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Ádila Cristie Matos Martins Saúde do adulto 3 - UTI t NEUTROPENIA FEBRIL - É uma emergência clínica comum em pacientes oncológicos, principalmente naqueles com doenças hematológicas (ex.: leucemia aguda), mas é uma manifestação comum de defeitos da medula óssea associados com a redução de eritrócitos e plaquetas, tendo como outras possíveis causas a anemia aplásica, mielodisplasia, anemia megaloblástica, dentre outra - Indivíduos neutropênicos apresentam mecanismos de defesa imunológica comprometidos e, portanto, ficam suscetíveis a infecções graves. A febre deve ser considerada um sinal de infecção nesses pacientes, mesmo sem outros sinais ou sintomas, uma vez que, com a ausência de resposta imune adequada, pode não haver outras manifestações associadas - Indivíduos neutropênicos apresentam mecanismos de defesa imunológica comprometidos e, portanto, ficam suscetíveis a infecções graves. A febre deve ser considerada um sinal de infecção nesses pacientes, mesmo sem outros sinais ou sintomas, uma vez que, com a ausência de resposta imune adequada, pode não haver outras manifestações associadas epIDEMIOLOGIA / ETIOLOGIA - 80% dos pacientes com tumores hematológicos; 10-50% nos tumores sólidos - A incidência depende do diagnóstico de base e do esquema quimioterápico - Transmissão de agentes infecciosos. Flora endógena é responsável por cerca de 80% - Foco infeccioso é identificado em apenas 20 a 30% dos casos - Agente infeccioso mais comum: - Gram +: Staphylococcus epidermidis (mais comum e menor virulência) e S. aureus, Estreptococcos e enterococos (infecções + graves) - Gram -: P. aeruginosa (infecções + graves) - Fungos: Candida spp e Aspergillus spp — é raro começar com fungos, mas o risco aumenta com a neutropenia severa (neutrófilos < 500/mm³) e prolongada (≥ 7 dias) - Vírus: HSV 1 e HSV 2 e herpes zoester extenso | EBV, CMV, HSV 6A ou 8 (geralmente por reativação viral) - Causas não infecciosas da NF: tromboflebite, medicamentos, febre tumoral, mucosite sem infecção, entre outras FISIOPATOLOGIA - Efeitos da quimioterapia no sistema imune e na barreira mucosa (ocorre neutropenia, alterações na função do neutrófilo e translocação bacteriana) + alterações na imunidade do paciente relacionadas a neoplasia de base (produção de anticorpos ou destruição dos complexos imunes, defeito nas células, uso de altas doses de corticoide) quadro clínico - Febre + quimioterapia há menos de 6 semanas (10 - 14d) * Todo paciente com febre que recebeu quimioterapia há menos de 6 semanas deve, na ausência de outra explicação alternativa, ser assumido que a febre é resultado de uma infeção - Sintomas infecciosos (podem estar presentes ou não) ou estar com febre unicamente (resposta inflamatória diminuída) dIAGNÓSTICO - Neutropenia: paciente com contagem de neutrófilos menor que 500/mm3 ou contagem de neutrofilos menor que 1000/mm3 com tendência à queda nos próximos dias. Considerada grave/profunda quando < 100/mm3 - Febre: temperatura oral igual ou superior a 38,3ºC em qualquer momento ou; temperatura igual ou superior a 38ºC mantida por 1 hora | axilar > 37,8ºC * Contudo, mesmo na ausência de febre, alguns pacientes netropênicos devem ser abordados como se estivessem com neutropenia febril, desde que existam indícios clínicos de infecção (ex.: dispnéia, hipotensão arterial, hipotermia etc.), demandando o imediato início de antibioticoterapia empírica - Avaliar sinais de gravidade e procurar foco infeccioso - História clínica detalhada + exame físico completo com avaliação do estado hemodinâmico, sistema respiratório e ênfase na avaliação de portas de entrada (ex.: cateter de longa permanência), como pele e unhas, cavidade oral e periodontal, região perineal e perianal Exames complementares - Hemograma, urina rotina, creatinina, uréia, sódio, potássio, TGO, bilirrubinas, TP e TTPA, lactato, proteína C Reativa, tipagem sanguínea e triagem de anticorpos - Hemocultura - 2 pares de diferentes sítios Ádila Cristie Matos Martins Saúde do adulto 3 - UTI t - Cateter venoso de longa duração (se presente, coleta hemocultura do cateter — crescimento começa 120 min antes que a hemocultura periférica quando é infecção do cateter) - Urocultura (se sinais/sintomas urinários) - Se baixo risco para infecções fúngicas: radiografia de tórax - Se alto risco para Infecções Fúngicas: tomografia de tórax e de seios da face (Alta Resolução, sem contraste) - Pesquisa de toxina do Clostridium difficile nas fezes ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO Escore de risco MASCC: Multinational Association for Supportive Care in Cancer Alto risco < 21 | Baixo risco ≥ 21 * Neutropenia severa (< 100) e com duração > 7d é considerada grave independente do escore Estratificação clínica - Alto Risco: QUALQUER UM dos critérios abaixo. Tais indivíduos devem ser internados no hospital para tratamento IV. 1. Expectativa de neutropenia por mais de 7 dias 2. Disfunções orgânicas crônicas, DPOC, IRC, cirrose hepática, etc 3. Alterações agudas da homeostase 4. Sintomas gastrointestinais compatíveis com mucosite intensa; 5. Sinais de infecção em cateter venoso profundo - Baixo risco: deve preencher TODOS os requisitos listados abaixo. Tais indivíduos podem ser manejados com tratamento VO ou IV 1. Expectativa de neutropenia inferior a 7 dias 2. Ausência de todos os critérios listados no Alto Risco tratamento - A administração da ATBterapia na primeira hora após a admissão do paciente está associada a menor tempo de hospitalização e redução da mortalidade - Cobertura anti-pseudomonas (cefepime 2g EV 12/12h, piperacilina-tazobactam, carbapenêmicos — imipenem 500mg EV 6/6h e meropenem) - Associar a cobertura para gram positivos com vancomicina 1g EV 12/12h em instabilidade hemodinâmica ou choque séptico, culturas prévias com gram +, infecção cutânea ou de cateter venoso central, mucosite grave + profilaxia com quinolona, pneumonia - Se houver suspeita de superinfecção intestinal por Clostridium Difficile podemos associar metronidazol ou vancomicina oral ao esquema empírico - Febre persistente: Cefepime ou tazocin — persistência da febre após 72h → associar a vancomicina — persistência após 96h → trocar cefepime/tazocin por carbapenêmicos — persistência após 5 a 7 dias → associar anti-fúngico (fluconazol/anfotericina B lipossomal) e procurar foco fechado/repetir culturas - Se hemoculturas +, o tratamento deve ser ajustado conforme antibiograma - Tratamento ambulatorial: Baixo risco (MASCC ≥ 21): ciprofloxacino/levofloxacina + amoxacilina-clavulanato (ou mais clindamicina em pacientes alérgicos a penicilina). A persistência de febre após o 2° dia de tratamento em pacientes inicialmente considerados de baixo risco, obriga o médico a tratar o paciente como de alto risco, iniciando a terapia IV Quando suspender o ATB? - Se o foco infeccioso for identificado, deve-se manter o tempo de tratamento usual da infecção ou, alternativamente, até neutrófilos > 500/mm3 - Caso contrário, o esquema empírico deve ser mantido até neutrófilos > 500/mm3 em 2 exames consecutivos ou com tendência a subir, e paciente afebril por mais de 48h REFERÊNCIA: 1.Neutropenia febril persistente: terapia antifúngica empírica é sempre indicada? - Portal PEBMED 2.PEREIRA, M. P., et al. NEUTROPENIA FEBRIL (2018) 3.Emergências Oncológicas - Neutropenia Febril na Sala de Urgência — FMRP-USP Ribeirão Preto 4.GARCIA, R. C. L., et al. NEUTROPENIA FEBRIL: ABORDAGEM DIAGNÓSTICA E TERAPÊUTICA (2018)
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