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MÓDULO II CURSO LIVRE AUXILIAR EM NECROPSIA MÓDULO II CURSO LIVRE AUXILIAR EM NECROPSIA TANATOLOGIA 2019 Índice Conteúdo Programático ..................................................................................................... 1 I – Unidade Introdutória – Conceito ................................................................................ 1 II –Concepções de Morte na Sociedade Moderno .......................................................... 1 III –Tanatognose ............................................................................................................ 1 IV Cronotanatognose...................................................................................................... 1 V–Fenômenos Abióticos Consecutivos .......................................................................... 1 VI - Fenômenos Abiótico Transformativos ...................................................................... 2 VII - Fenômenos AbióticosTransformativos Destruidores e Conservadores ................... 2 VIII- Generalidades sobre o tema ................................................................................... 2 Unidade I ........................................................................................................................................... 3 Tanatologia ........................................................................................................................ 3 Apresentação ................................................................................................................. 3 Unidade II .......................................................................................................................................... 4 Vida e Morte ...................................................................................................................... 4 Tanatosemiologia ........................................................................................................... 5 Cronotanatognose .......................................................................................................... 5 Tanatoscopia .................................................................................................................. 5 Código de Processo Penal ................................................................................................. 6 Art. 158 a 184; ................................................................................................................ 6 Decreto Federal 20.931. Art. 16 ..................................................................................... 6 Principais Materiais Usados em Conservação ................................................................ 6 Unidade III ......................................................................................................................................... 8 Tipos de Morte ................................................................................................................... 8 Morte Cerebral e Encefálica ........................................................................................... 8 A Morte Natural .............................................................................................................. 9 A Morte Suspeita .......................................................................................................... 10 Morte Real .................................................................................................................... 10 Morte Aparente............................................................................................................. 10 Caracterização do Doador Presumido ............................................................................. 10 Lei nº 9434/97 - art. 4º .................................................................................................. 10 As Principais Causas de Mortes Naturais no Brasil ...................................................... 11 Rituais .............................................................................................................................. 11 Os Rituais e suas Funções no Processo de Luto ......................................................... 12 A Importância da Preparação do Corpo Pós-morte .......................................................... 12 Técnicas Usadas na Preparação do Corpo Pós-morte ................................................. 13 Hospital ........................................................................................................................ 13 Funerária ...................................................................................................................... 13 Desinfecção ................................................................................................................. 13 Reconstrução da Face ................................................................................................. 14 Artérias e Cavidades .................................................................................................... 14 Maquiagem .................................................................................................................. 14 Fenômenos Abióticos ................................................................................................... 14 Calendário Tanatológico .................................................................................................. 16 Fenômenos Cadavéricos ou Sinais Tanatológicos ....................................................... 16 Fenômenos Abióticos Imediatos ................................................................................... 16 Fenômenos abióticos consecutivos .............................................................................. 17 Fenômenos Abióticos Transformativos ......................................................................... 17 Fenômenos Abióticos Transformativos Destruidores .................................................... 17 Putrefação .................................................................................................................... 17 Período Coliquativo ...................................................................................................... 17 Período de Esqueletização ........................................................................................... 17 Unidade IV ....................................................................................................................................... 18 Cronotanatognose ........................................................................................................... 18 Resfriamento do Cadáver ............................................................................................. 18 Rigidez Cadavérica ...................................................................................................... 18 Livores ......................................................................................................................... 18 Mancha Verde Abdominal ............................................................................................ 18 Gases de Putrefação .................................................................................................... 18 Decréscimo de Peso .................................................................................................... 18 Crioscopia do Sangue .................................................................................................. 18 Cristais do Sangue Putrefato ........................................................................................ 19 Fauna Cadavérica............................................................................................................ 19 Inumação ..................................................................................................................... 19 Exumação .................................................................................................................... 20 Cremação ..................................................................................................................... 20 Embalsamamento ........................................................................................................ 20 Unidade V........................................................................................................................................ 21 Fenômenos abióticos transformativos .............................................................................. 21 Maceração ................................................................................................................... 21 Mumificação ................................................................................................................. 21 Saponificação ou Adipocera ......................................................................................... 22 Unidade VI ....................................................................................................................................... 23 Diagnose Diferencial das Lesões “ante” e “Post mortem” ................................................ 23 Unidade VII ...................................................................................................................................... 24 Generalidades Sobre o Tema .......................................................................................... 24 A Velhice e a Morte do Ser Humano ............................................................................ 24 Referências Bibliográficas: ............................................................................................... 28 Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 1 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO I – Unidade Introdutória – Conceito • Concepções e representações sociais sobre a morte e o morrer. • Morte biológica e morte social. • Reações frente à morte e o morrer: sentidos e significados. II –Concepções de Morte na Sociedade Moderno • A morte natural, a morte violenta, a morte suspeita. • Morte: Real ouAbsoluta • MorteAparente • A racionalização dos ritos fúnebres. • O contato com o corpo e pertences do morto. III –Tanatognose • Realidade da Morte:Morte cerebral ou encefálica. • Lei nº 8489/94 \u2013 Lei dos transplantes e retirada de órgãos para fins terapêuticos ou científicos. • Lei nº 9434/97 \u2013 art. 4º: caracterização do doador presumido. • Lei nº 10.211/01 \u2013 Altera a Lei nº 9434/97 e condiciona a retirada de órgãos à autorização do cônjuge ou parente de maior idade na sucessória reta ou colateral IV Cronotanatognose • Fenômenos Cadavéricos ou Sinais Tanatológicos:Imediatos,Consecutivos ou Mediatos, Transformativos. • Fenômenos Abióticos Imediatos: • Perda da Consciência • Perda da Sensibilidade • Perda da Motilidade e do tono muscular • Cessação da Respiração • Cessação da Circulação • Cessação de Atividade cerebral V–Fenômenos Abióticos Consecutivos • Desidratação Cadavérica • Algor Mortis ou Esfriamento Cadavérico • Livor Mortis ou Manchas de Hipóstase ou Livor Cadavérico • Rigor Mortis ou Rigidez Cadavérica • Triade da Morte: LAR – Livor, Algor e Rigor Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 2 VI - Fenômenos Abiótico Transformativos Sinais tardios e divididos em: • Destruidores • Conservadores VII - Fenômenos AbióticosTransformativos Destruidores e Conservadores • Antólise: fenômenos fermentativos anaeróbicos • Putrefação: decomposição fermentativa da matéria orgânica por ação de diversos germes • Putrefação • Marcha da Putrefação; • Período de Coloração sulfometahemoglobina; • Período Gasoso: posição de lutador, circulação póstuma de Brouardel; • Período Coliquativo: dissolução pútrida do cadáver, o esqueleto fica coberto por uma massa de putrilagem, e surge um grande número de larvas e insetos; • Período de Esqueletização: ossos VIII- Generalidades sobre o tema Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 3 UNIDADE I TANATOLOGIA Apresentação A morte constitui um dos maiores enigmas da existência humana e demandou esforços para seu equacionamento ao longo da história do pensamento ocidental (Dastur, 2002). É considerada como grande divisor das águas na plena constituição dos homens e, de acordo com Martins (2001), é a mais universal das experiências, e sua representatividade varia entre as culturas. A palavra Tanatologia provém de: Thanatos= morte e Logos= estudo. Ou seja, o estudo da morte e do morrer, especialmente em seus aspectos psicológicos e sociais. A palavra é derivada de Tânato (em grego, "morte"), deus da mitologia grega que personificava a morte, mais o sufixo logia, que deriva do grego legein e significa estudo. Assim, a Tanatologia é a ciência da vida e da morte que visa entender o processo do morrer e do luto. E, simultaneamente, humanizar o atendimento aos que estão sofrendo perdas graves, podendo contribuir dessa forma na melhor qualificação dos profissionais que se interessam pelos Cuidados Paliativos, procedimentos que visam atenuar a dor e o sofrimento e aprimorar a qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares diante de uma quadro ou doença terminal. Conhecemos a morte somente mediante o processo de morrer dos outros, cujas vivências jamais nos serão acessíveis em sua real dimensão. Mesmo se constituindo em um fenômeno da vida, sempre despertou grande temor no ser humano, e este sentimento se expressa na dificuldade de se lidar com a finitude, estando presente nas crenças, valores e visão de mundo que cada um traz consigo. Trata- se de um acontecimento medonho, pavoroso, um medo universal, mesmo sabendo que o homem é capaz de dominá-la em vários níveis (Kubler-Ross, 1985). Este sentimento é parte natural do comportamento humano, e nas culturas que a percebem como acontecimento natural, o medo de morrer não está presente. Sócrates, citado por Dastur (2002), sugere que o medo da morte é algo antinatural, pois se baseia na noção de que se conhece algo que se desconhece. A relação do ser humano com a morte vem se transformando através dos séculos, e já foi considerada como um acontecimento natural, inevitável e perfeitamente aceito. Essa relação anterior de familiaridade com a morte possui hoje outra conotação na cultura ocidental, visto que as pessoas se sentem desconfortáveis perante ela. No mundo moderno, a morte está escondida como algo sujo e vergonhoso, sinônimo de absurdo, horror e sofrimento; algo escandaloso e insuportável (Imedio, 1998). Segundo Thomas, citado por Martins. https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A2nato https://pt.wikipedia.org/wiki/Logia Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 4 UNIDADE II VIDA E MORTE A sociedade moderna tende a ignorar a morte. Apesar de termos consciência de nossa finitude, falar sobre ela é, normalmente, considerado um ato mórbido, uma tentativa de mau gosto. A finitude da vida possui sempre duas representatividades: uma física e outra social, a morte de um corpo (biológica) e a morte de uma pessoa (Martins, 1983). A morte de uma pessoa adulta significa, normalmente, dor e solidão para os que ficam. Portanto, sob este prisma é apenas a destruição de um estado físico e biológico que ela traz, mas é também o fim de um ser em correlação com um outro. Este vazio por ela deixado não atinge somente as pessoas que conviviam com quem morreu, mas também a toda rede social (Rodrigues, 1983). É interessante lembrar que, dentre todos os seres humanos que precisam conviver com ossentimentos provocados pela morte, os trabalhadores da área de Saúde se encontram mais suscetíveis, pois no cenário das instituições hospitalares ela está constantemente presente, motivo pelo qual é tema relevante, porém de difícil abordagem reflexiva no cotidiano da prática de cuidado da enfermagem, porquanto temos cristalizado em nosso ser o jargão “enquanto há vida há esperança”. Neste sentido, vivenciamos um dilema existencial em função do valor negativo dado à finitude, na qual a vida é valorizada e a morte significa a extinção total do ser. O jargão também indica uma obstinação terapêutica que procura, a todo custo, prolongar a vida (Hennezel & Leloup, 1999), motivo pelo qual as instituições de Saúde investem cada vez mais em recursos tecnológicos para reestruturação e recuperação do paciente crítico, ou seja, para manutenção da vida. Nesses ambientes, a morte quase sempre é vista como fracasso, como derrota. As situações de terminalidade na área da Saúde são freqüentes para os profissionais e muitas vezes inevitáveis, ficando o trabalhador exposto a diversas sensações, porquanto os hospitais são caracterizados como instituições de cura e recuperação, e as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) como locais reservados para manutenção da vida a qualquer custo. Entretanto, o que se observa nas unidades críticas, em geral, é uma atenção destinada às técnicas, à tecnologia que dá suporte para a manutenção da vida, em detrimento da condição humana e das necessidades emocionais do paciente. Contudo, não podemos esquecer que o ato de cuidar vai muito além do fazer técnico, implica no entrelaçamento das ações de cuidado instrumentais e expressivas, isto é, ligadas à subjetividade do corpo cuidador (Labronici, 2002). Assim sendo, espera-se que a equipe de enfermagem, mediante o cuidado profissional, desenvolva suas ações objetivando não somente assistir o ser humano no instante sublime que é seu nascimento, mas se comprometer com esse momento desconhecido em sua essência, ou seja, o momento da morte. Boemer, citado por Lunardi Filho, (2001), afirma que, desde a sua formação, o profissional enfermeiro se sente compromissado com a vida, e é para preservação desta que deverá se sentir capacitado. Sua formação acadêmica está fundamentada na cura e nela está a sua maior gratificação. Assim, quando em seu cotidiano de trabalho necessita lidar com a morte, em geral, sente-se despreparado, e tende a se afastar dela. Por ser uma área de interesses médico jurídico, o estudo da tanatologia se divide em partes com abordagens específicas que abarcam das leis ao estudo climático voltado ao óbito. • Tanatosemiologia: parte da tanatologia que estuda os fenômenos cadavéricos. • Tanatodiagnóstico: estuda o conjunto de sinais biológicos que permitem afirmar o estado de morte real. • Cronotanatognose: estuda os meios de determinação do tempo decorrido entre a morte e o exame cadavérico. • Tanatoconservação: é o conjunto de técnicas empregadas para a conservação de um corpo. • Tanatolegislação: é o conjunto de dispositivos legais concernentes à morte e ao cadáver. Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 5 Tanatosemiologia É a parte da tanatologia que estuda os fenômenos abióticos. O exame tanatológico constitui-se de grande importância pericial, definindo tempo, causa e até o local da morte, utilizando-se também de características peculiares presentes no cadáver, podendo até finalizar um caso de difícil elucidação por meio da análise e exame dos arcos dentais. Cronotanatognose • Comoriência e Premoriência: É um estudo de grande importância no direito das sucessões e no direito tributário, no tocante ao ITCD (Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e doação). • Premoriência: Quando se pode provar que uma delas veio a óbito primeiro. • Comoriência: Quando duas ou mais pessoas falecem ao mesmo tempo, é referido no artigo 8º do Código Civil, vejamos; “Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, se presumirá que estão simultaneamente mortos.” Tanatoscopia Conjunto de exames que visam evidenciar a causa mortis quer do ponto de vista médico, ou legal. • Sinonimia: autopsia, necropsia, necroscopia e necrotomoscopia. Esse exame tem por finalidade o diagnóstico da realidade e da causa da morte, auxiliar na determinação da natureza jurídica da morte, diagnóstico do tempo decorridoda morte, informar sobre as circunstâncias da morte e identificar ocadáver. • Legislação: CPP Art. 162. A autopsia será feita pelo menos seis (06) horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidencias dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão noauto. • Tempos: Inspeção Externa: descrição das vestes, sinais de morte descrição dos objetos, tempo de morte, elementos de identificação inspeção das lesões, compleição física inspeção das cavidades. Inspeção Interna: cavidade craniana, órgão do pescoço cavidade torácica e abdominal, cavidades acessórias e cavidade vertebral. • Instrumental: faca, bisturis, tesouras, pinças, balanças; recipientes para colheita de amostras, porta agulha, agulhas, fios para sutura, aventais, luvas, máscaras, óculos e etc. • Ambiente: Local da morte (Perinecroscopia – Forense) I.M.L. (Compulsória – Médico Legal) Hospitalar (Consentida - Necropsia clínica) S. V. O. (Necropsia clínica – Sanitária - Pesquisa) Instituição de Ensino Superior (Interesse Acadêmico) • Tanato legislação: Código Civil;Art. 6º - A existência da pessoa natural termina com a morte. Art. 8º - Comoriência. Art. 1.571 inciso 1 - A sociedade conjugal termina. Art. 1.635 Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002- Extingue-se o pátrio poder. Código Penal;Art. 107 - Extingue-se a punibilidade. I - Pela morte do agente. Art. 121 - Matar alguém. Art. 211 - Destruir ou subtrair ou ocultar cadáver. Art. 212 - Vilipendiar cadáver. Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 6 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL Art. 158 a 184; Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante. Lei das Contravenções Penais. Art. 67 Inumar ou exumar cadáver, com infração das disposições legais: Decreto Federal 20.931. Art. 16 Lei 6.126 30.06.75. Art. 77 Art 78 - passa a art. 77, com nova redação "Art. 77 - Nenhum sepultamento será feito sem certidão, do oficial de registro do lugar do falecimento, extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista do atestado de médico, se houver no lugar, ou em caso contrário, de duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte. § 1º Antes de proceder ao assento de óbito de criança de menos de 1 (um) ano, o oficial verificará se houve registro de nascimento, que, em caso de falta, será previamente feito. § 2º A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver manifestado a vontade de ser incinerado ou no interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver sido firmado por 2 (dois) médicos ou por 1 (um) médico legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizada pela autoridade judiciária." Principais Materiais Usados em Conservação Com o intuito de melhorar as técnicas de conservação anatomistas têm melhorado os procedimentos já conhecidos, procurando descobrir novas formas de utilização dos produtos e desenvolvendo protocolos cada vez mais elaborados em busca de uma conservação mais natural, duradoura, econômica e menos prejudicial à saúde. Serão apontadosa seguir, quais produtos são utilizados, seus pontos positivos e negativos, além de alguns protocolos para auxiliar nos estudos futuros. • Formol: descoberto por acidente em 1867, o aldeído fórmico é obtido por meio da oxidação catalítica do metanol. Leva esse nome quando concentrado a 40% e é utilizado até os dias de hoje em conservação de corpos nas funerárias, peças anatômicas em hospitais escolas e laboratórios de anatomia em universidades. Pontos positivos: baixo custo de compra e ação asséptica. Pontos negativos: as peças se desgastam com o tempo, se tornam escuras e pesadas tornando o manuseio e transporte mais difíceis, tem odor forte e causa irritação no trato respiratório e olhos além de estudos apontarem que o formol pode causar câncer ao longo do tempo. Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 7 • Glicerina: descoberta em 1762 foi utilizada para a conservação de corpos. Porém com a descoberta do formol ela ficou em segundo plano principalmente pelo seu valor. É usadanormalmenteemassociação com o álcool. Pontos positivos: inodora, as peças se mantêm por mais tempo e com menos manutenções, possui ação fungicida e bactericida, as peças ficam com um aspecto mais natural em coloração e forma, maior leveza e fácil manuseio. Pontos negativos: custo elevado, dificuldade de aplicação e fraca ação asséptica. • Criodesidratação: processo em que a peça é congelada e descongelada repetidas vezes, perdendo líquidos. Pontos positivos: pode ser executadas em peças frescas ou fixadas (formol), o material se mantém firme, seco e leve. Pontos negativos: as peças ficam frágeis e exigem um maior cuidado com o manuseio e transporte, redução tecidual e estruturas com aspecto opaco e outras partes brilhantes. • Injeção de látex: também chamada de repleção, consiste na injeção de látex em estruturas circulatórias e adjacentes. Pontos positivos: possui alto grau de penetração, vasos preservados de forma integral sem retração nem dilatação de suas estruturas. Pontos negativos: risco de perda de matéria prima em caso de descuido com o armazenamento. • Vinilite seguido de corrosão: semelhante à repleção, essa técnica consiste na injeção de acetato de vinila para a preservação de pequenas estruturas. Pontos positivos: baixo custo, resistência, boa visão macroscópica da vascularização. Pontos negativos: delicado á impactos e “teme umidade”. Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 8 UNIDADE III TIPOS DE MORTE Morte Cerebral e Encefálica Entendendo a Morte Encefálica O diagnóstico de morte encefálica é definido como “morte baseada na ausência de todas as funções neurológicas”. Pode ser muito difícil de entender, mas ajudaremos a explicar a morte encefálica, fornecendo informações para ajudar na resposta a algumas de suas dúvidas. Significado de “morte encefálica” Morte encefálica é a definição legal de morte. É a completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro. Isto significa que, como resultado de severa agressão ou ferimento grave no cérebro, o sangue que vem do corpo e supre o cérebro é bloqueado e o cérebro morre. Morte encefálica é permanente e irreversível. Como fica decidido que houve Morte encefálica Um médico conduz os exames médicos que dão o diagnóstico de morte encefálica. Esses exames são baseados em sólidas e reconhecidas normas médicas. Entre outras coisas, os testes incluem um exame clínico para mostrar que o falecido não tem mais reflexos cerebrais e não pode mais respirar por si próprio. Em muitos casos, os testes são duas vezes realizados, com intervalo de diversas horas, para assegurar um resultado exato. Adicionalmente, outro teste pode incluir o exame do fluxo sanguíneo (angiograma cerebral) ou um eletroencefalograma. Esses testes são feitos para confirmar ausência do fluxo sanguíneo ou da atividade cerebral. Você pode pedir ao médico para que lhe explique ou lhe mostre como a morte encefálica foi declarada. Esses testes medem a atividade cerebral. Possivelmente, poderá apresentar atividades ou reflexos espinhais, como um movimento ou uma contração muscular. Reflexos espinhais são causados por impulsos elétricos que permanecem na coluna vertebral. Estes reflexos são possíveis, mesmo que o cérebro esteja morto. O que acontece com enquanto esses testes estão sendo feitos? O falecido é colocado em uma máquina que respira por ele, chamada ventilador, para que o cérebro possa logo enviar sinais dizendo ao corpo para respirar. Medicamentos especiais para ajudar na manutenção da pressão sanguínea e outras funções do corpo podem também ser dados para seu ente querido. Durante o teste da morte encefálica, o ventilador e os medicamentos continuam, mas eles não interferem na determinação da morte encefálica. Há drogas que podem parar o trabalho do cérebro dando um falso diagnóstico? Certos remédios podem mascarar a função cerebral, assim como relaxantes musculares e sedativos. Quando os exames são terminados, seu ente querido pode receber uma dose menor dessas drogas em seu corpo. O médico pode, então, medir mais acuradamente a atividade cerebral. Geralmente, outros exames são feitos para confirmar a morte encefálica, se certas drogas foram usadas. Se foi constatada a morte, por que seu coração ainda bate? Enquanto o coração tem oxigênio, ele pode continuar a bater. O ventilador providencia oxigênio para manter o coração batendo por várias horas. Sem esse socorro artificial, o coração teria deixado de bater. É possível que esteja somente em coma? Não. O paciente em coma está médica e legalmente vivo e pode respirar quando o ventilador é removido e/ou ter atividade cerebral e fluxo sanguíneo no cérebro. Ele não está em coma. Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 9 O que acontece quando sua morte encefálica é declarada? Uma vez dado o diagnóstico de morte encefálica, o paciente é declarado legalmente morto. Esta é a hora que deve constar no atestado de óbito. A hora da morte não é a hora da retirada do ventilador. Pode haver alguma dor ou sofrer após a morte encefálica ser declarada? Não. Quando alguém está morto, não sente dor e não sofre de maneira alguma. Há mais alguma coisa que possa ser feita? Antes da morte encefálica ser declarada, todo o possível para salvar a vida é feito. Após o diagnóstico de morte encefálica, não há qualquer chance de recuperação. Dizer adeus a um ente querido que esteja em morte encefálica é uma experiência difícil. Ele pode parecer que está apenas dormindo. O ventilador abastece os pulmões com ar. O monitor do coração pode indicar que ele ainda está batendo. Ele pode estar aquecido quando você o toca e pode ainda ter cor em sua face. Mas, realmente, ele está morto. O que acontece em seguida à declaração de morte encefálica? Em muitos casos, a morte encefálica resulta de um acidente repentino ou ferimento. Um profissional da saúde falará com você sobre certas decisões que você precisa tomar nesse momento. Dentre essas decisões, uma seria a de remover o ventilador e a outra seria a doação dos órgãos e/ou tecidos. Lembre-se, em morte encefálica, o paciente já está legalmente morto e não será a remoção do ventilador que irá causar a sua morte. A Morte Natural É a que resulta da alteração orgânica ou perturbação funcional provocada por agentes naturais, inclusive os patogênicos sem a interveniência de fatores mecânicos em sua produção. Conforme registrada por médicos legistas e em certidões de óbito e documentos associados é a morte resultante de uma doença ou um mau funcionamento interno do corpo, não causado diretamente por forças externas, geralmente devido à idade avançada. Isto é especialmente verdadeiro quando uma pessoa idosa tem várias condições ou doenças diferentes, mas onde parece que nenhuma delas sozinha ou em conjunto pode claramente levar à morte, e é incerto qual condição foi o fator final que causou a morte. Por exemplo,uma pessoa morrendo de complicações da gripe (uma infecção), um ataque cardíaco (um mau funcionamento interno do corpo), ou insuficiência cardíaca súbita seria listado como tendo morrido de causas naturais. Os departamentos de saúde desestimulam a inclusão da velhice como causa da morte, porque isso não beneficia a saúde pública ou a pesquisa médica. A velhice não é uma causa de morte cientificamente reconhecida; há sempre uma causa mais direta, embora possa ser desconhecida em certos casos e possa ser uma de várias doenças associadas ao envelhecimento. • Súbita: Morte imprevista, que sobrevém instantaneamente e sem causa manifesta, atingindo pessoas em aparente estado de boa saúde. • Violenta: É aquela que tem como causa determinante a ação abrupta e intensa, ou continuada e persistente de um agente mecânico, físico ou químico sobre o organismo. Ex.: Homicídio, suicídio ou acidente.. Ela vem através de conflitos interpessoais, drogas, vinganças, facções criminosas,feminicídio, entre outros fatores. O índice de mortes violentas é extremamente alto no Brasil. O nosso País é recordista de homicídios, onde o número de mortes violentas crescem ano após ano. O número de óbitos violentos registrados durante o dia é extremamente alto. • Fetal: : Morte de um produto da concepção antes da expulsão ou da extração completa do corpo da mãe independente da duração da gravidez. • Materna: Morte de uma mulher durante uma gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, independente da duração ou localização da gravidez. https://pt.wikipedia.org/wiki/Legista https://pt.wikipedia.org/wiki/Certid%C3%A3o_de_%C3%B3bito https://pt.wikipedia.org/wiki/Morte https://pt.wikipedia.org/wiki/Envelhecimento https://pt.wikipedia.org/wiki/Gripe https://pt.wikipedia.org/wiki/Enfarte_agudo_do_mioc%C3%A1rdio https://pt.wikipedia.org/wiki/Insufici%C3%AAncia_card%C3%ADaca https://pt.wikipedia.org/wiki/Idoso https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Causa_da_morte&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Doen%C3%A7as_associadas_ao_envelhecimento&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Doen%C3%A7as_associadas_ao_envelhecimento&action=edit&redlink=1 Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 10 • Catastrófica: É toda morte violenta de origem natural ou de ação dolosa do homem em que por um mesmo motivo, ocorre um grande número de vítimas fatais. • Presumida: É a morte que se verifica pela ausência ou desaparecimento de uma pessoa, depois de transcorrido um prazo determinado pela Lei. A Morte Suspeita A morte, quando levanta dúvidas sobre sua etiologia, deve ser investigada por exame necroscópico, segundo o artigo 162 do Código de Processo Penal. Contudo o exame necroscópico não é de função exclusiva do médico-legista (Hercules, 2014), podendo ser realizada por patologistas (artigo 159 do Código de processo Penal). Assim, as mortes cuja causa é aceita como violenta tem a investigação estabelecida como responsabilidade do estado, tendo esse a posse do corpo da vítima até que a causas mortis seja identificada por exame necroscópico (França, 2015). Mortes naturais, por sua vez, são atestadas pelo médico do indivíduo ou por um médico patologista, credenciado em um Serviço de Verificação de Óbito (SVO). Contudo, em tal distribuição há um empasse que envolve as mortes súbitas, que são em aparência naturais (não apresentam um agente externo aparente) mas ao mesmo tempo não despertam a possibilidade de nenhum agente interno (Hercules, 2014). Nesses casos qual o procedimento a ser feito? Encaminhar esse corpo ao IML ou ao SVO? Para dar suporte científico ao presente trabalhoforam pesquisados artigos nas bases de dados Scielo, Pubmed e Lilacs, assim como na literatura clássica de medicina legal. Com base nos dados encontrados, infere-se que toda morte súbita deve ser averiguada pelo IML. Contudo, este possui pouca estrutura para identificação de causas mortis a nível histológico e molecular, sendo, em ambos os casos, recolhido material e enviado para análise em laboratórios vinculados (“Manual De Rotinas Instituto De Medicina Legal Policia Civil Do Distrito,” 2014). O SVO, por sua vez, dispõe de microscópios e equipamentos para análise histológica, o que evitaria alterações do material analisado, facilitando, assim, o diagnóstico e evitando possíveis erros. Contudo, a realização de necropsias nas dependências do SVO, em casos de morte violenta, pode ser interpretada como uma forma de obstrução da justiça, punível pelo artigo 329 do Código Penal (França, 2015). Desse modo, pode ser observado que, o melhor não é o mesmo que o legalmente correto (logo, o que é feito), dificultando assim uma identificação mais fácil da causa mortis e não esclarecendo a verdadeira etiologia de uma morte, aumentando os casos de “morte natural de causa desconhecida”, com implicações à família do falecido que, por exemplo, deixa de receber um seguro, ou isenta da punição o culpado por aquela morte. Morte Real É o fim da personalidade da pessoa natural em decorrência do fato natural que é a vida, assim, a pessoa deixa de existir, se tornando o que chamamos no direito de "de cujus". Pressupõe, portanto, a existência de um corpo (cadáver) ou restos dele. É feita uma certidão de óbito, registrada em registro público. (Artigo 6º do Código Civil). Morte Aparente Imóvel, inconsciente e sem respirar, a morte aparente é definida como estado transitório em que as funções vitais "aparentemente" estão abolidas. Pode ser causada por uma doença ou entidade mórbida que simula a morte, pode também ser causada por acidentes e uso de substâncias depressoras do sistema nervoso. CARACTERIZAÇÃO DO DOADOR PRESUMIDO Lei nº 9434/97 - art. 4º Art. 4o- A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte. Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 11 "Parágrafo único. A realização de transplantes ou enxertos de tecidos, órgãos e partes do corpo humano só poderá ser autorizada após a realização, no doador, de todos os testes de triagem para diagnóstico de infecção e infestação exigidos em normas regulamentares expedidas pelo Ministério da Saúde." (NR) "Art. 8o Após a retirada de tecidos, órgãos e partes, o cadáver será imediatamente necropsiado, se verificada a hipótese do parágrafo único do art. 7o, e, em qualquer caso, condignamente recomposto para ser entregue, em seguida, aos parentes do morto ou seus responsáveis legais para sepultamento." (NR) "Art. 9o É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em cônjuge ou parentes consangüíneos até o quarto grau, inclusive, na forma do § 4o deste artigo, ou em qualquer outra pessoa, mediante autorização judicial, dispensada esta em relação à medula óssea. (NR). "Art. 10. O transplante ou enxerto só se fará com o consentimento expresso do receptor, assim inscrito em lista única de espera, após aconselhamento sobre a excepcionalidade e os riscos do procedimento." (NR) "§ 1o Nos casos em que o receptor seja juridicamente incapaz ou cujas condições de saúde impeçam ou comprometam a manifestação válida da sua vontade, o consentimento de que trata este artigo será dado por um de seus pais ou responsáveis legais." (NR) "§ 2o A inscrição em lista única de espera não confere ao pretenso receptor ou à sua família direito subjetivo a indenização, se o transplante não se realizar em decorrência de alteração do estado de órgãos, tecidos e partes, que lhe seriam destinados, provocado por acidente ou incidente em seu transporte." (NR) As PrincipaisCausas de Mortes Naturais no Brasil • Doenças cerebrovasculares: incluem o acidente vascular cerebral (AVC), conhecido popularmente como derrame. Infarto agudo do miocárdio: acontece quando parte do coração não recebe oxigênio em quantidade suficiente, provocando a morte do músculo, chamado miocárdio. • Pneumonia: Tem como principais fatores de risco o tabagismo e o consumo de álcool, que reduzem a capacidade de defesa do aparelho respiratório. Ficar muito tempo em ambientes com ar condicionado, também pode influenciar o surgimento da doença. • Diabetes: Qualquer pessoa pode ter a doença, mas algumas condições podem aumentar o risco, como consumir álcool com frequência, não praticar atividades físicas. • Doenças hipertensivas: A hipertensão arterial é uma das doenças que mais acomete o óbito. O uso excessivo de sal e alimentos fritos podem desencadear a doença, fazendo com que o coração tenha que trabalhar mais para fazer o sangue circular. • Bronquite, enfisema e asma: O tabagismo, incluindo o fumante passivo é o fator de risco mais comum para a bronquite, a enfisema e a asma.Outros fatores que contribuem para o desenvolvimento da doença é a inalação de produtos químicos em fábricas e poluição do ar. RITUAIS Os estudos acerca dos rituais humanos têm mostrado que as mudanças ao longo da vida, incluindo a morte de entes queridos, precisam ser marcadas, pontuadas, de forma que estes acontecimentos recebam a consideração necessária. Há estudos sobre os significados e funções dos rituais fúnebres como benignos para a elaboração da perda por morte de uma pessoa significativa. Sustenta-se que o caráter expressivo dos rituais possibilita descrever o que não se consegue expressar em palavras, estimulando o trabalho de luto e desempenhando importante função de maturação social e psicológica diante da perda. Possibilita também a contextualização da experiência da perda, oferecendo à família enlutada o suporte de pertencer a uma cultura e a uma compreensão compartilhada sobre a morte. A importância de se estudar o ritual fúnebre reside na possibilidade de se compreender as implicações das manifestações humanas diante da morte para a vida dos indivíduos e da sociedade, visto que este tema se encontra intimamente relacionado à forma como as pessoas significam o tema da morte e do morrer e como elaboram perdas por morte. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9434.htm#art2p http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9434.htm#art8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9434.htm#art9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9434.htm#art10 Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 12 Tal compreensão implica, portanto, que se tenha mais subsídios teóricos que contribuam com a fundamentação das práticas de suporte aos enlutados, sendo estas práticas pensadas como medidas preventivas para as complicações possíveis, como o luto crônico, o luto adiado, transtornos psiquiátricos ou manifestações psicossomáticas. Para Bayard (1996), os ritos fúnebres têm início com a agonia e coincidem com a fase inicial do luto. O segmento se dá com o velório, as exéquias, as condolências e o luto público (para pessoas de destaque), social (como no caso do uso de cor específica de roupa) e psicológico (o sentimento da perda), prolongando-se com o culto dos mortos ou a visita ao cemitério, como ocorre no dia de finados. Ele distingue os ritos de oblação, em que há solicitude e delicadeza com o defunto, como, por exemplo, a toalete mortuária, e os ritos de passagem, nos quais há a consagração da separação entre o morto e os vivos, assegurando a inclusão do morto em um estatuto post mortem. Os Rituais e suas Funções no Processo de Luto Luto, de acordo com o dicionário Aurélio (Ferreira, 2003), significa tanto o sentimento de dor pela morte de alguém quanto os sinais exteriores deste sentimento, em especial o traje usado e o tempo de permanência em estado de luto. É considerado reação normal e esperada frente ao rompimento de uma relação significativa, pois se compreende que ocorre não simplesmente uma morte, mas a partida de alguém amado em circunstância dolorosa. No que diz respeito ao(s) significado(s) presente(s) em rituais fúnebres, podemos considerar que incluem a demarcação de um estado de enlutamento, de reconhecimento da importância da perda e da importância daquele ente que foi perdido. Ritualizar é marcar, pontuar um aspecto da realidade ou um acontecimento. Neste contexto, os enlutados tendem a se encontrar em um estado de margem ou limiar, no qual entram mediante ritos de separação do morto e saem através de ritos de suspensão do luto e reintegração social. Algumas vezes coincide o período de margem dos vivos com o período de margem do morto, ou seja, o término do período de luto coincide com a agregação do morto em um estatuto post mortem, de acordo com a crença de cada cultura. Os rituais relacionados com a morte, como os funerais, servem para contextualizar a experiência, permitindo as mudanças de papéis e a transição do ciclo de vida. Além do mais, podem oferecer à família o suporte da sensação de pertencer a uma cultura capaz de proporcionar respostas previsíveis num momento em que o choque da perda a deixa intorpecida e desarticulada. Desta maneira, a universalidade das manifestações humanas diante da morte existe para atender às necessidades psicológica e social de dar um enquadramento e uma previsibilidade à perda pela morte. O uso de rituais como recurso terapêutico envolve três aspectos: • Um ritual para admitir a perda e entrar no luto; • Um ritual que simbolize o que os familiares incorporaram do morto; • Um ritual para simbolizar os momentos de mudança na vida. A IMPORTÂNCIA DA PREPARAÇÃO DO CORPO PÓS-MORTE A preparação do corpo pós-morte começa ainda no hospital, assim que o óbito é declarado. Nesse momento, as equipes de enfermagem precisam realizar uma série de procedimentos que visam reduzir os riscos de contaminação, garantir a integridade do leito para outros pacientes e enviar o corpo de maneira correta até a funerária ou o IML. Já na funerária, o principal responsável pela preparação dos corpos é o Técnico em Necropsia, que utilizará uma série de técnicas para deixar o falecido com a melhor aparência possível, permitindo que os seus parentes o velem de forma adequada. São esses profissionais que higienizam o corpo, impedem o vazamento de gases e líquidos durante o funeral e realizam reconstruções em caso de mortes violentas, como de acidentes de trânsito. Sem essa preparação, dificilmente seria possível velar nossos falecidos, porque haveria um risco maior de contaminação das pessoas ao redor, além de que seria preciso lidar com os odores desagradáveis e também a aparência do falecido após horas da morte. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722019000100509#B3 https://cemiteriosemmisterio.com.br/declaracao-de-obito/ https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2017/05/29/interna_gerais,872448/conheca-a-tanatopraxia-tecnica-de-preparar-cadaveres-para-velorios.shtml Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 13 Técnicas Usadas na Preparação do Corpo Pós-morte É importante salientar que essa preparação do corpo pós-morte é algo bastante antigo e que era realizado em civilizações como os egípcios e os gregos, visando, justamente, preservar o corpo por mais tempo para que os rituais de despedida pudessem acontecer. Veja as orientações mais importantes em cada uma das etapas. Hospital Como dissemos, quando alguém falece no hospital, assim que o óbito é declarado, as equipes de enfermagem precisam seguir uma rotina criteriosa. Em geral, essa etapa envolve: • desligar todos os aparelhos; • fechar os olhos do paciente ou fixá-los com fita adesiva (para evitar que os olhos fiquem abertos quando ocorrer o enrijecimento cadavérico, ajudando a preservar a aparência natural); • colocar e reposicionar as próteses dentárias, casoexistam; • tampar com algodão seco os orifícios naturais do corpo; • higienizar o corpo; • sustentar a mandíbula com fita ou ataduras para manter a posição anatômica antes do enrijecimento cadavérico; • unir os pés e fixá-los com fita adesiva ou atadura pelo mesmo motivo anterior; • encaminhar o corpo ao local adequado; • realizar a limpeza e a higienização do leito; • reunir os pertences do paciente para entregá-los à família; • em casos religiosos específicos, as equipes são avisadas para realizar determinados procedimentos exigidos pelos familiares. Funerária A tanatopraxia é uma das técnicas mais importantes na preparação do corpo pós-morte e é realizada pela equipe funerária. Esse é um gesto de carinho que envolve várias técnicas para tornar o corpo de acordo com o que nos recordamos do falecido. Para isso, são seguidas várias etapas que envolvem a aplicação de produtos químicos no cadáver em substituição às antigas técnicas de embalsamento. Após essa aplicação, o falecido ficará com uma aparência corada e serena, adequada para os velórios. Algumas das etapas realizadas nesse procedimento são: Desinfecção Assim que o corpo chega até a funerária, ele deve passar por um processo de desinfecção (que precisa ser feito independentemente da causa da morte). Para isso, todo o corpo recebe a aplicação de um potente desinfetante. Após a secagem, é realizada uma massagem vigorosa na musculatura para que elas se soltem (já que o enrijecimento cadavérico deixa a musculatura mais contraída). https://cemiteriosemmisterio.com.br/mumificacao-no-egito-antigo/ https://cemiteriosemmisterio.com.br/conheca-o-processo-de-embalsamar-corpo-e-a-sua-importancia/ Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 14 Na sequência, são retirados todos os pelos da face, do pescoço e da garganta, preservando-se apenas os cílios, as sobrancelhas e escalpo. No caso dos homens, se durante toda a vida o falecido usou barba ou bigode, é possível mantê-los para o velório. Reconstrução da Face Logo após o falecimento, nosso corpo entra em processo de decomposição. Isso faz com que, rapidamente, o tecido mais macio do rosto comece a “afundar”, em especial na cavidade ocular. Há também uma contração natural dos lábios e das bochechas – que podem dar um aspecto ruim para os familiares. Por isso, o agente funerário usa um cone semiesférico em cada olho, posicionado atrás das pálpebras e aplica um creme que capta umidade entre o cone e a pálpebra, mantendo a pele hidratada e macia. Os olhos ficam fechados devido à aplicação de um gel adesivo na borda das pálpebras e a boca é suturada na base das gengivas, ficando, assim, fechada. Artérias e Cavidades Para impedir o vazamento de líquidos, odores desagradáveis e outros problemas, é realizada a injeção de uma solução de formaldeído em uma das artérias do corpo. Esse líquido é responsável por criar uma pressão interna que permite drenar o sangue da veia jugular ou do coração. Outro processo muito importante é a remoção dos órgãos internos, que é feito abrindo-se o abdômen. A partir de então, cada órgão é drenado e retirado. Depois, eles ficam mergulhados em uma solução específica por algumas horas enquanto o agente funerário preenche as paredes internas da cavidade com pó ou gel específico. Somente após isso, os órgãos são colocados dentro de um saco plástico grosso e fechado hermeticamente e, então, novamente eles são incluídos no interior do corpo. Essa etapa é importante para evitar que escapem gases ou fluidos com risco biológico dos órgãos internos do falecido, o que poderia comprometer a saúde das pessoas no velório. Maquiagem Por fim, os cabelos do falecido são lavados e enxugados, penteados e cortados profissionalmente. Na sequência, o corpo é vestido com as roupas trazidas pelos familiares e a necromaquiagem é aplicada. O intuito é cobrir abrasões, feridas ou outros problemas que o falecido possa ter visível na sua pele. Também são aplicadas maquiagens específicas que buscam trazer uma coloração mais amena ao falecido (que nesse momento já começa a sofrer com a descoloração da pele). Somente após toda essa preparação do corpo pós-morte estar completa é que o falecido é transferido ao caixão e enviado ao velório. Esses são procedimentos padrões para a preparação do corpo pós- morte. Porém, eles podem variar dependendo das condições do óbito. Em geral, o processo total pode levar de 1 a até 4 horas. Dependendo do tempo pelo qual o velório se estender, podem ser necessários outros procedimentos, visando manter o corpo o mais preservado possível dentro do tempo estimado para as homenagens fúnebres. Fenômenos Abióticos São fenômenos que de forma gradual se tornam evidentes no corpo, esses fenômenos seguem uma ordem, porém, essa ordem pode ser alterada de acordo com a causa da morte, ambiente ao qual o cadáver se encontra (acidez e umidade de solo), fauna e flora cadavérica dentre outros. Os fenômenos abióticos são divididos da seguinte forma; • Imediatos : inconsciência, insensibilidade, imobilidade, parada da respiração e parada da circulação. https://cemiteriosemmisterio.com.br/homenagem-funebre/ Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 15 • Consecutivos:algidez cadavérica (algor mortis), rigidez (rigor mortis), livores hipostáticos (livor mortis) e mancha verde abdominal. • Tardios destrutivos: autólise (autodigestão), maceração (transformação do cadáver em meio líquido), putrefação (coloração, gasoso), coliquativo e esqueletização. • Tardios Conservadores: mumificação e saponificação. Circulação póstuma de Brouardel Mancha verde abdominal Saponificação Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 16 CALENDÁRIO TANATOLÓGICO • Perda de Peso: Observações comprovam que os cadáveres perdem em média 8 g/Kg/dia. • Algidez: Em nosso meio estima-se, por observações, que nas primeiras 3 horas a queda de temperatura do cadáver é de meio grau (0,5°) por hora. A partir da quarta hora é de 1° porhora. • Livores de Hipóstase: Surgem em geral 2 a 3 h. após a morte, fixando-se definitivamente em torno de 8 a 10 h."postmortem". • Rigidez Cadavérica: Surge na mandíbula depois da 2ª hora; em seguida nuca (2- 4 h.); nos membros (4-6 h.) e nos músculos do tórax (6-8h.). • Mancha Verde Abdominal: Em média surge entre 18 a 36 horas. Tem início na fossa ilíacadireita. • Gases de Putrefação: lº DIA: Gases não inflamáveis: CO2, do 2º ao 4º DIA: Gases inflamáveis: HC e H e A partir do 5º DIA: Gases não inflamáveis: N e NH4. • Cristais de Sangue Putrefeito: (Westenhoffer-Rocha). Surgem depois do 3º dia e permanecem até o 35º dia depois damorte. • Crioscopia do sangue: Ponto de congelação do sangue. Valor normal:O,57°C. • Crescimento dos Pelos da Barba: Crescem 0,021mm/hora. • Conteúdo Estomacal: A digestão se faz no estômago em torno de 4-7 horas. Fenômenos Cadavéricos ou Sinais Tanatológicos Fenômenos Cadavéricos ou Sinais Tanatológicos: Imediatos,Consecutivos ou Mediatos, Transformativos. Fenômenos cadavéricos são fenômenos que ocorrem após a morte somática, ou seja, aquela que indica a morte de um indivíduo como um todo. Após a morte existe uma sequência de alterações previstas que, todavia não podem ser revertidas, instalando-se progressivamente no cadáver. • Imediatos. • Consecutivos ou mediatos. • Transformativos Fenômenos Abióticos Imediatos • Perda da consciência; • Perda da sensibilidade; • Perda da motilidade e do tono muscular; • Cessação da respiração; • Cessação da circulação; • Cessação de atividade cerebral. Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 17 Fenômenos abióticos consecutivos • Desidratação cadavérica; • Algor mortis ou esfriamento cadavérico; • Livor mortis ou manchas de hipóstase ou livor cadavérico; (Livor mortis. O livor mortis (ou manchas de hipóstase) representa a mudança de coloração que surge na pele dos cadáveres, decorrentedo depósito do sangue estagnado pela ação da gravidade, nas partes mais baixas do corpo, e que indicam sua posição original). • Rigor mortis ou rigidez cadavérica • Observação: LAR – Tríade da Morte: livor, algor e rigor Fenômenos Abióticos Transformativos Sinais tardios e divididos em: • Destruidores; • Conservadores. Fenômenos Abióticos Transformativos Destruidores • Autólise: fenômenos fermentativos anaeróbicos da célula; • Putrefação: decomposição fermentativa da matéria orgânica por ação de diversos germes. Putrefação • Marcha da Putrefação : • Período de Coloração: sulfometahemoglobina; Período Coliquativo Dissolução pútrida do cadáver, o esqueleto fica coberto por umamassa de putrilagem, e surge um grande número de larvas e insetos; Período de Esqueletização • Ossos; Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 18 UNIDADE IV CRONOTANATOGNOSE É a parte da Tanatologia que estuda a data aproximada da morte. Com efeito, os fenômenos cadavéricos, não obedecendo ao rigorismo em sua marcha evolutiva, que difere conforme os diferentes corpos e com a causa mortis e influência de fatores extrínsecos, como as condições do terreno e da temperatura e umidade ambiental, possibilitam estabelecer o diagnóstico da data da morte tão exatamente quanto possível, porém não com certeza absoluta. O seu estudo importa no que diz respeito à responsabilidade criminal e aos processos civis ligados à sobrevivência e de interesse sucessório. A cronotanatognose baseia-se num conjunto de fenômenos, a saber: Resfriamento do Cadáver Em nosso meio é de 0,5°e nas três primeiras horas; a seguir, o decréscimo de temperatura é de 1°e por hora, até o restabelecimento do equilíbrio térmico com o meio ambiente. Rigidez Cadavérica Pode manifestar-se tardia ou precocemente. Segundo Nysten-Sommer, ocorre obedecendo à seguinte ordem: na face, nuca e mandíbula, 1 a 2 horas; nos músculos tóraco-abdominais, 2 a 4 horas; nos membros superiores, 4 a 6 horas; nos membros inferiores, 6 a 8 horas post mortem. A rigidez cadavérica desaparece progressivamente seguindo a mesma ordem de seu aparecimento, cedendo lugar à flacidez muscular, após 36 a 48 horas de permanência do óbito. Livores Podem surgir 30 minutos após a morte, mas surgem habitualmente entre 2 a 3 horas, fixando-se definitivamente no período de 8 a 12 horas após a morte. Mancha Verde Abdominal Influenciada pela temperatura do meio ambiente, surge entre 18 a 24 horas, estendendo-se progressivamente por todo o corpo do 3.° ao 5.° dia após a morte Gases de Putrefação O gás sulfidrico, surge entre 9 a 12 horas após o óbito. Da mesma forma que a mancha verde abdominal, significa putrefação. Decréscimo de Peso Tem valor relativo por sofrer importantes variações determinadas pelo próprio corpo ou pelo meio ambiente. Aceita-se, no entanto, nos recém-natos e nas crianças uma perda em geral de 8g/kg de peso nas primeiras 24 horas após o falecimento. Crioscopia do Sangue O ponto crioscópico ou ponto de congelação do sangue é de -0,55°C a -0,57°C. A crioscopia tem valor para afirmar a causa jurídica da morte na asfixia-submersão e indicar a natureza do meio líquido em que ela ocorreu. Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 19 Cristais do Sangue Putrefato São os chamados cristais de Westenhöffer-Rocha-Valverde, lâminas cristalóides muito frágeis, entrecruzadas e agrupadas, incolores, que adquirem coloração azul pelo ferrocianeto de potássio, e castanha, pelo iodo, passíveis de ser encontradas a partir do 3.° dia no sangue putrefato. FAUNA CADAVÉRICA O seu estudo em relação ao cadáver exposto ao ar livre tem relativo valor conclusivo na determinação da tanatocronognose, embora os obreiros ou legionários da morte surjam, com certa seqüência e regularidade, nas diferentes fases putrefativas adiantadas do cadáver, as turmas precedentes preparando terreno para as legiões sucessoras, representadas por um grupo de oito. São elas: • 1ª Legião: aparece entre o 8.º e o 15.º dia; • 2ª Legião: surge com o odor cadavérico, cerca de 15 a 20 dias; • 3ª Legião: aparece 3 a 6 meses após a morte; • 4ª Legião: encontrada 10 meses após o óbito; • 5ª Legião: é encontrada nos cadáveres dos que morreram há mais de 10 meses; • 6ª Legião: desseca todos os humores que ainda restam no cadáver, 10 a 12 meses; • 7ª Legião: aparece entre 1 e 2 anos e destrói os ligamentos e tendões deixando os ossos livres. • 8ª Legião: consome, cerca de 3 anos após a morte, todos os resquícios orgânicos porventura deixados pelas precedentes Inumação Consiste no sepultamento do cadáver, ou seja, corpo morto de aparência humana e que não se processam antes das 24 horas, nem após 36 horas da morte. Cadáver é o corpo morto, enquanto conserva a aparência humana por não ter cessado totalmente a conexão de suas partes. O conceito exclui o arcabouço ósseo, as cinzas humanas, os restos mortais em completa decomposição e a múmia. Arcabouço ósseo é o esqueleto, v. g., o conjunto de 208 ossos. Cinzas humanas são os restos de um cadáver. O cadáver é uma res extra commercium. A múmia, por não inspirar o mesmo sentimento de respeito devido aos mortos, não é considerada cadáver. Natimorto é o concepto expulso do ventre materno a tempo, após ter atingido a capacidade de vida extra-uterina. Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 20 Exumação Consiste no desenterramento do cadáver, não importando o local onde se encontra sepultado, revestido de observância de disposições legais (art. 6°, I, CPP), pois caso contrário implicará na infração penal do art. 67 da LCP. Localizada a sepultura, deve-se fotografá-Ia juntamente com outra, tomada como ponto de referência, após o que procede-se à sua abertura. O caixão e, depois de sua abertura, o cadáver, ou o que dele restar, serão fotografados na posição em que forem encontrados (art.164 do CPP). Identificado o morto, efetua-se o exame cadavérico, descrevendo os componentes minuciosamente, no auto de exumação e reconhecimento, a sepultura, o esquife, as vestes, o aspecto do de cujus, o grau de putrefação, ou a ossada, se já atingiu a fase de esqueletização. Nos casos de exumação por suspeita de envenenamento, os peritos recolherão os órgãos, seus destroços ou resíduos putrefeitos, cabelos e ossos, em vasos adequados. Cremação Consiste na incineração do cadáver, reduzindo-o a cinzas que são depositadas em urnas, podendo ser enterradas ou conservados em local próprio a esse fim. A cremaçãoprocessa-se emfornos aquecidos a lenha, coque, óleo, GLP ou eletricidade, à temperatura de 1.000 a 1.200°C, que reduzem o cadáver de um adulto de 1,5 a 2,5kg de cinzas, conforme o peso, em aproximadamente 1,5 h, que são recolhidas numa caixa de metal soldada e colocada em uma urna de bronze, de acabamento artístico. Os apologistas da cremação apontam as seguintes vantagens: • Higiene: É processo ideal do ponto de vista higiênico. • Economia monetária: As despesas da cremação custam 20% a 40% a menos que as do enterro. • Economia de espaço: O corpo cremado ocupa um espaço, 14 a 20 vezes menor que o inumado. Como desvantagem, do ponto de vista médico-legal, cita-se a impossibilidade da verificação post mortem, quando surge uma suspeita de crime. Só se procederá à cremação facultativamente e mediante vontade expressa em vida, ou, compulsoriamente, no interesse da saúde pública. Embalsamamento Consiste em introduzir nas artérias carótidas comum ou femoral, e nas cavidades tóraco-abdominal e craniana, de líquidos desinfetantes, de natureza conservadora, em alto poder germicida, para impedir a putrefação do cadáver. Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 21 UNIDADE V FENÔMENOS ABIÓTICOS TRANSFORMATIVOS Maceração É o processo especial de transformação do cadáver no útero materno – tegumentos cutâneos. Ocorre quando os restos mortaisficam imersos em meio líquido, sendo caracterizada por putrefação atípica, enrugamento tecidual e exsanguinação (saída do sangue pela pele desnuda). São conhecidas duas formas: • Séptica: mais comum, ocorre geralmente nos corpos que permanecem, após a morte, em lagos, rios e mares. • Asséptica: observada na morte e permanência do feto intra-útero. Há o destacamento de amplos segmentos cutâneos, devido ao fenômeno da embebição da hemoglobina, fazendo com que a epiderme se solte facilmente, além dos órgãos soltarem-se dentro do ventre. Apresenta diversos sinais, como o de Spalding (cavalgamento dos ossos da abóboda craniana), Harley (perda da configuração da coluna vertebral), Damel (halo pericraniano translucido), Spangler (achatamento da abóboda craniana), entre outros. Pode se apresentar em graus: a) no primeiro grau há presença de flictenas na epiderme contendo líquido serosanguinolento (primeira semana de morte); b) no segundo grau há ainda as flictenas, liquido amniótico sanguinolento e epiderme arroxeada (segunda semana de morte); c) no terceiro grau há a deformação craniana, infiltração hemoglobínica das vísceras e córion de tonalidade marrom escura. Mumificação A mumificação é um processo transformativo conservador do cadáver, que pode ser natural, artificial ou misto; tem relevante importância médico-legal porque possibilita, mais facilmente do que nos demais processos, o diagnóstico da causa da morte e a identificação do cadáver. Os processos naturais exigem condições ambientais – clima quente e seco – que garantam a desidratação rápida do cadáver, de modo a impedir a ação microbiana responsável pela putrefação; e pode ser condicionado a fatores como idade, sexo e causa da morte. Os processos artificiais cuidam da submissão do cadáver a técnicas especiais de conservação. Entre essas técnicas especiais, destaca-se o embalsamamento, há muito praticados pelos egípcios, pelos nativos das Ilhas Canárias e pelos incas no Peru. Os processos artificiais serão sempre realizados a pedido dos familiares, justificado por motivações piedosas ou por fins didáticos. As duas hipóteses estão disciplinadas por legislação específica. Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 22 Os processos mistos resultam do favorecimento de um processo artificial por fatores ambientais na conservação do corpo. O cadáver mumificado apresenta peso reduzido; pele dura, seca, enrugada e de tonalidade enegrecida; cabeça diminuída de volume; traços fisionômicos da face vagamente conservados: os músculos, tendões e vísceras destroem-se pela pressão leve, transformando-se em pó, e os dentes e as unhas permanecem bem conservados. Saponificação ou Adipocera A saponificação é um processo transformativo conservador do cadáver que ocorre de forma espontânea; tem relevante importância médico-legal porque permite realizar uma série de exames algum tempo depois da morte. Assim, será possível estudar melhor certas lesões pela conservação maior do tecido celular subcutâneo, como nas feridas produzidas por ação de projéteis de arma de fogo ou de arma branca. O mesmo se diga da possibilidade de se estudarem lesões do pescoço quando produzidas por laços os estrangulamentos e enforcamentos. E, por fim, levando em conta a razoável conservação das ísceras, podem-se ter contribuições valiosas através de exames toxicológicos e histopatológicos. https://jus.com.br/tudo/arma-de-fogo Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 23 UNIDADE VI DIAGNOSE DIFERENCIAL DAS LESÕES “ANTE” E “POST MORTEM” O legisperito esclarecerá à Justiça se as lesões encontradas foram causadas: • Bem antes da morte; • Imediatamente antes da morte • Logo após a morte; • Certo tempo após a morte. As lesões corporais sofridas in vita traduzem sempre reações viltais. • Hemorragia: A hemorragia interna proveniente de lesão produzida no vivo aloja-se no interior do corpo sob forma de grandes coleções hemáticas. No morto, a coleção hemática interna é sempre de reduzidíssima dimensão, ou não existe, e o sangue não coagula. • Retração dos tecidos: Os ferimentos incisos e os corto contundentes mostram as margens afastadas, devido à retração dos tecidos, o que não ocorre nos feitos no cadáver, pois neste os músculos perdem a contratilidade. • Escoriações: A presença de crosta recobrindo as escoriações significa lesão intravitam. Dessarte, pergaminhamento da pele escoriada é sinal seguro de lesão pos mortem. • Equimoses: Sobrevêm de repente no vivo após o traumatismo, e se apagam lenta e paulatinamente. No cadáver não ocorrem essas contínuas variações de tonalidades cromáticas. • Reações inflamatórias: Manifestadas pelos quatro sintomas cardinais: dor, tumor, rubor e calor. Desse modo, é a inflamação importante elemento afirmativo de que a lesão foi produzida bem antes da morte. • Embolias: São acidentes cujas principais manifestações dependem do órgão em que ocorrem. Chama-se embolia à obliteração súbita de um vaso, especialmente uma artéria, por coágulo ou por um corpo estranho líquido, sólido ou gasoso, chamado êmbolo. • Consolidação das fraturas: O tempo de consolidação de uma fratura varia conforme o osso. Costuma demandar 1 ou 2 meses. • O eritema, simples e fugaz afluxo de sangue na pele, e as flictenas contendo líquido límpido ou citrino, leucócitos, cloreto de sódio e albuminas (sinal de Chambert), e o retículo vasculocutâneo afirmam queimaduras intravitam. No cadáver não se forma nenhum desses sinais vitais. E as bolhas porventura existentes assestam-se em áreas edemaciadas contendo gás e, às vezes, líquido desprovido de albuminas e de glóbulos brancos. • O cogumelo de espuma: traduz fenômeno vital, pois só se forma nos afogados que reagiram à proximidade da morte cedo foram retirados do meio líquido. A diluição do sangue e a presença de líquido nos pulmões e no estômago, nos asfixiados por submersão, de substâncias sólidas no interior da traquéia e dos brônquios, no soterramento, de fuligem nas vias respiratórias e monóxido de carbono no sangue dos que respiraram no foco de incêndio, de aeração pulmonar e conteúdo lácteo no tubo digestivo de recém-nascido são sinais certos de reação vital. Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 24 UNIDADE VII GENERALIDADES SOBRE O TEMA A Velhice e a Morte do Ser Humano A difícil tarefa de compreender o nascer e o morrer. A difícil aceitação da morte de um ente querido é natural e muito comum, porém, o prolongamento desta dor pode trazer consequências drásticas para qualquer indivíduo que vive o luto. Uma relação de comportamentos na iminência da morte, ao que é chamado de “luto antecipatório”: • Choque: Acontece quando a pessoa fica sabendo da doença e sofre um abalo de desespero, atordoamento, entorpecimento, confusão. As reações podem variar desde uma apatia completa até a superatividade. Muitas vezes a pessoa se sente como se estivesse no ar, como se tudo não passasse de um sonho, ou, mais precisamente, de um pesadelo que a qualquer momento vai terminar. Pensa: “vou acordar e saber que nada disso Disto é verdade, que foi um pesadelo que tive”. Outras vezes, a superatividade no trabalho é um meio de tentar fugir da realidade demasiadamente angustiante para ser aceita facilmente. O lema é “fazer muitas coisas, estar o dia todo completamente ocupado, sem um minuto livre, a fim de não pensar”. • Negação: Acontece quando a pessoa demonstra não saber lidar com a situação e se protege por meio de uma tentativa de continuar a viver como se nada tivesse mudado na sua vida. É própria da incapacidade de aceitar uma realidade iminente. A pessoa pode reagir com isolamento quando fica ensimesmada – ficar calada, reflexiva, apática. Trata-se de um mecanismo de defesa usado para poder lidar com as responsabilidades diárias da vida e para poder ganhar tempo, assimilando aos poucos o que aconteceu. Neste caso, geralmente o silêncio é o meioque a pessoa encontra para lidar com a realidade. • Ambivalência: Acontece quando a pessoa flutua, em um movimento pendular, entre a aceitação de uma perda iminente e sentimentos e reações de negação. Reflete sobre o estado, por exemplo, mas faz planos de longo prazo. Muitas vezes este mecanismo de defesa usado pelo paciente tem um efeito altamente positivo. O fato de fazer planos e ir à luta para vê-los realizados é um poderoso motor para se manter vivo e lúcido. O fato de ter objetivos ainda para cumprir pode ser uma medida positiva de se aferrar à vida. É comum que pessoas que tinham um importante objetivo como, por exemplo, reconciliar-se com algum familiar, fazer uma transação comercial para deixar uma herança para seus filhos, publicar um livro ao qual dedicou muitas horas de pesquisas e trabalho, etc. Possam usar esses logros para ajudar na luta pela vida e, especialmente, para não cair numa depressão profunda, fato que, sem dúvida, encurtará a vida. • Revolta: Acontece muito comumente. A pessoa se sente castigada, com muita raiva, ressentida, e esses afetos provocam, muitas vezes, protestos contra si mesma ou contra o destino, Deus, etc. É interessante ver com que freqüência se vincula a doença a um castigo pela vida levada ou a um castigo que não tem uma lógica que o possa explicar. A relação de causa–efeito muitas vezes aparece no discurso do doente e de seus familiares. A pessoa doente se queixa: “que mal fiz na vida para merecer isto, este castigo?” Há toda uma cultura que vem se arrastando por muitos anos, por muitos séculos, que explica toda doença como um castigo divino frente a uma falta (muitas vezes este castigo tem como causa uma infração que nem mesmo a pessoa cometeu e, sim, seus antepassados, tal como consta no Velho Testamento). • Negociação: Aparece o sentimento religioso ou a procura por alguma força superior (que pode adquirir os matizes mais diversos) para que possa ser feito um acordo de prolongar a vida, isto é, adiar a morte ou curar. Nesse momento, intensificam-se as manifestações de crença e se realizam ritos com a finalidade de obter esse resultado. Com freqüência, tanto o paciente quanto seus familiares tentam todo tipo de recursos de cura, fazendo uma verdadeira peregrinação por inúmeros cultos, religiões, crenças e ritos. Muitas vezes também são presa fácil de charlatões que exercem sua impostura tirando proveito econômico do desespero frente à procura de uma cura milagrosa. Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 25 • Depressão: Uma tristeza profunda se apodera do doente ou de seus familiares, ou ambos. Simonton (1987), no seu trabalho, menciona a grande dificuldade de um enfermo melhorar ou prolongar a vida se for vítima de depressão. O autor constatou que os pacientes que manifestam uma firme vontade de sarar, de viver, obtêm uma sobrevida muito significativa. Entretanto, os que sofrem de depressão resistem muito menos ao calvário do tratamento e morrem muito antes. Os comportamentos mencionados não são exclusivos do luto antecipatório, são também muito freqüentes no luto real. O ser humano nunca está preparado para o desconhecido. Por esse motivo, o pavor e a recusa, diante do fato de conviver com a ausência de alguém ou mesmo com a idéia de desconhecer o lugar e a situação para qual o destino o levou. Apesar do sofrimento, é importante tentar compreender a dinâmica do ciclo da vida e perceber que a morte desempenha o seu papel na sociedade: o de renovar, dando lugar e espaço para novas vidas. São fatores que dificultam a aceitação da morte: • Desequilíbrio financeiro que o tratamento da doença ou a falta daquela pessoa podem acarretar à família. • Dificuldade da pessoa em aceitar cuidados, quando esta estiver acostumada com o cuidar. • História e elaboração de perdas anteriores e crenças com relação a morte. • Momento em que a morte ocorre no ciclo da vida, quanto mais jovem for o paciente, mais difícil será a aceitação de sua morte. • A morte súbita impede os familiares de elaborarem gradativamente o luto, ao contrário da morte prolongada. A fim de ajudar o paciente e seus familiares o profissional de saúde pode: • Ajudar a pessoa a enfrentar a crise, auxiliando-a a expressar seus sentimentos. • Ajudar a pessoa a descobrir os fatos, desmistificando fantasias e esclarecendo suas dúvidas, evitando especulações sobre a doença. • Não dar a pessoa uma falsa confiança, oferecendo ajuda e reconhecendo a validade de seus temores. • Não encorajar a pessoa a culpar as outras. • Ajudá-la a aceitar ajuda. • Incentivar e sugerir uma reorganização das tarefas cotidianas, para que a pessoa receba assistência. Não há uma ordem para a ocorrência dessas manifestações, tão pouco uma cronologia, sendo que o paciente pode vivenciar mais de uma destas fases, concomitantemente, num mesmo período ou até mesmo não vivenciar algumas delas. Estas fases são como mecanismos de defesa para enfrentar o processo desconhecido do morrer, em que os conflitos de ordem emocional, material, psicológica, familiar, social, espiritual, entre outros, surgem de forma acentuada. Há um vasto rol de situações de perdas que podem levar ao luto e que segundo Viorst (1998, p.13): [...] perdemos, não só pela morte, mas também por abandonar e ser abandonado, por mudar e deixar coisas para trás e seguir nosso caminho. E nossas perdas incluem não apenas separações e partidas dos que amamos, mas também a perda consciente ou inconsciente de sonhos românticos, expectativas impossíveis, ilusões de liberdade e poder, ilusões de segurança – e a perda do nosso próprio eu jovem, o eu que se julgava para sempre imune às rugas, invulnerável e imortal. Kovács (1996, p.12) complementa dizendo que são várias as experiências de morte em vida e que embora não tendo acontecido no concreto, implicam em sentimentos de dor, ruptura, interrupção, desconhecimento, tristeza: Tanatologia Curso Livre Auxiliar em Necropsia 26 [...] separações, doenças, situações-limite com muita dor e sofrimento. Já outras, estão camufladas porque podem ser de cunho festivo, tais como: homenagens e acontecimentos onde a alegria parece ser o sentimento que predomina, mas, observando melhor, vê-se o espectro da “morte”, ou seja, o fim de uma situação ou estado: início e o final da adolescência, viagens, entrada na universidade, casamento, nascimento do filho, etc. Para elaborar este processo ocorre o estado de luto, que consiste em uma elaboração da consciência da perda, ou seja, num processo de absorção da experiência e a reestruturação de sua vida (processo que leva o enlutado a uma ação, em outras palavras, a se adaptar a nova realidade a ser vivida). O luto é uma reação natural e saudável à perda. Na maioria dos casos, este é descomplicado, com sinais, manifestações ou expressões de luto saudáveis. Porém, quando este é extensamente prolongado por anos a fio, diz-se que seja um luto patológico, uma vez que a pessoa não se torna capaz de concluir este processo (Rangel, 2008). As reações consideradas normais no luto são: • Sensações físicas: sensação de vazio no estômago; aperto no peito; nó na garganta; extrema sensibilidade ao barulho; sentimento de irrealidade e despersonalização; respiração curta; falta de ar; fraqueza muscular; baixa energia e secura na boca; • Cognições ou padrões diferentes de pensamento: descrença (reação inicial numa função protetora), confusão, preocupação, sensação de presença e alucinações (ex: ouvir a voz do falecido ou achar ter visto sua imagem); • Comportamentos associados: distúrbios do sono, do apetite, comportamento aéreo, tendência a esquecer das coisas, isolamento social, sonhos com a pessoa que faleceu, evitação de coisas que lembrem o morto, procurar e chamar pela pessoa, suspiros, hiperatividade, choro, dentre outros; • Sentimentos: frustração, dor, sofrimento, revolta, etc. A insensibilidade pode manifestar-se como um período
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