Buscar

Bens: Definição e Classificação


Prévia do material em texto

Bens 
Os bens são os objetos presentes numa relação jurídica. São valores materiais ou 
imateriais que podem ser objeto de uma relação de direito. 
Para que a que pessoa tenha um direito, imprescindível faz-se a presença de um 
objeto sobre o qual ela exercerá sua pretensão subjetiva. Em regra, o objeto de uma 
relação jurídica é um bem. 
Conforme leciona Carlos Roberto Gonçalves, "bens são coisas materiais ou concretas, 
úteis aos homens e de expressão econômica, suscetíveis de apropriação". Portanto, 
os bens que podem ser objetos de direito são os corpóreos (que possuem existência 
física, sendo passíveis de alienação), os incorpóreos (de existência abstrata, que 
somente podem ser objetos de cessão), determinados atos humanos (prestações), e 
até mesmo outros direitos (usufruto de crédito, por exemplo) e atributos da 
personalidade (direito a imagem, por exemplo). 
Ao conjunto de bens pertencentes à um particular dá-se o nome de patrimônio. 
Neste, não estão abrangidas as qualidades pessoais do proprietário, embora por 
vezes a lesão a esses bens possa acarretar em direito à indenização. 
As coisas comuns são os bens insuscetíveis de apropriação pelo homem, razão pela 
qual não podem ser objeto de relações jurídicas, salvo se for possível sua apropriação 
em porções limitadas. As coisas sem dono podem ser apropriadas livremente pelas 
pessoas, bem como as coisas abandonadas. 
O Código Civil de 2002 assim classifica os bens: 
 
 
 
. Bens considerados em si mesmos 
. Bens reciprocamente considerados 
. Bens públicos 
1. Bens considerados em si mesmos 
 
 
 
 
a) Móveis 
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de 
movimento próprio, ou de remoção por força 
alheia, sem alteração da substância ou da 
destinação econômico-social. 
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos 
legais: 
I - As energias que tenham valor econômico; 
II - Os direitos reais sobre objetos móveis e as ações 
correspondentes; 
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e 
respectivas ações. 
Art. 84. Os materiais destinados a alguma 
construção, enquanto não forem empregados, 
conservam sua qualidade de móveis; readquirem 
essa qualidade os provenientes da demolição de 
algum prédio. 
 
são bens suscetíveis de movimento, que podem ser transportados de um lugar para 
o outro sem que seja alterada sua substância ou sua destinação econômico-social. 
. Móveis ou imóveis 
. Fungíveis ou infungíveis 
. Consumíveis ou inconsumíveis 
. Divisíveis ou indivisíveis 
. Singulares ou coletivos 
Dentre suas principais características está o fato de serem adquiridos por simples 
tradição, ocupação ou invenção, sem necessidade de outorga uxória, escritura 
pública e registro; ter o lapso de prescrição aquisitiva inferior ao do usucapião de 
bens imóveis; de sujeitarem-se a penhora, e não a hipoteca; de não serem suscetíveis 
de direito real de superfície, porém de mútuo; e, por fim, de sujeitarem-se ao ICMS, e 
jamais ao ITBI. 
Os bens móveis podem ser classificados em: 
• Móveis por natureza: são aqueles que possuem movimento próprio. Eles 
subdividem-se em semoventes (que se movem por força própria, como um animal, 
por exemplo) e propriamente ditos (se movem por força alheia, como uma cadeira, 
por exemplo); 
 
• Móveis por determinação legal: estão regulamentados no artigo 83 do CC, que 
considera móveis, para efeitos legais, as energias com valor econômico; os direitos 
reais sobre móveis, com as ações correspondentes; e os direitos pessoais de caráter 
patrimonial com suas respectivas ações. Observa-se, portanto, que o Código Civil 
confere natureza de bem móvel a bens imateriais visando facilitar a proteção jurídica 
destes. Como exemplo podemos citar o fundo de comércio; as cotas das sociedades; 
os créditos; os direitos autorais etc; 
 
• Móveis por antecipação: são os bens que se incorporam ao solo com a intenção de 
futuramente separar-se deste, convertendo-se em móvel. Como exemplo podemos 
citar as árvores que são plantadas justamente para serem cortadas posteriormente. 
 
 
b) Imóveis 
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se 
lhe incorporar natural ou artificialmente. 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos 
legais: 
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os 
asseguram; 
II - o direito à sucessão aberta. 
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: 
I - as edificações que, separadas do solo, mas 
conservando a sua unidade, forem removidas para 
outro local; 
II - os materiais provisoriamente separados de um 
prédio, para nele se reempregarem. 
são bens insuscetíveis de movimento, que não podem ser transportados de um lugar 
para o outro sem serem destruídos. Podem, ainda, ser considerados imóveis por 
determinação legal, conforme estabelece o artigo 79 do CC, o solo e tudo quanto se 
lhe incorporar natural ou artificialmente. 
Dentre suas principais características podemos citar que são adquiridos por escritura 
pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis, com exigência 
de outorga uxória; que seu lapso de prescrição aquisitiva é superior ao dos bens 
móveis; que estão sujeitos a hipoteca; que embora não sejam suscetíveis de mútuo, 
é a única espécie de bem que admite o direito real de superfície; e, por fim, que se 
sujeitam ao ITBI, e não ao ICMS. 
Como os bens móveis, eles também podem ser classificados como: 
• Imóveis por natureza: somente o solo, com sua superfície, subsolo e espaço aéreo; 
 
• Imóveis por acessão natural: tudo que se adere naturalmente ao solo, como as 
árvores, os frutos pendentes, os acessórios etc. Como visto acima, as árvores se 
destinadas ao corte, serão móveis por antecipação, e, se plantadas em vasos, 
também serão móveis, pois serão removíveis; 
 
• Imóveis por acessão artificial ou industrial: é a aderência de um bem ao solo por 
força humana, como as construções e as plantações, que não podem ser retiradas 
sem destruição, modificação, fratura ou dano ao bem. Tendo em vista o conceito, 
nele não se abrange as construções provisórias, como as barracas de feira, por 
exemplo. Nestas hipóteses, não perderá o caráter de imóvel as edificações que 
separadas do solo não perderem sua unidade, e os materiais separados 
provisoriamente do prédio que voltarão a integrá-lo futuramente; 
 
• Imóveis por determinação legal: são bens que são considerados imóveis por força de 
lei para dar maior segurança a determinadas relações jurídicas. Eles estão previstos 
no artigo 80 do Código Civil, dentre os quais podemos citar os direitos reais sobre os 
bens imóveis e suas respectivas ações e o direito a sucessão aberta (razão pela qual, 
inclusive, a renúncia da herança deve ser dar por escritura pública devidamente 
registrada no Cartório de Registro de Imóveis). 
 
 
c) Fungíveis: 
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem 
substituir-se por outros da mesma espécie, 
qualidade e quantidade. 
 
São bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade 
e quantidade, ou seja, podem ser determinados por peso, número ou medida. O 
Código Civil os define em seu artigo 85, como sendo "fungíveis os móveis que podem 
substituir-se por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade", como dinheiro, 
ovos etc. Seu empréstimo chama-se mútuo. Em regra, ele somente abrange bens 
móveis, porém, excepcionalmente podem englobar imóveis. 
A fungibilidade, portanto, é relativa, posto que não resulta apenas da vontade da Lei, 
podendo, por vezes, resultar da vontade humana. Assim, determinado bem pode ser 
fungível até que lhe seja atribuída determinada característica específica. Por exemplo, 
um relógio pode ser um bem fungível, você entrega para uma pessoa e ela pode te 
devolver outro igual, porém, caso o relógio seja de uma marca ou modelo específico 
ele não poderá ser substituído, por possuir características próprias que somente nele 
são encontradas. 
A fungibilidade pode existir tanto nasobrigações de dar como nas de fazer. Assim, se 
um serviço puder ser realizado por qualquer pessoa ele será fungível, como, por 
exemplo, a lavagem de um carro - não importa quem vá fazer o serviço, o importante 
é que o carro seja lavado, não importando a pessoa do lavador, posto que esse pode 
ser substituído a qualquer momento. Porém, se um pintor é contratado para pintar 
uma tela pelas suas características pessoais como artista, ele não poderá ser 
substituído por outra pessoa, ainda que este venha a ser um artista melhor do que ele. 
Isso se dá porque essa obrigação é infungível, também chamada de intuitu personae, 
ou seja, aquele pintor somente foi contratado em virtude das qualidades pessoais que 
possui. 
 
d) Infungíveis 
 conceito por exclusão 
 
São bens que não podem ser substituídas por outros em virtude de uma característica 
própria que tenham, que o torne individual, como um quadro, por exemplo. Seu 
empréstimo chama-se comodato. 
 
e) Consumíveis 
art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso 
importa destruição imediata da própria substância, 
sendo também considerados tais os destinados à 
alienação. 
O Código Civil, em seu artigo 86, afirma que "são consumíveis os bens móveis cujo 
uso importa a destruição imediata da própria substância, sendo também 
considerados tais os destinados a alienação". Assim, bens consumíveis são bens que 
são destruídos após serem utilizados, como o dinheiro, a comida, o livro para o 
vendedor etc. Nos bens consumíveis por natureza o seu simples consumo implica em 
sua destruição. Porém, também será considerada consumível a coisa destinada à 
alienação, como, por exemplo, um rádio: para o vendedor da loja ele é considerado 
um bem consumível, tendo em vista que, com a venda, ele se desfará dele, porém, 
para o comprador, ele será um bem inconsumível, uma vez que, ao adquirir sua 
propriedade irá usá-lo sem destruí-lo. 
Os bens consumíveis podem tornar-se inconsumíveis pela vontade das partes, como 
uma garrafa de um vinho raro que foi emprestada para uma exposição, por exemplo. 
Em relação ao sentido econômico dos bens eles podem ser: 
• Consumíveis de fato: são os bens natural ou materialmente consumíveis, cujo uso 
importa na destruição imediata da própria substância do bem, como uma fruta, por 
exemplo. 
• Consumíveis de direito: são os bens destinados a alienação, como o dinheiro, por 
exemplo. 
Não se pode confundir bens consumíveis com bens fungíveis, embora geralmente as 
coisas fungíveis sejam consumíveis e as infungíveis inconsumíveis. 
 
f) Inconsumíveis 
conceito por exclusão 
São bens que não são destruídos pelo seu uso. Eles admitem o uso reiterado sem 
alteração de sua substância. Ex.: carro, livro para o estudante. Os bens inconsumíveis 
podem transformar-se em juridicamente consumíveis, como, por exemplo, um livro 
colocado a venda em uma livraria. 
g) Divisíveis: 
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem 
fracionar sem alteração na sua substância, 
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do 
uso a que se destinam. 
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem 
tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou 
por vontade das partes. 
 
A priori, todos os bens são divisíveis, como, por exemplo, um carro, que pode ser 
desmontado. Porém, para o Direito Civil, o conceito de divisibilidade está relacionado 
com a perda ou não da propriedade da coisa, pois, no exemplo acima, se desmontado 
um carro suas partes não terão mais a mesma utilidade, pois o carro, em si, não terá 
mais utilidade. Neste sentido, proclama o CC em seu artigo 87, que "bens divisíveis 
são os que podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição 
considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam". Assim, o bem será 
divisível quando, ao ser partido, formar partes reais distintas, mantendo sua 
substância e formando cada qual um todo perfeito. Ex.: água, ouro. 
 
h) Indivisíveis 
conceito por exclusão 
São bens que não podem ser fracionados sem que percam suas propriedades, suas 
características, sua substância. Ao serem partidos deixam de ser o que era, como 
ocorre, por exemplo, com a divisão de um relógio, de um carro etc. 
O CC em seu artigo 88 prescreve que "os bens naturalmente divisíveis podem tornar-
se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes". Desta forma, 
considera-se indivisível não só a divisão que acarreta na perda do valor material do 
bem, mas também a que prejudica consideravelmente seu valor financeiro ao ser 
fracionada. Podemos concluir, portanto, que a indivisibilidade de um bem pode 
resultar de três diferentes fontes: 
• da lei (jurídica): como as servidões; as hipotecas; os imóveis rurais, que não podem 
ser divididos em frações inferiores a um módulo regional; os lotes, que não podem 
ter área inferior a 125 metros quadrados etc; 
• da vontade das partes (convencional): como as ações, por exemplo. Nesta hipótese 
o acordo tornará a coisa comum indivisa, por não mais que cinco anos, podendo este 
prazo ser prorrogado posteriormente. Pode, ainda, ser estabelecida pelo doador ou 
pelo testador. 
• da natureza (física ou natural): são os que não podem fracionar sem alteração da sua 
substância, diminuição de valor ou prejuízo, como, por exemplo, o carro. 
 
i) Singulares: 
Art. 89. São singulares os bens que, embora 
reunidos, se consideram de per si , 
independentemente dos demais. 
Singulares: são bens que, embora reunidos, são considerados distintos, isolados uns 
dos outros. São considerados em sua individualidade, como, por exemplo, um 
caderno. Podem ser: 
• Simples: bens formados por partes de uma mesma espécie, homogêneas, como, por 
exemplo, um animal, uma pedra, um vegetal; 
• Compostos: bens formados por partes distintas, heterogêneas, como, por exemplo, 
um automóvel, um edifício, um eletrodoméstico; 
• Materiais: bens concretos, corpóreos, como, por exemplo, uma cadeira, um avião, 
uma bicicleta; 
• Imateriais: bens incorpóreos, abstratos, como, por exemplo, um crédito, uma dívida, 
um direito. 
 
j) Coletivos 
Art. 90. Constitui universalidade de fato a 
pluralidade de bens singulares que, pertinentes à 
mesma pessoa, tenham destinação unitária. 
Parágrafo único. Os bens que formam essa 
universalidade podem ser objeto de relações 
jurídicas próprias. 
Art. 91. Constitui universalidade de direito o 
complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, 
dotadas de valor econômico. 
 
Também chamados de universais ou universalidades, são bens formados por coisas 
simples que agregados formam um todo. Se considerados conjuntamente esses bens 
perderão sua autonomia, individualidade. A coletividade será extinta quando as 
coisas que a formam vão desaparecendo, restando apenas uma delas. Neste sentido, 
de acordo com o artigo 90 do Código Civil, "constitui universalidade de fato a 
pluralidade de bens singulares que, pertinentes a mesma pessoa, tenham destinação 
unitária". Assim, a universalidade é classificada pela doutrina como: 
• Universalidade de fato: conjunto de coisas materiais singulares, simples ou 
compostas, reunidas em coletividade pela vontade da pessoa, tendo distinção 
comum, ou seja, objetos iguais, da mesma natureza, como, por exemplo, um 
rebanho, uma bicicleta, uma frota de automóveis. 
 
• Universalidade de direito: conjunto de coisas materiais ou imateriais, corpóreas ou 
incorpóreas que tem caráter coletivo. No entanto, a Lei atribui a essas coisas um 
caráter unitário, como, por exemplo, um patrimônio, uma herança, a massa falida etc. 
É formado por um complexo de relações jurídicas com vínculo resultante 
exclusivamente da lei. 
O artigo 1791 do CC estabelece a universalidade do patrimônio e da herança ao prever 
que "a herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os 
herdeiros". Enquanto seu parágrafo único, dispõe que "até a partilha, o direito dos 
coerdeiros, quanto a propriedade e posse da herança,será indivisível, e regular-se-á 
pelas normas relativas ao condomínio". 
Não se deve confundir, portanto, coisas compostas com coisas coletivas (universais). 
Na primeira ocorre a síntese de partes, com a formação de uma coisa inteira, 
considerada em seu todo, por partes diferentes. Já no segundo ocorre uma reunião, 
um agrupamento de coisas distintas consideradas em sua individualidade. 
MÓVEL: são eles 
. bens suscetíveis de movimento próprio, remoção 
por força alheia, sem alteração de sua substância ou 
destinação. 
. energias que tenham valor econômico 
. direitos reais sobre bens imóveis e ações 
correspondentes 
. direitos pessoais de caráter patrimonial e ações 
correspondentes. 
. materiais destinados à construção (enquanto não 
forem empregados conservam sua qualidade de 
móveis) readquirem essa qualidades quando 
novamente separados (EX: demolição) 
IMÓVEL: são eles 
. o solo e tudo que se incorporar a ele natural ou 
artificialmente 
. os direitos reais sobre imóveis e as ações que os 
asseguram 
. o direito à sucessão aberta 
. as edificações que, separadas do solo, mas 
conservam sua unidade, forem removidas para outro 
local. 
. os materiais provisoriamente separados de um 
prédio, para serem colocados nele de volta. 
FUNGÍVEL: os móveis que podem ser substituídos 
por outro, da mesma espécie, qualidade ou 
quantidade. 
INFUNGÍVEL: conceito por exclusão 
CONSUMÍVEIS: aqueles cujo uso implicam em 
destruição imediata da substância, sendo 
destinados os tais à alienação 
INCONSUMÍVEIS: conceito por exclusão 
DIVISÍVEIS: os que podem se fracionar sem alterar 
sua substância, diminuição considerável do valor, 
ou prejuízo do uso a que se destinam. Podem 
tornar-se indivisíveis por determinação de lei ou por 
vontade das partes. 
INDIVISÍVEIS: conceito por exclusão 
SINGULARES: são aqueles que, embora juntos, se 
consideram de per si, independentemente dos 
demais. 
COLETIVOS: têm-se a universalidade de fato e de 
direito. 
. Universalidade de fato: pluralidade de bens 
singulares, pertinentes à mesma pessoa e que 
tenham destinação única. EX: coleções, rebanho de 
gado, etc. 
. Universalidade de direito: é um complexo de 
relações jurídicas de uma pessoa, dotadas de 
conteúdo econômico. EX: o patrimônio de alguém. 
 
 
 
2. Bens Reciprocamente Considerados 
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, 
abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja 
existência supõe a do principal. 
Art. 93. São pertenças os bens que, não 
constituindo partes integrantes, se destinam, de 
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao 
aformoseamento de outro. 
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito 
ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo 
se o contrário resultar da lei, da manifestação de 
vontade, ou das circunstâncias do caso. 
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem 
principal, os frutos e produtos podem ser objeto de 
negócio jurídico. 
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, 
úteis ou necessárias. 
 Princípio da Gravitação 
Jurídica 
 
 
Princípio do acessório que segue 
o principal 
§ 1 o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, 
que não aumentam o uso habitual do bem, ainda 
que o tornem mais agradável ou sejam de elevado 
valor. 
§ 2 o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso 
do bem. 
§ 3 o São necessárias as que têm por fim conservar 
o bem ou evitar que se deteriore. 
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os 
melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao 
bem sem a intervenção do proprietário, possuidor 
ou detentor. 
 
Bem principal é aquele que existe sobre si (abstrata ou concretamente) e, como 
acessório, aquele cuja existência pressupõe a existência de um principal. Esses 
princípios trazem 3 implicações: 
• A NATUREZA JURÍDICA: do bem acessório, que será a mesma do principal. 
- Principais: são os bens que existem sobre si mesmos, abstrata e concretamente, 
não dependendo de nenhum outro. Ex.: o solo. 
 
- Acessórios: bens cuja existência supõe a existência de um principal. Ex.: a cláusula 
penal, que é acessório de obrigação principal; a árvore, que é acessório do solo; a 
fiança, que é acessória da locação etc. A regra geral é de que o principal é superior ao 
acessório, razão pela qual este segue o destino daquele (accessorium sequitur suum 
principale), salvo disposição expressa em sentido contrário. O contrário, porém, não 
é verdadeiro. O acessório assume a mesma natureza jurídica do principal. Em regra, 
o proprietário do principal é também do acessório, salvo exceção legal ou 
convencional. A classe dos acessórios compreende: 
→ Frutos: são utilidades que a coisa principal produz periodicamente, cuja colheita não 
diminui o valor nem a substância da fonte. Eles nascem e renascem periodicamente 
da coisa. Possuem três requisitos: a periodicidade; inalterabilidade da substância do 
bem principal; e possibilidade de separação desta. Os frutos podem ser naturais 
(surgem da força orgânica da própria natureza – maçã); industriais (surgem da força 
humana – produtos); civis (surgem dos rendimentos produzidos por uma coisa em 
virtude da utilização por outrem que não o proprietário do bem – aluguel); pendentes 
(enquanto unidos à coisa que o produziu – maçã no pé ou aluguel não recebido); 
percebidos ou colhidos (separados da coisa que o produziu – maçã colhida, aluguel 
recebido); estantes (separados do principal e armazenados para venda – maçã na 
caixa); percipiendos (deveriam ser colhidos mas não foram – maçã estragada no pé 
ou direito prescrito); consumidos (não existem mais porque foram consumidos – 
maçã comida); 
 
→ Produtos: são as utilidades que a coisa produz, porém não periodicamente, 
diminuindo-lhe a quantidade e alterando sua substância até que ele se esgote, como, 
por exemplo, a extração de carvão em uma mina; 
→ Pertenças: são móveis que não constituem parte integrante do bem, porém se 
destinam, de forma duradoura, ao uso, serviço ou aformoseamento de outro. Por 
exemplo: um trator de uma fazenda; os bens de decoração de uma residência; etc. O 
artigo 94 do CC diferencia as pertenças das partes integrantes do bem ao afirmar que 
"negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, 
salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias 
do caso". Pode-se concluir, portanto, que a regra de que o acessório segue o principal 
não se aplica as pertenças. 
 
→ Rendimentos: são espécies do gênero frutos, não constituindo uma categoria 
autônoma. São os frutos civis consistentes em prestações pecuniárias periódicas 
provenientes do uso da coisa principal, como aluguel, juros etc. 
 
→ Benfeitorias: são acessórios incorporados ao bem principal pelo homem, visando 
conservar, melhorar ou embelezar algo. Nos termos do artigo 96 do CC e parágrafos 
elas podem ser necessárias (visam conservar a coisa, evitar que ela se deteriore, ou 
permitir sua exploração econômica); útil (visam facilitar ou melhorar o uso do bem – 
garagem); voluptuária (visam embelezar a coisa sem aumentar sua utilidade – 
jardim). Referida classificação não é absoluta tendo em vista que, uma mesma 
benfeitoria pode enquadrar-se em diferentes espécies conforme as circunstâncias. 
Assim, uma piscina em uma escola de natação será uma benfeitoria necessária; em 
um colégio será útil; e, em uma residência, será voluptuária. Elas não devem se 
confundir com acessões, tendo em vista que são feitas sobre bens já existentes. 
 
Por fim, cumpre afirmar que não constituem bens acessórios a pintura em relação a 
uma tela; a escultura em relação a uma matéria prima; e um escrito em relação ao 
material onde é feito, tendo em vista que, nesses casos, o trabalho acessório terá 
maior valor em relação ao principal. 
 
 
 
 
• A PROPRIEDADE: o proprietário do bem acessório é o mesmo do principal. 
- Públicos: nos termos do artigo 98 do CC, são os bensdo domínio nacional 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno, como a União, os 
Estados ou os Municípios. Segundo sua destinação podem ser: 
→ Bem de uso comum: são os bens de domínio público do próprio Estado que podem 
ser usados por qualquer um do povo, sem exigência de qualquer formalidade, como, 
por exemplo, o mar, os rios, as estradas, ruas e praças. Caso o Poder Público 
regulamente o uso desses bens, eles não perderão seu caráter de uso comum, como 
ocorre, por exemplo, com a cobrança de pedágio nas rodovias. Ainda, seu uso pode 
ser restrito ou vedado por questões de ordem pública. Caso não seja vedado o uso, a 
população poderá livremente ter acesso a eles, porém seu domínio continuará 
pertencendo a pessoa jurídica de direito público, que terá poder para guarda, 
administração e fiscalização deles. 
 
→ Bem de uso especial: assim como os primeiros, também são bens de domínio público 
do Estado, porém possuem uma destinação especial visando a execução de serviços 
públicos. Exemplos disso, são os edifícios e terrenos aplicados em serviço ou 
estabelecimento federal, estadual ou municipal, utilizados exclusivamente pelo 
Poder Público. 
Tanto os bens de uso comum como os de uso especial são inalienáveis, 
imprescritíveis, impenhoráveis e impossibilitados de oneração. Porém, a 
inalienabilidade pode ser relativa se o bem for suscetível de valorização patrimonial, 
caso em que poderá ocorrer sua desafetação. 
→ Bens dominicais: são os bens de domínio privado do Estado, como, por exemplo, as 
terras devolutas, as estradas de ferro, as oficinas e fazendas pertencentes ao Estado. 
Suas normas são próprias e diferentes das aplicáveis aos bens de uso comum e de 
uso especial. Se destinados a uma finalidade pública específica não poderão ser 
alienados, caso contrário, poderão ser por qualquer instituto de direito privado ou do 
direito público. Porém, essa alienabilidade é relativa, podendo ser perdida através da 
afetação. É um patrimônio federal, estadual ou municipal como objeto de direito real 
ou pessoal. 
Por fim, cumpre ressaltar que, nos termos do artigo 102 do CC, todos bens públicos 
são insuscetíveis de usucapião. Corroborando este entendimento encontra-se a 
Súmula 304 do STF. 
- Particulares: são os bens que não são de domínio nacional, como a casa de alguém, 
por exemplo. 
 
• À DESTINAÇÃO: o bem acessório segue o bem principal. Sendo alienados, 
inalienados, expropriados, desapropriados. 
- No comércio: são os bens negociáveis. 
 
- Fora do comércio (extra commercium): são bens insuscetíveis de apropriação (por 
sua própria natureza) e legalmente inalienáveis (não passíveis de alienação por 
disposição legal). São bens naturalmente indisponíveis (ar, água do mar etc); 
legalmente indisponíveis (bens de uso comum do povo; bens de uso especial; bens 
dos incapazes; valores e direitos da personalidade, como a dignidade, liberdade, 
honra; e órgãos do corpo humano); ou indisponíveis pela vontade humana (bens com 
cláusula de inalienabilidade - o que implicará na impenhorabilidade e 
incomunicabilidade dos bens nos termos da Súmula 49 do STF). Assim podem ser: 
→ Insuscetíveis de apropriação: podem ser tanto os bens não econômicos (valores 
personalíssimos, como vida, honra etc., e as coisas inúteis ou abundantes, como o ar, 
água), como as coisas da sociedade, de interesse coletivo (gás, água, energia); 
 
→ Inalienáveis: por lei (bem de família) ou por vontade (testamento, doação). 
 
O princípio da gravitação jurídica não é absoluto, as regras originadas desses 
princípios podem ser alteradas conforme as necessidades do caso concreto, pela 
vontade das partes ou pela lei. 
 
>> Pertença << 
 
Art. 93. São pertenças os bens que, não 
constituindo partes integrantes, se destinam, de 
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao 
aformoseamento de outro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Às pertenças não se aplicam as regras do Princípio da Gravitação 
Jurídica, exceto se pela vontade das partes, por determinação das 
leis ou em caso de haverem circunstâncias peculiares no caso 
concreto. 
A alienação do bem principal não quer dizer que o bem acessório terá o 
mesmo destino, já que a pertença não é um acessório. 
EX: tratores (fazenda) 
 Quadros de parede (casa)

Continue navegando