Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Priscila Behrens 2021.1 Amenorreia . A menstruação é um importante marcador biológico na vida da mulher, mesmo nem sempre sendo o marcador da puberdade, a menstruação marca devido a transição da infância para vida adulta. . É resultante de uma perfeita integração de funções entre o eixo SNC-hipotálamo- hipófise-ovariano e o útero. Quando presente, serve para indicar à mulher “que ela não se encontra grávida”. . Amenorreia é a ausência ou cessação anormal da menstruação de forma temporária ou definitiva durante o período reprodutivo. . Períodos de Amenorreia Fisiológica: Infância, pós menopausa, gestação, puerpério. Classificação (FEBRASGO): • Primária: Ausência de menarca aos 14 anos em pacientes sem caracteres sexuais secundários ou aos 16 anos em pacientes com desenvolvimento normal dos caracteres sexuais secundários. • Secundária: Ausência de menstruação por 3 ciclos consecutivos, após apresentar períodos pregressos de fluxos menstruais normais ou ausência de menstruação por 6 meses em mulheres com ciclos irregulares. Amenorreia Primária: Definição: • Ausência de menarca até os 15 ou 16 anos de idade, na presença de crescimento e desenvolvimento de caracteres sexuais secundários adequados; • Ausência de menarca aos 13 anos em meninas sem desenvolvimento de caracteres sexuais secundários; Etiologias mais comuns: Priscila Behrens 2021.1 Amenorreia Secundária: Definição: • Quando a menarca já ocorreu, a ausência de menstruação é denominada amenorreia secundária e deve ser investigada quando a menstruação não ocorre por 3 meses ou quando ocorrerem menos de nove menstruações em um ano. Etiologias mais comuns: Priscila Behrens 2021.1 Amenorreia Uterovaginal: Para que a menstruação ocorra, o estrogênio age no endométrio, na fase proliferativa e, a progesterona vai fazer parte da fase secretora, eliminando secreções pelo trato de saída pérvio. Etiologias mais comuns: • Malformações uterinas e/ou vaginais; o Septos vaginais transversos; • Malformações do trajeto (agenesia ou obstruções): o Hímen imperfurado – causa dor pélvica e pode ser encontrado hematométrio; o Agenesia útero-vaginal; o Sinequia pós curetagem *Síndrome de Asherman • Falha da resposta endometrial – atrofiamento: o Insensibilidade androgênica. Ausência da formação do ducto de Muller, resultando em ausência do útero e do terço superior da vagina. Achado de dor cíclica na paciente que não menstrua. Priscila Behrens 2021.1 Criptomenorréia: Definição: Não exteriorização do fluxo menstrual por causas obstrutivas Quadro Clínico: Amenorréia associada a dor pélvica cíclica Diagnóstico: Clínico (visualização direta da má formação, Hematocolpo, Hematométrio, Hematoperitônico) **Favorece à endometriose já que ocorre o acúmulo de sangue na vagina e no útero e esse sangue vai refluir nas trompas. Causas: Hímen imperfurado; Septo Vaginal; Agenesia de vagina; Agenesia cervical. Agenesia útero-vaginal ** Síndrome de Rokitansky Etiopatogenia: • Anomalia congênita relacionada ao desenvolvimento e fusão dos ductos de Muller; • Cariótipo Feminino (46, XX) e ovários normais. Quadro Clínico: Amenorréia primária + Diferenciação morfológica normal (vagina cega) Exames e seus achados: • USG Pélvica: Ovários normais + útero e vagina ausentes; • FSH e LH normais (já que existe ovário); • Presença de hormônio mulleriano; • USG de vias urinárias: pode apresentar malformações associadas. Tratamento: Confecção de neovagina. Agenesia útero-vaginal ** Síndrome de Morris Etiopatogenia: • Pseudo-hermafroditismo masculino – Cariótipo (46, XY); • Distúrbio genético – incapacidade de os tecidos responderem a testosterona (diidrostestorerona). Priscila Behrens 2021.1 Quadro Clínico: • Fenótipo feminino, mas com ausência de pelos pubianos; • Genitália externa normal (vagina cega), mas com ausência de útero e vagina superior porque o hormônio antimulleriano é presente nos homens e provoca a agenesia; • Há testículos por conta do cromossomo Y – encontram-se na região inguinal ou na região labial, mas não ocorre a espermatogênese; • Níveis de testosterona compatíveis com o sexo masculino. Diagnóstico: Clínico (ao exame físico, abaulamento da fossa ílica) e laboratorial. Tratamento: Gonadectomia + Reposição hormonal de estrogênio e progesterona. Agenesia útero-vaginal ** Síndrome de Asherman Etiopatogenia: Cicatriz adquirida pelo endométrio após submissão a algum procedimento. A cicatrização uterina é formada por sinequias. Quadro Clínico: História prévia de DIP, de infecção endometrial, de submissão a algum procedimento, como curetagem. Diagnóstico: • Histeroscopia (padrão-ouro); • Histerosalpingografia; • Teste de estrógeno-progesterona negativo. Amenorreia Gonadal: Etiologias: • Síndrome de Turner (45, X) – paciente não possui o outro cromossomo feminino; • Disgenesias gonadais; • Insuficiência ovariana precoce – menopausa precoce; • Anovulação crônica – Síndrome de ovários policísticos; • Ooforite autoimune; • Quimioterapia/ Radioterapia; etc. Priscila Behrens 2021.1 Quadro Clínico: Hipogonadismo hipergonadotrófico – a produção ovariana de estrogênio é ausente ou insuficiente, mas a produção hipofisária é adequada e começa a liberar FSH e LH para ter uma resposta das gonadotrofinas. Diagnóstico: Laboratorial – FSH e LH elevados (feedback negativo) Disgenesia Gonadal . É a causa mais comum de amenorréia primária, é definida como ausência de células germinativas ou as próprias gônadas; Etiopatogenias: • 45, X Síndrome de Tuner Clássica (referente a 50% dos casos); • 46, XXq ou 46, XXp **defeito ou deleção do segundo cromossomo X. Diagnóstico: Biópsia das gôndolas. Disgenesia Gonadal ** Síndrome de Turner Quadro Clínico: • Paciente com ovário em fita (existe resquícios de um ovário); • Genitália externa, vagina, útero e trompas normais – paciente terá o desenvolvimento puberal normal, mas não vai menstruar; • Baixa estatura, infantilismo sexual e presença de estigmas (amenorréia primária, hipertelorismo mamário, implantação baixa das orelhas e dos cabelos, cúbito e geno valgo) Quando investigar? Paciente com ausência de caracteres sexuais e FSH elevado, é necessário fazer o cariótipo. Diagnóstico: • Dosagem hormonal; • Cariótipo; • Diferencial: o USG pélvica; o Rx de Punhos para avaliar a idade óssea da paciente. Tratamento: Reposição hormonal de hormônios estrogênicos. Priscila Behrens 2021.1 Falência Ovariana Precoce (<40 anos) . Existe uma deficiência estrogênica que causa a atrofia endometrial resultando em amenorreia. Etiologias (adquirida ou idiopática): • Primária (menopausa precoce); • Autoimune; • Tumores e Cirurgias; • Quimioterapia (ex. Ciclofosfamida); • Radioterapia Pélvica; • Resistência Ovariana à Gonadotrofinas (Síndrome de Savage) Diagnóstico: Laboratorial (FSH > 35) Quando investigar? Paciente com menos de 30 anos devem ser investigadas com cariótipo para descartar translocações cromossômicas. Tratamento: Reposição hormonal com avaliação do risco de osteoporose (paciente com menopausa precoce tem uma perda de massa óssea mais acentuada). ** Em adolescentes, o objetivo é estimular o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários com baixas doses de estrogênio, evitando progesterona até o desenvolvimento completo das mamas. Anovulação Crônica -- SOP . É a irregularidade menstrual com oligomenorreia ou amenorreia. Fisiopatologia: • Distúrbio do eixo hipotálamo-hipofisário – é uma síndrome metabólica; • Estímulo ovariano inadequado (não há hipogonadismo – produção estrogênica normal); • Anovulação (não proliferação endometrial, comprometendo a regularidade do sangramento) • A relaçãoentre LH/FSH será sempre maior do que 2 ou 3. Diagnóstico: Possuir pelo menos 2 critérios de Rotterdam 1. Amenorreia/ Oligomenorreia; Priscila Behrens 2021.1 2. Hiperandrogenismo (acne/hirsutismo); 3. Ovários policísticos ao USG (ovário acima de 12cm³ ou em formato de cacho de uvas na periferia do ovário). hipogonadismo hipergonadotrófico hipogonadismo hipogonadotrófico Priscila Behrens 2021.1 Amenorreia Hipofisária: . Corresponde a minoria das amenorreias secundárias. Causas: • Tumores (adenomas hipofisários, meningiomas, metástases) • Doenças Degenerativas ou Inflamatórias; • Síndrome de Sheehan; • Síndrome de Simmonds; • Síndrome da Sela Vazia. Tumores . O Adenoma hipofisário é a causa tumoral mais comum para amenorreia; . 50% dos adenomas são Prolactinomas; . Aproximadamente 10-40% das mulheres com Hiperprolactinemia apresentam amenorreia. . O efeito da prolactina é sobre a pulsatilidade de GnRH e, consequentemente, ocorre a supressão das gonadotrofinas e diminuição dos níveis de estrogênio. Tratamento: Na ausência de outra condição orgânica, os agonistas da dopamina (cabergolina; bromoergocriptina) são o tratamento de escolha da hiperprolactinemia, com ou sem tumor. ** Síndrome de Sheehan . Necrose hipofisária secundária à isquemia local. Causa: Hemorragia no parto ou pós-parto. Quadro Clínico: Pan-hipopituitarismo. A Síndrome de Sheehan pode acontecer quando a paciente evolui com hemorragia pós-parto de grave intensidade, ocorrendo a necrose imediata da hipófise, causando a amenorreia. Priscila Behrens 2021.1 ** Síndrome de Simmonds . Possui a mesma etiologia da Síndrome de Sheehan, mas sem associação ao parto. Causas: Traumas e Lesões vasculares. Quadro Clínico: Pan-hipopituitarismo (queda de todos os hormônios produzidos pela hipófise). Amenorreia Hipotalâmicas: . A secreção pulsátil do GnRH é modulada por interações com neurotransmissores e esteroides; . A supressão do GnRH pode acontecer por fatores psíquicos, neurogênicos ou iatrogênicos (uso de drogas) Causas: • Funcionais: desordens alimentares, excesso de exercícios físicos, estresse psicogênico, pseudociese (gravidez psicológica); • Deficiência isolada de gonadotrofinas – Síndrome de Kallmann; • Tumores; • Iatrogênicas. Amenorreia Hipotalâmica Funcional . 2ª causa de amenorreia secundária; . Diagnóstico de exclusão; . Diminuição da secreção de GnRH hipotalâmico; Fatores de risco: Anorexia, Exercício físico extremo, Estresse emocional, Perda ponderal, Deficiência de nutrientes. Priscila Behrens 2021.1 Retardo Constitucional da Puberdade e do Crescimento . Causa mais comum de atraso puberal; . História familiar de atraso puberal, sem existência doença envolvida; . Ocorre pela imaturidade fisiológica na reativação do pulso gerador de LHRH; . Níveis de esteroides diminuídos. ** Síndrome de Kallmann . Deficiência isolada de formação do GnRH – ausência de pulsos de LH e FSH e consequente ausência de estímulo ovariano (hipogonadismo hipogonadotrófico); . Falha na migração dos neurônios neurosecretores de GnRH através da placa olfatória para placa basal do hipotálamo; . Se manifesta com anosmia ou hiposmia devido a agenesia ou hipoplasia do bulbo olfatório. Anamnese + Exame Físico: alguns elementos essenciais na história clínica da paciente precisam necessariamente ser abordados e constituem parte fundamental da propedêutica clínica. • Processo puberal; • Lactação/ Gravidez; • Sintomas climatéricos; • Estado nutricional; • Doenças crônicas; • Uso de drogas; • Procedimentos cirúrgicos ou irradiação pélvica. INVESTIGAÇÃO AMENORREIA Priscila Behrens 2021.1 Quem investigar: • Adolescentes que não tiveram menarca até os 15/16 anos; • Adolescentes que não tiveram menarca após 3 anos do surgimento da telarca; • Adolescentes que não tiveram menarca até os 13 anos e não apresentam desenvolvimento de caracteres sexuais secundários; • Adolescentes que não tiveram menarca até os 14 anos e: o Há suspeita de desordem alimentar ou excesso de atividade física; o Há sinais de hirsutismo; o Há suspeita de obstrução genital. Aspectos mais importantes a serem avaliados: • Presença ou ausência de caracteres sexuais secundários, principalmente o desenvolvimento de mamas (telarca), presença uterina e níveis de gonadotrofinas. o Ausência de telarca: Conclui-se que a paciente não tem ação estrogênica ovariana, e faz-se diagnóstico diferencial entre atraso funcional do desenvolvimento (FSH normal ou baixo) e disgenesia gonadal (FSH elevado); o Presença de telarca: Existe ação estrogênica ovariana; o próximo passo é avaliar se existe útero e vagina: ▪ Presença de útero e vagina: Má formação do trato útero vaginal, como ausência de colo, septo transverso de vagina ou hímen imperfurado – Nesses casos haverá hematométrio com ou sem hematocolpo. ▪ Ausência de útero e vagina, ou vagina curta: Prováveis diagnósticos: Agenesia Mulleriana e Insensibilidade Androgênica. **Solicita o cariótipo: Se normal: Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser Se 46, XY: Síndrome de Morris INVESTIGAÇÃO AMENORREIA PRIMÁRIA Priscila Behrens 2021.1 Diagnóstico diferencial: • Dosar Prolactina, TSH e FSH, ßHCG. Se normais: o Realizar Teste da Progesterona (administração de Acetato de Medroxiprogesterona 10mg por 5 dias). Se a paciente sangrar, quer dizer que o estrogênio causou a proliferação endometrial e que o trajeto de saída está pérvio. Se não sangrar: ▪ Realizar Teste do Estrogênio + Progesterona (administração de Estradiol 2mg por 21 dias ou Estrogênios conjugados 1,25mg). Se a paciente sangrar, exclui-se causas uterovaginais. INVESTIGAÇÃO AMENORREIA SECUNDÁRIA
Compartilhar