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Mecanismos geral das lesões Lesões e doenças são provocadas por agressões diversas, sejam elas endógenas (do próprio organismo) ou exógenas (do meio ambiente). A depender da intensidade, do tempo, da capacidade de reagir e se adaptar, qualquer estímulo pode desencadear lesão. Causas exógenas: agentes físicos, químicos e biológicos e desvio nutricional. Causas endógenas: genética, mecanismos de defesa do organismo contra agressões e fatores emocionais, influenciados pelo ambiente social. Agentes físicos: força mecânica (trauma), radiações, variações bruscas de temperatura e pressão atmosférica. Agentes químicos: defensivos agrícolas, poluentes ambientais, contaminantes alimentares, medicamentos, drogas ilícitas. Agentes biológico: vírus, fungos, protozoários, bactérias, etc. Desvios nutricionais: deficiência ou excesso de nutrientes. A seguir citaremos os 5 principais mecanismos diversos das agressões (causas de lesões e doenças) • redução na disponibilidade de O2 às células; • aumento de radicais livres; • anormalidades em ácidos nucleicos (DNA e RNA) e proteínas; • resposta imunitária; • distúrbios metabólicos. Hipóxia e anóxia Hipóxia é a redução do fornecimento de O2 , enquanto a interrupção é nomeada de anóxia. Essas são causas muito comuns de diversas lesões e doenças. Lesão → obstrução vascular → redução de fluxo sanguíneo → isquemia parcial com hipóxia / isquemia total com anóxia → a depender do tempo e da intensidade da provação de O2 e nutrientes, as células degeneram ou morrem. Respostas adaptativas das células a hipóxia | Pré- condicionamento Para as células se adaptarem mediante a uma situação de hipóxia, essas procuram adaptar-se, haja vista alterações na maneira de utilizar energia (na forma de ATP, esse passa a ser consumido, sobretudo, em atividades de bombas iônicas e em sínteses celulares). Essa adaptação promove: • aceleração da glicólise; • aumento da captação de glicose; • inibição da gliconeogênese e da síntese de ácidos graxos, de triglicerídeos e de esteroides A hipoxia induz mediadores e receptores a ativarem rotas intracelulares ativadoras de genes capazes de aumentar a resistência não só à hipóxia, como também a outras agressões. Como: O HIF-1 (fator regulador de transcrição gênica que induz a expressão de vários genes como os de proteínas de choque térmico -HSP-, proteínas antiapoptóticas e antioxidantes, adenosina, opioides, bradicinina, PGE2 , endotelina, noradrenalina e TNF-α). Mecanismos de lesão celular • A resposta celular ao estímulo nocivo depende do tipo de agressão, sua duração e sua intensidade; • As consequências da lesão celular dependem do tipo, estado e adaptabilidade da célula agredida. • A lesão celular é resultante de diferentes mecanismos bioquímicos que agem em vários componentes celulares essenciais. Depleção de ATP A diminuição dos níveis de ATP é a causa fundamental para a necrose celular. A depleção de ATP e a redução da síntese de ATP estão associados a lesão isquêmica e química. Principais causas de depleção de ATP • Redução do fornecimento de oxigênio e nutrientes; • Danos mitocondriais; • Ação de algumas substâncias tóxicas (p. ex., cianeto). A depleção de ATP pode causar efeitos muitos críticos, como: (1) Redução da atividade da bomba de sódio/potássio dependente de ATP (Na+, K+- ATPase ouabaínasensível), no qual provoca um desequilíbrio eletrolítico, Na+ para dentro da célula se acumula, K+ para fora, causando tumefação celular e dilatação do RE; (2) Alteração no metabolismo energético celular: com a redução de O2, a fosforilação oxidativa cessa, e aumenta a glicólise anaeróbica na tentativa de compensação, as reservas de glicogênio são rapidamente exauridas, em consequência resulta em acúmulo de ácido lático, no qual diminui o pH intracelular e uma diminuição das atividades enzimáticas e desnaturação proteica. (3) A falência da bomba de cálcio leva ao influxo desse, com efeitos danosos em vários componentes celulares descritos a seguir; (4) Redução na síntese proteica: desprendimento dos ribossomos do RER e dissociação dos polissomos. (5) Resposta de proteína não dobrada: as proteínas passam a dobrar-se de maneira anormal e ocorre o acúmulo dessas no RE, que podem causar lesão e morte celular. (6) Necrose celular: lesão irreversível às mitocôndrias e às membranas dos lisossomos. Danos mitocondriais É sabido que as mitocôndrias são organelas produtoras de energia (ATP), logo se essas forem lesionadas são elementos críticos para a morte celular e lesões. As mitocôndrias podem ser danificadas pelo aumento de Ca++ citosólicos, espécies reativas de oxigênios (EROS), privação de oxigênio, e sendo assim elas são sensíveis a praticamente todos os tipos de agressões nocivas, incluindo hipoxia e agentes tóxicos. Também podemos citar as mutações de genes mitocondriais (doenças hereditárias). 3 principais consequências dos danos mitocondriais: • Aumento da permeabilidade mitocondrial → falha na fosforilação oxidativa, depleção do ATP → necrose celular; • Fosforilação oxidativa anormal → formação de espécies reativas de oxigênios → efeitos deletérios; • Liberação de proteínas apoptóticas (citocromo c) e proteínas que ativam indiretamente enzimas indutoras da apoptose (caspases) → apoptose. Influxo de Cálcio e Perda da Homeostase do Cálcio O cálcio é um importante mediador da lesão celular. Dito isso, a diminuição de cálcio pode proteger as células de lesões por vários estímulos nocivos, em contrapartida o aumento desse íon causa lesão celular por vários mecanismos. • O aumento do influxo de cálcio nas mitocôndrias leva à abertura dos poros de transição de permeabilidade mitocondrial e, consequentemente a falência na geração de ATP; • Ativa diversas enzimas digestivas, fosfolipases (atacam membranas), proteases (clivam proteínas membranosas e citoesqueléticas), endonucleases (fragmentação da cromatina e DNA) ATPases (esgotamento de ATP); • Aumento da permeabilidade mitocondrial → liberação de caspases → indução de apoptose. Acúmulo de Radicais Livres Derivados do Oxigênio (Estresse Oxidativo) Lesão química e por radiação, lesão de isquemia- reperfusão, envelhecimento celular e morte de microrganismos pelos fagócitos, estão intimamente ligados aos radicais livres, principalmente as espécies reativas de oxigênio. As espécies reativas de oxigênio (ERO) → radicais livres derivados do O2. São produzidas normalmente durante a respiração mitocondrial e geração de energia, mas são degradas e removidas pelo sistema de defesa celulares. O aumento da produção ou a diminuição das EROs desencadeia um excesso desses radicais livres, gerando uma condição denominada estresse oxidativo (gerador de vários processos patológicos: lesão celular, câncer, envelhecimento e doenças degenerativas). As EROs são produzidas, também, durante a resposta inflamatória, nos quais auxiliam na destruição de patógenos e remoção de células ou substâncias indesejáveis. Geração de Radicais Livres • As reações de redução-oxidação que ocorrem durante processos metabólicos normais; • Absorção de energia radiante (p. ex., luz ultravioleta, raios X); • Durante o processo inflamatório; • O metabolismo enzimático de substâncias químicas exógenas ou fármacos; • Metais de transição: fontes de anion superóxido e redução do ferro no estado férrico para o estado ferroso. • Oxido nítrico: atua como radical livre. Remoção dos radicais livres Os radicais livres são naturalmente instáveis e, em geral, decompõem-se espontaneamente. Mecanismos enzimáticos e não enzimáticos para remover radicais livres: Antioxidantes: Vitaminas lipossolúveisE e A, ácido ascórbico e a glutationa. Ligação de metais de transição a proteínas de armazenamento e de transporte (p. ex., transferrina, ferritina, lactoferrina e ceruloplasmina) evitam que esses participem de reações que gerem ERO. Enzimas: Catalase, superóxido dismutases e glutationa peroxidase. Efeitos Patológicos dos Radicais Livres • Peroxidação lipídica nas membranas • Modificação oxidativa de proteínas • Lesões no DNA Em suma, os radiciais livres podem provocar não só necrose, como também apoptose, haja vista a capacidade de estimular a produção de enzimas de degradação que causam danos diretos às macromoléculas, e e em doses corretas elas desempenham importantes funções fisiológicas. Defeitos na Permeabilidade da Membrana O dano às membranas celulares pode afetar as funções e a integridade dessas, sendo uma característica constante na maioria das formas de lesão celular, exceto na apoptose. Mecanismos da Lesão da Membrana Nas células isquêmicas, os defeitos na membrana são ocasionados pela depleção de ATP, ativação do cálcio mediada de fosfolipases, além de várias toxinas, e vários agentes químicos e físicos. • EROS; • Diminuição da sintese de fosfolipídios : função mitocondrial defeituosa ou hipoxia → diminuição da síntese de ATP → afeta vias dependentes de energia; • Aumento na quebra dos fosfolipídios: níveis elevados de cálcio citosolico e mitocondrial → ativação de fosfolipases → acumulo de produtos de degradção de lipídios que têm um efeito detergente sobre as membranas→ por se inserirem na bicamada lipídica ou substituir os fosfolipídeos da membrana → alterações na permeabilidade e eletrofisiológicas; • Anormalidades citoesqueléticas: ativação de proteases pelo aumento do cálcio citosólico → danos ao citoesqueleto → estiramento e ruptura ma presença de tumefação celular, particularmente nas células miocárdicas. Consequências do Dano à Membrana • Dano à membrana mitocondrial: aumento de poros de transição de permeabilidade mitocondrial, conforme discutido anteriormente; morte por apoptose ; • Dano à membrana plasmática; • Lesão às membranas lisossômicas: ativação de enzimas digestivas (RNases, DNases, proteases, fosfatases e glicosidases) → morte por necrose. Danos ao DNA e às Proteínas As células possuem maneiras de reparar danos ao DNA, mas quando o dano excede a esse tipo de reparo e não pode ser corrigido a célula inicia uma morte celular programada: apoptose. Proteínas mal dobradas → mutações hereditárias ou adquiridas. Lesão Reversível vs. Irreversível Não há correlações bioquímicas e morfológicas indiscutíveis de irreversibilidade. Fenômenos que caracteriza a lesão irreversível (ponto de “não retorno”): Incapacidade de reverter a disfunção mitocondrial e alterações profundas na função da membrana. Nesse sentido, a necrose é uma lesão irreversível. A passagem de uma lesão reversível para uma lesão irreversível dependerá: • Tipo Celular: neurônio, cardiomiócito e hepatócito terão respostas diferentes. • Adaptabilidade: capacidade de se adaptar frente a estímulos nocivos. • Estado Funcional da Célula: se a célula está “nova” ou se está “velha”. • Agressor: Tipo de agressor / Duração / Intensidade A lesão irreversível causada por hipóxia/anóxia mais grave é a necrose. A hipóxia moderada pode levar a apoptose em vez de induzir degeneração e/ou necrose por causa da liberação de citocromo C e de outras proteínas mitocondriais ativadoras de caspases pelo aumento da permeabilidade mitocondrial MAPAS CONCEITUAIS Referências
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