=posmed-cont 3. AVALIAÇÃO INICIAL E EVOLUÇÃO DO PACIENTE COM COVID-19 NA EMERGÊNCIA. 3.1. Avaliação Laboratorial. Diariamente, recomenda-se checagem dos seguintes estudos laboratoriais: • Hemograma (com foco na contagem total de linfócitos); • Painel metabólico completo; • Creatina quinase (CK); • Proteína C reativa (PCR); • Ferritina. Podem ser checados diariamente se elevados ou no ambiente de UTI: • Tempo total de protrombina, tempo parcial de protrombina, fibrinogênio; • D-dímero. Checados no momento inicial e repetidos se anormais ou com piora clínica. • Lactato desidrogenase (LDH) Repetir diariamente se elevado; • Troponina Repetir a cada dois a três dias se elevada. Além disso, é importante checar as sorologias para Hepatite B, Hepatite C e HIV. 3.2. Achados de imagens. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, a radiografia de tórax não é recomendada como primeira linha diante de suspeita de infecção pelo SARS-CoV-2, uma vez que apresenta limitada sensibilidade na detecção de achados pulmonares precoces. Entretanto, os possíveis achados na radiografia de tórax são: • Infiltrado intersticial de predomínio periférico; • Derrame pleural; • Consolidações bilaterais. Há achados característicos da tomografia computadorizada do tórax que podem ser observados na COVID-19, mas eles não conseguem diferenciá-lo de outras causas de pneumonia viral, por exemplo. São eles: • Opacidades em vidro fosco; • Consolidações focais; • Opacidades mistas; • Espessamento septal; • Alterações reticulares; • Estrias fibrótica; • Derrame pleural. Não devemos obter rotineiramente ECGs em pacientes com COVID-19. Evoluções que possam justificar um ecocardiograma incluem aumento dos níveis de troponina com comprometimento hemodinâmico ou outros achados cardiovasculares sugestivos de cardiomiopatia. 4. MANEJO INESPECÍFICO. 4.1. Prevenção de tromboembolismo venoso. A profilaxia farmacológica do tromboembolismo venoso é indicada para todos os pacientes hospitalizados com COVID-19, segundo a Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia. Normalmente, usa-se heparina de baixo peso molecular, a menos que haja contra-indicações (por exemplo, sangramento ativo, trombocitopenia grave). 4.2. Uso de AINE. A evidência acerca dos riscos de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) em pacientes com COVID-19 é incerta. Por isso, usamos o acetaminofeno (paracetamol) como agente antipirético preferido, se possível. Se os AINEs são necessários, usamos a menor dose efetiva. No entanto, não descontinuamos os AINEs em pacientes que os tomam cronicamente para outras condições, a menos que haja outras razões para interrompê-los (por exemplo, lesão renal, sangramento gastrointestinal). 5. MANEJO ESPECÍFICO. 5.1. Tratamento específico para COVID-19. Ainda não há evidência suficiente que assegure a utilização de medicação para tratamento específico da COVID-19. Por isso, Remdesivir, Hidroxocloriquina/Cloroquina e outros tratamentos com baixo nível de evidência não são indicados, a não ser seguindo protocolos locais específicos e/ou com fins de pesquisa. FARMACOTERAPIA AÇÕES NOTAS Implementar protocolos de UTI para sedação, analgesia, bloqueio neuromuscular (se necessário), profilaxia por úlcera de estresse, profilaxia de tromboembolismo, controle de glicose. Antibioticoterapia empírica ▪ Para suspeita de co-infecção bacteriana administre a cobertura empírica para pneumonia adquirida na comunidade ou associada à assistência médica Suspeita: por exemplo, leucograma elevado, cultura de escarro positivo, antígeno urinário positivo, imagem torácica atípica. Agentes em investigação ▪ Terapias específicas para COVID-19 pode ser administrada no contexto de um ensaio clínico. Evite administração de medicação sem eficácia comprovada. ▪ Até o momento, nenhuma intervenção demonstrou eficácia para o COVID-19. Glicocorticoides ▪ Glicocorticoides sistêmicos geralmente não são recomendados para a infecção por COVID-19, a menos que seja necessário para outra indicação (por exemplo, asma, DPOC). 5.2. Tratamento de suporte. TERAPIA DE SUPORTE AÇÕES NOTAS O gerenciamento é amplamente favorável à vigilância de complicações comuns, SDRA, lesão renal aguda, enzimas hepáticas elevadas e lesão cardíaca. Todas as co-infecções e comorbidades devem ser gerenciadas. Os pacientes devem ser monitorados quanto ao intervalo QRc prolongado e a interações medicamentosas. Objetivos de atendimento ▪ Recomendar discussão e envolvimento precoces da equipe de cuidados paliativos, conforme necessário. Acesso vascular ▪ Coloque o cateter venoso central; ▪ Coloque o acesso arterial se houver necessidade frequente de mensuração de gases arteriais (por exemplo, paciente ventilado com SDRA); ▪ Agrupe procedimentos para minimizar a exposição: revise a lista de verificação do procedimento antes de entrar na sala. Fluidos intravenosos e nutrição ▪ Abordagem conservadora. Use vasopressores preferencialmente em vez de grande volume (> 30 mL/kg) de ressuscitação com fluidos intravenosos; ▪ Siga o protocolo padrão da UTI para suporte nutricional. Tratamentos com nebulizadores ▪ Evite nebulizadores sempre que possível para evitar a propagação do aerossol; ▪ Use inalador dosimetrado para medicamentos inalados (incluindo pacientes em ventilação mecânica); ▪ Quando necessário para alguns pacientes com asma e exacerbação da DPOC, administre nebulizadores em uma sala de isolamento de infecções aéreas. Se os inaladores dosimetrados não estiverem disponíveis, os pacientes poderão usar seu próprio suprimento. 6. DEFININDO A SEVERIDADE DA DOENÇA. • Leve: nenhum ou sintomas leves (febre, fadiga, tosse e/ou características menos comuns do COVID-19); • Grave: taquipneia (FR>30 respiraçõespor minuto), hipóxia (saturação de oxigênio ≤93% no ar ambiente ou pressão parcial de oxigênio/fração de oxigênio inspirado [PaO2/FiO2] <300 mmHg) ou> 50% de envolvimento pulmonar em imagens dentro de 24 a 48 horas; • Crítico: insuficiência respiratória, choque ou disfunção de vários órgãos. Sintomas não complicados de doença semelhante à influenza ▪ Febre ▪ Tosse ▪ Dor de garganta ▪ Rinorreia ou congestão nasal ▪ Dor de cabeça ▪ Dor muscular ou mal-estar ▪ Doença gastrointestinal, como diarreia ou vômito, mas sem evidência de desidratação ▪ Sem falta de ar Nota: idosos e imunossuprimidos podem apresentar sintomas atípicos. Os sintomas devido a adaptações fisiológicas da gravidez e eventos adversos à gravidez, como dispneia, febre, sintomas gastrointestinais ou fadiga, podem se sobrepor aos sintomas do COVID-19. Também tratamos pacientes com certas anormalidades laboratoriais semelhantes aos pacientes com doença grave, porque essas anormalidades foram associadas à progressão da doença em alguns estudos: ANORMALIDADE POSSÍVEL LIMIAR Elevação: D-dímero >1000 ng/mL (intervalo normal: <500 ng/mL) PCR >100 mg/L (intervalo normal: <8.0 mg/L) LDH >245 unidades/L (intervalo normal: 110 a 210 units/L) Troponina 2 × o limite superior do normal (variação normal da troponina T de alta sensibilidade: mulheres de 0 a 9ng/ L; homens de 0 a 14ng /L) Ferritina >500 mcg/L (intervalo normal: mulheres 10 a 200 mcg/L; homens 30 a 300 mcg/L) CPK >2 × o limite superior do normal (intervalo normal: 40 a 150 unidades/L) Diminuição: Contagem absoluta de linfócitos <800/microL (intervalo normal para idade ≥21 anos: 1800 a 7700 / microL) Embora essas características laboratoriais estejam associadas a doença grave em pacientes com COVID-19, não foi demonstrado claramente que possuem valor prognóstico. 6.1. Manejo do paciente com doença não severa. Para a maioria dos pacientes com doença não grave sugere-se cuidados de suporte e monitorização rigorosa do agravamento clínico. 6.2. Manejo do paciente com doença severa. Pacientes com doença grave geralmente precisam de suporte de oxigenação. O oxigênio de alto fluxo e a ventilação não invasiva com pressão positiva são utilizados, mas a segurança dessas medidas é incerta e elas devem ser consideradas procedimentos geradores de aerossóis, justificando precauções específicas de isolamento. 6.2.1. Metas de oxigenação. Sinais e sintomas de complicações de Infecção Respiratória Aguda (Infecção respiratória aguda severa) ▪ Angústia respiratória: respiração rápida, falta de ar, uso acessório de músculos, cianose. Em crianças - cianose central, angústia grave, grunhidos, forte retração subcostal ou sinais de perigo de letargia, convulsões ou incapacidade de amamentar ou beber. ▪ Angústia cardiovascular: • Adulto: pressão arterial baixa (PAS <100); recarga capilar tardia (> 3 segundos <65 anos ou> 4,5 segundos em idosos); pulso rápido e fraco. • Criança: recarga capilar atrasada (> 3 segundos); pulso rápido e fraco; ou extremidades frias ou hipotensão. ▪ Angústia neurológica: alteração do estado mental, como coma, letargia, confusão, convulsões, agitação. ▪ Desidratação: em crianças - diarreia, mais dois dos seguintes sinais: letargia, olhos fundos, turgor da pele muito diminuído, incapacidade de beber ou beber mal. ▪ Febre persistente que não responde após 3 dias. Sinais de emergência ▪ Respiração obstruída ou ausente ▪ Dificuldade respiratória grave ▪ Cianose central ▪ choque ▪ Coma ▪ Convulsões A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere titular o oxigênio para uma saturação periférica de oxigênio (SpO2) de ≥90 por cento. Para a maioria dos pacientes graves, prefere-se a menor fração possível de oxigênio inspirado (FiO2) necessária para atender às metas de oxigenação, visando idealmente uma SpO2 entre 90 e 96%, se possível. No entanto, alguns pacientes podem garantir um alvo mais baixo (por exemplo, pacientes com insuficiência respiratória hipercapnia aguda concomitante por doença pulmonar obstrutiva crônica [DPOC]) e outros podem garantir um alvo mais alto (por exemplo, gravidez). 6.2.2. Oxigenação de baixo fluxo. Para pacientes com COVID-19, a oxigenação suplementar com um sistema de baixo fluxo via cânula nasal é apropriada (ou seja, até 6 L/min). Embora o grau de aerossolização de microrganismos a baixas taxas de fluxo seja desconhecido, é razoável supor que seja mínimo. Fluxos mais altos de oxigênio podem ser administrados usando uma máscara facial simples, máscara venturi ou máscara não respiratória (por exemplo, até 10 a 20 L/minuto), mas, à medida que o fluxo aumenta, o risco de dispersão também aumenta, aumentando a contaminação do ambiente circundante e funcionários. Alguns especialistas sugerem que pacientes que usam cânula nasal usem uma máscara de gotículas (por exemplo, durante o transporte para proteger a propagação para o ambiente ao redor), embora dados para apoiar isso sejam inexistentes. 6.2.3. A decisão de intubar. A maioria dos pacientes com SDRA devido à COVID-19 justifica intubação e ventilação mecânica. Atrasar a intubação até o paciente descompensar agudamente é potencialmente prejudicial ao paciente e aos profissionais de saúde e não é recomendado. Para pacientes com necessidades crescentes de oxigênio, monitoramos os parâmetros clínicos e de troca gasosa a cada uma a duas horas e temos um limiar baixo para intubar pacientes, de acordo com: • Progressão rápida ao longo de horas; • Falta de melhoria em >40 L/minuto de oxigênio de alto fluxo e uma fração de oxigênio inspirado (FiO2) > 0,6; • Hipercapnia em evolução; • Instabilidade hemodinâmica ou falha de vários órgãos. Intubação de pacientes com COVID-19 fora da sala de cirurgia: diretrizes e modificações PRINCÍPIOS CHAVE ▪ Maximize o sucesso da primeira tentativa, mantendo os pacientes e fornecedores seguros; ▪ Evitar a contaminação e a propagação do vírus. Existe um alto risco de aerossolização do vírus durante o gerenciamento das vias aéreas. SEQUÊNCIA RÁPIDA DE INTUBAÇÃO AÇÕES IMPORTANTES E MODIFICAÇÕES Preparação Use lista de verificação adaptada para pacientes com COVID-19. A colocação do equipamento e medicamentos necessários para as vias aéreas em pacotes pré-embalados pode ser útil. Analise o plano das vias aéreas como uma equipe antes de entrar na sala. Evite a intubação acordada (a tosse durante a intubação acordada aumenta a disseminação viral). Prepare todo o equipamento necessário, elabore e rotule todos os medicamentos (incluindo agente de indução, agente de bloqueio neuromuscular, vasopressor [por exemplo, infusão de noradrenalina], fluido intravenoso isotônico) antes de entrar na sala de intubação. Mantenha todo o equipamento não essencial fora da sala. Disponibilize todo o equipamento padrão das vias aéreas, mais: Máscara de válvula de saco com filtro HEPA (High Efficiency Particulate Arrestance); Vídeo-laringoscópio com tampa transparente e descartável para o dispositivo, se possível; Ventilador e tubulação com adaptadores in-line (para aspiração e broncoscopia) e filtros HEPA; Capnografia em forma de onda, se disponível; Grampo liso para tubo endotraqueal. Use a sala de pressão negativa para intubação sempre que possível. Limite da equipe de intubação na sala a 3 membros: intubador, enfermeiro, terapeuta respiratório. Se possível, um segundo intubador paramentado deve permanecer fora da sala para ajudar nas vias aéreas difíceis previstas ou conforme necessário. Antes de entrar na sala: Realize a higiene das mãos; Paramentar com técnica e supervisão adequadas; Use a máscara N95 com proteção facial ou máscara purificadora de ar; Vista luvas duplas, proteção para os olhos (óculos herméticos, se disponíveis), avental e touca; Prepare sacos marcados para descarte/remoçãoadequados de roupas e equipamentos. Evite pré-tratamento com nebulizadores. Se possível, use inalador dosimetrado. Pré-oxigenação Pré-oxigenar o paciente por 3 a 5 minutos com 100% de O2 usando taxas de fluxo baixas ou moderadas (10 a 15 L/minuto) e máscara não reinalante. Evite máscara de válvula de saco, se possível. Prefere-se 5 minutos de pré-oxigenação se as circunstâncias permitirem. Se necessário, pode pré-oxigenar com a ventilação não-invasiva modificada usando uma máscara não ventilada e bem ajustada, conectada ao ventilador de circuito fechado de membros duplos com filtro HEPA. Use uma máscara facial, se disponível (reduz a aerossolização). A máscara deve caber na tubulação padrão do ventilador. Se o paciente permanecer hipóxico (SpO2 <93%) usando a máscara não reinalante e a ventilação não-invasiva com circuito fechado não disponível, poderá usar a máscara de válvula de saco com filtro HEPA e válvula PEEP. Segure a máscara firmemente no rosto do paciente usando a técnica tenar com duas mãos, aumente a taxa de fluxo de oxigênio conforme necessário e faça com que o paciente respire passivamente. Realize ventilação assistida por bolsa sincronizada apenas se necessário. Evite métodos de oxigenação de alto fluxo, a menos que seja clinicamente necessário. Evite a cânula nasal para oxigenação. Postura ereta ou posicionamento reverso de Trendelenberg melhora a pré-oxigenação. Evite máscara de válvula de saco, se possível; use filtro HEPA se for necessário usar máscara de válvula de saco. Se for necessário máscara de válvula de saco, a técnica tenar de 2 pessoas oferece melhor vedação e reduz o risco de aerossolização/contaminação (desde que a entrada de um provedor adicional possa ser evitada). Forneça máscara de válvula de saco usando volumes baixos e taxas relativamente altas. Pré-intubação otimizada Pode administrar bolus de líquido intravenoso antes de administrar medicamentos para sequência rápida de intubação em pacientes com diminuição do volume. Evite a ressuscitação com alto volume de líquidos em pacientes com COVID-19 em risco de SDRA. Administração em bolus de vasopressores pode ser necessária para pacientes com alto risco de descompensação hemodinâmica (as opções incluem fenilefrina 100 microgramas IV ou epinefrina 10 microgramas IV). A infusão de vasopressor (por exemplo, noradrenalina) pode ser necessária para pacientes com hipotensão ou instabilidade hemodinâmica antes ou após a administração de medicamentos para sequência rápida de intubação. Paralisia com indução Use altas doses de agente de bloqueio neuromuscular: rocurônio 1,5 mg/kg IV ou succinilcolina 2 mg/kg IV. O objetivo é apneia de início rápido e eliminação da tosse. Proteção do paciente e da equipe Consulte "Preparação" acima e "Gerenciamento pós-intubação" abaixo. Posicionamento (Intubação) Use videolaringoscopia sempre que possível. Realizado por intubador experiente. Via aérea supraglótica preferida para oxigenação e ventilação de resgate, se necessário (por exemplo, dificuldade de intubação). Garanta que o tubo endotraqueal seja inserido de 19 a 22 cm (medido nos dentes). Isso pode reduzir a necessidade de confirmação por radiografia de tórax. Pós intubação Infle o manguito imediatamente após a colocação do tubo endotraqueal e antes de iniciar a ventilação de pressão positiva. Confirme o posicionamento do tubo endotraqueal. Se for utilizado um colorímetro ou outro detector removível de EtCO2, prenda o tubo endotraqueal antes de remover o dispositivo. Após confirmar a colocação do tubo endotraqueal, prenda-o, conecte o tubo do ventilador e remova o grampo. O filtro HEPA entre o tubo endotraqueal e o ventilador deve estar no lugar. Iniciar ventilação mecânica. Proteja o tubo endotraqueal. É provável que sejam necessárias configurações de ventilação adequadas para pacientes com SDRA. Pacotes de procedimentos podem reduzir a exposição. Pode optar por realizar a intubação e a colocação do cateter venoso central juntos e, em seguida, obter radiografia de tórax portátil para avaliar ambos. Limite as desconexões do ventilador. Quando a desconexão for necessária, prenda o tubo endotraqueal primeiro e desconecte na expiração final. Idealmente, use tubo endotraqueal e ventilador com adaptadores in-line para aspiração e broncoscopia. Garanta sedação adequada para o cuidado e segurança do paciente e para evitar a extubação ou desconexão acidental da tubulação. Embale, transporte e limpe todo o equipamento, conforme necessário. Use o descarte adequado de EPI, supervisionado pelo técnico ou outro membro da equipe, incluindo a higiene das mãos. VENTILAÇÃO MECÂNICA AÇÕES CONFIGURAÇÕES DO VENTILADOR Forneça ventilação com baixo volume corrente: ▪ CA com alvo de TV de 6 mL / kg PBW (intervalo de 4 a 8 mL/kg PBW) ▪ RR 25 a 30 para iniciar; meta 10 a 15 respirações / minuto ▪ PEEP / FiO2: PEEP 10 a 15 cm H2O para iniciar ▪ Titule o oxigênio para atingir a PaO2 55 a 80 / SpO2 90 a 96 na maioria dos pacientes ▪ Pressão de platô <30 cm H2O ▪ pH da meta> 7,15 7. COMPLICAÇÕES. 7.1. Parada cardiorrespiratória. No caso de uma parada cardíaca, a ressuscitação cardiopulmonar (RCP) deve prosseguir com todos os membros da equipe usando EPI apropriado. A ventilação com máscara de bolsa deve ser evitada (se possível) e o ventilador pode ser usado para fornecer uma frequência respiratória de 10ipm. 7.2. Manejo do choque séptico em COVID-19, segundo Ministério da Saúde. 8. REFERÊNCIAS. WHO. Clinical management of severe acute respiratory infection when COVID-19 is suspected; Centers for Disease Control and Prevention. Interim guidance for persons who may have 2019 Novel Coronaviru s (2019-nCoV) to prevent spread in homes and residential communities; ACR Recommendations for the use of Chest Radiography and Computed Tomography (CT) for Suspected COVI D-19 Infection; Munoz-Price LS, Bowdle A, Johnston BL, et al. Infection prevention in the operating room anesthesia work area. I nfect Control Hosp Epidemiol 2018; :1; Wax RS, Christian MD. Practical recommendations for critical care and anesthesiology teams caring for novel cor onavirus (2019-nCoV) patients. Can J Anaesth 2020; Cook TM, El-Boghdadly K, McGuire B, et al. Consensus guidelines for managing the airway in patients with COVI D-19: Guidelines from the Difficult Airway Society, the Association of Anaesthetists the Intensive Care Society, th e Faculty of Intensive Care Medicine and the Royal College of Anaesthetists. Anaesthesia 2020; FACTT Algorithm: Composite Protocol-Version 2. http://www.ardsnet.org/files/factt_algorithm_v2.pdf; Barrot L, Asfar P, Mauny F, et al. Liberal or Conservative Oxygen Therapy for Acute Respiratory Distress Syndro me. N Engl J Med 2020; 382:999; Wang D, Hu B, Hu C, et al. Clinical Characteristics of 138 Hospitalized Patients With 2019 Novel Coronavirus-Inf ected Pneumonia in Wuhan, China. JAMA 2020; Wu C, Chen X, Cai Y, et al. Risk Factors Associated With Acute Respiratory Distress Syndrome and Death in Pat ients With Coronavirus Disease 2019 Pneumonia in Wuhan, China. JAMA Intern Med 2020; Updated: WHO Now Doesn't Recommend Avoiding Ibuprofen For COVID-19 Symptoms. Science Alert 2020. http s://www.sciencealert.com/who-recommends-to-avoid-taking-ibuprofen-for-covid-19-symptoms (Accessed on Mar ch 19, 2020); Russell CD, Millar JE, Baillie JK. Clinical evidence does not support corticosteroid treatment for 2019-nCoV lung i njury. Lancet 2020; 395:473; Ministério da Saúde. IDENTIFICAR CHOQUE SÉPTICO QUANDO HOUVER NECESSIDADE DE VASOPRESSORES PARA MANTER PAM ≥65 MMHG E O LACTATO É ≥ 2 MMOL/L, NA AUSÊNCIA DE HIPOVOLEMIA. NA RESSUSCITAÇÃO DO CHOQUE SÉPTICO EM ADULTOS, ADMINISTRE PELO MENOS 30 ML/KG DE CRISTALOIDE ISOTÔNICO EM ADULTOS NAS PRIMEIRAS 3 HORAS. NA RESSUSCITAÇÃO DO CHOQUE SÉPTICO EM CRIANÇAS EM LOCAIS COM BONSRECURSOS, ADMINISTRE 20 ML/KG EM BOLUS RÁPIDO E ATÉ 40-60 ML/KG NA PRIMEIRA 1 HORA. NÃO USE SOLUÇÕES HIPOTÔNICAS OU BASEADAS EM AMIDOS PARA RESSUSCITAÇÃO. ADMINISTRE VASOPRESSORES QUANDO O CHOQUE PERSISTIR DURANTE OU APÓS A RESSUSCITAÇÃO HÍDRICA SE O CATETER VENOSO CENTRAL NÃO FOR DISPONÍVEL, ADMINISTRE VASOPRESSORES EM VEIA PERIFÉRICA OU CATETER INTRAÓSSEO, E MANTENHA VIGILÂNCIA CONSIDERE ADMINISTRAR HIDROCORTISONA INTRAVENOSA (ATÉ 200MG/DIA) OU PREDNISOLONA (ATÉ 75MG/DIA) EM PACIENTES COM CHOQUE PERSISTENTE QUE NECESSITEM DE DOSES CRESCENTES DE VASOPRESSORES - USO DE CORTICOTERAPIA COM CAUTELA Quer alavancar sua carreira na Medicina d e Emergência? Conheça a Pós em Medicina de Emergência da Sanar! O aluno da Pós-graduação em Medicina de Emergência da Sanar vai desenvolver competências teóricas e práti cas para melhorar a sua atuação numa das áreas mais complexas da medicina que exige decisões rápidas e as sertivas. 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