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Leishmaniose: Classificação do hospedeiro invertebrado: A transmissão da doença é vetorial e depende de um mosquito (hospedeiro invertebrado); • O insto é hematófago; • As fêmeas que transmitem a doença (machos não se alimentam de sangue e a transmissão é por meio da picada do mosquito); • Eles possuem aparelho bucal curto; • A reprodução do inseto é em meio a matéria orgânica (local onde há saneamento básico ineficiente, onde possui lixo a céu aberto...) Aspectos epidemiológicos: • É uma importante zoonose, tendo em torno 700.000 a 1.000.000 de casos por ano; • Os números de casos de leishmaniose visceral americana vem diminuindo com o controle epidemiológico, tratamentos; • O mecanismo de transmissão varia, sendo pelo vetor, por meio do hematofagismo, e por meio de transfusões sanguíneas e compartilhamento de agulhas (sem ser pelo vetor). Formas de vida do Leishmania ssp: Amastigota (internamente nos macrófagos ou em outras células fagocíticas); • Aflagelada, ovóide/esférica; • Presente no hospedeiro vertebrado, dentro das células de defesa que realizam fagocitose em tecidos diversos; • Sua reprodução é por divisão binária; • Os macrófagos quando circulados na corrente sanguínea contendo a forma amastigota, podem ser ingeridos durante a picada do mosquito e no organismo do mosquito, tem a formação da forma amastigota, para a forma pró-mastigota. Pró-mastigota metacíclica: • Forma flagelada, alongada e infectante; • Desenvolve-se no aparelho digestivo do mosquito. Ciclo biológico: É um ciclo heteroxênico, ou seja, depende do hospedeiro invertebrado para ocorrer a transmissão. Ocorre a inoculação pelo mosquito, na forma amastigota e no organismo do mosquito ela passa para pró-mastigota, e são liberadas no sangue dessa forma! É nessa forma pró-mastigota que os macrófagos do organismo humano fagocitam o protozoário, e dentro dos macrófagos os pró-mastigotos passam para amastigotos e realizam multiplicação por divisão binária celular! Com isso, a célula se rompe e serão infectados novos outros macrófagos e outros tecidos para os quais os macrófagos serão direcionados. Uma vez que o indivíduo está infectado, e ocorre o processo de liberação de amastigotos novamente, o mosquito picará o indivíduo contaminado e reiniciará esse ciclo biológico. Leishmaniose: Faculdade Ciências Médicas MG // PARASITOLOGIA Luísa Trindade Vieira (@medstudydalu) - 72D Formas clínicas: São 3 tipos de leishmaniose americana tegumentar (LTA), sendo elas: Cutânea, mucocutânea e difusa. Essas formas clínicas dependem: • Espécie do parasito; • Resposta imune do hospedeiro; • Muitas vezes a resposta é tão exarcebada, que a própria resposta imune do indivíduo é capaz de piorar o quadro do paciente (leishmaniose mucosa); • Por outro lado, quando indivíduos realizam tratamentos com imunossupressores, o indivíduo já possui uma pré-disposição a apresentar sintomas mais graves e difusos da leishmanioses. Cutânea: • Úlceras únicas ou múltiplas (inoculações e/ou disseminação hematogênica); • Comprometimento da derme, ulceração da epiderme; • Grande quantidade de parasito nas bordas das lesões, nas fases iniciais (fase importante para o diagnóstico, pois ao se fazer a raspagem da lesão, pode-se encontrar o protozoário); • As lesões se fecham/curam após o tratamento, mas restam cicatrizes. Quando o mosquito realiza a inoculação, ela demora para passar pela cicatrização, o que faz com que possamos inferir que essa lesão que não se cicatriza é de leishmaniose! **Deve ser realizado o exame para comprovar o diagnótico! Cutaneomucosa: • É um tipo de leishmaniose mais grave, que impacta de forma importante as mucosas e as cartilagens; • As feridas estão presentes, principalmente, nas cavidades nasais, faringe, boca e laringe; • É uma lesão que leva a formação de estruturas bem alargadas (nariz de taipir ou anta), que fica bem dilatado e com as lesões na região da mucosa nasal e oral; • São lesões de característica mais crônica, ao se comparar com as lesões ulceradas da forma cutânea. Cutânea difusa: • São observadas a disseminação das lesões (erupções nodulares, elas tem uma certa formação da cutânea, porém são lesões menores, e que se disseminam pelo organismo); • Possui disseminação linfática ou por migração de macrófagos parasitados (metástase); • Deficiência imunológica predispõe + essa forma cutânea; • O curso desse tipo de leishmaniose é crônico, e pouco responsivo a tratamentos; • A principal forma relacionada a esse quadro é a Leishmania mazonenses. Resposta imune - LTA: • Cutânea/cutânea mucosa: O macrófago parasitado tem a capacidade de produzir dentro de seus fagossomos a formação de uma resposta que se assemelha a resposta de espécies reativas de oxigênio, que são importantes para a degradação do parasito (mastigoto), o que diminui a replicação desse protozoário. **A resposta imune é bem forte, que consegue até de uma forma espontânea, em determinados casos é necessário o tratamento, mas na maioria dos casos o organismo mesmo consegue controlar o parasito sozinho; • É válido destacar, que a resposta imune na cutânea mucosa, pode ser exacerbada, levando a formação de lesões preocupantes e importantes no quadro do paciente; • Cutânea difusa: Podemos perceber que nesse tipo de leishmaniose, ocorre uma menor produção de substâncias pró-inflamatórias, o que leva a uma menor produção de espécies reativas de O2, e o aumento da replicação dos protozoários nos vacúolos. Leishmaniose visceral americana (calazar): Na descrição histórica da doença, foi identificado um soldado britânico com 7 meses de sitomatologia, que apresentava disenteria, febre, esplenomegalia e caquexia! Além disso os macrófagos estavam parasitados com um protozoário desconhecido! A principal forma no Brasil é a L. Infantum chagasi, sendo que possui algumas formas de vida: Amastigota: • Células do sistema mononuclear fagocitário (SMF), variando de acordo com o hospediro; • Nos seres humanos infectados nós conseguimos encontrar órgãos que são bastante parasitados pelo amastigoto: Órgãos linfóides como o baço (podemos encontrar como resposta do órgão um espessamento da cápsula, compressão dos folículos linfóides e congestão esplênica), fígado (Hipertrofia das células de kupffer, compressão dos espaços- porta, fibrose e hipertensão portal e ascite), medula óssea (substituição do tecido hematopoiético por macrófagos parasitados, bloqueios da maturação granulocítica, diminui a formação de leucócitos e ocorre a inibição da plaquetogênese) e linfonodos (grande quantidade de macrófagos parasitados, com hiperplasia histiocitária e problemas circulatórios e pequenas ulcerações); • No soro dos pacientes observa-se um aumento das globulinas e a redução de albuminas (o que está relacionado aos problemas hepáticos, por ele ser um dos grandes produtores de albumina). A redução dessa albumina, ocasiona edemas, por osmose. Promastigotas/paramastigotas: • Estão presentes apenas no trato digestivo do vetor. Formas clínicas: Ela pode ser assintomática, mas a forma sintomática está mais presente, a partir de 2 a 4 meses de incubação. Possuem vários sinais e sintomas, mas os principais são: • Febre alta; • Anorexia; • Palidez de mucosas; • Hepatoesplenomegalia discreta. **É importante lembrar, que pacientes que vieram de região endêmica, com febre alta/febre irregular, já é um paciente que possui um sintoma importante e que deve- se investigar a presença da doença! Forma sintomática crônica (Calazar clássico): • Febre irregular dentro da história natural da doença, ele apresenta alterações da temperatura corporal; • Hepatomegalia acentiuada, por um parasitismo importante de fígado e baço (órgão importante para a hemocaterese e para o bom funcionamento do sistema imune); • Anorexia e apatia; • Astenia (fraqueza); • Alteração hepáticacom aumento da pressão portal, levando a um quadro de ascite; • Anemia, hemorragias, complicações pulmonares, albuminúria e hematúria, caquexia e morte quando se tem a falência de múltiplos órgãos. Patogênese: **Esse parasito possui algumas características para escapar do sistema imune, sendo elas: Diagnóstico: Leishmaniose tegumentar: Clínico: Baseado nas características das lesões que aparecem e na anamnese (dados epidemiológicos do paciente); Laboratórial: • Parasitológico; • Exame direto de esfregaços corados (com raspado); • Exame histopatológico; • Cultura; • Inoculação em animais; • Pesquisa do DNA do parasito, por técnicas moleculares, como a de PCR; • São utilizados também testes de imunofluorecência indireta, mas eles não são muito específicos e pode fazer uma confusão com doença de chagas! Leishmaniose visceral: Clínico: É feito pela anamnese (recolhe dados epidemiológicos do paciente) e por meio dos sinais e sintomas, principalmente, os viscerais! **BH é uma região endêmica para leishmaniose visceral, então um paciente com os sintomas citados no momento da explicação da doença que é de BH, deve-se ficar atento, porque esse pode ser um possível diagnóstico. Laboratorial: • Parasitológico; • Punção de medula óssea; • Esfregaços corados; • Semeadura em meios de cultura; • Inoculação de hamster; • Pesquisa moleculares pelo DNA do parasito, através de PCR; Imunológico: • Elisa (IgG e IgM); • Reação de Imunofluorescência indireta; • Teste rápido anticorpo Anti-Leishmania dovani; • Intradermorreações de montenegro (positiva-se após o tratamento, por já ter ocorrido a resposta imune no organismo)! Tratamento: Em ambas as doenças ele é realizado por ANTIMONIAIS PENTAVALENTES, que atuam interferindo com a bioenergética das formas amastigotas (reduzem o ATP e GTP): • Glucantime: É uma droga muito eficaz, de uso hospitalar (intra-muscular ou intra-venoso), mas pode gerar diversos efeitos colaterais, por isso, em idosos e pacientes que carregam algum histórico de problema cardíaco, deve-se acompanhar de perto o tratamento, ou optar pelo uso de outras drogas! O tratamento dura aproximadamente 20 dias (20 aplicações do remédio) e em caso de lesões de mucosa, o tempo de tratamento aumenta! • Anfotericina B lipossomal é uma droga muito boa, que tem uma especificidade de atuar em locais onde possui maior quantidade de parasitos em macrófagos! MAS, É UMA DROGA CARA, E QUE MUITAS VEZES NÃO É DISPONIBILIZADA PELO SUS! Ela é utilizada muitas vezes quando o organismo tem resistência ao Glucantine; • Pentaminidina-L: É mais eficaz para leishmania guyanensis; • Além disso, possui tratamento por imunoterapia, através da vacina Leishvacin (produzida em MG), que é uma estratégia de tratamento muito interessante, mas ainda não é muito utilizada atualmente (não houve um grande interessa, por ter uma efetividade muito grande pelas outras drogas). Profilaxia: LTA: Proteção individual, construção de casas a mais de 500 metros da mata, combater o vetor e a possibilidade de vacinas que estão em desenvolvimento! LVA: • Diagnóstico precoce e tratamento dos doentes; • Combate ao vetor no peridomicílio; • Limpeza do peridomicílio (diminuir a quantidade de lixo próximo a céu aberto); • Eliminação dos cães parasitados/tratamentos novos já existentes (o ministério da agricultura não indica o tratamento de animais, uma vez que é difícil garantir a efetividade do tratamento!
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