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NEUTROPENIA FEBRIL! D E F I N I Ç Ã O é definida como uma única medida da temperatura oral >38.3°C (>101°F) ou temperatura ≥38.0°C (≥100.4°F) mantida por 1 hora, com uma contagem absoluta de neutrófilos (ANC) <500 células/ microlitro, ou uma ANC que deve diminuir para <500 células/microlitro nas 48 horas seguintes; E P I D E M I O L O G I A é a complicação com risco de vida mais comum da terapia contra o câncer; nos EUA, a incidência de neutropenia febril é estimada em >100,000 eventos por ano, representando 5.2% de todas as hospitalizações relacionadas ao câncer; a frequência de neutropenia febril é maior em pacientes com neoplasia hematológica do que naqueles com tumores sólidos; em pacientes com neutropenia febril de alto risco, as principais complicações (por exemplo, hipotensão; insuficiência renal, respiratória ou cardíaca aguda) ocorrem em aproximadamente 25% a 30% dos pacientes e a mortalidade é de aproximadamente 11%; contribui com cerca de 50% das mortes associadas a tumores infantis; E T I O L O G I A neutropenia febril é uma complicação comum da quimioterapia que pode ocorrer em todos os tipos de câncer, mas geralmente é mais comum em pacientes com neoplasias hematológicas do que em pacientes com tumores sólidos; o risco é maior durante o primeiro tratamento, mas é cumulativo com ciclos contínuos de terapia; o risco também aumenta com contagem de neutrófilos baixa no nadir do primeiro ciclo, história prévia de febre neutropênica, neutropenia com período de longa duração, magnitude de neutropenia, intensidade da quimioterapia, idade avançada, sexo feminino, capacidade funcional baixa, nível baixo de albumina, anemia associada, comprometimento da medula óssea e disfunção preexistente de órgão; F I S I O P A T O L O G I A ocorre quando um paciente com neutropenia desenvolve uma infecção, Um patógeno é identificado apenas em aproximadamente um terço dos pacientes, a flora endógena do hospedeiro é a fonte primária de patógenos causadores; antes do advento da profilaxia antimicrobiana efetiva, os organismos Gram-negativos eram os patógenos bacterianos mais proeminentes, com a disponibilidade da potente profilaxia antimicrobiana, eles foram superados por cocos Gram-positivos (76% vs 15%); organismos Gram-negativos mais comuns —> são a Escherichia coli, as espécies de Klebsiella e a Pseudomonas aeruginosa; organismos Gram- positivos mais comuns —> estafilococos coagulase-negativos, Staphylococcus aureus, estreptococos do grupo Viridans e espécies de Enterococcus; F A T O R E S D E R I S C O FORTES idade >65 anos albumina <35 g/L (<3,5 g/dL) disfunção de órgãos preexistentes (coração, fígado, doença renal) hemoglobina pré-tratamento <120g/L (<12g/dL) quimioterapia com intensidade de dose completa baixa contagem absoluta de neutrófilos no nadir do primeiro ciclo (<500 células/microlitro) neoplasias hematológicas radioterapia concomitante episódios prévios de neutropenia após quimioterapia FRACOS sexo feminino ECOG PS >1 doença em estágio avançado quimioterapia prévia corticosteroides A N A M N E S E E E X A M E F I S I C O quimioterapia recente (comum) história do tratamento quimioterápico, os agentes quimioterápicos utilizados e a intensidade do tratamento são fatores de risco para neutropenia febril febre (comum) acientes em quimioterapia com quadro febril prévio ou com temperatura atual >38 °C (>101 °F) por mais de 1 hora devem ser avaliados rapidamente para neutropenia, por meio de hemoculturas, para que os antibióticos possam ser administrados imediatamente. taquicardia (comum) pacientes que recebem quimioterapia com febre e taquicardia devem ser tratados imediatamente, pois isso pode ser sinal de sepse e choque iminentes. hipotensão (comum) pacientes que recebem quimioterapia com febre e hipotensão devem ser tratados imediatamente, pois isso pode ser sinal de choque, o qual carrega alta taxa de mortalidade se não for tratado urgentemente. idade >65 anos (comum) diversos ensaios prospectivos grandes, incluindo pacientes com linfoma e outros tumores sólidos, relataram idade >65 anos como fator de risco significativo para o desenvolvimento de neutropenia febril; grande parte da literatura relata risco de neutropenia febril e incidência de quimioterapia com intensidade de dose reduzida nos casos de câncer de mama e linfoma não Hodgkin.; episódios prévios de neutropenia após quimioterapia (comum) uma história de neutropenia prévia induzida por quimioterapia é um fator de risco para neutropenia recorrente e febre neutropênica; capacidade funcional segundo a escala do Eastern Cooperative Oncology Group (ECOG PS) ≥1 (comum) pacientes com ECOG PS pior apresentam aumento do risco de neutropenia febril durante quimioterapia; um ensaio clínico prospectivo de pacientes que recebem quimioterapia para tumores sólidos e linfoma mostrou que um ECOG PS ≥1 estava associado a uma taxa maior de neutropenia febril; se a capacidade funcional for boa, pode ajudar a estratificar os pacientes candidatos à terapia ambulatorial; neoplasias hematológicas (comum) pacientes que estão sendo tratados para neoplasias hematológicas apresentam uma incidência de aproximadamente 5 vezes maior de desenvolver neutropenia febril, quando comparados com pacientes que recebem tratamento para tumores sólidos ou linfoma.[4] esquemas de antibioticoterapia prévios (comum) pacientes que já receberam esquemas de antibioticoterapia prévia apresentam maior risco de infecções fúngicas, infecções por Clostridium difficile e infecções por organismos resistentes (por exemplo, Enterococcus resistente à vancomicina, produtores de beta-lactamase de espectro estendido [BLEE] e Enterobacteriaceae resistentes ao carbapeném); albumina <35 g/L (<3.5 g/dL) (comum) nível de albumina <35 g/L (<3.5 g/dL), talvez indicando um estado de desnutrição, está associado a um aumento substancial do risco de neutropenia febril; um ensaio prospectivo de 240 pacientes com linfoma não Hodgkin identificou um valor basal de albumina baixo (<35 g/L [3.5 g/dL]) como fator de risco para neutropenia febril após o primeiro ciclo de quimioterapia; hemoglobina pré-tratamento <120 g/L (<12 g/dL) (comum) anemia preexistente tem sido associada ao desenvolvimento de neutropenia febril; baixa contagem absoluta de neutrófilos no nadir do primeiro ciclo (<500 células/microlitro) (comum) existe um risco associado de desenvolver neutropenia febril com ciclos subsequentes de quimioterapia quando a contagem absoluta de neutrófilos no nadir do primeiro ciclo for <500 células/ microlitro; ruídos adventícios ou tosse (comum) pneumonia é comum em pacientes com neutropenia febril; tosse evidente ou ruídos adventícios podem estar ausentes em decorrência de uma resposta imune diminuída; dispneia (comum) pneumonia é comum em pacientes com neutropenia febril. dor abdominal (comum) pacientes com neutropenia apresentam maior risco de infecção em qualquer parte do trato gastrointestinal (por exemplo, esofagite, enterocolite); náuseas ou vômitos (comum) pacientes com neutropenia apresentam maior risco de infecção em qualquer parte do trato gastrointestinal (por exemplo, esofagite, enterocolite); diarreia (comum) pacientes com neutropenia apresentam maior risco de infecção em qualquer parte do trato gastrointestinal (por exemplo, esofagite, enterocolite); disúria e piúria (comum) pacientes com neutropenia apresentam aumento do risco de infecções do trato urinário, no entanto, geralmente, não há disúria nem piúria (aproximadamente 90% dos casos); eritema cutâneo, pele quente,sensibilidade (comum) pacientes com neutropenia apresentam aumento do risco de infecção cutânea ou de tecidos moles, inclusive em locais de biópsias prévias, é necessário fazer um exame cuidadoso da pele inteira, inclusive dobras cutâneas, orifícios corporais, locais de infusão intravenosa e locais de biópsia prévia/ feridas; mucosite ou úlceras orais (comum) inflamação ou ulceração evidente do revestimento da boca pode ser um portal de entrada para flora hospedeira na corrente sanguínea. infecção, inflamação ou ulceração das áreas genital e anal (comum) infecção, inflamação ou ulceração do revestimento da mucosa genital ou anal pode ser um portal de entrada para flora hospedeira na corrente sanguínea; exame retal deve ser evitado em pacientes neutropênicos com suspeita de terem um foco de infecção perirretal, pois pode introduzir bactérias na corrente sanguínea; cateteres de demora infectados (comum) pacientes neutropênicos com cateteres de demora apresentam risco de infecções relacionadas ao cateter, devendo-se, pois, examinar todos os cateteres e locais, atuais ou anteriores, quanto a sinais de infecção, tais como eritema, induração ou secreção; radioterapia concomitante (incomum) pacientes tratados com quimioterapia e radiação combinadas apresentam aumento do risco de neutropenia febril; exposições a infecções (incomum) pacientes possivelmente imunossuprimidos apresentam risco de infecção por organismos atípicos, como doenças transmitidas por vetores; pacientes tratados com esquemas profundamente imunossupressores, tais como rituximabe, alentuzumabe, fludarabina e agentes semelhantes que podem afetar a imunidade celular imediata ou tardia, apresentam risco particular, portanto, o estabelecimento de exposição a populações de alto risco, viagens, animais de estimação e transfusões de sangue recentes é importante para a estratificação do risco; sensibilidade do seio nasal (incomum) os seios paranasais são um local frequente de infecções ocultas (bacterianas e fúngicas) em pacientes neutropênicos; E X A M E S - exames a serem considerdos - exames a serem considerados D I A G N O S T I C O Critérios de diagnóstico • sistema Talcott identifica três subgrupos com risco significativamente maior que o grupo de baixo risco (definido por <5% de risco de complicações infecciosas): pacientes hospitalizados (grupo 1), pacientes ambulatoriais com doença comórbida (grupo 2) pacientes com câncer não controlado (grupo 3); o escore tem valor preditivo positivo de 93%, mas classifica os pacientes erroneamente em até 59% das vezes; • escore da MASCC este escore de relação de risco é baseado em idade, carga da doença, sinais vitais, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) subjacente, história pregressa de infecção fúngica, estado de hidratação e estado dos pacientes ambulatoriais; um escore ≥ 21 corresponde a baixo risco, e <21 é considerado alto risco; esse escore tem um valor preditivo positivo de 98% e classifica pacientes erroneamente em aproximadamente apenas 30% das vezes; • pacientes de baixo risco com neutropenia febril do MD Anderson Cancer Cente tem identificado pacientes de baixo risco (aqueles que apresentam tumores sólidos, neutropenia esperada <7 dias, sinais vitais estáveis, adesão ao tratamento, sem disfunção de órgãos, tolerância a medicamentos por via oral e fluidos, residência a até 30 minutos de uma clínica, presença de um cuidador 24 horas e acesso a telefone e transporte); dados do MD Anderson Cancer Center sugerem que pacientes de baixo risco com neutropenia febril podem ser tratados com segurança de forma ambulatorial com antibióticos orais; entre 257 pacientes, eles foram capazes de identificar 80% de baixo risco, e 97% destes pacientes de baixo risco foram tratados de maneira ambulatorial com sucesso; • escore do Índice Clínico de Neutropenia Febril Estável (do inglês, Clinical Index of Stable Febrile Neutropenia - CISNE) esse modelo de risco usa 6 variáveis explicativas para definir pacientes com oncologia de tumor sólido com episódios estáveis de neutropenia febril: capacidade funcional do Eastern Cooperative Oncology Group ≥2 (2 pontos) doença pulmonar obstrutiva crônica (1 ponto) doença cardiovascular crônica (1 ponto), grau de mucosite ≥2 (1 ponto) contagem de monócitos <200/microlitro (1 ponto) hiperglicemia induzida por estresse (2 pontos) — um score de 0, 1-2 e ≥3 pontos está correlacionado com episódios de risco baixo, intermediário e alto, respectivamente — T R A T A M E N T O
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