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ESPELHO DA PEÇA, NÃO É PARA COPIAR, APENAS PARA AJUDAR EM DÚVIDAS PONTUAIS PARA CONSULTA EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. U R G E N T E – L I M I N A R TRAMITAÇÃO COM PRIORIDADE NOME DA AUTORA, brasileira, solteira, auxiliar administrativa com 34 anos de idade, portadora da cédula de identidade n.º(XXX), regularmente inscrita no CPF/MF sob o n.º (XXX), com endereço na (XXX) CEP (XXX), por seus advogados devidamente constituídos (doc. XX) com escritório na Rua (xxx), e-mail: (xxx), vem respeitosamente à Vossa Excelência, propor a AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C PEDIDO DE LIMINAR E FIXAÇÃO DE MULTA DIÁRIA em face de NOME DA RÉ, inscrita no CNPJ/MF sob n.º (XXX), com endereço na Rua (XXX), CEP (XXX), neste ato representada pelo sócio Sr. (xxx), qualificação (xxx), nacionalidade (xxx), estado civil (xxx), portador do RG (xxx) e do CPF (xxx), residente e domiciliado na Rua (xxx), pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: DA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO Conforme demonstram as anexas cópias encartadas nesta peça Inicial (Doc ), em exame de rotina, foi constatado que a Autora está enferma com 2 tumores malignos na mama. Por esta razão, requer o benefício da prioridade na tramitação, conforme previsão do inciso I do artigo 1048 do CPC: “Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais: I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6o, inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988.” Por sua vez, a lista de doenças citadas pelo inciso I do art. 1.048 do CPC, que está presente no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713/88, é a seguinte: (...) Em face do exposto, requer seja ANOTADO NOS AUTOS a prioridade na tramitação no processo e em todos os atos e diligências, como medida da mais lídima justiça. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA Informa a Autora que não possui condições de arcar com as custas e despesas processuais, sem detrimento de sua manutenção mensal em razão da situação recentemente vivenciada pelo tratamento de câncer que a cometeu. Ademais, em relação à pessoa física traz as considerações da presunção da hipossuficiência econômica, ora tratada no art. 99, § 3º, do CPC: “Art. 99. § 3º. Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.” Outrossim, esclarece a V. Exa., que a Autora trabalha como auxiliar administrativo, cujo os rendimentos são irrisórios e que por isso não há condições de se recolher as custas e despesas processuais. Informa ainda, que a Autora encontra-se assistida por este escritório de forma pro bono, para justamente justificar a presente assessoria. Pois bem. É com base nessa situação que se apresenta a V. Exa. o pedido da justiça gratuita para não se obstaculizar o acesso à justiça da Autora que necessita dar continuidade do tratamento do câncer junto ao Hospital (xxx) na próxima sessão.... Ao exposto, requer a V. Exa., a concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita a Autora, inclusive para que não seja obstada o acesso à justiça e o exercício ao contraditório e a ampla defesa. (Doc. xxx) DOS FATOS A Autora contratou os serviços de Assistência Médica e Hospitalar da Ré em ____ , através do Contrato de Adesão nº _____ (Doc. ). Pois bem. A Autora, ao fazer um auto exame no final do mês de abril do corrente ano, notou um nódulo em sua mama, o que a fez procurar auxílio de um médico especialista. Seguindo o rol disponibilizado pela Ré, escolheu o Hospital (xxx), sendo atendida pelos profissionais médicos, Drs. (xxx). Muito bem atendida e plenamente amparada, inclusive psicologicamente, adquiriu confiança na equipe médica e todo seu staff, que tem realmente prestado um excelente serviço, inclusive tranquilizando a Autora neste momento tão difícil de sua vida. A estrutura do hospital é excelente, e a paciente vem respondendo muito bem ao tratamento quimioterápico, antes do processo cirúrgico ao qual necessariamente será submetida. A quimioterapia está programada para ser feita em sessões, com 4 sessões conforme laudo (xxx). Ocorre Excelência que, no dia ____ , a Autora recebeu uma ligação de uma preposta da Ré, a qual informou que deveria suspender o tratamento no Hospital (xxx), e dar continuidade na clínica própria da Ré, que fica na região do bairro da Liberdade. A Autora, que já está psicologicamente abalada, ficou completamente transtornada, eis que a atitude unilateral trouxe fragilidade emocional, associada à circunstância do tratamento de sua doença. Toda a confiança depositada na equipe que até o momento vem atendendo e prestando o suporte, será alterada unilateralmente, sem que isso pudesse ser analisado dentro do aspecto do tratamento já iniciado. A ideia principal é que tanto a quimioterapia quanto a futura cirurgia não sejam alteradas da programação e equipe já escolhidas. Aliás, o risco iminente é que a Autora possa não realizar a próxima sessão de quimioterapia, prevista para ocorrer em ____ da próxima semana. Eis os fatos. DO DIREITO Excelência, a Ré ao obrigar a Autora a dar continuidade em seu tratamento exclusivamente em sua clínica está praticando ato unilateral e semelhante ao descredenciamento do hospital. O art. 17, da Lei 9.656/98 determina que o plano de saúde comunique o consumidor com a devida antecedência sobre eventual substituição de qualquer prestador de serviço: “Art. 17. A inclusão de qualquer prestador de serviço de saúde como contratado, referenciado ou credenciado dos produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei implica compromisso com os consumidores quanto à sua manutenção ao longo da vigência dos contratos, permitindo-se sua substituição, desde que seja por outro prestador equivalente e mediante comunicação aos consumidores com 30 (trinta) dias de antecedência. (Redação dada pela Lei nº 13.003, de 2014)” Aliás, conforme se vê a seguir, a jurisprudência vai no sentido de determinar o prosseguimento do tratamento no local que iniciou: OBRIGAÇÃO DE FAZER. DESCREDENCIAMENTO DE HOSPITAL CONVENIADO AO PLANO DE SAÚDE. TRATAMENTO DE CÂNCER. TUTELA ANTECIPADA. REQUISITOS. Insurgência contra decisão que determinou manutenção de autor nas mesmas condições de cobertura assistencial para tratamento de câncer de que gozava antes do descredenciamento do Hospital A.C. Camargo do plano de saúde. Decisão mantida. Presentes o receio de dano irreparável na interrupção do tratamento e a verossimilhança das alegações, de rigor a antecipação de tutela (art. 273, caput, I, CPC). Alegação de que consumidora não foi avisada previamente do descredenciamento. Ausência de prova em contrário, em cognição sumária. Precedentes. Agravante que é contraditório em suas alegações, pois afirma ter concedido o tratamento antes mesmo da decisão recorrida e tece alegações para revogação da tutela com base no contrato, sustentando que não é possível a manutenção do tratamento no hospital descredenciado. Manutenção de multa. Agravante que, cumprindo a decisão no prazo certo, não será atingida pela multa, razão pela qual são infundadas as alegações recursais. Multa mantida. Recurso desprovido. (TJ-SP – AI: 21701531320158260000 SP 2170153- 13.2015.8.26.0000, Relator: Carlos Alberto de Salles, Data do Julgamento: 12/10/2015, 3ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 12/10/2015). Plano de Saúde. INÉPCIA DA INICIAL. Paciente acometido com câncer mamário, submetida à mastectomia, inviável a descriçãopormenorizada dos tratamentos efetuados na clínica, ora descredenciada. Inicial que ensejou o pleno exercício do direito de defesa. Plano de saúde. Ação de obrigação de fazer cumulada com pedido de antecipação de tutela. Recusa de cobertura de tratamento oncológico já inicial em clínica, por motivo de descredenciamento. Inadmissibilidade. Violação do princípio da boa-fé objetiva ou equidade. Ausência de prova relativa à previa comunicação ao usuário, bem como a indicação de outra clínica em substituição à anterior, com mesma qualidade estrutura e condição para tratamento da doença. Afronta ao artigo da Lei nº 9.656/98. Cobertura exigível. Sentença mantida. Recurso improvido. (TJ- SP – APL: 00059369020118260011 SP 0005936- 90.2011.8.26.0011, Relator: Silvia Sterman, Data do Julgamento: 11/06/2013, 9ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 20/06/2013). E ainda a Resolução Normativa – RN n. 428, de 7 de novembro, de 2017 em seu art. 18, afirma que a operadora deve assegurar a continuidade do tratamento: “Art. 18. No caso de procedimentos sequenciais e/ou contínuos, tais como quimioterapia, radioterapia, hemodiálise e diálise peritonial, a operadora deve assegurar a continuidade do tratamento conforme prescrição do profissional assistente e justificativa clínica, respeitadas as segmentações, os prazos de carência e a CPT.” Cumpre destacar que, a prestação de serviço à saúde é, em princípio, um dever do Estado (art. 196 da C.F.), mas que ante a falta de preparo do Poder Público para exercer esta função, as empresas privadas, atraídas pela alta lucratividade que essa atividade representa, acabou por assumir esse compromisso com o Estado e com a sociedade. Todavia, ainda que seja uma atividade exercida por empresas privadas, essa função não perde a natureza pública, e, como tal, deve ter como parâmetro de atuação, os valores consagrados pela nossa ordem constitucional, tais como a cidadania (C.F., artigo 1.º, inciso II), a dignidade humana (C.F., artigo 1.º, inciso III) e a valorização da vida e o direito à saúde (C.F., artigo 5.º, caput). No caso em tela, a natureza do vínculo entre a operadora Requerida e a Autora é notoriamente consumerista, regido pelos termos do Código de Defesa do Consumidor, conforme pacificado em nossos E. Tribunais Superiores. Cumpre informar, que a Requerente é beneficiária do contrato de prestação de serviços de assistência médica submetido aos ditames da Lei 9.656/98. Neste sentido a Súmula n. 100 do TJSP é explícita: “Súmula 100: O contrato de plano/seguro saúde submete-se aos ditames do Código de Defesa do Consumidor e da Lei n. 9.656/98 ainda que a avença tenha sido celebrada antes da vigência desses diplomas legais”. E ainda, nesta situação, o artigo 39, caput inc. IV, do Código de Defesa do Consumidor determina: “É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentro outras práticas abusivas: (...) IV- prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social para impingir-lhe seus produtos e seus serviços”. A Ré impõe preços extremamente elevados aos consumidores aproveitando-se da emergente necessidade destes, e quando precisam são impedidos de utilizarem certos serviços da cobertura de seu plano de saúde, como a realização de exames e dar continuidade aos seus tratamentos. Em decorrência de tal prática, viola-se a regra do artigo 39, inciso X, do Código de Defesa do Consumidor, porque no caso existe a clara tendência de se limitar o uso e acessos aos tratamentos exigidos para a Autora. Nessa esteira, impõem-se transcrever o que dispõe o item 2 da portaria nº 3, de 19 de março de 1999, da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça: “CONSIDERANDO que o elenco de Cláusulas Abusivas relativas ao fornecimento de produtos e serviços, constantes no art. 51, da Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, é de tipo aberto, exemplificativo, permitindo, desta forma a sua complementação; [...] CONSIDERANDO que decisões administrativas de diversos PROCONS, entendimentos dos Ministérios Públicos ou decisões judiciais pacificam como abusivas as cláusulas a seguir enumeradas, resolve: Divulgar, em aditamento ao elenco do art. 51 da Lei 8.078/90, e do art. 22 do Decreto n. 2.181/97, as seguintes cláusulas que, dentre outras, são nulas de pleno direito: [...] 2. Imponham, em contratos de plano de saúde anteriores à Lei 9.656/98, limites ou restrições a procedimentos médicos (consultas, exames médicos, laboratoriais e internações hospitalares, UTI e similares) contrariando prescrição médica;” DA APLICABILIDADE DA LEI N. 9.656/98 A Lei de plano de Saúde – (Lei 9.656/98) sofreu consideráveis modificações e adequações que protegem o consumidor contra as práticas abusivas de empresas, por conta de limitações contratuais ocultas que trazem grandes vantagens para a empresa em detrimento da dignidade e da saúde dos consumidores aderentes. Trouxe como corolário o art. 1º da aludida norma: “Art. 1º Submetem-se às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de direito privado que operam planos de assistência à saúde, sem prejuízo do cumprimento da legislação específica que rege a sua atividade, adotando- se, para fins de aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes definições: I - Plano Privado de Assistência à Saúde: prestação continuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós estabelecido, por prazo indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços de saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada, contratada ou referenciada, visando a assistência médica, hospitalar e odontológica, a ser paga integral ou parcialmente às expensas da operadora contratada, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e ordem do consumidor; [...] § 1º Está subordinada às normas e à fiscalização da Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS qualquer modalidade de produto, serviço e contrato que apresente, além da garantia de cobertura financeira de riscos de assistência médica, hospitalar e odontológica, outras características que o diferencie de atividade exclusivamente financeira, tais como: [...] e) qualquer restrição contratual, técnica ou operacional para a cobertura de procedimentos solicitados por prestador escolhido pelo consumidor;” Entende-se claro, o direito da Autora, bem como cristalina a injustiça que o acometeu por irresponsável atuação unilateral sobre a continuidade do tratamento do câncer no Hospital (XXX). DA LIMINAR DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA NA MODALIDADE ANTECIPADA O art. 300 do CPC, traz a possibilidade de se requerer a tutela provisória de urgência liminarmente, diante da comprovação dos seus requisitos legais. Verifica-se claramente que a probabilidade do direito encontra-se comprovada na doença que a comete a Autora, bem como o seu regular tratamento quimioterápico no Hospital XXX, evidenciando-se por meio do controle de agendamento de consultas, ora anexo, a regularidade e necessidade do tratamento. O Tribunal Bandeirante assim entende: “PLANO DE SAÚDE COLETIVO – Resilição unilateral imotivada pela operadora – Impossibilidade – Paciente em tratamento de câncer – Aplicação analógica do disposto no art. 13, parágrafo único, III, da Lei no. 9.656/98 - Ofensa ao princípio da função social e da boa-fé nos contratos – Dano moral não configurado – Divergência a respeito de interpretação de cláusula contratual – Liminar que assegurou a continuidade do tratamento do autor – Ausência de comprovação do agravamento do estado de saúde do paciente - Recurso parcialmenteprovido. (TJ-SP - APL: 00104072820148260082 SP 0010407- 28.2014.8.26.0082, Relator: Marcus Vinicius Rios Gonçalves, Data de Julgamento: 11/09/2018, 2ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 11/09/2018).” Igualmente, não se olvida que o perigo de dano ou em outras palavras perigo da demora, reside no fato de que a suspensão/interrupção de tratamento no mesmo nosocômio poderá gerar como consequência o retorno ou agravamento de atual condição de saúde. Portanto, presente os requisitos do art. 300 do CPC, é ululante a concessão da tutela de urgência liminarmente, dispensando-se a Autora de qualquer caução em razão da sua hipossuficiência econômica (art. 300, parágrafo primeiro do CPC). Por fim, não menos importante, cumpre esclarecer que a circunstância do bem da vida, ora tratada, nos presentes autos, qual seja: a saúde da Autora e o tratamento de câncer pela quimioterapia e posterior cirurgia, traz claramente que não há perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer-se: I. Seja concedida a Justiça Gratuita para a Autora visando seu acesso à justiça em razão da sua saúde, bom como, a prioridade a tramitação do processo, em razão da doença que a comete. II. Que seja deferida a LIMINAR da tutela de urgência antecipada liminarmente e “inaudita altera pars”, para que a Autora possa prosseguir com seu tratamento quimioterápico, sem prejuízo ao seu estado clínico, tal como preconiza o art. 300, parágrafo primeiro, segundo e terceiro, do CPC, sob pena de multa diária no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). III. A citação da Ré, por correio, para apresentar a defesa no prazo legal sob pena de revelia; I- No mérito, requer que a ação seja julgada totalmente procedente para condenar a Ré a dar continuidade ao tratamento quimioterápico no nosocômio Hospital (XXXX), expedindo-se o necessário tanto para a Ré quanto ao nosocômio visando garantir com isso a continuidade do tratamento, sob pena de multa diária no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). II- Outrossim, pugna-se pelo benefício previsto no art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, no que tange à inversão do ônus da prova; III- Protesta-se provar o alegado por todos os meios de prova, especialmente pela juntada de documentos, e por tudo o mais que se fizer indispensável à cabal demonstração dos fatos articulados na presente inicial. Dá-se a presente o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) Termos em que, pede deferimento. Local, data e ano Advogado(A) OAB/UF
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