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TANATOLOGIA FORENSE l FENOMENOLOGIA DA MORTE DEFINIÇÃO: A palavra tanatologia origina-se do grego thanatus que quer dizer morte e do sufixo logia que significa estudo. É o ramo da medicina legal que se ocupa do estudo da morte e dos fenômenos com ela relacionados. Tanatologia Forense – É o ramo das ciências forenses que partindo do exame do local, da informação acerca das circunstâncias da morte e atendendo aos dados do exame de necropsia, procura estabelecer: - A identificação do cadáver - O mecanismo da morte - A causa morte - O tempo da morte MORTE: Critério do C.F.M. P/ Definição (Resolução1346/91) “O Conselho Federal de Medicina, no uso de suas atribuições que lhe confere a Lei nº 3.268/57, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958, e Considerando que a parada total e irreversível das funções encefálicas equivale à morte, conforme já estabelecido pela comunidade científica mundial; Considerando o ônus psicológico e material causado pelo prolongamento do uso de recursos extraordinários para o suporte das funções vegetativas em pacientes com parada total e irreversível da atividade encefálica; Considerando a necessidade de judiciosa indicação e interrupção do emprego desses recursos; Considerando a necessidade de se adotar critérios para constatar, de modo indiscutível, a ocorrência de morte; Considerando que ainda há consenso sobre a aplicabilidade desses critérios em crianças menores de 2 anos; 1 - Critérios: Os critérios, no presente momento, para a caracterização da parada total e irreversível das funções encefálicas em pessoas com mais de 2 anos são, em seu conjunto: A - Clínicos: coma aperceptivo com arreatividade inespecífica, dolorosa e vegetativa, de causa definida. Ausência de reflexos corneano, oculoencefálico, oculovestibular e do vômito. Positividade do teste de apnéia. Excluem-se dos critérios acima, os casos de intoxicações metabólicas, intoxicações por drogas ou hipotermia. B - Complementares: ausência das atividades bioelétrica ou metabólica cerebrais ou da perfusão encefálica; 1 - O período de observação desse estado clínico deverá ser de, no mínimo, 6 horas. 2 - A parada total e irreversível das funções encefálicas será constatada através da observação desses critérios registrados em protocolo devidamente aprovado pela Comissão de Ética da Instituição Hospitalar. 3 - Constatada a parada total e irreversível das funções encefálicas do paciente, o médico, imediatamente, deverá comunicar tal fato aos seus responsáveis legais, antes de adotar qualquer medida adicional. 4 – Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação. Brasília - DF, 08 de agosto de 1991. TIPOS DE MORTE: - Natural: É a que resulta da alteração orgânica ou perturbação funcional provocada por agentes naturais, inclusive os patogênicos sem a interviniência de fatores mecânicos em sua produção. - Súbita: Morte imprevista, que sobrevém instantaneamente e sem causa manifesta, atingindo pessoas em aparente estado de boa saúde. - Violenta: É aquela que tem como causa determinante a ação abrupta e intensa, ou continuada e persistente de um agente mecânico, físico ou químico sobre o organismo. Ex.: Homicídio, suicídio ou acidente. - Fetal: Morte de um produto da concepção antes da expulsão ou da extração completa do corpo da mãe independente da duração da gravidez. - Materna: Morte de uma mulher durante uma gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, independente da duração ou localização da gravidez. - Catastrófica: É toda morte violenta de origem natural ou de ação dolosa do homem em que por um mesmo motivo, ocorre um grande número de vítimas fatais. - Presumida: É a morte que se verifica pela ausência ou desaparecimento de uma pessoa, depois de transcorrido um prazo determinado pela Lei. C.C. Art. 10, 481 e 483. - C.P.P. Art. 1.161 e 1.163 -Lei nº 6.015/73 Subdivisões de Tanatologia - TANATOSEMIOLOGIA (MORTE+SINAL+ESTUDO): Parte da Tanatologia que estuda os sinais (fenômenos) cadavéricos. - TANATODIAGNÓSTICO (MORTE+DIAGNOSE): Estuda o conjunto de sinais biológicos e propedêuticos que permitem afirmar o estado de morte real. - CRONOTANATOGNOSE (TEMPO+MORTE+CONHECIMENTO): Estuda os meios de determinação do tempo decorrido entre a morte e o exame cadavérico. - TANATOSCOPIA = TANATOPSIA = NECRÓPSIA (MORTE + VER = OBSERVAR): É o exame do cadáver para verificação da realidade e da causa da morte. - TANATOCONSERVAÇÃO (MORTE+CONSERVAÇÃO): É o conjunto de técnicas empregadas para conservação do cadáver com suas características gerais. - TANATOLEGISLAÇÃO (MORTE+LEGISLAÇÃO): É o conjunto de dispositivos legais concernentes à morte e ao cadáver. INCONSCIÊNCIA APNÉIA MIDRÍASE EEC ISOELÉTRICO ANGIOGRAMA NEG. 12 HORAS --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 30 MIN. CRITÉRIOS DE MORTE ENCEFÁLICA NOS ADULTOS – EVOLUÇÃO DE 1968 a 1997 Definição Harvard 68 Royal college 76 AAN 95 CFM – BRASIL 97 Variáveis T. Ax > 32⁰c T. Ax > 35⁰c T. Ax > 32⁰c T. Ax > 32⁰c Coma sem resposta Coma conhecido Coma conhecido, Irreversível e diag. Clínico e por tc, rmn e Lcr Coma, conhecido, Irreversível e diag. Clínico e por tc, rmn e Lcr Aus. De drogas Aus. De drogas Aus. De drogas e de Alt. Metab. Aus. De drogas e de Alt. Metab. Apnéia de 3 min. 1 teste de apnéia Pco2 > 60 mmhg 1 teste de Apnéia Pco2 > 60 mmhg 2 testes de apnéia Pco2 > 55 mmhg Mesencéfalo Pupilas Fixas e Dilatadas Pupilas fixas e Dilatadas Pupilas fixas e médias Dilatadas Pupilas fixas e médias Dilatadas CRITÉRIOS DE MORTE Ponte Reflexo Corneano Neg. Reflexo corneano e óculo-cefálico neg. Reflexo cornenano, Vestíbulo-calórico e óculocefálico neg. Reflexo, cornenano, vestíbulo-calórico e óculocefálico neg. Bulbo Vômitos Tosse Tosse Tosse Movimentos Espontâneos Ausência Ausência Possível Possível Reflexos Medulares Ausência Ausência Possível Possível Exame Complementar Obrigatório; Eeg Não necessário Não obrigatório Ag, tc, eeg, Cintilografia,spect, Extração de O2 Não obrigatório Ag,tc,eeg,Cintilografia,spect , Extração de o2, pic SINAIS INTEGRADOS EM TRONCO CEREBRAL Sinais integrados no tronco cerebral METODOLOGIA VIA AFERENTE VIA EFERENTE REFLEXO PUPILAR Estímulo luminoso. Ausência de resposta (contração). Pupilas dilatadas e fixas na linha média Nervo óptico – II Par – tálamo Nervo óculomotor – III par - Mesencéfalo REFLEXO CORNEANO Estimular a córneacom algodão Nervo trigêmio – V par – ponte Nervo facila – VII par – ponte REFLEXO VESTÍBULO CALÓRICO Cabeceira da cama levada a 30⁰ sem fletir o pescoço; injetar lentamente 50 ml de nacl a 0,9% no ouvido e observar os olhos abertos por 2 minutos. Ausência de desvio dos olhos no sentido do estímulo. Nervo vestíbulo - Coclear – VIII par - ponte Nervos óculomotor (III); abducente (IV) e troclear (VI); fascículo longitudinal Medial, mesecéfalo e ponte REFLEXO ÓCULO- CEFÁLICO Movimentar a cabeça em rotação lateral ou flexãoextensão. Reflexo dos olhos de boneca Nervo vestíbulo- Coclear (viii par) III, IV E VI PAR TOSSE Estimular a tosse Glossofaríngeo – IX par Nervo vago – x par MORTE NO CONTEXTO GERAL / MÉDICA E JURÍDICA Morte Real – Medicina – Bioética Morte Presumida – sem decretação de ausência ou com decretação de ausência Morte Civil – Casos peculiares em casos de sucessão – Ex. Indígno Tanatocronologia ou Cronotanatognose Comoriência – É a morte de duas ou mais pessoasem um mesmo evento e ao mesmo tempo. Premoriência – Quando se pode provar que uma delas faleceu momento antes. MORTE DOS ÓRGÃOS ÓRGÃO OU TECIDO A SER CAPTADO ∆T DE CAPTAÇÃO PÓS-PARADA CARDÍACA (PC) ∆T DE PRESERVAÇÃO LIMITE DE IDADE PARA DOAÇÃO E RECEPÇÃO VALVA CARDÍACA 10 HORAS 5 ANOS 55 ANOS PELE 6 HORAS 5 ANOS - OSSOS 6 HORAS 5 ANOS 65 ANOS FÍGADO ANTES DA PC 12 a 24 HORAS 70 ANOS PÂNCREAS ANTES DA PC 12 a 24 HORAS 50 ANOS RINS 30 MINUTOS 48 HORAS 75 ANOS PULMÃO ANTES DA PC 4 a 6 HORAS 55 ANOS CORAÇÃO ANTES DA PC 4 a 6 HORAS 55 ANOS MORTE COM VIDA RESIDUAL TECIDO / CÉLULA ESPERMATOZÓIDES GL. SUDORÍPARAS EP. RESPIRATÓRIO MUSCULA TURA CÓRNEA VIDA RESIDUA L MOTILIDADE EXCITAÇÃO ELÉTRICA MOTILIDADE EXCITAÇÃ O ELÉTRICA VITALIDADE TEMPO LIMITE 36 HS 30 HS 13 HS 6 HS 6 HS FENÔMENOS CADAVÉRICOS Abióticos / Avitais / Avitais negativos Imediatos - Perda da consciência - Perda da sensibilidade - Abolição da motilidade a tônus muscular - Cessação da respiração - Cessação da circulação - Cessação da atividade cerebral Consecutivos - Desidratação - Manchas de hipóstase - Rigidez cadavérica - Esfriamento cadavérico Fenômenos Cadavéricos Transformativos Destrutivos - Autólise - Maceração - Cromatico - Putrefação - Gasoso - liquefação Conservadores - Mumificação - Saponificação - Calcificação - Corificação - Congelação - Fossilização PROVAS PARA O DIAGNÓSTICO DE MORTE PROVA PROCEDIMENTO RESULTADO Magnus Garrotear a extremidade de um dos dedos Cianose da extremidade (negativo para morte) Rebouillat Injetar 1 ml de éter no subcutâneo na face externa da coxa O éter reflui do orifício deixado pela agulha (positivo para Morte) Halluin Instilar 1 gota de éter na conjuntiva ocular Irritação (negativo para morte) Terson Substituir o éter pela dionina Irritação ( negativo para morte) Ott Aproximação de uma chama na pele ( prova da ampola gasosa) A formação de um flictena gasoso que se rompe em um estalido ( positivo para morte) Icard Injeção endovenosa fluoresceína Mucosas e pele ficam coradas Middeldorf Introdução de agulha no precórdio (acidopirastia) Extremidade livre da agulha não agita (positivo para morte) Levassen Aplicação de ventosa Winslow Aproximação de uma vela acesa nas narinas Com a respiração a chama agita (negativo para morte) Bouchut Ausculta cardíaca Sem bulhas (positivo para morte) Piga Pascual Radioscopia do coração Movimento cardíaco (negativo para morte) Guérin e Franche Ecg com ou sem adrenalina Isoelétro (positivo para morte) Fenômenos Abióticos imediatos - Pálpebras parcialmente cerradas - Relaxamento dos esfíncteres - Abolição dos tônus musculares - Apnéia e ausência de pulso - Perda da sensibilidade - Perda da consciência - Fácies hipocrática - Parada cardíaca Fácies hipocrática Adelgaçamento labial e inexpressivo Pavilhão auricular frio e cianótico Sudorese facial viscosa Palidez intensa FENÔMENOS ABIÓTICOS CONSECUTIVOS REFRIAMENTODO CORPO HIPÓSTASES E LIVORES FENÔMENOS CONSECUTIVOS RIGIDEZ CADAVÉRICA FENÔMENO CONSECUTIVOS - Os métodos clássicos de estimativa do tempo de morte são: o método das taxas e o método da concordância. O primeiro é fundamentado em medidas temporais estabelecidas para cada fase. O segundo método traça uma estimativa por concordância em fenômenos definidos, tal como o tempo de esvaziamento gástrico. O resfriamento cadavérico ou algor mortis é um processo físico por excelência. O corpo se esfria por transferência de calor para o ambiente (radiação), ou favorecida pela corrente de ar (convecção), ou por contato direto com outro objeto (condução). Cessada a circulação sanguínea, o mecanismo mais eficiente para a perda de calor no cadáver é a perda por radiação. A corrente de ar intensifica esta perda por convecção assim como o contato direto com superfícies frias. RESFRIAMENTO 12 HORAS Curva de esfriamento cadavérico (MARSHALL- HOARE A chuva aumenta a sua velocidade, mas a umidade alta retarda o processo por reduzir a evaporação ao nível da pele, já que 1g de h2o consome 0,54 cal ao se evaporar. A temperatura do cadáver geralmente aumenta após a morte, sobretudo a retal, levando cerca de 4 horas para voltar à temperatura do momento da morte. Algumas condições favorecem mais ainda este aumento, como nas mortes por septicemias. A tomada da temperatura retal é de grande valia para estimar a hora da morte nas primeiras 18 horas. A temperatura de realidade da morte era admitida quando a temperatura retal chegasse a 25⁰c (limite de le bom). Entretanto há registros de 21,8⁰c (Parrot) em pessoas vivas. Atualmente considera-se incompatível com a vida, o limite de 20⁰c. Retornando a temperatura do momento da morte passa a cair na razão de 0,5⁰c por hora nas três primeiras horas, seguindo com queda de 1grau por hora. O equilíbrio térmico com o meio ambiente se faz em torno de 20 horas nas crianças e 24 a 26 horas nos adultos. No cadáver varia de dois a cinco graus celsius entre 2 e 12 horas após a morte. No cadáver não existe a termogênese. A lei de newton descreve uma curva exponencial para a perda de calor para pequenos objetos com superfície regular, preceituando que “a taxa de perda de calor de um corpo é proporcional à diferença de temperaturas existentes entre o corpo e seus arredores”. Não sendo uma estrutura uniforme o arrefecimento do corpo humano não segue a lei de newton, dada a sua forma irregular e heterogeneidade de tecidos e com propriedades físicas diferentes. 37 ⁰C A taxa de resfriamento do cadáver depende dos seguintes fatores: - Massa do corpo, área de superfície corporal, idade, nutrição e postura do corpo; Temperatura do corpo no momento da morte e temperatura do ambiente; Outros fatores ambientais como ventilação e umidade; Temperatura do microambiente do cadáver. A equação a seguir estima a quantidade de calor irradiado pelo cadáver, admitindo uma constante: Q = Quantidade de calor irradiado pelo cadáver S = Superfície T = Temperatura do cadáver T = Temperatura ambiente K = Constante GLAISTER em 1947, RENTOUL e SMITH consideram que o resfriamento do cadáver se dá na proporção de 1,5⁰C por hora. Admitem a fórmula : H = N – C / 1,5 N – TEMPERATURA RETAL NORMAL C – TEMPERATURA RETAL DO CADÁVER NO MOMENTO DO EXAME H – HORAS DECORRIDAS DA MORTE Q = x S x ( T – t) O método de MORITZ estima o intervalo pós-morte, admitindo que a temperatura retal no momento da morte é de 37⁰ C: TR - 37º C + 3 = ∆t da morte O NOMOGRAMA DE HENSSGE CONFRONTA A TEMPERATURA RETAL DO CADÁVER COM A TEMPERATURA AMBIENTAL, USANDO UM FATOR DE CORREÇÃO. É O MELHOR MÉTODO DE ESTIMATIVA DO INTERVALO PÓS-MORTE FUNDAMENTADO NO ARREFECIMENTO DO CADÁVER (FORENSIC SCIENCE INTERNATIONAL, 1988, PP. 209-236). O professor SAUKKO e BERNARD KNIGHT (2004) apontam a tradicional “regra de ouro” para a estimativa do IPM: Corpo quente e flácido: IPM < 3 horas; Corpo quente e rígido: IPM entre 3 e 8 horas; Corpo frio e rígido: IPM entre 8 e 36 horas; Corpo frio e flácido: IPM de 36 horas. NOMOGRAMA DE HENSSGEA rigidez cadavérica é um fenômeno, sobretudo químico que se desenvolve em todos os músculos do corpo. Logo na 1ª hora da morte o músculo cardíaco é o primeiro a experimentar o fenômeno. Seguem-se o diafragma e músculos intercostais (1 a 2 horas), músculos periorbitais, músculos da nuca e da mímica facial (2 a 3 horas), músculos cervicais, torácicos e dos membros (3 a 4 horas), e os demais entre 6 e 9 horas de pós-morte. Simpson (1974) relata que o rigor mortis é o evento cadavérico mais conhecido, porém também o mais incerto e o menos confiável para estimar o intervalo pós-morte. Kight (p. 925) assevera que é praticamente inútil a determinação do tempo de morte pelo rigor. Com a morte há um retardo no aparecimento da rigidez, caracterizando a fase de pré-rigor (flacidez primária), onde o glicogênio de reserva é metabolizado para produzir atp, permitindo a interação da actina com a miosina. Sem oxigênio o metabolismo é desviado para um processo anaeróbico com produção de ácido láctico e conseguintemente queda do ph que acaba ficando em torno de 5,0 e 5,5. Na fisiologia da contração muscular o estímulo nervoso excita a fibra muscular, que pelo sistema t permite a saída de cálcio iônico do retículo endoplasmático para o hialoplasma. O cálcio hialoplasmático ao nível das miofibrilas desbloqueia os sítios de ligações da actina que passam a interagir com a miosina. Cessado o estímulo neural, o músculo retorna ao seu estado de repouso, retornando o cálcio à cisterna do retículo. No cadáver o rigor mortis não ocorre em função da contração muscular, mas tão somente um enrijecimento sem encurtamento das fibras, cujas proteínas actina e miosina são fixadas entre si por uma ponte química irreversível. Em consequência deste evento pós-morte, podemos observar a expulsão fetal, a ejaculação pós-morte pela contração da vesícula seminal e a dilatação pupilar, em detrimento da evolução da morte, ainda assim os músculos respondem aos estímulos elétricos ou mecânicos até 6 horas após a morte, assim como a pupila dilata, respondendo à atropina quando decorridas 4 horas de morte.o rigor mortis é explicado pela desidratação muscular que produz coagulação da miosina associada ao aumento do ácido láctico no músculo (teoria de brucke e kuhne).a rigidez fica evidente entre 2 e 3 horas de intervalo pós- morte, tem seu ponto máximo entre 8 e 12 horas e resolução entre a 12ª e a 24ª hora, RIGIDEZ CADAVÉRICA coincidindo com o início da fase de putrefação. Na concepção de schiff: “a rigidez não é o primeiro sinal de morte, mas o último sinal de vida”. Para o pediatra francês pierre nysten (1912) e sommer, a sequência do fenômeno se dá no sentido crânio-caudal e se desfaz no sentido contrário. Esta então tem início pela face, dando continuidade pela mandíbula, nuca, tronco, membros superiores e membros inferiores (lei de nystensommer). A marcha da rigidez é peculiar a cada caso a depender das condições do corpo no momento da morte e das condições ambientais. Em geral a rigidez precoce evolui com baixa intensidade e duração limitada. A rigidez tardia tende a ter maior intensidade e duração prolongada.O quadro 13.3 reflete estas condições que ora obedece a lei de nystem, ora não. CONDIÇÃO RIGIDEZ OBEDECE A LEI DE NYSTEN Crianças e idosos Precoce e curta Positivo Indivíduos atléticos Tardia e intensa Positivo Caquexia Precoce, fraca e curta Positivo Morte violenta e súbita Tardia, intensa e duradoura Positivo Anasarca Lenta Positivo Hemorragias Precoce, fraca e curta Positivo Convulsões Precoce, intensa e duradoura Negativo Frio Precoce, intensa e duradoura Negativo Eletrocussão Precoce e baixa intensidade Negativo Calor Precoce, intensa e breve Negativo Cerebral e medular Precoce Negativo Arsênico e clorofórmio Precoce, intensa e duradoura Negativo Cocaína, curare e cicuta Retardada Negativo Considera-se precoce a rigidez o que vem definido pela regra de niderkorn (apud vanrell, 2007, p. 192), sendo aquela que ocorre até a 3ª hora; normal entre 3 e 6 horas de morte; tardia entre a 6ª e 9ª hora, e muito tardia acima da 9ª hora. Alguns autores explicam que o fenômeno ocorre em todos os músculos ao mesmo tempo, apenas os grupos musculares menores sofrem o processo mais precocemente. O fato é que a intensidade da contração muscular na pós-morte depende dos níveis de reserva de glicogênio, dos níveis de ácido láctico e das peculiaridades da fibra muscular nos diferentes músculos. A rigidez pode ser instalada em vida. Observam-se nos estados agônicos em pacientes portadores de tétano, na intoxicação pela estricnina, ergotamina, magnésio e nas mortes resultadas da destruição dos tecidos do sistema nervoso central. Um tipo especial denomina-se rigidez cadavérica cataléptica, estatuária ou plástica. Desenvolve-se de forma instantânea sem o relaxamento muscular que precede a rigidez comum. Tratase de um espasmo súbito, guardando a posição que mantinha quando a morte o surpreendeu (espasmo cadavérico – sinal de kossu). HIPÓSTASES Com a morte cessa a circulação sanguínea e a coluna de sangue tende a depositar-se nas áreas de maior declive nas duas a três horas que se seguem. Tal fenômeno se denomina hipóstase, sendo evidente nos segmentos externos do corpo, nas vísceras (hipóstase visceral) e nos dentes por deposição sanguínea nos capilares da polpa dental e saída de hemácias (dentes rosados ou pink teeth). LIVOR Suzitamo et al ( 1978,pp. 259-267) aponta que o sangue por gravidade pode levar até dias se depositando. Para kinight (p.926) a sedimentação do sangue por gravidade é um indicador de tempo de morte pior que o rigor mortis. Inicialmente, assumen a forma estriada ou arredondada que se agrupam em placas. Posteriormente observa-se a confluência destas placas ocupando uma extensa área não sujeita a pressões externas. Espera-se a que em 8 a 12 horas da morte esta deposição sanguínea venha a fixar-se, e persistir até a putrefação. As tonalidades das hipóstases variam de um vermelho claro a escuro. Na raça negra muitas vezes se faz necessário utilizar a lâmpada de wood, ou um instrumento próprio, denominado colorímetro de nutting, para percepção da tonalidade das hipóstases nos melanodérmicos. Em geral nas asfixias as hipóstases são vermelho-escura. Hipóstase de tonalidade vermelha-claro pode sugerir asfixia por submersão em meio líquido. O tom achocolatado guarda relação com intoxicação pelo cloreto de potássio. O vermelho-róseo ou carminado aponta asfixia pelo monóxido de carbono. Algumas pela forte pressão podem agrupar-se e formar verdadeiras púrpuras hipostáticas. DIFERENÇAS ENTRE EQUIMOSE E HIPÓSTASES PÚRPURAS HIPOSTÁTICAS HHipostáticHHipostáticas dPÚRPURAS HIPOSTÁTICAS HIPOSTÁTICAS DESIDRATAÇÃO CADAVÉRICA É UM FENÔMENO DE ORDEM FÍSICA, DEPENDENTE DA CAUSA DA MORTE, DA TEMPERATURA AMBIENTE, DA CIRCULAÇÃO E UMIDADE DO AR. A BAIXA UMIDADE DO AR, VENTILAÇÃO SATISFATÓRIA, SUPERFÍCIE EXTENSA E TEMPERATURA ALTA, BENEFICIAM A EVAPORAÇÃO TEGUMENTAR. A EVAPORAÇÃO TEGUMENTAR REFLETE A PERDA DE PESO CORPORAL, A DESSECAÇÃO, ALTERAÇÕES DOS GLOBOS OCULARES E PERGAMINHAMENTO (CONSISTÊNCIA DURA E AMARELADA) DA PELE E MUCOSAS. NOS ENFORCADOS A ÁREA DE PRESSÃO DO LAÇO NÃO OCORRE EVAPORAÇÃO, MAS TÃO SOMENTE A EXPULSÃO DOS LÍQUIDOS DO TECIDO PARA AS ADJACÊNCIAS. PERGAMINHAMENTO OPACIFICAÇÃO DA CÓRNEA SINAL DE SOMMER E LARCHER A mancha da esclerótica (livor sclerotinae nigrencens), ou sinal de sommer e larcher (1833), inicialmente, ocupa a metade temporal ou externa da esclerótica, e em seguida o canto interno. Traduz a transparência da esclerótica expondo a coróide. A forma e a tonalidade da mancha evoluem na sequência (oval-circular-triangular) e (amarelo-azul- negro), em 1,3 e 6 horas, respectivamente. Quando triangular, a base está voltada para a córnea. Tela viscosa é um fino véu que recobre a córnea, que pela desidratação do transudado ocular, concentra partículas de poeira e epitélio morto da córnea. Pode ocorrer no vivo nos estados agônicos (sinal de stenon-louis). Com a desidratação há redução considerável da tensão ocular (sinal de louis), enrugamento da córnea (sinal de bouchut), turvação da córnea, e mais tardiamente, em torno de 8 horas de pós-morte, observam-se a deformação da íris e da pupila à pressão digital (sinal de ripault). OS FETOS E RECÉM NASCIDO, COM MAIOR PROPORÇÃO DE ÁGUA, PERDEM PESO NA PROPORÇÃO DE 8 G/KG /24 HORAS; COM A PERDA LÍQUIDA, A PELE FICA SECA, PARDACENTA E PERGAMINHADA. AS MUCOSAS DOS LÁBIOS TORNAM-SE ENDURECIDAS E PARDACENTAS, NOTADAMENTE NOS CADÁVERES DE RECÉM NASCIDOS E CRIANÇAS. A DESIDRATAÇÃO OCULAR CURSA COM MANCHA NEGRA DA ESCLERÓTICA, TURVAÇÃO DA CÓRNEA, PERDA DA TENSÃO DO GLOBO OCULAR E FORMAÇÃO DA TELA VISCOSA. FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS CLASSIFICAÇÃO DESTRUTIVOS AUTÓLISE PUTREFAÇÃO MACERAÇÃO CONSERVADORES SAPONIFICAÇÃO MUMIFICAÇÃO CONGELAÇÃO PETRIFICAÇÃO COREIFICAÇÃO Autólise O AUMENTO SELETIVO DA PERMEABILIDADE DAS MEMBRANAS PLASMÁTICAS, LIBERAÇÃO DE ENZIMAS PROTEOLÍTICAS DOS LISOSSOMOS, DESTRUIÇÃO CELULAR E CONSEQÜENTE QUEDA DO PH, MARCAM A PRIMEIRA FASE DOS FENÔMENOS DESTRUTIVOS (AUTÓLISE). A ACIDEZ É DE CURTA DURAÇÃO, DANDO SEQUÊNCIA À PUTREFAÇÃO COM A PROTEÓLISE BACTERIANA. HÁ DESCARBOXILAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS COM LIBERAÇÃO DE CO2 E AMINA, E QUE DESDOBRAM PARA FORMAR A AMÔNIA (NH4). ESTA ALCALINIZA A CÉLULA ELEVANDO O PH ENTRE 8,0 A 8,5. PUTREFAÇÃO DECOMPOSIÇÃO DAS GÁS SULFÍDRICO CHEIRO CARACTERÍSTICO DO CADÁVER PROTEÍNAS ESCATOL EM DECOMPOSIÇÃO INDOL A PUTREFAÇÃO PROPRIAMENTE DITA É UM PROCESSO BIOLÓGICO DE DECOMPOSIÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA EM MATÉRIA INORGÂNICA POR AÇÃO DAS BACTÉRIAS, FAUNA MACROSCÓPICA E FUNGOS. AS BAIXAS TEMPERATURAS IMPEDEM A PUTREFAÇÃO BACTERIANA. A PROTEÓLISE AUTOLÍTICA (AUTÓGENA) É DIFERENTE DA PROTEÓLISE PUTREFATIVA (EXÓGENA). A DECOMPOSIÇÃO DAS PROTEÍNAS GERA PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS COMO O GÁS SULFÍDRICO, ESCATOL E INDOL, QUE DÃO O CHEIRO CARACTERÍSTICO DE CADÁVER . A DECOMPOSIÇÃO DE GLICÍDIOS E LIPÍDIOS PRATICAMENTE NÃO EXALA ODORES NAUSEABUNDOS. A PRESSÃO DOS GASES ABDOMINAIS FAZ CIRCULAR O SANGUE EM FORMA CENTRÍFUGA (CIRCULAÇÃO PÓSTUMA DE BROUARDEL). EVOLUÇÃO DA PUTREFAÇÃO Cromático Enfisematoso Circulação Póstuma de Brouardel Bolha Subepidérmica com Contéudo Hemoglobínico A Putrefação obedece a uma marcha de evolução, que didaticamente é dividida em períodos: cromático ou de coloração, enfisematoso ou gasoso, coliquativo e esqueletização. O período cromático tem início em 18 a 24 horas de morte e dura de 7 a 12 dias. Apresenta-se com uma mancha verde abdominal que reflete a intensa atividade bacteriana no ceco, com produção de gás sulfídrico, que aí se acumula por ser o ceco um segmento dilatado e livre do intestino grosso, que ascende e se combina com a hemoglobina formando uma proteína denominada sulfometemoglobina (sulfametoxiemoglobina). Dada a proximidade com a parede abdominal, a mancha verde fica evidente na pele da fossa ilíaca direita, difundindo-se gradativamente aos outros segmentos em três a cinco dias. No feto, sendo o ceco estéril, a putrefação se instala nas proximidades dos orifícios naturais, notadamente pela via respiratória, observando-se a mancha verde na porção superior do tórax, pescoço e face. No afogado a mancha verde aparece na cabeça e na porção superior do tórax, em face da posição do corpo submerso com maior declive daqueles segmentos e facilitação da infecção pelas vias respiratórias. Martinho da rocha e belmiro valverde (apud frança, 2004, p. 378) descreveram cristais sanguíneos da putrefação, que aparecem no 3º dia de pós-morte e são vistos até o 35º dia de intervalo pós- morte (cristais de westenhoffer-rocha-valverde). O período enfisematoso ou fase gasosa tem início em uma semana e dura cerca de 30 dias. Os gases da putrefação (h2s, nh4 e h fosforado) infiltram o tecido subcutâneo, particularmente no abdome e em tecidos areolares como face, pescoço, mamas e genitais externos (gigantismo cadavérico). Pela distensão gasosa os olhos são projetados para adiante, a língua se insinua entre os dentes, a epiderme se destaca e a mucosa retal se exterioriza. O útero pode ser parido e o sangue rechaçado para a periferia dá um desenho vascular característico, denominado circulação póstuma de brouardel. Os membros ficam abduzidos e flexionados caracterizando a posição de lutador. A epiderme se destaca em retalhos pela expansão gasosa, formando inicialmente as flictenas putrefativas, com conteúdo transudado, de reação vital negativa, baixa protéica e ausência de congestão no fundo. A ruptura das flictenas permite o dessecamento do córion que assim se apergaminha e escurece. Os órgãos parenquimatosos como o fígado, os rins e o baço estão infiltrados por líquidos espumosos. As vísceras ocas exibem flictenas intracavitários. Os órgãos formados quase exclusivamente de musculatura lisa resistem à putrefação, como o útero e a próstata. No período coliquativo há redução dos tecidos, que se tornam amolecidos e concentrados, caracterizando uma massa de putrilagem. Registra-se o seu início no fim do primeiro mês, e prolonga-se por 2 a 3 anos. A redução acentuada da massa de putrilagem expõe as peças ósseas, dando início ao período de esqueletização, que pode durar de 3 a 5 anos. Quanto à bioquímica da putrefação destacamos a presença das ptomaínas quando da putrefação das substâncias albuminóides. As ptomaínas aparecem, mediante a presença de oxigênio e a água, de dois a quatro dias da morte. Atingem sua concentração máxima no 20º dia, a partir do qual a concentração vai sendo reduzida, desaparecendo ao final da putrefação. Com sete dias de pós-morte constata-se um produto tóxico denominado midaleína, e no 14º dia aparecem a cadaverina e a putrescina (frança, 2004, p. 373). BACTÉRIAS DA PUTREFAÇÃO BACTÉRIAS DA PUTREFAÇÃO ESPÉCIES E GÊNEROS MICROSCOPIA AERÓBICAS Proteus vulgaris Escherichia coli Estaphilococcus ANAERÓBICAS Clostridium perfringens Clostridium septicum VELOCIDADE DA PUTREFAÇÃO Condição de exposição do cadáver Velocidade de Putrefação Exposto à intempérie Acelerada Corpos enterrados Retardada em 8x Em solo Argiloso Lenta Na água Aumenta em 2x Umidade aumentada Acelerada Intoxicação por cianuretos e Arsênico Retardada pela inibição bacteriana Criança e recém-nascido Acelerada Obesidade Acelerada Maceração É um fenômeno transformativo destrutivo, próprio dos corpos submersos em meios líquidos estéreis ou contaminados. Característica mais notável é a redução da consistência da pele, fragilizando a epiderme, que se torna amolecida, friável, corrugada e facilmente se destaca dos planos profundos, como retalhos, expondo a derme vermelha embebida em hemoglobina. Acrescentam-se o mesmo processo nas mucosas dos órgãos internos e a desestabilização das peças articulares e ósseas. Portanto, a maceração pode ser asséptica ou séptica. A maceração asséptica se dá quando da morte fetal intra-útero do 5º ao 9º mês de gestação. TEMPO DO FETO MORTO RETIDO TABELADE LAUGLEY PARA FETO MORTO RETIDO Classificação Características Tempo de Morte 1º GRAU FLICTENAS COM LÍQUIDOS SEROSANGUINOLENTOS PRIMEIRA SEMANA 2° GRAU FLICTENAS ROTAS, EPIDERME ROXA, LÍQUIDO AMNIÓTICO HEMORRÁGICO SEGUNDA SEMANA 3º GRAU EMBEBIÇÃO HEOGLOBÍNICA VISCERAL, CRÂNIO DEFORMADO, CÓRION MARROM E FRIÁVEL TERCEIRA SEMANA GRAU TEMPO DE MACERAÇÃO FETAL CRARACTERÍSTICAS 0 M < 8 HORAS BOLHAS EPIDÉRMICAS 1 8 < M < 24 HORAS COALESCÊNCIA DAS BOLHAS E INÍCIO DO DESCOLAMENTO 2 M > 24 HORAS DESCOLAMENTOEPIDÉRMICOEXTENSO E EMBEBIÇÃOSANGUÍNEA CAVITÁRIA 3 M > 48 HORAS FÍGADO AMARELO-MARROM E EFUSÕES TURVAS SINAIS RADIOLÓGICOS DA MACERAÇÃO FETAL SINAL RADIOLÓGICO CARACTERÍSTICA NATUREZA SPALDING CAVALGAMENTO DOS OSSOS DA ABÓBADA CRANIANA ARTICULAR CRANIANA BRAKEMAN LUXAÇÃO DA MANDÍBULA ARTICULAR CRANIANA HORNER ASSIMETRIA CRANIANA ÓSSEA CRANIANA SPANGLER ABÓBADA CRANIANA ACHATADA ÓSSEA CRANIANA DAMEL HALO TRANSLÚCIDO PERICRANIANO REAÇÃO PERICRANIANA TAGER ENCURVAMENTO ACENTUADO DA COLUNA VERTEBRAL ARTICULAR VERTEBRAL HARTLEY COLUNA VERTEBRAL DE CONFIGURAÇÃO ANORMAL ARTICULAR VERTEBRAL ROBERT PRSENÇA DE GASES NAS VÍSCERAS E NOS GRANDES VASOS VISCERAL E VASCULAR SAPONIFICAÇÃO – ADIPOCERA UM FENÔMENO TRANSFORMADOR CONSERVADOR TARDIO, EM GERAL LOCALIZADO, DE NATUREZA MICROBIOLÓGICA E BIOQUÍMICA, CARACTERIZADO PELA UNTUOSIDADE CADAVÉRICA. . .DÁ - SE APROXIMADAMENTE A PARTIR DA 6 ª SEMANA DE PÓS - MORTE POR UM PROCESSO ENZIMÁTICO BACTERIANO QUE HIDROLISA AS GORDURAS NEUTRAS, TRANSFORMANDO - AS EM ÁCIDOS GRAXOS, SENDO OS MAIS COMUNS O ÁCIDO PALMÍTICO E O ESTEÁRICO, E EM MENOR PROPORÇÃO O ÁCIDO OLÉICO . OS ÁCIDOS GRAXOS EM AMBIENTE ARGILOSO, POROSO, IMPERMEÁVEL OU DE POUCA PERMEABILIDADE, TAL COMO REGIÃO DE VENTILAÇÃO REDUZIDA COM ÁGUA ESTAGNADA, PANTANOSA, CONCENTRADA EM MINERAIS, SOFREM UMA REAÇÃO QUÍMICA DE ESTERIFICAÇÃO, DANDO ORIGEM A SABÕES DE CÁLCIO ( SAPONIFICAÇÃO ) . TOMAM A APARÊNCIA DE CERA, ACASTANHADA OU ESBRANQUIÇADA, OU AMARELO - ACINZENTADA, MOLE, QUEBRADIÇA E FÉTIDA, DAÍ A DENOMINAÇÃO ADIPOCERA . COMPROMETEM PREDOMINANTEMENTE O TECIDO ADIPOSO E EM MENOR FREQÜÊNCIA O TECIDO MUSCULAR . SÃO MAIS FREQÜENTES NAS CRIANÇAS, MULHERES, OBESOS E AQUELES QUE NÃO PADECEM DE DOENÇA LIPÍDICA DEGENERATIVA. . MUMIFICAÇÃO É UM FENÔMENO TRANSFORMATIVO CONSERVADOR FAVORECIDO NATURALMENTE PELO MEIO QUENTE, VENTILADO, SECO E DE ATIVIDADE BACTERIANA REDUZIDA, OU ARTIFICIALMENTE POR PROCESSOS DE EMBALSAMAMENTO. O CADÁVER SE APRESENTA REDUZIDO DE VOLUME E PESO, PARDACENTO OU ENEGRECIDO, PELE ONDULADA E DE CONSISTÊNCIA ENDURECIDA . CONGELAÇÃO – PETRIFICAÇÃO - CORIFICAÇÃO CONGELAÇÃO É UM FENÔMENO TRANSFORMATIVO CONSERVADOR, ONDE O CADÁVER É PRESERVADO QUANDO EXPOSTO PROLONGADAMENTE A BAIXAS TEMPERATURAS. PETRIFICAÇÃO É UM FENÔMENO TRANSFORMATIVO CONSERVADOR PRÓPRIO DA PUTREFAÇÃO ACELERADA E AVIDEZ PELOS SAIS DE CÁLCIO. COMO EXEMPLO CITA-SE A CALCIFICAÇÃO DE FETOS MORTOS INTRA-UTERO (LITOPÉDIO). CORIFICAÇÃO É UM FENÔMENO TRANSFORMATIVO CONSERVADOR RARO, DESCRITO POR DELLA VOLTA EM 1985, PRÓPRIO DOS SEPULTAMENTOS EM URNAS METÁLICAS, EM GERAL DE ZINCO, FECHADAS HERMETICAMENTE. O CADÁVER SE APRESENTA COM A APARÊNCIA DE COURO CURTIDO, ABDOME ESCAVADO, MUSCULATURA E TECIDO CELULAR SUBCUTÂNEO PRESERVADOS, VÍSCERAS AMOLECIDAS E CONSERVADAS. BIOQUÍMICA E BIOFÍSICA CADAVÉRICA SINAL DE ACIDEZ METODOLOGIA RESULTADO LABORD INTRODUZIR AGULHA DE AÇO POLIDA NO TECIDO; AGUARDAR 30 MIN. E RETIRAR O BRILHO METÁLICO PERMANENCE – MORTE POSITIVA BRISSEMORET E AMBARD TROCARTER NO FÍGADO OU BAÇO; RETIRAR FRAGMENTOS DE TECIDO; APLICAR TORNASSOL AZUL REAÇÃO ÁCIDA NO MORTO LECHA-MARZO APLICAR O TORNASSOL ENTRE O BULBO E A PÁLPEBRA SUPERIOR; RETIRAR EM 2 A 3 MIN. MUDA A TONALIDADE DO PAPEL NA MORTE POSITIVA DE-DOMINICIS ESCARIFICAR A PELE E APLICAR O TORNASSOL; PREFERÊNCIA PELO ABDOME, POIS É A ÁREA ONDEA ACIDEZ É MAIS PRECOCE MUDA A TONALIDADE DO PAPEL NA MORTE POSITIVA Com a morte há acúmulo de co2 pela inoperância alveolar e produção aumentada de ácido láctico, favorecida pela anaerobiose. Os dois processos, por si só, reduzem o ph e se instala a acidez. O ph é um indicador da condição ácido-base do organismo, transitando numa faixa sanguínea de normalidade no vivo entre 7,35 e 7,45. O organismo suporta os limites de variações na acidose até 6,85 e na alcalose até 7,95. No interior das células e nos seus compartimentos membranosos, o ph acaba sendo ajustado conforme a necessidade das atividades das reações bioquímicas. A morte celular pode se dá pela apoptose (morte celular programada), por patologia (ex. Silicose) ou pela interrupção da vida como um todo. O primeiro é a morte fisiológica, o segundo evolui com necrose e o último por um processo de desintegração orgânica. Alguns tecidos e células guardam uma vida residual resistentes a autólise inicial . FORMAÇÃO DA CAVERINA E PUTRESCINA AS ENZIMAS PROVENIENTES DOS LISOSSOMOS SÃO DERRAMADAS NO CITOPLASMA, DEFLAGRANDO REAÇÕES, SOBRETUDO PROTEOLÍTICAS. AS HIDROLASES “QUEBRAM” SEQUENCIALMENTE AS PROTEÍNAS EM ALBUMOSES, PEPTONAS E AMINOÁCIDOS. ESTES SÃO DESAMINADOS E DESCARBOXILADOS, MEDIANTE HIDRÓLISE E REAÇÕES DE OXIDAÇÃO E REDUÇÃO, ORIGINANDO AS PTOMAÍNAS, COTOÁCIDOS E MERCAPTANOS. AS PTOMAÍNAS OU TOMAÍNAS, OU “ALCALÓIDES CADAVÉRICOS”, DESCRITOS NO SÉCULO XIX, SÃO PRODUTOS NITROGENADOS PRESENTES NA PUTREFAÇÃO PROTÉICA. APARECEM EM DOIS A QUATRO DIAS DA MORTE, GANHAM CONCENTRAÇÃO MÁXIMA NO VIGÉSIMO DIA E DESAPARECEM AO FINAL DA PUTREFAÇÃO. COM SETE DIAS DA MORTE, UMA PTOMAÍNA TÓXICA, A MIDALEÍNA SE FAZ PRESENTE NAS VÍSCERAS PUTREFEITAS, E AOS QUATORZE DIAS OBSERVA-SE A CADAVERINA E A PUTRESCINA. A CADAVERINA (1,5-DIAMINOPENTANO) E A PUTRESCINA (1,4-DIAMONOBUTANO), FORAM DESCRITAS EM 1885 PELO MÉDICO ALEMÃO LUDWIG BRIEGER. SÃO RESPONSÁVEIS PELO ODOR CARACTERÍSTICO DA PUTREFAÇÃO, SENDO A CADAVERINA DERIVADA DA DESCARBOXILAÇÃO DA LISINA, E A PUTRESCINA DA DESCARBOXILAÇÃO DA ORNITINA. O processo inicial se dá à custa do oxigênio residual, liberando gases fugazes (reação de oxidação). Terminado o oxigênio o processo proteolítico segue em anaerobiose, contando com a ação das bactérias anaeróbicas, que por reação de redução dá origem a gases fétidos. Deste mecanismo aparecem substâncias de odor nauseabundo e a fermentação alcoólica dá formação ao ácido láctico, ácido propiônico ou butírico. Ao final de todo o processo encontram-se a uréia, amoníaco, Gás sulfídrico, indol, escatol etc. Os polissacarídeos são desintegrados em monossacarídeos, co2 e h2o, e os lipídios em ácidos gordos e glicerol. Quanto aos gases da putrefação são estes inflamáveis e não Inflamáveis. No primeiro dia de morte aparecem os gases não- inflamáveis (co2). Do segundo ao quarto dia, gases inflamáveis (hc e h), retornando os não-inflamáveis no quinto dia (n e nh4). Cristais de Westenhoffer- Rocha – Valverde DA DECOMPOSIÇÃO DAS HEMÁCIAS APARECEM CRISTAIS DE TAMANHOS DESIGUAIS, INCOLORES, LAMINADOS OU PRISMÁTICOS, E FACILMENTE FRATURADOS. SÃO VISTOS A PARTIR DO 3º DIA DE MORTE E PERSISTEM ATÉ O 35º DIA. OS CRISTAIS DO SANGUE PUTREFEITO PODEM SER REVELADOS COM A APLICAÇÃO DE FERROCIANETO DE POTÁSSIO OU IODO, TOMANDO A COLORAÇÃO DE AZUL E CASTANHO, RESPECTIVAMENTE. CONCENTRAÇÃO DE POTÁSSIO NO HUMOR VÍTREO O HUMOR VÍTREO OU CORPO VÍTREO É UM LÍQUIDO VISCOSO CASTANHO- AMARELADO, CONSTITUÍDO DE SUBSTÂNCIA AMORFA SEMILÍQUIDA, FIBRAS E RARAS CÉLULAS NA PERIFERIA. COLOCA-SE NO COMPARTIMENTO POSTERIOR DO OLHO, PRESTANDO-SE A DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE POTÁSSIO E SUA RELAÇÃO COM O TEMPO DE MORTE ATÉ AS VINTE PRIMEIRAS HORAS. Preenche o espaço entre o cristalino e a retina, estruturalmente,dando o contorno do compartimento posterior do olho, e protegendo a retina de deslocamentos (sanchez et. Al, 2002). São ricos nos aminoácidos glutamina e histidina, e pobres em ácido aspártico e glutâmico. Diferencia bioquimicamente do humor aquoso por apresentar maior quantidade de ácido hialurônico (witwer et al., 1992). Com a morte instalam-se fenômenos oculares físicos como a desidratação e interrupção do fluxo circulatório da coluna sanguínea nas veias retinianas, artéria central da retina vazia, descoramento das papilas ópticas e cessação da circulação capilar da rede superficial da conjuntiva (blanco, 2005, p. 69). Sendo um compartimento fechado, o humor vítreo está protegido, relativamente, da contaminação imediata e da ação bioquímica deletéria após a morte, conferindo-lhe o sítio anatômico mais adequado para colheita de espécime para análise do potássio. Na série de estudos de francisco moraes silva (apud frança, 2004, p. 380), a concentração de potássio nas mortes violentas foi de 4,64 meq/l, e as decorrentes de patologias chegaram a valores de 4,42 meq/l. Conclui que o aumento médio na concentração de potássio, em intervalos de 5, 25, 30 e 35 min. Foi de 0,49 meq/l. PONTO CRIOSCÓPICO DO SANGUE A crioscopia trata de uma propriedade coligativa onde o ponto crioscópico aponta a redução da temperatura de congelamento de um líquido em função do número de partículas dissolvidas. Aumentando-se o número de partículas dissolvidas, reduz o ponto crioscópico em função da redução do ponto de congelamento. Com a decomposição orgânica cadavérica, aumenta-se o número de partículas menores, de modo que o ponto crioscópico reduz progressivamente com o intervalo pós morte. FENÔMENO DE ZSACO A CONTRAÇÃO IDIOMUSCULAR MECANICAMENTE ESTIMULADA, COMO CRITÉRIO DE DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE MORTE TEM SE MOSTRADO PROMISSOR, PORÉM OS DADOS AINDA SÃO INCONSISTENTES. NA SÉRIE DE SOPHIE WARTHER ET. AL (2011), A PROVA PODE SER OBTIDA ATÉ 13 HORAS APÓS A MORTE, SENDO O ESTÍMULO DA PORÇÃO SUPERIOR DO BRAÇO MAIS FIDEDIGNO QUE O DA COXA. SEGUNDO OS ESPECIALISTAS HÁ TRÊS FASES VINCULADAS AO TIPO DE RESPOSTA À EXCITAÇÃO MECÂNICA DO MÚSCULO. ESTIMULANDO O MÚSCULO ATÉ DUAS HORAS E MEIA APÓS A MORTE, PODE-SE DEPARAR COM UMA CONTRAÇÃO QUE TOMA TODO O MÚSCULO. ESTE FENÔMENO SE DENOMINA DE ZSACO. COM O PASSAR DO TEMPO ESTA CONTRAÇÃO FICA LIMITADA A UMA REGIÃO DO MÚSCULO E DURAÇÃO FUGAZ, DESAPARECENDO EM ATÉ UM SEGUNDO (2ª FASE). AINDA ASSIM É POSSÍVEL ATÉ 13 HORAS DE MORTE, COMO APONTOU SOPHIE WARTHER, OBTER NA 3ª FASE UMA RESPOSTA AO ESTÍMULO COM UMA CONTRAÇÃO FRACA, PORÉM DURADOURA, POR ALGUMAS HORAS. DIFERENÇAS ENTRE TROMBOS E COÁGULOS PARTICULARIDADE TROMBO COÁGULO CRUÓRICO COÁGULO LARDÁCEO ATIVIDADE IN VIVO PÓS-MORTE PÓS-MORTE TEXTURA RUGOSO LISO LISO SUPERFÍCIE OPACO BRILHANTE BRILHANTE ADERÊNCIA ADERENTE NÃO ADERENTE NÃO ADERENTE FRIABILIDADE FRIÁVEIS POUCO FRIÁVEIS POUCO FRIÁVEIS COLORAÇÃO DE BRANCACENTO A VINHOSO VERMELHO AMARELADO ELASTICIDADE NÃO ELÁSTICO ELÁSTICO ELÁSTICO UMIDADE SECO ÚMIDO ÚMIDO LAMINAÇÃO LAMINADO – LINHAS DE ZHAN ELEMENTOS SANGUÍNEOS SEDIMENTADOS RICO EM FIBRINA
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