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Amenorreia A amenorreia, definida como a ausência de menstruação no período da menacme, é classicamente dividida em dois tipos: - Amenorreia primária - Amenorreia secundária AMENORREIA PRIMÁRIA É a não ocorrência de menarca até aos 16 anos de idade, com presença de caracteres sexuais secundários, ou não ocorrência de menarca até os 14 anos de idade em meninas sem desenvolvimento de caracteres sexuais secundários. ALTERAÇÕES FÍSICAS NA PUBERDADE: A sequência de eventos da puberdade usualmente segue o padrão: crescimento acelerado, telarca, pubarca e menarca, cobrindo um período em média de 4,5 anos (1,5- 6 anos). Em 20% das meninas, a pubarca antecede a telarca. Nas meninas, o primeiro sinal visível de maturação sexual é o surgimento do broto mamário, geralmente ao redor dos 10 a 11 anos de idade. O desenvolvimento mamário completo leva de três a quatro anos, finalizando-se geralmente aos 14 anos. PUBERDADE NORMAL: - Aceleração da velocidade de crescimento antecede a telarca. - Telarca: ação de estrogênios de origem ovariana. - Pubarca: ação de androgênios de origem adrenal. - Menarca: marcador tardio da puberdade feminina. AMENORREIA SECUNDÁRIA É a ausência de menstruação por 6 meses por um período equivalente a três ciclos habituais, em uma mulher que previamente menstruava. Períodos menores de ausência de menstruação são referidos comumente como atraso menstrual. FLUXO MENSTRUAL Para que ocorra o fluxo menstrual, é necessário integridade anatômica e fisiológica do sistema reprodutor feminino, dividido didaticamente em quatro “compartimentos”: 1. Hipotálamo e o SNC 2. Adeno-hipófise: GnrH → FSH, LH: atua no ovário 3. Ovário: secreta estrogênio e progesterona 4. Vagina e útero: devem ser patentes e endométrio responsivo. A amenorreia pode ser: Fisiológica Patológica Gestação Lactação/amamentação Menopausa Causas anatômicas Anomalias genéticas Causas ovarianas Causas hipofisárias Causas hipotalâmicas funcionais ou orgânicas Outras causas Causas anatômicas Causas genéticas Causas ovarianas Causas hipofisárias Hímen imperfurado Malformação uterina Sinéquias uterinas Lesão por infecção do endométrio Lesão do endométrio ou ovário por irradiação Síndrome de Turner Deficiência enzimática por herança autossômica recessiva Hermafroditismo verdadeiro Pseudo-hermafroditismo Falência ovariana precoce Síndrome dos ovários policísticos Tumor ovariano da granulosa Síndrome dos ovários resistentes Tumores de hipófise Hiperprolactinemia de causa não tumoral Síndrome de Sheehan Síndrome da sela vazia Causas hipotalâmicas funcionais Causas hipotalâmicas orgânicas Outras causas Estresse Perda de peso/dieta Psicogênica Exercício físico excessivo Tumores (craniofaringioma, metástases) Infecções (sífilis, encefalite, tuberculose, sarcoidose) Doenças crônicas debilitantes Iatrogenia (cirurgia, irradiação) Obesidade Síndrome de Cushing Doenças da tireóide DM descompensado Desnutrição INVESTIGAÇÃO DAS AMENORREIAS PRIMÁRIAS Em geral, a amenorreia primária resulta de alguma anormalidade genética ou anatômica. Entretanto, todas as causas de amenorreia secundária podem apresentar-se como amenorreia primária. As causas mais comuns de amenorreia primária são disgenesia gonadal (50%), hipogonadismo de causa hipotalâmica (20%), ausência de útero, colo uterino ou vagina (15%), septo vaginal ou hímen imperfurado (5%) e doença hipofisária (5%). Os aspectos mais importantes a serem avaliados nas amenorreias primárias são: - A presença ou ausência de caracteres sexuais secundários (especialmente a presença de mamas desenvolvidas), - A presença ou a ausência de útero - Os níveis de FSH Se não há desenvolvimento mamária (ausência de telarca), as etiologias mais prováveis são atraso funcional do desenvolvimento puberal (FSH baixo ou normal) e disgenesia gonadal (FSH elevado) → anomalias da diferenciação sexual, do útero e da vagina; Se há desenvolvimento mamário, há sinal de ação estrogênica e, portanto, de funcionamento ovariano. Nesses Casos quando o útero é ausente, os diagnósticos mais prováveis são agenesia mülleriana e insensibilidade androgênica; Se não há desenvolvimento mamário e o útero é presente, as etiologias devem ser as mesmas das amenorreias secundárias, apenas ocorrendo antes que a adolescente tenha a sua menarca. Ao avaliar a paciente com amenorreia primária e telarca presente → descartar gestação Afastar a criptomenorreia: ausência de fluxo menstrual devido a bloqueio da saída da menstruação (hímen imperfurado ou septo vaginal (hematocolpo) → tratamento é cirúrgico. O segundo passo é verificar a normalidade do restante da anatomia – paciente apresenta útero e vagina, e se esta é completa ou curta exame físico, US e/ou RNM. Prova de progesterona pode ser utilizada neste momento, caso outros meios diagnósticos não estejam disponíveis; quando positiva, estabelece a anovulação como etiologia, pois indica tanto anatomia íntegra e responsiva à estimulação hormonal quanto ovário produtor de estrogênio. Os casos com anatomia normal representam disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-ovário, e o restante da investigação segue o mesmo protocolo para amenorreias secundárias Nas pacientes com vagina ausente ou curta, ou com útero ausente ou rudimentar, é aconselhável a realização de cariótipo. Caso o cariótipo seja normal (46, XX), está-se diante da síndrome de Mayer-Rokitnsky-Küster-Hauser. No caso de ausência de útero e vagina, mas com cariótipo 46, XY, trata-se de insensibilidade completa aos androgênios (Síndrome de Morris ou feminização testicular) → anomalias da diferenciação sexual, do útero e da vagina. INVESTIGAÇÃO DAS AMENORREIAS SECUNDÁRIAS Das mulheres com amenorreia secundária que não estão grávidas, cerca de 40% apresentam alterações ovarianas, 35% disfunção hipotalâmica, 19% alterações hipofisárias e 5% patologias uterinas. A investigação das amenorreias secundárias segue um “roteiro” didaticamente estabelecido: PRIMEIRO TEMPO Descartar gravidez História clínica e exame físico vão orientar possíveis diagnósticos etiológicos a serem confirmados no seguimento da investigação: - Síndrome de Asherman (sinéquias uterinas): única causa uterina - IMC → SOP/amenorreia funcional hipotalâmica (dieta, exercícios extenuantes) - Fogachos, secura vaginal, diminuição da libido e alterações no sono → deficiência estrogênica - Uso de alguns medicamentos - Sintomas de hiperandrogenismo: acne e hirsutismo → SOP SEGUNDO TEMPO Solicitar prolactina (excluir hiperprolactinemia), FSH (excluir falência ovariana) e TSH (doenças da tireóide). Sinais de hiperandrogenismo – solicitar SDHEA, 17-OHP e testosterona. Teste da progesterona: verificar patência do trato genital e presença de estrogênio suficiente circulante - Administrar 5 a 10mg de acetato de medroxiprogesterona durante 7 a 10 dias. Decorridos 2 a 7 dias do fim da administração, se ocorrer hemorragia de privação → teste positivo → diagnóstico de anovulação. - O trato genital é competente - O endométrio prolifera-se em resposta ao estrogênios circulantes - O ovário secreta estrogênios, que apresentam níveis séricos normais (maior que 40 pg/ml) - Hipófise e hipotálamo atuam conjuntamente e adequadamente, estimulando a secreção ovariana. Decorridos 2 a 7 dias do fim da administração, se não ocorrer hemorragia de privação → teste negativo - Gestação - Obstrução nas vias de drenagem ou ausência do útero - Inexistência de endométrio ou ausência de receptores endometriais para estrogênio (amenorreia primária) - Ausência de atividade estrogênica (hipogonadismo, em que os níveis de estradiol são menos que 30 pg/ml). TERCEIRO TEMPO - Prolactina elevada - TSH diminuída ou aumentada - FSH aumentado - FSH diminuído ou normal - Teste da progesterona positivo - Teste da progesterona negativo QUARTO TEMPO Prova de progesterona negativa → teste do estrogênio + progestogênio - Teste negativo: causa uterina - Teste positivo: cavidade endometrial normal → quinto tempo QUINTO TEMPO A obtenção de exames de neuroimagem nesse tempo é indicada → lesões orgânicas nocrânio podem causar disfunção no hipotálamo ou na hipófise. Quando diagnosticadas essas lesões, o principal foco da atenção médica volta-se ao seu tratamento, sendo o retorno da menstruação geralmente uma consequência natural.
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