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Oftalmologia ANATOMIA DO OLHO O suprimento arterial das estruturas da órbita deriva principalmente da artéria oftálmica, o primeiro ramo intracraniano importante da carótida interna. A drenagem venosa ocorre principalmente através das veias oftálmicas superior e inferior, para onde drenam as veias vorticosas, ciliares anteriores e central da retina, comunicando com o seio cavernoso pela fissura orbital superior. Além do nervo óptico (II), o oculomotor (III), troclear (IV) e abducente (VI) suprem a musculatura extrínseca ocular. O oculomotor ainda inerva importantes estruturas. Anexos oculares Pálpebras – tem função de proteção mecânica e luminosa do globo ocular. Contribui na secreção, distribuição e drenagem da lágrima. Cílios – função de proteger o olho contra pequenas partículas e da luz excessiva. Aparelho lacrimal – constituído por glândulas, ductos e canalículos lacrimais e ducto nasolacrimal. Músculos extraoculares Seis músculos controlam os movimentos de cada olho: 04 retos (superior, inferior, medial e lateral), 02 oblíquos (superior e inferior). Globo ocular O globo é constituído por 03 túnicas: externa ou fibrosa (córnea e esclera), média ou vascular (íris, corpo ciliar e coróide) e interna ou neurossensorial (retina). Internamente é formado pelo cristalino, humor aquoso e vítreo, que o dividem em 03 compartimentos: câmara anterior, posterior e espaço vítreo. É possível ainda a divisão em 02 segmentos: anterior e posterior, sendo o cristalino o marco para essa divisão. Revestimento ocular Diversas estruturas revestem o globo. Dentre outras funções, funcionam como barreira de proteção e, no caso da córnea, como lente refrativa. Conjuntiva – membrana mucosa que recobre as pálpebras posteriormente, reflete para o globo ocular e estende-se até o limbo. Inflamações podem causar edema (quemose). Contém células caliciformes que contribuem para formação de mucina e outras glândulas que contribuem para o filme lacrimal. Facilita o livre movimento do globo ocular; tem importante papel de barreira, protegendo contra microorganismos. Episclera – reveste a porção anterior da esclera com vasos sg que a nutrem. Córnea – é a porção mais anterior da túnica externa. Estrutura convexa de alto poder refrativo. Continua posteriormente com a esclera. Embora seja avascular é ricamente inervada. Nutrição por difusão proveniente do humor aquoso e filme lacrimal. Limbo – zona de transição entre a córnea e a esclera. Possui vasos sg (perilímbicos) que tem papel importante nos processos inflamatórios da córnea. Contém o canal de Schlemm, de onde o humor aquoso é drenado. Esclera – branco do olho; constituída basicamente de fibras colágenas, servindo de barreira física para o conteúdo intraocular e local de fixação para músculos extraoculares. Segmento anterior Espaço delimitado anteriormente pela córnea e posteriormente pelo cristalino. É dividido pela íris em anterior e posterior. Íris – divide o espaço entre a córnea e o cristalino em câmara anterior e posterior. Possui um orifício central denominado pupila. Dois músculos atuam na variação pupilar, o esfíncter da pupila (parassimpáticas III par) e o dilatador da pupila. Corpo ciliar – responsável pela formação de humor aquoso. Contém ainda o músculo ciliar que controlam a acomodação visual. Humor aquoso – produzido nos processos ciliares, preenche as câmaras anterior e posterior. Composto de glicose, oxigênio e aminoácidos que servem de nutrientes para o cristalino e córnea. Flui para câmara anterior pela pupila. Cristalino Lente, serve também como marco anatômico para divisão em anterior e posterior. Tem lente biconvexa. É responsável por 1/3 do poder refrativo ocular e destaca-se por singular capacidade de acomodação. Permite a acomodação a partir dos movimentos do músculo ciliar. Segmento posterior 2/3 posteriores do olho, delimitado anteriormente pelo cristalino e envolvendo humor vítreo, retina, coróide e nervo óptico. Corpo vítreo – 99% água, contendo colágeno e ácido hialuronico que dão consistência ao meio. Ocupa toda cavidade posterior do cristalino, tendo papel importante no amortecimento do globo ocular. Sua superfície é firmemente aderida à retina em certos pontos, locais de maior tração e facilidade de descolamento. Retina – reveste os 2/3 posteriores. Compreendida pelas 09 camadas neurossensoriais. Recebe fornecimento de sangue da coróide e artéria central da retina. Barreira hemato-retiniana. Coróide – contém vasos para irrigação da retina. Nervo óptico – emerge nasalmente ao pólo posterior do olho, atingindo a cavidade craniana através do canal óptico. Une-se ao nervo óptico contralateral formando o quiasma óptico. 80% de sua composição é de fibras visuais, que fazem sinapse com o corpo geniculado lateral, terminando no córtex visual 1º do lobo occipital. Os 20% restantes são fibras pupilares que seguem o caminho pretectal. DISTÚRBIOS REFRATIVOS E PRESBIOPIA Em indivíduos normais a luz sofre refração ao atravessar o olho formando a imagem em cima da retina. Há erro de refração quando um componente do sistema óptico falha na formação da imagem na retina. Emetropia: imagem se forma na retina sem que haja acomodação (refração normal). Ametropia: incapacidade de formar a imagem na retina sem utilização de lentes corretivas (refração anormal). Miopia e hipermetropia são ametropias esféricas e o astigmatismo cilíndrico. A habilidade do olho em focalizar a imagem depende do sistema óptico refrativo trabalhando em conjunto: córnea e cristalino. A córnea é o elemento de maior poder refrativo – 2/3. O cristalino responde pelo restante. A córnea tem um índice refrativo fixo, enquanto o cristalino permite variações através da acomodação. Miopia É um erro refrativo comum no qual o eixo ocular (distância da superfície posterior da córnea até a retina) está aumentado em relação ao poder refrativo (objetos formam-se antes da retina). É a mais comum em asiáticos e está associada com ocupações que necessitam de grande esforço acomodativo. Geralmente começa com 8-14 anos, aumenta na puberdade e estabiliza após 20 anos. Existem vários fatores de risco: genéticos, medicamentos, trauma, diabetes, fatores maternos, baixa iluminação e outros. Os pacientes apresentam dificuldade para enxergar placas, acompanhar aula. A maior queixa é a dificuldade de enxergar de longe, melhorando ao aproximar o objeto do olho. O tratamento deve ser feito após exame de refração, com lentes esféricas (côncavas, negativas, divergentes), lentes de contato ou cirurgia. Hipermetropia O eixo ocular é pequeno em relação ao poder refrativo do olho. Objetos formam-se atrás da retina. Em contraste com a miopia, a presença de hipermetropia aumenta com a idade. Nos casos leves a moderados os sintomas podem se manifestar após os 40 anos, com o aparecimento da presbiopia. A principal queixa é dificuldade de leitura para perto. Crianças podem se apresentar com estrabismo acomodativo, atraso na aprendizagem em idade escolar. Suspeita-se em todo paciente com astenopia (dor ao redor dos olhos, ardência, prurido, fadiga ocular, cefaléias) e dificuldade para leitura (visão de perto). Tratamento está indicado em hipermétropes sintomáticos e crianças com estrabismo convergente. Correção com lentes esféricas (positivas/convexas/convergentes), cirurgia quando indicado. Astigmatismo Condição na qual superfície irregular corneana causa focalização da imagem em diferentes planos. Os pacientes queixam-se de visão borrada em diferentes distâncias. A prevalência aumenta com a idade, semelhante à hipermetropia. Fatores de risco não são bem estabelecidos, mas acredita-se no envolvimento de genéticos e ambientais. 15-20%possuem astigmatismo associado com outra ametropia. As alterações podem ser uni ou bilaterais. Há dificuldade para visão de longe e perto (borramento heterogêneo). Em casos leves apenas parte do objeto encontra-se borrado. O tratamento é com associação de lentes esféricas e cilíndricas perpendiculares ao maior eixo do astigmata. Cirurgia para astigmatismo puro não tem resultados confiáveis. Presbiopia Ocorre quando o cristalino não consegue focalizar objetos próximos, pela perda de sua capacidade de acomodação, não sendo considerada uma ametropia, mas condição fisiológica em que foi perdida a acomodação do cristalino. Normalmente se inicia aos 40 anos, progredindo e perdendo o poder de focalizar totalmente por volta dos 65. Pacientes com hipermetropia, a presbiopia pode ser precoce, pois um mínimo déficit acomodativo pode formar imagem atrás da retina. O tratamento é com lentes convexas para leitura para leitura. Utiliza-se lentes convergentes, positivas. CATARATA Catarata é qualquer opacidade do cristalino que afete a acuidade visual. Cerca de 1/3 do poder refrativo é proveniente do cristalino. O cristalino é ligado por ligamentos suspensores, ligados ao músculo ciliar e responsáveis pela acomodação. O comprometimento desse sistema causa a presbiopia. As proteínas cristalianas que conferem transparência ao cristalino. O estresse oxidativo degenera as fibras, resultando inicialmente no aumento de sua fração aquosa e com a progressão da doença desidratação e déficit visual (catarata). Acredita-se que uso de óculos com proteção UV, antioxidantes, abstinência ao tabaco e estrógeno (em mulheres pós menopausa) podem retardar o aparecimento da catarata. As fibras do cristalino são produzidas durante o período embrionário e envelhecem com o olho, sem que haja renovação. São, portanto, as células do corpo mais suscetíveis à degeneração. Classifica-se em: Nuclear: forma mais freqüente da catarata. Há coloração amarelada no cristalino central. Cortical: há opacidades radiais periféricas que se expandem e envolvem o cristalino. Frequentemente é assintomática até que haja comprometimento nuclear. Apresenta menor redução da acuidade visual. Subcapsular posterior: ocorre classicamente abaixo dos 50 anos associada a trauma, diabetes, radiação e esteróides. Caracteriza-se por opacidade em forma de placa. Ocorre adjacente à cápsula posterior. Tem progressão rápida e o paciente pode apresentar queixas de ofuscamento luminoso e sensibilidade à luz. A subcapsular anterior é rara e compromete pouco a visão. Manifestações clínicas Os pontos mais importantes são interferência da baixa visual na qualidade de vida do paciente e identificar comorbidades oculares, para saber até que ponto a catarata é responsável pela baixa visual. Seus efeitos na visão dependem do grau e da morfologia: Borramento visual – geralmente é bilateral, ocorrendo borramento progressivo, indolor, assimétrico. Ofuscamento (glare) – mais encontrado na subcapsular posterior. Perda de contraste – dificuldade para enxergar em ambientes pouco iluminados por conta da redução na sensibilidade de contraste. Alterações de cores – observado na nuclear, cujo núcleo torna-se progressivamente mais amarelado, absorvendo a luz azul. Miopia – alterações nucleares alteram o índice de refração. Inicialmente pode ocorrer melhora para perto e piora para longe. Diplopia – opacidades corticais podem causar alterações refrativas localizadas, resultando em diplopia monocular. Exame clínico Acuidade visual – não se pode avaliar isoladamente para considerar o efeito funcional da catarata no paciente. A avaliação deve sempre ser feita com a melhor visão corrigida, uma vez que nas fases iniciais da catarata pode haver melhora da BAV com óculos. Teste do reflexo vermelho – turbidez ou pontos enegrecidos, sendo o TRV considerado anormal. Fundoscopia – na catarata inicial ainda é possível fazer fundo de olho. Com o avançar da doença torna-se difícil, necessitando de outros métodos. Diagnóstico Todo paciente com mais de 50 anos com miopia recente ou perda da AV corrigida, diabético ou usuário de corticóide deve ser avaliado periodicamente para catarata. Na avaliação pode-se usar tabelas de Snellen, teste de Pelli-Robson (contraste) e teste de sensibilidade ao brilho. A lâmpada de fenda é fundamental, uma vez que permite estabelecer o diagnóstico, revelar o tipo de catarata e seu estadiamento. Conduta Cirúrgico de caráter eletivo, através de facectomia e implante de lente intraocular. Deve ser feita quando o paciente julgar que há limitação de atividades. A complicação mais comum é opacificação da cápsula posterior (até 50%), preservada para alojar a nova lente, raramente (0,12) endoftalmite. Catarata Doença caracterizada pela opacificação do cristalino de forma progressiva, fazendo com a imagem chegue à retina com menor nitidez, podendo ser congênita (mãe que adquire rubéola, toxoplasmose), senil (acima de 50 anos, progressiva, mais comum de todas)ou secundária (traumas oculares, uveítes, diabetes, uso abusivo de colírios com corticosteroides e choque elétrico). E qualquer forma quando a opacidade está avançada (havendo perda da visão), indica-se a cirurgia; ou ainda quando há comprometimento funcional do paciente (piloto, médico, etc). Para a cirurgia precisa do risco cirúrgico(hemograma, coagulograma, ureia, creatinina e eletrólitos), ECG, RX de tórax em AP e perfil (se necessário), PAM (potencial de acuidade visual- tanto que se tirar o cristalino o paciente irá enxergar; ecobiometria (cálculo da lente-curvatura do olho e índice refracional da lente). O procedimento é extremamente rápido (bloqueio retroocular, incisão [menos de 2mm, e remoção da cápsularéx, aspira o núcleo e injeta a lente, que se expande no interior do olho]. O que difere uma cirurgia de catarata para outra é o tipo de lente a ser implantada. GLAUCOMA É a principal causa de cegueira irreversível no mundo. O tipo mais comum é o glaucoma primário de ângulo aberto (90%). Trata-se de uma doença insidiosa, podendo- se, contudo, evitar sua progressão quando pacientes de risco são identificados e encaminhados para avaliação e tratamento especializado precoce. O glaucoma primário de ângulo aberto (GAAP) é uma neuropatia óptica progressiva, caracterizada por aumento na escavação do disco óptico (perda de fibras nervosas) associado com déficits visuais. Fisiopatologia Não se sabe ao certo o que provoca a neuropatia encontrada. Supõe-se que a hipertensão ocular prejudica o fluxo sanguíneo retiniano, causando prejuízo gradual a células ganglionares e axônios da retina com progressiva perda de campo visual (CV), podendo ter como resultado final a cegueira. O humor aquoso está em constante produção pelo corpo ciliar na câmara posterior. Através da pupila, escoa para a câmara anterior até alcançar a rede trabecular, localizada no ângulo iridocorneano, seguindo do canal de Schlemm e para o sistema venoso. Há ainda uma rede acessória de drenagem na íris e corpos ciliares, responsável por drenar 10-20% do humor aquoso. O desequilíbrio entre a produção do humor aquoso pelos processos ciliares e sua drenagem trabecular eleva a pressão intraocular. Fatores de risco A hipertensão ocular, isto é, pressão intraocular (PIO) > 20-22mmhg, é o principal fator de risco para glaucoma, sendo tão maior o risco quanto maior PIO. Outros fatores incluem HAS, DM, negros e asiáticos, uso crônico de corticóide, antecedente familiar, predisposição genética e miopia. Manifestações Pode permanecer subclínico por tempo indeterminado, mesmo na presença de neuropatia. Quando há queixas, geralmente já ocorreu lesão óptica irreversível, tornando importante o screeningem pacientes com risco. A perda visual é bilateral, assimétrica e indolor. Inicialmente com aparecimento de escotomas, evoluindo para perda do campo visual periférico e visão em túnel (tunelização). Exame clínico A palpação digital simultânea do olho pode revelar consistência pétrea, sugerindo PIO muito elevada. Campimetria de confrontação – a manifestação mais precoce detectada é aparecimento de déficit visual persistente no CV em paciente previamente hígido. Fundoscopia – com a progressão da doença há aumento na escavação do disco óptico, por perda de fibras nervosas. Essa alteração é mais precoce que a perda de CV. Diagnóstico Sugerido pela história clínica, correlacionando-a à morfologia da papila e perda de CV. A partir dos 40 anos, todos deveriam realizar screening com medida de tonometria e análise do disco por fundoscopia (importante, já que pode haver glaucoma com pressão normal). Conduta Controle rigoroso da PIO (fator de risco mais relevante para progressão da doença). Mesmo alcançando pressão alvo < 21, deve-se fazer seguimento com tonometria e campimetria, para avaliar a progressão da doença. O tratamento da PIO é feito geralmente com fármacos; quando refratário, pode-se tentar terapia cirúrgica por trabeculoplastia ou trabeculectomia. Complicações Sem tratamento ou se ineficaz, a doença progride, com perda de mais fibras nervosas, resultando e maior déficit de campo visual, atrofia do nervo óptico e cegueira. RETINOPATIA DIABÉTICA É a 3ª causa de cegueira em adultos no Brasil, sendo a principal em pessoas em idade reprodutiva (16-64 anos). É uma das complicações mais comuns do DM, encontrada após 20 anos, em 90% dos pacientes tipo I, e em 50-80% no tipo II. As alterações vasculares da retina costumam progredir como em outros órgãos. Detecção precoce e tratamento adequado reduzem consideravelmente os casos de cegueira. Além da retinopatia diabética, a DM está associada com outras condições oculares: catarata, glaucoma e outras. Patogênese Fatores de risco Podem ser genéticos e não genéticos. Os componentes hereditários ainda não foram elucidados, mas sabe-se que é fundamental para o curso clínico da doença. Dentre os fatores não genéticos, o tempo de doença (acima de 5-10 anos) é o principal fator determinante para desenvolvimento da RD. Níveis pressóricos elevados, controle glicêmico inadequado e gravidez estão mais relacionados com sua progressão. Fisiopatologia As lesões ocorrem em progressão cronológica, exceto pelo edema macular. A hiperglicemia crônica desvia a via do metabolismo para alternativas, formando fatores inflamatórios, trombogênicos e vasoconstritores, além de aumentar a suscetibilidade ao estresse oxidativo, resultando em oclusão e fragilidade vascular com perda de pericitos. Esse processo de enfraquecimento dos capilares causa quebra da barreira hematoretiniana, possibilitando formação de microaneurismas (achados mais precoces da RD) e extravasamento de plasma para o interstício, resultando em hemorragias e edema. Na vigência de oclusões podem formar-se shunts arteriovenosos. Ocorrendo isquemia, há liberação de fatores angiogênicos com proliferação de neovasos, cuja ruptura ocasiona hemorragia intravítrea. Classificação Dividida em dois estágios: não proliferativa e proliferativa. A RDNP é caracterizada por aumento na permeabilidade vascular e oclusão vascular. É dividida em precoce e avançada. A precoce encontra-se microaneurismas e exsudatos duros, sendo esperados praticamente em todos diabéticos com 25 ou mais anos de doença. Pode evoluir com áreas isquêmicas características da avançada, tendo a angiografia como padrão ouro para diagnóstico. A presença de neovasos caracteriza a RDP (proliferativa). As complicações estão associadas a essa fase da RD. Manifestações A principal manifestação clínica é BAV (baixa acuidade visual) que pode ser aguda (súbita) ou crônica (progressiva). A BAV aguda, geralmente unilateral, ocorre por: hemorragia vítrea e descolamento de retina tracional. A BAV crônica se deve principalmente ao edema macular. O acometimento geralmente é bilateral e assimétrico, sendo um sintoma tardio. Desse modo, muitos não são diagnosticados, mesmo apresentando lesões graves e irreversíveis. Diagnóstico O diagnóstico se faz pelo exame do fundo de olho. Idealmente, todo paciente com DM deve ir ao oftalmo anualmente. Em razão das dificuldades de acesso, recomenda-se triagem por todo médico. Todo paciente com DM1 acima de 12 anos deve ser avaliado após 05 anos de doença. Por outro lado, o rastreio em pacientes com DM2 deve ser no momento do diagnóstico. O principal diagnóstico diferencial é retinopatia hipertensiva. Complicações As principais são as que levam a deficiência visual aguda: Hemorragias: vasos neoformados são mais frágeis e suscetíveis a sangramentos, a maioria durante o sono. Quando surgem entre a retina e o vítreo podem rapidamente causar descolamento tracional da retina. Descolamento tracional da retina – acomete 5-10% dos diabéticos. O tecido fibrovascular tende a crescer em direção a locais com menor resistência, como a face posterior do vítreo. Desse modo, trações vítreas podem ser transmitidas à retina com descolamento. Rubeose da íris – proliferação anterior de neovasos alcançando a íris. Conduta O tratamento depende do estágio da doença. A prevenção da deficiência visual baseia-se em: triagem, controle rigoroso da glicemia e pressão (lentificam a progressão) e tratamento precoce (estabiliza a perda). Prevenção – o tratamento mais eficaz, com controle rígido dos níveis glicêmicos. Laserterapia – principal tratamento na redução da perda de visão da RDP, reduzindo em até 95% a chance de cegueira. Indicada quando houver hemorragia vítrea, neovascularização (atingindo 1/3 ou mais do disco óptico) e edema macular. Antiangiogênicos e corticóides intravítreos estão sendo desenvolvidos como alternativas à fotocoagulação. Vitrectomia – principal tratamento para as formas complicadas; indicada nas hemorragias vítreas e descolamento da retina. Retinopatias Oclusões venosas da veia central – hemorragias e exsudatos e oclusão do ramo venosos. Causa mais comum: HAS. Tratamento: pan-fotocoagulação. Retinopatia Hipertensiva: No fundo de olho, as alterações são mínimas (estreitamento arteriolar, aumento do reflexo arteriolar e alterações nos cruzamentos arteriovenosos). Lesões maculares: degeneração macular relacionada à idade, edema cistoide da mácula, e buraco de mácula. Retinopatia diabética: o fundo do olho reflete precocemente as alterações vasculares que podem ocorrer no paciente que tem diabetes. As alterações visíveis são hemorragias (causadas pela rotura de microaneurismas), envolvendo a região da macula. Fotocoagulação a laser é o tratamento da retinopatia diabética, podendo ser utilizado tanto na macula,quanto na periferia. Paciente diabético tem que fazer fundo de olho anualmente, se possui alguma alteração, a cada 6 meses.Tende a evoluir com o deslocamento total de retina. Descolamento de retina É o acumulo de liquido que separa a retina sensorial do epitélio pigmentar surgindo a partir de um rasgo da retina e infiltração do humo vítreo. Os sinais são: perda da cor rosada da retina, tornando-se cinza e opaca. O sintoma principal é perda súbita do campo visual, correspondendo à área de deslocamento. É mais comum em pacientes míopes, pois possuem a retina mais fina. Outras causas são as degenerações senis e traumas (inclusive cirúrgico). O tratamento deve ser o mais rápido, antes que o deslocamento se instale. Portanto o exame de fundo de olho e o mais importante, pois através dele diagnostica-se essa patologia. Estrabismo: A maioriaé convergente. As maiores causas de estrabismo são as perdas de visão (erros refracionais). Outras causas são tumores, prematuridade, etc.. Saber distinguir se a conjuntivite é viral, bacteriana, alérgica, corpo estranho, etc. Estrutura Ocular A parte anterior vai do cristalino para frente. O cristalino possui células que não são renováveis. É alvo de inúmeras doenças, mas a principal é a catarata (uma das principais causas desta é o diabetes). (foto do olho esquemático). Lembrar das camadas dos olhos (fibrosa, vascular e nervosa) o Fibrosa: córnea e esclerótica o Vascular (pigmentada): Íris, corpo ciliar e coroide o Nervosa: Retina Blefarites Inflamação das pálpebras (tanto superior quanto inferior). São causadas por secreção sebáceas excessivas. Estas podem se acumular nas bases dos cílios causando irritação. Os sintomas são lacrimejamento e prurido. O exame mostra margens palpebrais espessadas e edemaciadas, com secreções aumentadas. O tratamentose baseia na boa higiene local (shampoo Johnson e compressas frias). Antibioticoterapia apenas se houver infecção bacteriana associada. No caso da Bunitinho (terçol) é não espremer, higienização, compressas mornas. Quando está no processo agudo e inflamatório (hordéolo ou terçol), antibioticoterapia tópica com neomicina e dexametasona. Calázio Tumoração focal crônica que afeta as glândulas de Meibomius, podendo vir associado àblefarites. O tratamento consiste nahigiene palpebral e calor local, caso falhe, cirurgia. A diferença da fisiopatologia desta patologia para o hordéolo é a ausência de sinais inflamatórios, sendo um processo mais restrito/localizado. Ceratites Também faz parte da síndrome dos olhos vermelhos. As causas são em geral, as mesmas das conjuntivites, sendo os vírus, principais responsáveis. Sintomas: dor, desconforto e fotofobia. O tratamento dependerá do agente. Baseia-se no uso de corticoides tópicos nas ceratites sem etiologia infecciosa. Se for herpética, aciclovir tópico, se for bacteriano, antibioticoterapia tópico. Ceratocone Doença da córnea, alongamento progressivo com protrusão central, assemelhando-se a um cone- por isso nome. Não é inflamatória, porem não se sabe a causa. Começa na puberdade, bilateral e assimétrico. Causa miopia, astigmatismo e baixa pressão ocular. A principal queixa é olho vermelho e visão turva. Tratamento eh com lentes, se não adaptar-lente rígida. Se não resolver anel estromal, se não resolver, cross-link, se não resolver, transplante de córnea (ideal para todos que tem mais de 2,5 graus de astigmatismo)- funciona como se fosse um sutiã; ou utiliza-se o anel. Quando tornam-se intoleráveis, ai o paciente pode solicitar o transplante de córnea. Corpo Estranho Lembrar que quando chega um paciente com olhos vermelhos e lacrimejando, lembrar de excluir corpo estranho.Conduta: retirá-lo, com cotonete e soro fisiológico; fazer curativo e se tiver dúvidas, encaminha. Conjuntivites É a inflamação da membrana conjuntival. Não é sinônimo de infecção. Vários agentes causais. Pode ser viral, bacteriana, fúngica ou por protozoários; alérgicas; traumáticas (corpo estranho). O diagnostico é clinico. É caracterizada por hiperemia, edema e lacrimejamento aquoso ou purulento. Pode ocorrer a formação depapilas em forma de grânulos (comuns nas alérgicas). O tratamento das de causa bacteriana, são os colírios a base de antibióticos; nas alérgicas, colírios que inibem o processo inflamatório; nas de protozoário- aumento da acanthameba. O agente etiológico mais comum da etiologia bacteriana é o S.aureus; dos vírus, o mais comum é oadenovírus. Para diferenciar 3 pacientes( um com cada tipo) devemos utilizar a secreção para diferenciá-los e o quadro clinico em geral. Viral - Edema (olhos muito inchados), lacrimejamento (secreção hialina), vermelhidão, sendo autolimitada (dura em torno de 3 dias). Tratamento com soro,água boricadacompressas frias, água gelada e anti-inflamatório(AINEs- diclofenaco). Prestar atenção em medidas adjuvantes e de prevenção. Bacteriana - quadro mais arrastado (15 dias), geralmente chegando unilateral (e em seguida torna-se bilateral). A diferença básica da viral é o quadro arrastado. Além da higiene, usa-se antibióticos. Crianças menores de 3 anos não usa-se a associação, apenas a Tobramicina. Acima de 3 anos, usa-se o ofloxacino. Depois de 5 anos usa-se a associação (Neomicina mais Dexametasona). A principal complicação da conjuntivite bacteriana e a celulite orbitária, estando associada com amigdalite, otite (entrando com antibiótico oral). Alérgica - diferente da viral e bacteriana, a pessoal fica com o olho vermelho, porém seco (não há lacrimejamento). É comum a pessoa ter rinite ou outra irritação, sendo mais comum em criança. Não tem cura, tendo que combater a causa (casa limpa, usar edredon, evitar animais). Outra causa é a lente de contato. É muito comum apresentar papilas. Tratamento com compressas frias, anti- histamínico tópico, se não resolver, anti-inflamatório, se não resolver, corticoide. Se não resolver,anti-histaminico oral, além dos cuidados locais. Estrabismo É o desvio do olho de sua posição normal, sendomais frequente desvios no eixo horizontal, podendo ser convergentes ou divergentes. As causas mais frequentes, congênitas, traumáticas e neurológicas. Em todas estas há comprometimento dos músculos extra-oculares. No estrabismo convergente há hiperfunção do retomedial (muito frequento no estrabismo congênito), ou hipofunção do retolateral ou ainda paralisia do 6º par craniano. O tratamento se dá pelo uso deóculos ou cirúrgico. No estrabismo divergente (conhecido como exotonia) é mais comum em adultos, e é causado por uma hipofunção do retomedial (paralisia do terceiro par craniano- oculomotor) ou hiperfunção do retolateral (é a mais frequente). Pterígeo Causa desconhecida, tendo importância a radiação ultravioleta. A localização mais comum é entre as duas pálpebras, na região nasal.O tratamento é a retirada cirúrgica quando atinge o eixo visual, prejudicando a visão.
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