Prévia do material em texto
INFECÇAO TRATO URINÁRIO! C A S O C L I N I C O 1 MMM, mulher, 25 anos, branca, natural de Sorocaba, procedente de São Paulo, casada, catolica, estudante universitária (Comunicação), previamente hígida, compareceu à consulta na unidade básica de saúde. Queixa e duração: Dor e ardência ao urinar há dois dias HPMA: Iníco de dor e ardência miccional há dois dias, que nas últimas 12 horas passaram a ser associadas a polaciúria e urgência urinária. Alega que a cor da urina está mais escura e nega alterações do cheiro da urina. ISDA Geral - Nega febre, fadiga ou sonolência. SNC - Nega cefaléia, tontura ou deficits motores Resp. - Nega falta de ar, tosse ou cianose Cardiovasc. - Nega palpitações, precordialgia ou ortopnéia TGI - Nega náuseas, vômitos ou diarréia. TGU – vide HPMA. Nega dor lombar, atraso menstrual ou corrimentos. Locomotor – nega edemas, dores ou vermelhidões Antecedentes: Paciente nulípara e seu histórico ginecológico constava de coitarca aos 18 anos, com apenas um parceiro sexual desde então. Referia ter vida sexual ativa e utilizava anticoncepcional oral regularmente. Nega uso de preservativos com esposo. Negou outras comorbidades (infecções sexualmente transmissíveis, cirurgias pélvico-uterinas etc.), Negava uso prévio de antibióticos ou manipulação do trato urinário. Nega alergias e cirurgias prévias. Apresentou a carteira vacinal atualizada. História Familiar: Relata que mãe (51 anos) e irmã (30 anos) apresentaram vários episódios de ITU ao longo do ano. Nega doenças na família - HAS, DM, neoplasias. Hábitos e vícios: Nega tabagismo, etilismo. Tem atividade física regular. Treina vôlei e Karatê (vai com esposo). Condições moradia: Mora com esposo em apartamento bem localizado e bem ventilado, de 65 m² - dois quartos, sala, cozinha. Água e luz. Sem animais de estimação. Tem algumas orquídeas. Exame físico Normal - não foram encontradas anormalidades dignas de nota. Diante do quadro clínico qual a hipótese diagnóstica? Infecção Urinaria, certamente pelos sintomas a bexiga que esta sendo acometida. Exames? Exames complementares utilizados para o diagnóstico de ITU. Urina I de rotina - Presença de piúria (≥10 mil leucócitos/mL ou ≥10 leucócitos/campo), de hematúria (não dismórfica), cilindrúria, proteinúria tubular e de bacteriúria; fita reagente positiva para leucocitoesterase e/ou nitrito Urocultura - Isolamento do agente etiológico da infecção a partir de bacteriúria significativa (habitualmente ≥100 mil UFC/mL) Antibiograma (teste de sensibilidade aos antimicrobianos) - Fornece os antibióticos potencialmente úteis a serem prescritos a partir do padrão de sensibilidade do microrganismo Exames de imagem – não solicitados nesse caso C A S O C L I N I C O 2 Mulher, 42 anos, branca, natural do Rio de Janeiro. Procedente de SP. Boa condição sócio-econômica. Do Lar. Queixa e Duração “Urina mal cheirosa” há 2 meses. História Doença Atual: Há 2 meses sensação de febre (TAx máx. 37.8ºC), náuseas, lombalgia à E, urina mal cheirosa. Usou “sulfatrim”, nitrofurantoina, sucessivamente. Urina clara, sem emissão de sangue ou fragmentos. Há 2 semanas, diminuição progressiva da eliminação da urina, com instalação de anuria há 1 semana (tomando cefalosporina). Ontem apresentou cefaléia e vômitos. História Patológica Pregressa – Cefaléia crônica sem causa identificada (enxaqueca). Sem cirurgias lombo-abdominais prévias. Nega hipertensão arterial, diabetes, tuberculose ou outras infecções conhecidas, exceto infecções urinárias. Queixas digestivas mal identificadas há 2 anos. Uso de antiácidos, analgésicos e antimicrobianos por ITU recorrente. Antecedentes: Viroses Comuns da Infância – Imunização correta – 2 filhos já adolescentes de partos eutócicos. Ex.físico consciente, orientada, colaborativa, pálida, TAx 37,2ºC. PA 120 x 90mmHg. P80 bpm regular. Cabeça e pescoço sem alterações. Pele sem anormalidades. Pares cranianos OK; FO normal; Ausculta Cardiovascular com SS++Fm (funcional); Pulsos universalmente palpáveis, regulares; Ausculta pulmonar sem alterações. Abdomen doloroso à palpação do epigastrio e do flanco esquerdo; Baço e fígado OK; Percussão lombar dolorosa +++ à E; articulações e coluna vertebral normais; Exame ginecológico sem alterações. Exames laboratoriais: Hb9,5g%; Ht = 26%; Leuco 8.500 sem formas imaturas; Na = 132 mEq/l; K = 5,0 mEq/h; HCO3 = 18mEq/l; uréia = 120 mg%; creatinina = 4,5 mg% (elevada em ± 20 dias). US abdominal volumoso contorno renal à Esq (hidronefrose?). Cistoscopia: hiperemia da mucosa da bexiga, ureter D dando saída a gotas de urina, clara; ureter Esq deu vazão à saída de ± 200mL de urina após cateterização (enviada à cultura – E. coli 50.000 UFC/mL). O cateterismo ureteral Esq restabeleceu a diurese e fez baixar a creatinina sérica (< 2mg%). Submetida a nefrostomia cirúrgica ocorreram complicações infecciosas sucessivas incluindo a “decapitação” abaixo da junção pieloureteral com abscesso pélvico de lenta recuperação, requerendo drenagem cirúrgica e diversos esquemas combinados de antibióticos.