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Prática Profissional do Contador 1ª edição 2017 Prática Profissional do Contador Presidente do Grupo Splice Reitor Diretor Administrativo Financeiro Diretora da Educação a Distância Gestor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Gestora do Instituto da Área da Saúde Gestora do Instituto de Ciências Exatas Autoria Parecerista Validador Antônio Roberto Beldi João Paulo Barros Beldi Claudio Geraldo Amorim de Souza Jucimara Roesler Henry Julio Kupty Marcela Unes Pereira Renno Regiane Burger Beatriz Pereira Renato Rocha Fernando Filho *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. 44 Sumário Unidade 1 A Contabilidade e o contador ......................................6 Unidade 2 Tipos de organizações .................................................23 Unidade 3 Constituição de Organizações ...................................40 Unidade 4 Reorganização Societária ...........................................57 Unidade 5 Legislação Contábil .....................................................74 Unidade 6 Consultoria Contábil ...................................................91 Unidade 7 Teste de Impairment ......................................................... 106 Unidade 8 Controle interno e prestações de contas ................124 5 Palavras do professor Caro aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Prática Profissional do Contador! É com imenso prazer que produzimos este conteúdo para que você possa conhecer as principais técnicas relacionadas ao emprego das práticas contábeis. Na Unidade 1, vamos conhecer os objetivos da Contabilidade e as funções relacionadas à atuação do profissional contábil, bem como as caracterís- ticas necessárias para o bom exercício da profissão. Nas Unidades 2 e 3, identificaremos as principais características das orga- nizações. Apresentaremos os principais tipos de empresas existentes, além de retratarmos o processo de constituição, de alteração, de registro e de baixa de organizações empresariais. Na Unidade 4, continuaremos a tratar das organizações. Entenderemos a reorganização societária ao tratarmos de aspectos como fusão, cisão, incorporação, além dos aspectos legais e contábeis. Já as Unidades 5 e 6 são dedicadas à legislação e à consultoria contábil. Nessas unidades, primeiramente serão abordadas as Normas Brasileiras de Contabilidade e as demais legislações vigentes relativas às operações da empresa. Em seguida, trataremos dos relatórios contábeis relaciona- dos às atividades desempenhadas, além do entendimento dos principais serviços prestados por um escritório de Contabilidade. Na Unidade 7, trataremos do teste de impairment, e, na Unidade 8, falare- mos sobre o controle interno e a prestação de contas. Ao final desta disciplina, esperamos que você tenha desenvolvido ou apri- morado sua capacidade de aplicar as práticas contábeis, além das tec- nologias e procedimentos relacionados ao desempenho do profissional contábil. Sejam todos(as) bem-vindos(as) e bom curso! 1 6 Unidade 1 A Contabilidade e o contador Para iniciar seus estudos Bem-vindo(a) à primeira unidade da disciplina de Prática Profissional do Contador! Esta unidade representa o pontapé inicial sobre o assunto. Inicia- remos tratando dos principais conceitos e objetivos da Contabilidade. Poste- riormente, trataremos das características inerentes à boa atuação do profis- sional contábil. Vamos lá? Objetivos de Aprendizagem • Apresentar os objetivos da Contabilidade e a função do profissional contábil. 7 Prática Profissional do Contador | Unidade 1 - A Contabilidade e o contador 1.1 Ambiente contábil Antes de começar a falar sobre os objetivos e finalidades da Contabilidade, é preciso conhecer o cenário em que ela está inserida. A Contabilidade é uma ciência social, ou seja, ela estuda a influência das ações humanas sobre o patrimônio de uma organização. Patrimônio: conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade (GRECO; AREND, 2013). Glossário Para muitos, é motivo de dúvida o fato de a Contabilidade fazer uso de números, fórmulas matemáticas, cálculos, e não pertencer às ciências exatas (ou matemáticas). Entretanto, há um motivo para isso: diferentemente das ciências que fazem parte dessas áreas, ela não busca apenas encontrar um determinado valor; ela visa a analisar os resultados obtidos junto ao cenário em que a empresa está inserida. Tais medidas “[...] correspondem a simples medidas dos fatos que ocorreram em razão da ação do homem” (MARION, 2015, p. 6). Mas o que teria motivado a criação da Contabilidade? A sua origem, assim como a sua finalidade, estão intrinse- camente ligadas ao patrimônio, tendo ela surgido da necessidade de mensurá-lo e controlá-lo, destacando as variações na riqueza que ocorriam em um determinado período. O usuário dessa informação, no início representado principalmente pelo dono do patrimônio, em posse das informações contábeis, buscava saber um pouco mais “[...] sobre a ‘saúde’ econômico-financeira da organização, com o intuito de permitir uma tomada de decisão mais adequada” (MARION, 2015, p. 6). Figura 1.1: Contabilidade Legenda: A imagem traz um profissional utilizando a calculadora. 8 Prática Profissional do Contador | Unidade 1 - A Contabilidade e o contador Fonte: Plataforma Deduca (2018). O período em que o proprietário era a figura central das operações contábeis é conhecido como cenários con- tábeis primitivos. Nessa época, as mudanças ocorriam de forma muito lenta, principalmente com relação aos aspectos tecnológicos, tendo sido uma época marcada, também, pela estabilidade nos preços e no mercado (MARION, 2015). Com o passar dos anos, novos usuários foram surgindo, tais como: [...] o banqueiro, o fornecedor de mercadorias a prazo, o governo, o administrador (que recebeu a incumbência de administrar o patrimônio para o empreendedor), os acionistas (tanto os contro- ladores como os minoritários, em virtude de grupos de pessoas concentrarem recursos em fun- ção de um empreendimento), os empregadores, os clientes, os sindicatos, os partidos políticos e outros segmentos da sociedade. (MARION, 2015, p. 7) Surgia, então, a Contabilidade “moderna”, em que o proprietário perdeu o protagonismo e passou a dividir o papel central com outros usuários internos e externos. Foi o início dos cenários contábeis modernos. Nessa nova realidade, as mudanças também ocorrem de forma muito rápida; os clientes precisam ser conquistados (e, às vezes, reconquistados) e as tecnologias e os processos precisam ser reavaliados de forma periódica. Após a compreensão dos aspectos introdutórios da Contabilidade, no próximo tópico trataremos de seus con- ceitos e objetivos. 1.2 Contabilidade: conceitos e objetivos Diariamente, tomamos decisões: que horas acordar, que horas dormir, qual série assistir, que tipo de roupa com- prar. Em alguns casos, essas decisões são de extrema importância, como: qual carreira seguir, casar ou não, ter filhos ou não, adquirir uma casa própria...são alguns exemplos. As decisões estão presentes em todos os aspectos de nossas vidas, seja no âmbito profissional ou pessoal. Em alguns casos, todas as esferas são afetadas de forma simultânea por nossas escolhas. Ou seja, toda e qualquer decisão traz consequências para nossas vidas. De modo geral, tomamos decisões pautadas em informações. Se decidimos nos candidatar a uma vaga em outra cidade, foi porque nos informamos a respeito do salário e dos benefícios do cargo, bem como da empresa, sua história e seus valores, de modo que o lado bom da mudança supere os custos de se deixar o emprego e a cidade anterior. Assim comoas pessoas, as organizações também precisam, a todo momento, tomar decisões. Por exemplo, uma indústria de produção de tecidos (têxtil) necessita de uma série de informações para que as melhores decisões possam ser feitas e a empresa gere o melhor retorno possível aos seus donos e à sociedade. Dessa forma, os gerentes podem necessitar saber quantas toneladas de matéria-prima devem ser adquiridas para otimizar a pro- dução, e os diretores têm que planejar as vendas futuras com vistas à obtenção de lucro. O governo, por sua vez, poderá solicitar informações relativas às receitas da empresa para saber se receberá adequadamente seus tributos. Da mesma forma, a sociedade pode querer saber se essa entidade se preocupa 9 Prática Profissional do Contador | Unidade 1 - A Contabilidade e o contador com práticas de reuso da água e com o cuidado dos bens naturais que ela utiliza em suas atividades. Todas essas informações podem ser disponibilizadas pela contabilidade da indústria têxtil. Quando determinada informação é capaz de fazer a diferença em uma decisão, podemos dizer que esta informação é útil. Mas quem precisa dessas informações? Seus usuários. Neste momento, chegamos a um ponto importante da Contabilidade: a quem ela é direcionada. No exemplo da indústria têxtil, os gerentes de produção, os diretores, o governo e a sociedade são alguns dos usuários da informação contábil da empresa, uma vez que eles utilizam as informações disponibilizadas por sua contabilidade. A Contabilidade tem o dever de fornecer informações que sejam úteis para seus usuários. No caso da indústria têxtil, a informação de quantas toneladas de matéria-prima serão compradas no próximo mês pode não ser útil para o governo, mas certamente será para a gerência de produção, que precisa planejar a fabricação dos produtos. Veja que a Figura 1.2, a seguir, ilustra alguns exemplos de informações, além de indicar seus respectivos usuários: Figura 1.2: Exemplos de informações Legenda: Exemplos de informações que uma empresa pode fornecer e que são úteis para seus usuários. Fonte: Campagnoni (2017). Perceba que é mediante a Contabilidade que são coletadas, registradas e apresentadas essas informações. Por exemplo, a sociedade pode querer saber se a indústria têxtil se preocupa com a danificação do meio ambiente. 10 Prática Profissional do Contador | Unidade 1 - A Contabilidade e o contador Para isso, a empresa pode apresentar um relatório que informe o quanto gastou para limpar um rio que havia poluído. Nesse contexto, a sociedade é um usuário da informação contábil da empresa, pois utilizará de suas informações contábeis para avaliá-la. Tal decisão pode se refletir nas vendas da companhia, uma vez que a socie- dade pode decidir deixar de comprar seus produtos se concluir que ela está poluindo demais. Agora vamos estudar os tipos de usuários da Contabilidade, que se dividem em duas categorias: usuários exter- nos e usuários internos. Os usuários internos correspondem às pessoas que fazem parte da organização, elas precisam de informações para desenvolverem suas atividades. Além do contador, também são exemplos de usu- ários internos: gestores, proprietários, administradores e demais colaboradores. Já os usuários externos correspondem às empresas, órgãos ou pessoas que, apesar de atuarem fora da organi- zação, precisam das informações geradas por ela para tomarem suas próprias decisões. Os principais usuários externos são apresentados no quadro a seguir: Quadro 1.1: Principais usuários externos Usuário Investidores É por meio dos relatórios contábeis que se identifica a situação econômico-financeira da empresa; dessa forma, o investidor tem em mãos os elementos necessários para decidir sobre as melhores alternativas de investimentos. Os relatórios evidenciam a capacidade da empresa em gerar lucros e outras informações. Fornecedores de bens e serviços a crédito Usam os relatórios para analisar a capacidade de pagamento da empresa compradora. Bancos Utilizam os relatórios para aprovar empréstimos, limite de crédito etc. Governo Não usa os relatórios só com a finalidade de arrecadação de impostos, mas também para dados estatísticos, no sentido de melhor redimensionar a economia (IBGE, por exemplo). Sindicatos Utilizam os relatórios para determinar a produtividade do setor, fator preponderante para reajuste de salários. Outros interessados Funcionários, órgãos de classe, pessoas e diversos institutos, como a CVM, CRC, clientes, concorrentes, fornecedores etc. Fonte: Marion (2015, p. 4). 11 Prática Profissional do Contador | Unidade 1 - A Contabilidade e o contador Vamos falar agora sobre as informações contábeis. Você sabe qual é o modo de apresentação dessas informa- ções? Elas são apresentadas em forma de relatórios. De acordo com Marion (2015, p. 19), o relatório contábil pode ser conceituado como a “[...] exposição resumida e ordenada de dados colhidos da contabilidade”. Seu pro- pósito é apresentar às pessoas que utilizam a Contabilidade (os usuários) os principais fatos contábeis registrados em determinado período. Na figura a seguir, são apresentadas as informações referentes aos objetivos contábeis: Figura 1.3: Objetivo da Contabilidade Objetivo Contabilidade Gerar informações úteis Usuários Relatórios Para quem Como Legenda: Objetivo da Contabilidade, usuários e apresentação das informações. Fonte: Campagnoni (2017). Pense, agora, na ilustração anterior em uma situação prática. Você saberia dizer a diferença entre os usos dos relatórios por usuários externos e internos? Os usuários externos utilizam os relatórios específicos emitidos pelas companhias, denominados de demonstrações contábeis ou demonstrações financeiras. Dessa forma, por meio das demonstrações contábeis, a Contabilidade transmite informações que satisfazem às necessidades dos usuários externos, uma vez que estes não têm acesso aos relatórios internos das empresas. Tais demonstrações devem seguir regras específicas para garantir que as informações apresentadas tenham um padrão e a empresa não omita informações importantes aos usuários externos. Os usuários internos, por sua vez, utilizam os relatórios gerados para os propósitos da empresa, sendo que esses relatórios não precisam seguir um padrão de apresentação, como é o caso dos usuários externos, já que as infor- mações são utilizadas somente dentro da entidade. Notou a diferença? Perceba que a Contabilidade produz, mediante relatórios, informações contábeis que serão úteis aos usuários, de forma que, se os dados apresentados não forem úteis ou corretos, a Contabilidade não estará cumprindo seu objetivo e os usuários estarão sujeitos a tomarem uma decisão equivocada. Posteriormente, trataremos dos aspectos relacionados à profissão. Vamos lá? 12 Prática Profissional do Contador | Unidade 1 - A Contabilidade e o contador No dia a dia da empresa, precisamos fazer escolhas que são baseadas em informações, nor- malmente, obtidas junto à Contabilidade. Mas, e se a Contabilidade não existisse? Você já parou para pensar em como as organizações funcionariam sem ela? Como seria o processo de tomada de decisão? 1.3 Profissão contador É comum utilizar os termos “contador”, “profissional contábil” ou “profissional da Contabilidade” como sinôni- mos. No entanto, é importante destacar que existem diferenças entre contador e técnico de Contabilidade. O técnico de Contabilidade corresponde ao profissional que fez curso técnico na área de Contabilidade, enquanto o contador tem ensino superior completo em Ciências Contábeis. De forma geral, ambos têm as mesmas prerrogativas com relação ao desempenho da fun- ção. A principal diferença refere-se ao fato de que só o contador pode desempenhar ativi- dades de auditoria, perícia e avaliação das demonstrações contábeis. De acordo com a Lei 12.249/2010, a partir de 2015 ficou extinta a função de técnico de contabilidade, os pro- fissionais que já tinham registro, ou que vieram a realizá-loaté o dia 1° de junho de 2015, tiveram assegurado o seu direito ao exercício da profissão. Figura 1.4: Avaliação das demonstrações contábeis Legenda: Na imagem, constam moedas, relatórios e gráficos. 13 Prática Profissional do Contador | Unidade 1 - A Contabilidade e o contador Fonte: Plataforma Deduca (2018). Para exercer a profissão, o contador precisa ser aprovado no exame de suficiência. Esse exame consiste em uma prova, de caráter obrigatório, para a obtenção do Registro do CRC (Conselho Regional de Contabilidade), de acordo com a Resolução CFC n. 1.373 de 08/12/2011. Conforme Marion (2015, p. 7-8) o contador deve ter conhecimentos sobre: • Contabilidade Financeira: é a contabilidade geral, necessária a todas as empresas. Fornece informações básicas a seus usuários e é obrigatória para fins fiscais. A Contabilidade Financeira, de acordo com a área ou a atividade em que é aplicada, recebe várias denominações: Contabilidade Agrícola (aplicada às empresas agrícolas); Contabili- dade Bancária (aplicada aos bancos); Contabilidade Comercial (aplicada às empresas comer- ciais); Contabilidade Hospitalar (aplicada aos hospitais); Contabilidade Industrial (aplicada às indústrias); e mais: Contabilidade Imobiliária, Contabilidade Pastoril, Contabilidade Pública, Contabilidade de Seguros etc. • Contabilidade de Custos: está voltada para o cálculo e a interpretação dos custos dos bens fabricados ou comercializados, ou dos serviços prestados pela empresa. • Contabilidade Gerencial: voltada para fins internos, procura suprir os gerentes de um elenco maior de informações, exclusivamente para a tomada de decisões. Diferencia-se das contabi- lidades já abordadas, pois não se prende aos princípios tradicionais aceitos pelos contadores. O profissional que exerce a Contabilidade Gerencial também é conhecido como controller. Como já citado anteriormente, uma das áreas de atuação do contador é a auditoria. Nela, o profissional é respon- sável pela verificação dos procedimentos contábeis e das informações fornecidas, podendo atuar tanto como auditor independente como auditor interno. Outras funções que podem ser desempenhadas são (MARION, 2015): • Analista financeiro, função em que o contador analisa a situação econômico-financeira da organização por meio das informações fornecidas; • Perito contábil, em que o contador atua na perícia judicial, que é motivada por uma questão judicial, solicitada pela justiça; • Consultor contábil, com o intuito de aconselhar os gestores das organizações com relação às questões financeiras, administrativas etc. • Cargos públicos, pois o contador pode prestar concursos para atuar na área pública como contador, auditor, fiscal de renda, nas esferas municipal, estadual e federal. • Professor de contabilidade, profissional que pode lecionar tanto no curso de Ciências Contábeis como, também, nos cursos de Economia, Administração, Ciências Econômicas etc. • Pesquisador contábil, para os profissionais que optam pela área universitária, no Brasil, com possibilidade de atuação na investigação científica sobre a Contabilidade. • Cargos administrativos, função em que o contador pode exercer cargos de assessoria, postos de chefia, de gerência, de diretoria etc. No quadro a seguir é apresentado um resumo dessas funções: Quadro 1.2: Principais áreas de atuação do contador 14 Prática Profissional do Contador | Unidade 1 - A Contabilidade e o contador Contador Na empresa • Contador geral; contador de custos; controller; subcontador etc. • Auditor interno. • Contador fiscal. • Contador internacional. Independente (autônomo) • Auditor independente. • Consultor. • Escritório de contabilidade. • Perito contábil. No ensino • Professor. • Pesquisador. • Escritor. • Conferencista. Órgão público • Contador público. • Fiscal de tributos. • Controlador de arrecadação. • Tribunal de contas. Fonte: Marion (2015, p. 9). Após a apresentação das principais características e áreas de atuação do contador, no próximo tópico trataremos das funções do contador. 15 Prática Profissional do Contador | Unidade 1 - A Contabilidade e o contador 1.4 Funções do contador Após conhecermos um pouco sobre a origem, os objetivos e as características da Contabilidade, além dos aspec- tos iniciais sobre a profissão de contador, chegou a hora de descobrirmos quais são as funções deste profissional. Você já parou para pensar por que o contador é útil para as organizações? Segundo Marion (2015), o contador tem como função básica produzir informações úteis aos usuários para a tomada de decisões. Ou seja, ele é o profissional responsável por assegurar que o objetivo da Contabilidade seja cumprido. Observe a figura a seguir e conheça quais são as funções do contador: Figura 1.5: Funções do contador Administração Investidores Bancos Governo Outros interessados Coleta de dados Registro dos dados e processamento Relatórios Usuários (tomada de decisão) Legenda: Na imagem, são apresentadas as funções do contador, a saber: coleta de dados, registro dos dados e processamento, relatórios para o usuário. Fonte: Marion (2015, p. 5). Conforme a figura anterior, podemos ver que o contador e toda a sua equipe precisam coletar dados, regis- trá-los, processá-los e, posteriormente, transformá-los em relatórios para informar os usuários interessados, conforme já comentado. Os dados são coletados no dia a dia, em cada um dos departamentos da empresa. Por exemplo, supomos que você coordena o departamento de recursos humanos da indústria têxtil já mencionada, e uma de suas funções é o recru- tamento e a seleção de pessoal. Ao admitir um funcionário, você deve disponibilizar informações acerca dessa pes- soa, tais como o cargo que ocupará na empresa e o salário determinado. Ao fazer esse registro, o contador terá acesso a essa informação, que será útil para calcular a folha de pagamento com base nas horas trabalhadas. Você quer saber um pouco mais sobre o perfil exigido do profissional contábil na atua- lidade? Leia o artigo “Perfil do contador na atualidade: um estudo exploratório” (CAR- DOSO; SOUZA; ALMEIDA, 2006), disponibilizado no link a seguir: <http://www.redalyc.org/ html/3372/337228630007/>. http://www.redalyc.org/html/3372/337228630007/ http://www.redalyc.org/html/3372/337228630007/ 16 Prática Profissional do Contador | Unidade 1 - A Contabilidade e o contador No passado, a imagem que se tinha da figura do contador era daquela pessoa que ficava atrás da mesa de escritó- rio fazendo registros à mão e cuidando de processos burocráticos. Preencher fichas e carimbar documentos eram tarefas facilmente associadas ao profissional. Isso ocorria em épocas nas quais as empresas não contavam com a tecnologia, e todos os processos e cálculos ocorriam no papel. Na atualidade, essas já não são mais as funções do contador, pois ele pode contar com os sistemas de informação para apoiá-lo na execução dessas tarefas rotineiras. Você sabia que o contador não deve apenas coletar, processar e gerar os relatórios? Além dessas operações, é fundamental que ele saiba interpretar dados e, com base nas informações, auxiliar nas melhores decisões. No próximo item, trataremos do perfil do contador. 1.5 Perfil do contador Nos tópicos anteriores, compreendemos que o contador tem como função garantir que objetivos estabelecidos pela Contabilidade sejam executados. Ou seja, os profissionais da Contabilidade têm como meta principal forne- cer aos usuários das informações auxílio na tomada de decisão. Vimos que o profissional contábil era visto como o responsável pela “papelada”, o responsável pela conferência e assinatura de documentos. Naquela época, ele não podia contar com o uso de computadores e sistemas de informação para ajudá-lo, e a internet ainda não fazia parte do dia a dia das empresas, o que tornava as tarefas operacionais muito dispendiosas. No entanto, a ascensão da informática facilitou esses processos e revolucionou o trabalho do contador nasorgani- zações. Atualmente, elas necessitam de um profissional contábil dinâmico, analítico e que trabalhe bem em equipe. Para melhor compreender essas atividades, inicialmente, vamos conversar sobre algumas habilidades funda- mentais tanto ao exercício da contabilidade quanto de qualquer função no ambiente de trabalho. Vamos come- çar pelo atributo da competência. Conforme destaca Bergamini (2012, p. 23), organizações buscam por “[...] pessoas cujas competências respondam às suas necessidades estratégicas”. Assim, profissionais competentes precisam ser adaptáveis, estimulados e dispostos a utilizar o seu potencial. Para explicar em outras palavras o que Bergamini disse, é possível afirmar que os profissionais devem utilizar seus conhecimentos e experiências para apoiar a organização no alcance de seus objetivos, que se modificam com o passar dos tempos (BERGAMINI, 2012). Figura 1.6: Contador Legenda: A figura apresenta um contador fazendo cálculos com documentos ao redor. Fonte: Plataforma Deduca (2018) 17 Prática Profissional do Contador | Unidade 1 - A Contabilidade e o contador Vamos entender melhor ainda essa ideia: pense no seu caso, estudando para se tornar um(a) contador(a). Ao atuar com Contabilidade, algumas de suas competências serão voltadas ao gerenciamento e ao controle de con- tas e, é óbvio, você não nasceu com elas, mas as está adquirindo com seus estudos e as aprimorará à medida que estiver atuando no mercado de trabalho. Dessa forma, todo dia será um aprendizado diferente e você deverá estar aberto a isso. A partir de contextos como esse é que Bergamini (2012, p. 32) afirma que ser competente “[...] requer auto-observação e ininterrupto empenho para que esta qualidade indiscutivelmente positiva não seja perdida”. Assim, cada desafio enfrentado fará de você um melhor profissional. Também devemos saber que habilidades inerentes às relações interpessoais são indispensáveis em qualquer pro- fissão. Quando se trabalha em um ambiente organizacional considerado democrático, tensões podem surgir do relacionamento entre as pessoas (FARIA, 2009). Esses conflitos podem existir entre um pequeno número de colegas ou podem abarcar um grande grupo. Com vistas a minimizá-los, organizações buscam profissionais com boa capacidade de trabalhar em equipe. Dessa maneira, o profissional contador, além de competência, também deve demonstrar um bom relaciona- mento interpessoal, principalmente porque ele mantém contato com todos os demais departamentos da empresa, sendo que qualquer ação que afete o patrimônio de uma organização é registrada na Contabilidade. É importante, portanto, que o profissional contábil seja dinâmico e adaptável, já que o dinamismo o torna mais ágil na resolução de problemas. A adaptabilidade, por sua vez, é fundamental porque a Contabilidade de uma empresa está em constante modificação, tendo em vista que ela acompanha a evolução do patrimônio. Ade- mais, o contador deve estar sempre atento a mudanças na legislação, em especial àquelas voltadas às questões empresariais e tributárias, pois elas podem se refletir no patrimônio da entidade. Ele deve, também, possuir um bom raciocínio lógico e analítico. Por exemplo, suponhamos que você atue no setor contábil de uma grande indústria automotiva. Os trabalhadores do departamento de montagem entraram em greve e, com o apoio do sindicato dos trabalhadores de indústrias automotivas, reivindicaram aumentos sala- riais. A pedido da diretoria, o RH deve, junto com a Contabilidade, estudar a viabilidade desses aumentos, bem como possíveis valores sugeridos para um potencial acordo. Como você resolveria essa questão? Não se esqueça que a Contabilidade dispõe de informações relativas a todos os setores de uma empresa. Todavia, ela deve ter o cuidado de não transmitir demasiadas informações, pois isso pode atrapalhar a tomada de decisão dos usuários. Isso significa que, para resolver o problema da greve, você não precisa, nesse momento, de infor- mações sobre o pessoal administrativo, não é mesmo? Isso porque eles não pleitearam nada. Ou seja, se a Contabilidade apresentar um relatório com informações de quanto ganham o presidente, os direto- res e os assessores administrativos, elas não serão úteis nessa decisão. Em contrapartida, se forem apresentadas informações sobre o pessoal da montagem, elas serão de significativa utilidade. Percebe a compreensão funda- mental que o contador precisa ter? O contador precisa ter um bom raciocínio lógico para determinar qual é o tipo de informação que o usuário está precisando no momento. Ou seja, ele precisa entender quais são suas necessidades. Dessa forma, no caso da greve, o contador poderá fornecer uma informação útil ao demonstrar um gráfico com o histórico da média salarial da empresa e compará-lo com a média do mercado, por exemplo. Note que a Figura 1.7 ilustra essa situação hipotética: Figura 1.7: Salário médio dos funcionários da empresa versus média do mercado 18 Prática Profissional do Contador | Unidade 1 - A Contabilidade e o contador Legenda: Gráficos e ilustrações que ajudam os usuários a visualizarem informação Fonte: Campagnoni (2017). Outro ponto importante na atuação do profissional contábil é o raciocínio analítico. Isto é, o contador precisa ter forte senso crítico para auxiliar na tomada de decisão. No exemplo anterior da greve, os profissionais envolvidos na tomada de decisão deverão contar com o apoio do contador para interpretar os relatórios e decidir sobre aumentar ou não os salários. Assim, digamos que você, contador, elaborou um relatório no qual constavam os salários do pessoal da mon- tagem dos últimos dez anos, além das informações de que os salários aumentaram, no período mencionado, 8,18%, enquanto a inflação cresceu 10,32%. Nesse caso, você precisará interpretar os relatórios e transmitir as informações aos usuários. Nesse sentido, você pode explicar ao RH que os aumentos salariais foram menores que a variação inflacionária no período. As conclusões que podem ser retiradas disso são as de que, provavelmente, os funcionários estavam certos em pleitear aumentos. Os produtos estavam ficando mais caros, ao passo que os salários da montagem não esta- vam acompanhando esse aumento. Portanto, eles estavam perdendo poder aquisitivo. Nessa situação, o contador utilizou seu raciocínio analítico para demonstrar a situação salarial dos funcionários ante a situação econômica do país. Com base nesse cenário, a decisão sobre aumentar os salários pode ser tomada com melhor embasamento. Além disso, adicionalmente a essas habilidades, é crucial que o contador seja uma pessoa discreta, já que esse profissional conhece a saúde financeira de uma empresa, ou seja, sabe se ela está economicamente bem ou se enfrenta uma crise. O contador tem acesso a valores de compras, vendas, ganhos e perdas. Ele é um usuário interno da empresa e, como tal, deve assegurar que informações importantes não sejam transmitidas a terceiros, salvo quando autorizado pela diretoria. Isso está relacionado à sua postura moral no trabalho. Além das características pessoais, que envolvem o dinamismo e a adaptabilidade, a discrição e a ética, os racio- cínios analítico e lógico e o trabalho em equipe, também podemos destacar algumas habilidades profissionais inerentes ao profissional da contabilidade, a exemplo do imprescindível conhecimento técnico e da não menos importante constante atualização, ambos adquiridos mediante estudos e experiência. 19 Prática Profissional do Contador | Unidade 1 - A Contabilidade e o contador Além disso, é possível afirmar que o contador da atualidade é visto como o parceiro de negócios da entidade (LUNKES; SCHNORRENBERGER, 2009). A implicação disso se dá na atuação do profissional, já que o contador burocrata, preocupado apenas com a “papelada”, não é mais necessário. Ou seja, profissionais antigos, que tinham esse perfil, necessitaram se atualizar. Em contrapartida, o contador que participa da gestão, fornecendoinformações e contribuindo com as decisões, torna-se o perfil preponderante nas empresas (SZUTER, 2015). Por fim, é possível afirmar que os atributos pessoais e profissionais anteriormente mencionados são requisitos necessários ao perfil do contador: sem eles, a carreira do profissional não se mantém a longo prazo. No entanto, convém mencionar as habilidades que as empresas sentem falta em um contador, ou seja, os atributos que, geralmente, não são observados no profissional, mas aquele que as possui se diferencia no mercado de trabalho. O primeiro atributo é a liderança. A falta dessa habilidade decorre do antigo perfil do contador, a pessoa que tinha que se preocupar com a burocracia e, portanto, não tinha tempo para tomar decisões. O segundo aspecto é o domínio de línguas. De acordo com Marin, Lima e Casa Nova (2014), empresas consideram o baixo conheci- mento em idiomas, especialmente o inglês, um aspecto negativo no perfil do contador. Figura 1.8: Perfil do contador Legenda: A imagem mostra um homem analisando um gráfico. Fonte: Plataforma Deduca (2018). Um fator importante, que merece ser destacado, é a globalização, pois seu advento diminuiu as distâncias e acir- rou a concorrência. Ela também influenciou a profissão contábil, de forma que, atualmente, é comum as empre- sas atuarem em mais de um país. Essa realidade gerou a necessidade de que os contadores dominem outros idiomas, com o intuito de interpretarem relatórios, conversar e fazer negociações. Agora que você conheceu os principais aspectos da relação entre a Contabilidade e o contador, chegou a hora de você resolver o Fórum Desafio. Vamos lá? 20 Considerações finais Chegamos ao final da primeira unidade de aprendizagem da disciplina. Vamos relembrar o que vimos até aqui? • Os cenários que envolveram o desenvolvimento da Contabilidade: o primeiro cenário, marcado pelo protagonismo do proprietário e, o segundo cenário (atual), quando surgiram novos usuários e as mudanças passaram a ocorrer de forma mais rápida, em um mercado mais incerto. • Vimos que a Contabilidade busca prover informações para a tomada de decisão. • Conhecemos as habilidades que formam a identidade do profissional da Contabilidade. • Conhecemos os usuários internos, formados pelos gestores, administradores e colaboradores; e externos, formados pelos investidores, fornecedores etc. • Identificamos as características do contador, as possíveis áreas de atuação e as habilidades necessárias para que o contador consiga se manter competitivo no mercado de trabalho. Esperamos que você tenha ampliado as suas aprendizagens e compreen- dido um pouco melhor os conceitos iniciais sobre a perícia contábil. Referências 21 BERGAMINI, C. W. Competência: a chave do desempenho. São Paulo: Atlas, 2012. CARDOSO, J. L.; SOUZA, M. A.; ALMEIDA, L. B. Perfil do contador na atuali- dade: Um estudo exploratório. BASE – Revista de Administração e Con- tabilidade, v. 3, n. 3, p. 275-284, 2006. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução n. 1.373, de 08 de dezembro de 2011. Disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/ legislacao/resolucao-cfc-1373-2011.htm>. Acesso em: 20 abr. 2018. FARIA, J. H. Gestão participativa: relações de poder e de trabalho nas organizações. São Paulo: Atlas, 2009. GRECO, A.; AREND, L. Contabilidade: teoria e práticas básicas. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. LUNKES, R. J.; SCHNORRENBERGER, D. Controladoria: Na coordenação dos sistemas de gestão. São Paulo: Atlas, 2009. MARIN, T. I. S.; LIMA, S. J.; CASA NOVA, S. P. C. Formação do contador– o que o mercado quer, é o que ele tem? Um estudo sobre o perfil profissio- nal dos alunos de ciências contábeis da FEA-USP. Contabilidade Vista & Revista, v. 25, n. 2, p. 59-83, maio/ago. 2014. MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2015. SZUTER, N. Temos do que nos orgulhar na Contabilidade brasileira. Revista Contabilidade e Finanças, v. 26, n. 68, p. 121-125, mai./jun./ jul./ago. 2015. 2 23 Unidade 2 Tipos de organizações Para iniciar seus estudos Nesta unidade, conheceremos os tipos de sociedades e teremos a oportu- nidade de aprender que essas sociedades são classificadas quanto à res- ponsabilidade dos sócios, quanto ao regime de constituição e dissolução e quanto à sua composição. Neste estudo, entenderemos que a escolha correta da forma de constituição da sociedade poderá proteger ou colo- car em risco o patrimônio particular dos sócios. Descobriremos que algu- mas sociedades são consideradas não personalizadas e que, apesar disso, são sociedades e não são consideradas irregulares. Para completar nosso estudo, conheceremos as características mais importantes das muitas formas de constituição das sociedades atribuídas pelo Código Civil. Bons estudos! Objetivos de Aprendizagem • Apresentar conceitos e os tipos de sociedade. 24 Prática Profissional do Contador | Unidade 2 - Tipos de organizações 2.1 Introdução Iniciaremos o estudo desta unidade conceituando o empresário. Vamos extrair o conceito apresentado pelo Código Civil, em seu artigo 966, no qual “(c)onsidera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços” (BRASIL, 2002). Por sua vez, o parágrafo único do mesmo artigo define o que não é considerado empresário: Parágrafo único: Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. (BRASIL, 2002). Podemos extrair desse conceito que empresário é aquele que exerce atividade econômica de forma contínua, ou seja, quem exerce atividade econômica de forma eventual não pode ser considerado empresário. Por exemplo, se uma pessoa resolve vender seu carro, isso não a torna uma empresária do ramo automotivo; ou, ainda, se resolve vender sua casa, isso não a torna uma empresária do ramo imobiliário. É necessária uma atividade econômica constante, com o intuito de lucro, para caracterizar o empresário. Outro ponto importante do conceito é que, para ser um empresário, a atividade econômica precisa ser organi- zada; esse ponto significa que empresário é aquele que articula os fatores de produção: capital, mão de obra, insumos e tecnologia. Cabe destacar que o conceito atribuído a empresário não se aplica apenas às pessoas físicas, esse conceito tam- bém é aplicado às pessoas jurídicas. Pode-se dizer que empresário é um gênero do qual são espécies o empresá- rio individual (pessoa física) e a sociedade empresária (pessoa jurídica). Tomazatte (2017, p. 209) destaca que Para caracterizar uma sociedade empresária, seria necessário apenas incluir a expressão empresa- rial, logo após a expressão atividade econômica. De outro lado, seriam sociedades simples as que exercem atividade econômica que não se enquadre como atividade empresarial sujeita a registro. Vale destacar que é a sociedade que é empresária e não os seus sócios, como se costuma afirmar na linguagem do dia a dia. Tomazatte (2017, p. 209) destaca ainda alguns elementos relativos à sociedade, são eles: • a existência de duas ou mais pessoas; • reunião de capital e trabalho (fatores da produção); • atividade econômica (em oposição às atividades de mero gozo, ou filantrópicas); • fins comuns (inerentes ao exercício da atividade por várias pessoas em conjunto); • partilha dos resultados (decorrência do exercício em comum). Uma grande diferença entre empresário individual e a sociedade empresária fica por conta da responsabilidade dos sócios. Enquanto a responsabilidade do empresário individual é direta e ilimitada, a dos sócios da socie- dade empresária pode ser denominada como responsabilidade subsidiária e limitada ao total do capital social, dependendo da forma jurídica escolhida. 25 Prática Profissional do Contador | Unidade 2 - Tipos de organizações Figura 2.1: Sociedade: uniãode pessoas Legenda: Várias pessoas unindo-se, formando uma sociedade. Fonte: Plataforma Deduca (2018). Responsabilidade subsidiária significa que existe um devedor principal, que é a empresa, e, na hipótese de não cumprimento da obrigação por parte dela, o outro (nesse caso, os sócios) responderá pela obrigação. Glossário 2.2 Tipos de Sociedades As sociedades podem ser empresárias ou simples. As sociedades empresárias são aquelas que têm por objeto o exercício de atividade própria de empresário, ou seja, são aquelas empresas definidas pelo conceito de empresá- rio. Já as sociedades simples são aquelas definidas no parágrafo único do artigo 966, que destacamos no início deste material, ou seja, sociedades simples são aquelas em que os sócios exercem profissão intelectual, de natu- reza científica, literária ou artística; em resumo, sociedades simples são empresas em que a atividade depende diretamente do conhecimento dos seus sócios. 26 Prática Profissional do Contador | Unidade 2 - Tipos de organizações As sociedades podem ser empresárias ou simples. As sociedades empresárias exercem ativi- dades de produção ou a circulação de bens ou de serviços, enquanto que as sociedades sim- ples exercem atividades de profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística.. O Código Civil determina que toda a sociedade empresária deva constituir-se em alguns dos tipos regulados nos artigos 1.039 a 1.092, são elas: • Sociedade em nome coletivo; • Sociedade em comandita simples; • Sociedade limitada; • Sociedade anônima; e • Sociedade em comandita por ações. O parágrafo único do artigo 983 excetua as sociedades em conta de participação e as cooperativas de enquadra- mento em sociedade empresária: Parágrafo Único. Ressalvam-se as disposições concernentes à sociedade em conta de partici- pação e à cooperativa, bem como as constantes de leis especiais que, para o exercício de certas atividades, imponham a constituição da sociedade segundo determinado tipo. (BRASIL, 2002). Para a sociedade simples, não existe nenhuma previsão de tipos de sociedades, podendo ser utilizados os tipos determinados para a sociedade empresária, exceto sociedade por ações, por força do parágrafo único do artigo 982 do Código Civil, o qual apresenta, em parágrafo único, que “independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa” (BRASIL, 2002). Destaque especial para a cooperativa, que será sempre sociedade simples. 2.3 Classificações das sociedades As sociedades empresariais podem ser classificadas de três formas: • quanto à responsabilidade dos sócios; • quanto ao regime de constituição e dissolução; e • quanto à composição. 27 Prática Profissional do Contador | Unidade 2 - Tipos de organizações Vamos conhecer cada uma delas a seguir. 2.3.1 Quanto à responsabilidade dos sócios Quanto à responsabilidade dos sócios, as sociedades podem ser divididas em responsabilidade limitada, respon- sabilidade ilimitada e responsabilidade mista. Esse tipo de responsabilidade diz respeito à forma como os sócios responderão perante as dívidas da sociedade. Na responsabilidade limitada, os sócios respondem pelas dívidas somente até o limite do capital integralizado. Mesmo que o patrimônio da empresa não seja o suficiente para cobrir todas as dívidas da empresa, não podem os credores avançarem sobre o patrimônio particular dos sócios. O capital social da empresa é o valor investido pelos sócios para que a empresa possa funcionar. Martins et al. (2010, p. 345) apresentam o seguinte conceito de capital social: O investimento efetuado na companhia pelos acionistas é representado pelo Capital Social. Este abrange não só as parcelas entregues pelos acionistas como também os valores obtidos pela sociedade e que, por decisões dos proprietários, se incorporam ao Capital Social, representando uma espécie de renúncia à sua distribuição na forma de dinheiro ou de outros bens. São esses valores registrados como capital social que garantirão as dívidas da empresa em caso de dificul- dades econômicas. Como exemplo de sociedade empresária de responsabilidade limitada, podemos apresentar as sociedades anô- nimas e as sociedades limitadas. Quanto à responsabilidade ilimitada, ao contrário da sociedade limitada, os credores podem avançar sobre o patri- mônio dos sócios ou acionistas caso o capital da empresa não seja o suficiente para cobrir suas dívidas. Podemos citar, como exemplo de sociedades empresariais de responsabilidade ilimitada, as sociedades em nome coletivo. Existem, ainda, as sociedades em que a responsabilidade dos sócios é mista. Nesse tipo de sociedade, existem dois tipos de sócios: os sócios comanditados, que têm responsabilidade ilimitada, e os sócios comanditários que possuem responsabilidade limitada. Como exemplo de sociedades de responsabilidade mista, podemos citar as sociedades em comandita simples e as sociedades em comandita por ações. Quanto à responsabilidade dos sócios, as sociedades podem ser divididas em limitada, ili- mitada e mista. Considerando essa divisão, na visão dos sócios da empresa, qual a formação mais vantajosa para a constituição da sociedade? E na visão dos fornecedores, qual a forma- ção mais vantajosa da sociedade para se realizar uma venda?. 2.3.2 Quanto ao regime de constituição e dissolução 28 Prática Profissional do Contador | Unidade 2 - Tipos de organizações Quanto ao regime de constituição e dissolução, as sociedades empresárias podem ser divididas em contratu- ais e institucionais. As sociedades contratuais são aquelas em que sua constituição é realizada por meio de um contrato. Todas as condições da sociedade, tais como o total do capital social e sua distribuição entre os sócios, objeto da empresa, sua sede, sua razão social e outras cláusulas importantes para o funcionamento da empresa, estão descritas no contrato firmado entre os sócios. Sua constituição e dissolução são regidas pelo Código Civil. Normalmente, as sociedades com responsabilidade limitada utilizam-se dessa forma de constituição. O outro formato de constituição é feito pelas sociedades institucionais, que são constituídas por meio de um estatuto social, documento similar ao contrato social, entretanto, as formas de constituição e dissolução são regidas pela Lei 6.404/76. Exemplo de sociedade constituída dessa forma são as sociedades por ações. 2.3.3 Quanto à composição Quanto à composição, as sociedades podem ser divididas entre sociedades de pessoas e sociedades de capitais. As sociedades de pessoas têm como característica principal o vínculo psicológico que une os sócios. A figura pessoal do sócio tem uma importância muito grande, a entrada de uma pessoa estranha ao quadro social pode afetar o destino da empresa. Em outras sociedades, esse vínculo não acontece, o que importa é apenas o capital social com que o sócio contribui para a empresa, nesse caso chamada de sociedade de capitais. Figura 2.2: Classificação das sociedades 29 Prática Profissional do Contador | Unidade 2 - Tipos de organizações Legenda: A figura ilustra a classificação das sociedades e suas divisões. Fonte: Adaptada de Brasil (2002). 2.4 Características das Sociedades O Código Civil divide as sociedades em dois grupos: as sociedades não personificadas e as sociedades personificadas. As sociedades personificadas têm personalidade distinta da pessoa dos seus sócios, possuindo, dessa forma, patrimônio autônomo, ou seja, patrimônio que não se confunde com o patrimônio dos sócios. No grupo das sociedades não personificadas, estão incluídas as sociedades em comum e as sociedades em conta de participação. Já no grupo das sociedades personificadas, estão incluídas as sociedades simples, as sociedades limitadas, as sociedades anônimas, as sociedades em nome coletivo, as sociedades em comandita simples, as sociedades em comandita por ações e as sociedades cooperativas. Figura 2.3: Características das sociedades 30 PráticaProfissional do Contador | Unidade 2 - Tipos de organizações Legenda: A figura ilustra as características das sociedades personificadas e não personificadas. Fonte: Adaptada de Brasil (2002). Vamos conhecer, a seguir, as características de cada uma dessas sociedades. 2.4.1 Sociedade em comum Consoante o Código Civil, as sociedades em comum são as sociedades que ainda não inscreveram seus atos constitutivos no registro competente. Não são sociedades irregulares ou sociedades de fato, mas sim sociedades em que seus atos constitutivos ainda estão em tramitação nos órgãos competentes. Os dispositivos constantes nos artigos 986 a 990 do Código Civil são os que disciplinam essa matéria. Para um melhor entendimento, vamos diferenciar as sociedades em comum, a sociedade de fato e a socie- dade irregular. • Sociedade em comum: é a sociedade em formação, é aquela que está com processo de constituição em andamento nos órgãos competentes, mas que já está praticando atos em seu nome, como, por exemplo, a contratação de um contador para dar andamento ao processo de constituição. • Sociedade de fato: é a sociedade sem contrato escrito, que já está exercendo suas atividades sem nenhum indício de que seus sócios estejam tomando as providências necessárias a sua regularização. • Sociedade irregular: é a sociedade com contrato escrito e registrado, que já iniciou suas atividades normais, mas que apresenta irregularidade superveniente ao registro, como, por exemplo, a não averbação de alguma alteração contratual. Como os atos de constituição da sociedade ainda estão em tramitação, o legislador decidiu inserir no Código Civil diferentes formas de comprovar a existência da sociedade em comum como forma de solucionar demandas judiciais envolvendo a sociedade e seus sócios ou entre a sociedade e terceiros. Essas formas estão descritas no artigo 987 da seguinte forma: “os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem pro- var a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo” (BRASIL, 2002). Portanto, a existência da sociedade, caso seja necessária por terceiros, pode ser de qualquer modo, entretanto, se a exigência de prova de existência da sociedade for necessária por sócio, nesse caso terá que ser por escrito. Outro ponto importante sobre as sociedades em comum refere-se à responsabilidade dos sócios. É regra que os sócios respondam subsidiariamente pelas obrigações sociais. Ocorre que essa regra só se aplica para as socieda- des regularmente constituídas, o que não acontece com a sociedade em comum. Nesse caso, deveria ser apli- cada a responsabilidade ilimitada e direta dos sócios, entretanto, o legislador preferiu definir, para o caso da sociedade em comum, a responsabilidade ilimitada e direta para o sócio que contratou pela empresa e ilimitada e subsidiária para os outros sócios. Essa definição está contida no artigo 990 do Código Civil da seguinte forma: “todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade” (BRASIL, 2002). Quanto aos bens da sociedade, a norma estabelece, em seu art. 988, que “os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum” (BRASIL, 2002). Como a sociedade ainda não tem personalidade jurídica, os bens e dívidas da sociedade estarão em nome dos sócios. Para diferenciar os bens do sócio e os bens da empresa, o legislador definiu que serão considerados bens da sociedade os bens afetos à sociedade, tratamento idêntico às dívidas contraídas pela sociedade. 31 Prática Profissional do Contador | Unidade 2 - Tipos de organizações 2.4.2 Sociedade em conta de participação A sociedade em conta de participação, também chamada de sociedade secreta, da mesma forma que a socie- dade em comum, não possui personalidade jurídica. Ela existe apenas internamente, ou seja, entre os sócios. Essa forma de sociedade é criada, normalmente, para a realização de empreendimento temporário, como algum projeto por tempo determinado, sendo extinguidas após o término dele. Os sócios da sociedade em conta de participação são divididos em sócios ostensivos e sócios participantes, tam- bém chamados de sócios ocultos. Os sócios ostensivos são os sócios que representam a sociedade, as atividades constantes do objeto da sociedade são exclusivamente exercidas por esses sócios, arcando com toda a respon- sabilidade perante terceiros. Os sócios participantes apenas participam do resultado da sociedade, não tendo qualquer responsabilidade com terceiros por negócios realizados pela sociedade, entretanto, caso venham a participar ativamente de algum negócio envolvendo a sociedade, passam a responder solidariamente. Por outro lado, os sócios participantes têm responsabilidades entre si e contra o sócio ostensivo nos termos do contrato firmado. 2.4.3 Sociedade simples pura A sociedade simples, como vimos anteriormente, é a sociedade em que os sócios exercem profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística. Vimos, também, que a sociedade simples pode se constituir nas formas estabelecidas pelo Código Civil atribuídas às sociedades empresárias, quais sejam: sociedade em nome coletivo; sociedade em comandita simples; sociedade limitada; porém, caso a sociedade não seja constituída em nenhuma dessas formas, além, é claro, de sociedade anônima e sociedade em comandita por ações, as quais são vedadas, a sociedade será considerada sociedade simples pura ou, como alguns autores a chamam, de sociedade simples. A constituição da sociedade simples é realizada por meio da confecção de um contrato social, por esse motivo podemos dizer que a sociedade simples é uma sociedade contratual e tem seu regime de constituição e dissolu- ção regido pelo Código Civil. Por ser uma sociedade simples pura, a responsabilidade dos sócios é ilimitada e subsidiária, salvo cláusula de responsabilidade solidária; dessa forma, prevendo o contrato social, a obrigação dos sócios sobre as dívidas da sociedade poderá ser considerada solidária. 2.4.4 Sociedade limitada Da mesma forma que a sociedade simples, a sociedade limitada é uma sociedade contratual, ou seja, é constitu- ída por meio da confecção de um contrato entre os sócios, apresentando cláusula de acordo entre as partes. Sua constituição e dissolução também está regida pelo Código Civil entre os artigos 1.052 a 1.087. Essa é uma das sociedades mais utilizadas no Brasil, muito provavelmente relacionada à forma atribuída à respon- sabilidade dos sócios, como o próprio nome diz, limitada. Apesar de a sociedade anônima também atribuir respon- sabilidade limitada aos sócios, suas normas são mais rígidas, fazendo com que a simplicidade maior das sociedades limitadas traga vantagens para tornar essa modalidade mais popular entre a grande maioria das empresas. A responsabilidade limitada permite aos sócios protegerem seu patrimônio particular dos riscos causados pelas atividades empresariais. Isso atribui aos sócios responsabilidade restrita ao valor de suas quotas. Assim, não 32 Prática Profissional do Contador | Unidade 2 - Tipos de organizações devem os sócios responderem com seu patrimônio pessoal pelas dívidas da sociedade, entretanto, é importante salientar que, apesar da subsidiariedade atribuídas aos sócios com relação à integralização do capital social, estes terão responsabilidade solidária. Se o capital social da sociedade limitada estiver totalmente integralizado, os sócios não deverão responder com seu patrimônio pessoal pelas dívidas da sociedade. Todavia, se o capital social não estiver totalmente integralizado, os sócios responderão com seu patrimô- nio pessoal pelas dívidas sociais até o montante que faltar para a integralização. Um cuidado importante sobre essa forma de sociedade é o que especifica o artigo 1.053 do Código Civil, destacando que a “sociedade limitada rege-se, nas omissõesdeste Capítulo, pelas normas da sociedade simples” (BRASIL, 2002). Vejam que o simples fato de omitir as regras constantes dos artigos mencionados do Código Civil faz com que a sociedade limitada seja regida pelas regras da sociedade simples 2.4.5 Sociedade anônima Esta é uma sociedade muito atrativa para os grandes investimentos, pois, como vimos, é uma sociedade insti- tucional, logo, sua constituição é realizada por meio da celebração de um estatuto social, documento similar ao contrato social, no entanto as formas de constituição e dissolução são regidas pela Lei 6.404/76. A Sociedade Anônima tem seu capital social dividido em ações; segundo Martins et al. (2010, p. 346), ação “é a menor parcela em que se divide o capital social da companhia”. Das principais características da sociedade anônima, podemos destacar sua natureza capitalista, sua essência empresarial, sua identificação exclusiva por denominação e a responsabilidade limitada dos seus sócios. Das quatro características, vamos destacar a mais importante, que se refere à limitação de responsabilidade dos sócios. A exemplo das sociedades limitadas, as sociedades por ações também promovem responsabilidade limi- tada aos seus sócios. O sócio fica obrigado a responder apenas pela sua participação no capital social, sendo afastado apenas em casos de desconsideração da personalidade jurídica ou imputação de responsabilidade por prática de atos ilícitos. As sociedades anônimas podem ser classificadas em dois tipos: companhia de capital aberto e companhia de capital fechado. A diferença básica entre as duas está no fato de a companhia aberta negociar suas ações no mercado mobiliário, diferentemente da companhia fechada, que não o faz. 2.4.6 Sociedade em nome coletivo 33 Prática Profissional do Contador | Unidade 2 - Tipos de organizações Também se trata de uma sociedade contratual. A sociedade em nome coletivo é regida, subsidiariamente, pelas normas da sociedade simples, e seu contrato social deve conter as cláusulas gerais previstas no artigo 997 do Código Civil. Dessa forma, podemos afirmar que a constituição e a dissolução são regidas pelo referido código. As principais características dessa sociedade são a possibilidade de participação apenas de pessoas físicas em sua composição societária e sua responsabilidade ilimitada perante as dívidas com terceiros. 2.4.7 Sociedade em comandita simples Essa sociedade tem como característica marcante o fato de a responsabilidade dos sócios ser mista. Para que isso seja possível, é necessário classificar os sócios de duas formas: os sócios comanditados e os sócios comanditários. Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota. (BRASIL, 2002). A obrigação precípua do sócio comanditário é somente contribuir para a formação do capital da sociedade, em contrapartida, não pode participar de atos de gestão nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio comanditado. Quanto aos sócios comanditados, cabem os mesmos direitos e obrigações dos sócios em nome coletivo, ou seja, precisam ser pessoas físicas, podem administrar a sociedade, seus nomes podem constar da firma social e, em contrapartida, sua responsabilidade é ilimitada. O Fórum Desafio permite a interatividade, a troca de informações e experiências para a construção do conhecimento. 2.4.8 Sociedade em comandita por ações A sociedade em comandita por ações é considerada uma sociedade híbrida, pois possui aspectos de sociedade em comandita e aspectos da sociedade anônima. Assim como as sociedades anônimas, seu capital é dividido em ações e, da mesma forma que a sociedade em comandita, possui duas categorias de sócios ou acionistas. Os acionistas possuem responsabilidade limitada e os acionistas diretores possuem responsabilidade ilimitada e subsidiária. Existindo mais de um acionista diretor, eles terão responsabilidade solidária entre si. 34 Prática Profissional do Contador | Unidade 2 - Tipos de organizações A responsabilidade social dos diretores, contraídas sob sua administração, destituídos ou exonerados, perdura por um período de dois anos após sua saída. De acordo com regras instituídas pelo Código Civil, os diretores das sociedades em comandita por ações serão nomeados por meio do ato constitutivo da sociedade, dessa forma não possuem mandato e, consequentemente, sua gestão não terá limite de tempo. Como os administradores não são eleitos pela assembleia geral, como normalmente acontece nas sociedades por ações, mas sim pelo ato constitutivo da sociedade, para serem destituídos será necessário que a decisão seja votada pelos acionistas e existirá a necessidade de concordância mínima de dois terços do capital social. Na sociedade em comandita por ações, a assembleia geral tem limitações em suas decisões, algumas delas dependentes de autorização dos diretores. São elas: • a assembleia geral não pode mudar o objeto essencial da sociedade; • a assembleia geral não pode prorrogar o prazo de duração da sociedade; • a assembleia geral não pode aumentar ou diminuir o capital social; • a assembleia geral não pode criar debêntures; • a assembleia geral não pode criar partes beneficiárias; • a assembleia geral não pode aprovar a participação em grupo de sociedade. Como vimos, a sociedade em comandita por ações tem características específicas e bastante diferentes das sociedades por ações. Aqui tratamos a maioria delas, outras regras utilizadas deverão ser as mesmas estabeleci- das na Lei 6.404/76. 2.4.9 Sociedade cooperativa As sociedades cooperativas foram contempladas com um tratamento especial por parte da Constituição Federal do Brasil de 1988; por meio dela, foi permitido às sociedades cooperativas a criação independentemente de autorização e vedou-se a interferência estatal no seu funcionamento. Art. 5º [...] XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. (BRASIL, 1988). Outro dispositivo muito importante, tratado pela Constituição Federal, foi o inciso III, letra c, em que se dispõe que deve a Lei Complementar legislar sobre adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. Vejamos o dispositivo: Art. 146. Cabe à lei complementar: [...] II - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: [...] c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. (BRASIL, 1988). 35 Prática Profissional do Contador | Unidade 2 - Tipos de organizações Existem muitos outros dispositivos constitucionais que citam as cooperativas, há um grande interesse de fomen- tar a atividade do cooperativismo por parte dos governos. A edição da Lei 5.764/71 foi uma das formas que o governo brasileiro encontrou para regular esse importante segmento. Mas, exatamente, qual a definição de cooperativa? A definição de cooperativa está expressa no artigo 3º da Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971, no qual “cele- bram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro” (BRASIL, 1971). Figura 2.4: Cooperativas Legenda: Sociedade de pessoas. Fonte: Plataforma Deduca (2018). Como vimos, as cooperativas serão sempre sociedades simples, independentemente de seu objeto social. Suas características estão elencadas no art. 1.094 do Código Civil: Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa: I - variabilidade, ou dispensa do capital social; II - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo; III - limitação do valorda soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar; IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança; 36 Prática Profissional do Contador | Unidade 2 - Tipos de organizações V - quórum, para a assembleia geral funcionar e deliberar, fundado no número de sócios presen- tes à reunião, e não no capital social representado; VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qual- quer que seja o valor de sua participação; VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado; VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade. (BRASIL, 2002). Dessas características, podemos destacar que a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada. A diferença consta nos parágrafos 1º e 2º do artigo 1.095. § 1o É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde somente pelo valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a proporção de sua parti- cipação nas mesmas operações. § 2o É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde solidária e ilimitada- mente pelas obrigações sociais. (BRASIL, 2002). A responsabilidade dos sócios das cooperativas está vinculada ao seu estatuto social, da forma como foi cons- tituída. Caso o estatuto preveja uma cooperativa sem capital social, as responsabilidades de suas obrigações sociais recaem diretamente sobre os sócios, caracterizando uma responsabilidade ilimitada e solidária. 37 Considerações finais Nesta unidade, estudamos os assuntos mais importantes sobre as socie- dades. Nela foi possível: • conhecermos os tipos de sociedades; • aprendermos sobre suas classificações quanto à responsabilidade dos sócios, quanto ao regime de constituição e dissolução e quanto à sua composição; • entendermos que a escolha correta da forma de constituição da sociedade poderá proteger ou colocar em risco o patrimônio particular dos sócios; • estudarmos sobre as sociedades personificadas e descobrirmos que existem as sociedades não personificadas e que, nem por isso, podem ser consideradas irregulares; • aprendermos, também, as características mais importantes das muitas formas de constituição das sociedades atribuídas pelo Código Civil. Referências 38 BRASIL. (Constituição 1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 28 maio 2018. ______. Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5764.htm>. Acesso em: 9 maio 2018. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/Leis/2002/ L10406.htm>. Acesso em: 28.maio 2018. MARTINS, E. et al. Manual de Contabilidade Societária: Aplicável a todas as Sociedades de Acordo com as Normas Internacionais e do CPC. São Paulo: Atlas, 2010. TOMAZETTE, M. Curso de Direito empresarial. São Paulo: Atlas, 2017. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5764.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5764.htm http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/Leis/2002/L10406.htm http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/Leis/2002/L10406.htm 3 40 Unidade 3 Constituição de Organizações Para iniciar seus estudos Bem-vindo(a) à terceira unidade da disciplina de Prática Profissional do Con- tador! Curioso(a) pelo que está por vir? Já percorremos um longo caminho até aqui, conhecendo os principais conceitos relacionados à Contabilidade e ao profissional contábil. Também tivemos a oportunidade de conhecer os con- ceitos e os tipos de sociedade. Agora, chegou o momento de você conhe- cer o modo como essas sociedades são criadas, transformadas e dissolvidas. Vamos lá? Objetivos de Aprendizagem • Retratar a constituição, a alteração, o registro e a baixa de organizações empresariais. 41 Prática Profissional do Contador | Unidade 3 - Constituição de Organizações 3.1 Constituição das sociedades Você se lembra do caminho percorrido até aqui? Na Unidade 1, você conheceu os objetivos da Contabilidade e descobriu que o principal é a geração de informações para que seus usuários possam tomar decisões (PADOVEZE, 2010). Além disso, você identificou as principais características exigidas dos profissionais contábeis (MARION, 2015). Na Unidade 2, você teve a oportunidade de conhecer os conceitos dos tipos de sociedade. Vamos recapitular: segundo Iudícibus e Marion (2010), a sociedade consiste em um contrato em que pelo menos duas pessoas se obrigam a unir esforços ou recursos por um objetivo em comum. Uma das divisões possíveis da sociedade é em personificadas, que correspondem às sociedades legalmente registradas, e a outra é em não personificadas, que consistem em sociedades não formalizadas. Dentre as socie- dades personificadas, temos uma nova subdivisão: em sociedades simples e empresárias. A sociedade simples corresponde a uma atividade de profissionais prestadores de serviços que exige registro no cartório civil, ou seja, uma atividade de cunho artístico, intelectual ou de natureza científica. São exemplos comuns desse modelo funções como a de advogado, médico, dentista etc. (IUDÍCIBUS; MARION, 2010). Figura 3.1: Sociedade simples Legenda: A imagem traz profissionais da área de saúde, construção, manutenção e administração. Fonte: Plataforma Deduca (2018). Já a sociedade empresária, como o próprio nome sugere, é uma atividade empresária própria que exige o regis- tro na Junta Comercial. São exemplos dessa modalidade as sociedades anônimas, as sociedades limitadas etc. As características inerentes a esse tipo de sociedade serão o objeto de estudo desta unidade. Vamos lá? As primeiras legislações que tratavam das sociedades foram criadas ainda no Império Romano. Naquela época, foram desenvolvidas regras para tratar de bens e direitos de her- deiros, os quais eram organizados em sociedades com fins específicos, como compra de escravos ou pagamento de impostos. Glossário 42 Prática Profissional do Contador | Unidade 3 - Constituição de Organizações 3.1.1 Constituição das sociedades empresárias Você já parou para pensar em como uma empresa é criada? Mesmo que você não conheça todas as etapas envol- vidas, uma coisa é certa: esse é um processo bastante trabalhoso. Existem alguns aspectos jurídicos relevantes envolvidos na abertura de uma empresa, alguns dos quais serão apresentados a seguir. Figura 3.2: Sociedade empresária Legenda: A imagem mostra o prédio de uma empresa. Fonte: Plataforma Deduca (2018). • Capacidade dos sócios Para ser sócio ou administrador de uma sociedade (independentemente do tipo), é preciso preencher alguns requisitos estabelecidos no Código Civil (Lei 10.406/2002), que serão apresentados a seguir: Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. § 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revo- gada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. § 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará queconceder a autorização. O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contra- tos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; 43 Prática Profissional do Contador | Unidade 3 - Constituição de Organizações II – o capital social deve ser totalmente integralizado; III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser repre- sentado por seus representantes legais. (BRASIL, 2002) De forma geral, podemos afirmar que todo o cidadão considerado capaz, que não esteja impedido com base em alguma lei ou em alguma condição, estará apto a participar de uma sociedade. Outro ponto que deve ser decidido nessa etapa é a responsabilidade dos sócios. As formas existentes são a res- ponsabilidade limitada, em que os sócios só respondem pelos prejuízos até o valor de sua participação (quotas), e responsabilidade ilimitada, em que os sócios respondem pelo valor de sua participação; porém terão respon- sabilidade solidária pela integralização do capital social. • Escolha do tipo societário Como já citado anteriormente, existem dois grandes grupos de sociedades personificadas: sociedade simples e sociedade empresarial. Além desses dois modelos, o Código Civil ainda apresenta uma terceira opção: empre- sário individual, que anteriormente era chamado de firma individual. De modo geral, pode fazer parte dessa modalidade a pessoa que exerce atividade em nome próprio. • Consulta da viabilidade junto à Prefeitura A próxima etapa é verificar se o local escolhido para a sede da empresa é viável, já que, em alguns municípios, nem todas as áreas são próprias para a existência de determinados negócios. É preciso conferir a legislação municipal, além do plano diretor da cidade. Por exemplo, não é possível estabelecer uma indústria no meio de uma área residencial. É preciso que as empresas desse segmento estejam instaladas em um lugar próprio. • Registro do contrato social Uma outra etapa muito importante é o registro do contrato social. Geralmente, as sociedades empresariais são constituídas mediante a criação do contrato social, que é composto por cláusulas que são estipuladas pelas partes. Segundo o artigo 997 do Código Civil (Lei 10.406/2002), ele deve conter obrigatoriamente: I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais. (BRASIL, 2002) Como você pôde notar, um dos itens do contrato social é a subscrição e a integralização do capital social. A subs- crição corresponde à promessa de entrega de dinheiro/bens, enquanto a integralização corresponde à entrega propriamente dita. Primeiramente, os sócios subscrevem o capital para, posteriormente, realizarem a integrali- zação total ou parcial desse capital. 44 Prática Profissional do Contador | Unidade 3 - Constituição de Organizações Os sócios são obrigados a integralizar o capital no valor e no prazo previstos. Os valores que ficaram subscritos deverão fazer parte de uma conta do patrimônio líquido denominada capital a integralizar. As sociedades limitadas possuem algumas particularidades, como no caso da responsabilidade. Nesse tipo de sociedade, conforme o art. 1.052 do Código Civil (Lei n° 10.406/2002), a responsabilidade de cada sócio fica limi- tada ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. A integralização de capital pode ser feita de outros modos além de dinheiro, como imóveis e veículos, desde que os bens/direitos oferecidos possam ser avaliados monetariamente. Observe o exemplo a seguir. Os sócios João e Maria constituíram uma sociedade de quotas com responsabilidade limitada. A cláusula refe- rente ao capital social é apresentada da seguinte forma: Cláusula 1°: O capital social é de R$ 100.000,00 (cem mil reais), dividido em 100.000 (cem mil) quotas de R$ 1,00 (um real) cada uma, que serão integralizadas da seguinte maneira: a. João, 50.000 (cinquenta mil) quotas de R$ 1,00 (um real) cada uma, totalizando R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), sendo: 10.000 (dez mil) quotas, totalizando R$ 10.000,00 (dez mil reais), integralizadas no momento da abertura da empresa em moeda corrente do país, e 40.000 (quarenta mil) quotas, totalizando R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), integralizadas por meio de dois veículos avaliados em R$ 20.000,00 (vinte mil reais) cada; b. Maria, 50.000 (cinquenta mil) quotas de R$ 1,00 (um real) cada uma, totalizando R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), sendo: 30.000 (trinta mil) quotas, totalizando R$ 30.000,00 (trinta mil reais), integralizadas no momento da abertura da empresa, em moeda corrente do país, e R$ 20.000,00 (vinte mil reais) integralizados em 60 (sessenta) dias, em moeda corrente do país. • Registro de nome empresarial Além do registro do contrato social, caso o empresário/proprietário busque resguardar os direitos sobre o nome empresarial, é preciso que ele ro registre no INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Pense na seguinte situação: um empresário chamado Pedro da Silva resolveu criar uma empresa especializada no con- serto de máquinas de lavar, chamada “Consertos Silva”. Anos depois, um outro empresário chamado Antônio da Silva, especializado no conserto de estofados, criou uma empresa, na mesma cidade, denominada “Consertos Silva”. As áreas de atuação são diferentes e o nome não é uma cópia, já que ambos estão usando apenas seus sobreno- mes. Mas pode gerar confusão? Sim, pode! Caso o primeiro empresário tivesse registrado o nome, teria evitado transtornos futuros. Figura 3.3: Constituição da empresa Legenda: A imagem mostra uma fila de bonecos trazendo peças para completar o espaço faltante na empresa. Fonte: Plataforma Deduca (2018). 45 Prática Profissional do Contador | Unidade 3 - Constituição de Organizações • Planejamento tributário e trabalhista O planejamento tributário e trabalhista pode ser de grande valia para a entidade. Suas etapas não são obri- gatórias, mas o uso de tais procedimentos pode contribuir para a longevidade da organização. Ao realizar um planejamento tributário, é possível que a empresa escolha o enquadramento tributário que ofereça os maiores benefícios, ou seja, o menor valor de impostos, permitindo, assim, uma economia sem impacto nas políticas de preço ou grandes investimentos na sua estrutura. Já no planejamento trabalhista, é preciso fazer um estudo detalhado dos aspectos trabalhistas do negócio, bus- cando sempre encontrar o meio termo entre o que é melhor para a empresa e para o colaborador. • Cadastro na Receita Federal Para que a empresa possa iniciar suas atividades de forma regular, é preciso que ela realize o cadastro na Receita Federal para obter o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Esse cadastro é uma espécie de RG (Registro Geral) da pessoa física, sendo o principal instrumento de identificação da organização. • Cadastro na Receita Estadual e Municipal Após a obtenção do CNPJ junto à Receita Federal, o próximo passo é o cadastro tanto na Receita Estadual como na Receita Municipal. Em alguns casos, além do cadastro na Receita Estadual, é preciso que os proprietários façam a inscrição estadual,
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