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Conceito e perspectivas da adolescencia

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Conceito e Perspectivas teóricas Comportamentistas, Cognitivas Humanista sobre Adolescência
Psicologia de Desenvolvimento
Narciso Cau
Maputo 
Fevereiro, 2021
Índice
1.	Introdução	2
1.1	Objectivos	3
1.1.1	Objectivo Geral	3
1.1.2	Objectivos específicos	3
1.2	Metodologia	3
Conceito e Perspectivas teóricas Comportamentistas, Cognitivas Humanista sobre Adolescência	4
2.1	Conceito de Adolescência	4
2.2	Perspectivas teoricas e comportamentais da adolescência	6
2.2.1	Primeira Fase	9
2.2.2	Segunda Fase	11
2.3	A Teoria do Curso de Vida	12
2.4	O Modelo (Bio)Ecológico	13
2.5	Perpectiva cognintiva do adolescente	15
3	Conclusão	17
4	Bibliografia	18
1. Introdução 
O presente artigo pretende discutir a adolescência sob as perspectivas teóricas comportamentistas, Cognitivas Humanista sobre Adolescência. São pretensões deste estudo: conceituar a adolescência; caracterizar as mudanças e desafios incorridos no período de adolescência e trazer uma discussão das teorias comportamentais, cognitivas e humanistas sobre a adolescência. 
Para dar conta desses objetivos optou-se metodologicamente pela pesquisa bibliográfica, haja vista que ela abrange várias teorias numa abordagem exploratória, pois esta permite ira nos permitir pontuar inferências e conhecimentos sobre o tema, o que na atividade profissional do psicólogo torna-se essencial. 
1.1 Objectivos 
1.1.1 Objectivo Geral 
· Discutir as Perspectivas teóricas Comportamentistas, Cognitivas e Humanista sobre Adolescência
1.1.2 Objectivos específicos 
· Conceituar a adolescência
· Caracterizar as mudanças e desafios da fase de adolescência;
· Apresentar as principais teorias ou correntes comportamentais, cognitivas e humanistas sobre adolescência
1.2 Metodologia 
Para realização do presente trabalho, houve necessidade de se recorrer a revisão sistemática da literatura, onde se teve o embasamento teórico através de diversas correntes teóricas comportamentais, cognitivas e humanistas sobre a adolescência. 
Conceito e Perspectivas teóricas Comportamentistas, Cognitivas Humanista sobre Adolescência 
2.1 Conceito de Adolescência 
A adolescência possui algumas ambivalências quanto à definição de sua extensão, por isso, a maioria dos teóricos a descrevem como fase intermediária entre a infância e a fase adulta, ou como etapa de desenvolvimento, desencadeada pelo surgimento das transformações orgânicas da puberdade que é encerrada através do amadurecimento psicossocial. 
Esta fase do desenvolvimento é bastante caracterizada por fatores como: as chamadas crises de identidade pela transição da infância à maturidade juvenil; o início da escolha profissional; a constante busca por autonomia; pelo ingresso na vida sexual; pelos comuns conflitos familiares e de caráter emocional, as famosas transformações orgânicas e inconstâncias hormonais, associadas a uma nova compressão de mundo que se alia à necessidade da representação de novos papéis e responsabilidades do jovem na sociedade, como sujeito desejante e portador de conceitos próprios da realidade e ainda, principalmente pela reconstrução e formatação da identidade.
Parece que a duração da adolescência pode ser razoavelmente definida em termos de processos psicológicos, em face das limitações no emprego de outros elementos. Segundo esta estrutura de referência, a adolescência começa com as reações psicológicas do jovem a suas mudanças físicas da puberdade e se prolonga até razoável resolução de sua identidade pessoal. Para alguns, o processo de maturação sexual pode começar na primeira década da vida e, para outros, jamais se conseguirá um firme senso de identidade pessoal. Entretanto, para a maioria das pessoas jovens, estes eventos ocorrerão principalmente entre as idades de 11 e 20 anos, que limitam a fase da adolescência (Paula, 2018).
Ainda Segundo Paula (2018), a adolescência dura aproximadamente 10 anos, dos 11 (onze) até pouco antes até depois dos 20 anos, considerando o fato de que seu início e término não podem ser claramente definidos atualmente. No entanto, considera-se que o início do adolescer se dá com a entrada na puberdade, processo que conduz a maturidade sexual ou fertilidade, ou seja, a capacidade de reprodução. O cuidado com um delinear do início e término da adolescência, pode ser bastante relevante, e até o século XX, as crianças das culturas ocidentais se deparavam com o mundo adulto, quando amadureciam fisicamente ou apenas quando iniciavam um aprendizado vocacional, e hoje, o ingresso na idade adulta leva mais tempo. E em virtude disso, devem-se levar em consideração o contexto que envolve o amadurecimento do adolescente sempre que se fizer menção a sua durabilidade.
Alguns autores enfatizam que uma das razões da puberdade começar mais cedo do que antes, pode estar ligada a entrada na vida profissional que tende a ocorrer mais tarde, por causa da sociedade que atualmente exige períodos mais longos de educação ou treinamento profissional para que o jovem possa assumir responsabilidades adultas (Paula, 2018).
Já Campos (1998) citado por Paula (2018), esclarece que delimitar a adolescência não é uma tarefa muito fácil, em razão dos fatores biológicos específicos, atuantes na faixa etária, se somarem as determinantes sócio - culturais, advindas do ambiente em que o fenômeno da adolescência ocorre. Ou seja, o adolescente não apenas está vulnerável aos efeitos das transformações biológicas corporais, mas, também as mudanças vividas no mundo moderno, do progresso científico, da tecnologia, das comunicações, das novas aspirações humanas e rápida evolução social, que se estabelecem em seu dia-a dia e compõem sua construção como sujeito. E são estes aspectos que virão a determinar grande parte da identidade deste jovem, e a maneira dele se posicionar diante da vida, de uma forma muito pessoal, e indicarão o momento em que ele estará apto ou não para adentrar no estágio de jovem adulto ou adulto.
Ainda o autor supracitado, vinca que no período de maturação psicológica, biológica e social, se estabelece a aquisição de novas capacidades cognitivas, responsabilidades e a inserção do jovem em novos papéis sociais, que se tornam mais evidentes. E em função disso são afloradas exigências e expectativas de familiares, amigos e da própria comunidade sobre o adolescente, que se exercidas sob condições positivas e apropriadas, podem instigar o desenvolvimento gradual de autonomia, que poderá vir a facilitar a apropriação da fase adulta deste jovem. 
Assim, a adolescência não se define apenas como transição entre a infância e a fase adulta, mas, como uma das etapas de desenvolvimento. Suas transformações corporais são causadoras de grande impacto na formatação da compreensão da auto-imagem corporal do adolescente, e podem ser influenciadas por experiências anteriores, que o levaram a se compreender, como uma pessoa atrativa ou não, forte ou fraca, masculina ou feminina, e a aderir uma percepção de si mesmo em alguns casos contraditória a existente. Portanto faz-se necessário advertir aos adultos, que estes possuem enorme influência na construção de auto-imagem e apropriação de identidade do adolescente. E que muitas vezes aqueles que se intitulam adultos, é que acabam julgando os adolescentes sem capacidade de autonomia ou de desenvolver orientações a partir de si mesmos, impedindo-os de deslanchar e apresentar suas próprias construções e subjetividade.
2.2 Perspectivas teoricas e comportamentais da adolescência 
O comportamento é qualquer atividade observável de um ser vivo que responde a um estímulo do ambiente. O estudo do comportamento, dispensa qualquer fenômeno de natureza subjetiva ou inconsciente, não comparável objetivamente pelos métodos das ciências empíricas. O comportamento é o objeto básico de estudo da psicologia behaviorista. 
Comportamento é o conjunto arranjado das intervenções escolhidas em desempenho dos subsídios auferidas do ambiente por meio das quais o indivíduo unifica suas disposições. Ou seja, determina a transformação, o movimento ou a reação de qualquer instituição ou conjuntoem contexto a seu ambiente ou circunstância. 
Entende-se que o comportamento sofre mudanças durante praticamente todo seu período de desenvolvimento, assim como acontece com os adolescentes. Normalmente essa fase da vida é transposta por diversos conflitos que levam a diversos tipos de comportamento. Erroneamente o adolescente é considerado rebelde, sem modos, e com pouco limite, porém isso varia tal como o desenvolvimento de indivíduo para indivíduo com influência direta do meio em que ele vive (Alves, 2008).
Se o ambiente em que o indivíduo se desenvolve, ou seja, sua cultura, e meio social é mais calmo, conseqüentemente ele tende a ser mais calmo, se é mais agitado e com mais conflitos, ele tende a ser mais rebelde. Claro isso não é via de regra, porém diz muito sobre a personalidade de cada um deles. As transformações do corpo dos adolescentes, são alterações desordenadas, ocorre um alongamento dos membros superiores e inferiores, o pescoço parece ser maior que o tronco, e isso pode trazer sentimentos ambíguos. 
Assim, de acordo com Alves (2008), é fácil identificar quando um menino está entrando na puberdade, pois ele apresenta sinais visíveis de aumento da estatura (o crescimento se acelera neste período), a mudança da voz, normalmente ficando mais rouca e grossa, aumento dos pelos pelo corpo todo e em alguma definição muscular. A puberdade é um período dinâmico do desenvolvimento marcado por rápidas alterações no tamanho e na composição corporal. Um dos principais fenômenos da puberdade é o pico de crescimento em estatura, acompanhado da maturação biológica (amadurecimento) dos órgãos sexuais e das funções musculares (metabólicas), além de importantes alterações na composição corporal, as quais apresentam importantes diferenças entre os gêneros.
O auge de desenvolvimento nos meninos em questão da altura ocorre por volta dos seus 14 anos de idade, havendo transformações em diferentes tempos para alguns, ou seja um processo individual, sendo natural seu fato dentre os 12 e os 16 anos de idade. Com cerca de seis meses após o ápice do desenvolvimento em estatura, advém o ganho de massa muscular, inteiramente adjunto à ascensão do hormônio testosterona. Já nas nas meninas, seu crescimento em questão de estatura acontece próximo aos 12 anos de idade, mas que isso nem sempre é correlacionado a sua idade cronológica, sendo uma mudança individual de cada uma, vindo a ocorrer entre os 10 e os 14 anos. Após o fastígio de crescimento em altura, sucede a menarca, espontaneamente conexos à maior produção hormônios femininos (Alves, 2008)
Mudanças fisiológicas na adolescência em função do sexo
	Rapazes
	Raparigas
	-crescimento esqueletal
	- crescimento esqueletal
	- aumento dos testículos
	- pêlo púbico pigmentado
	- pêlo púbico pigmentado
	aumento da genitália externa
	- mudança de voz
	voz gradualmente mais forte
	- ejaculação nocturna e erecções mais frequentes
	- surto de crescimento adolescente
	- surto de crescimento adolescente
	- menstruação
	- aumento do pénis
	-pêlos axilares
	- pêlos axilares e no peito
	-gonadotrofinas na urina
	- pêlos faciais pigmentados
	-mudanças na pele (acne)
	- ocasionalmente, hiperplasia mamária subareolar
	- odor corporal mais forte
	- presença de gonadotrofinas na urina
	 mudança na forma do corpo: aumento da pélvis, alargamento dos quadris, desenvolvimento de mais gordura cutânea
	- mudanças na pele (acne)
	
	- odor corporal mais forte
	
2.3 Perpectivas teórica da adolescência 
Segundo Amaral citado por Alves (2008), existem inúmeras teorias que procuram explicar e predizer a adolescência. Se muitas delas, com pequenas divergências terminológicas ou de tempo, são semelhantes no seu conteúdo, outras há que apresentam posições opostas, embora implicando uma maneira particular de estudar a natureza do desenvolvimento humano. De uma forma geral, um dos problemas fulcrais é a dificuldade em precisar os limites da adolescência, não havendo unanimidade nem em função do indicador idade cronológica, nem quanto às características psicossociológicas. Se parece haver algum consenso quanto ao início da adolescência com a puberdade, a dificuldade aumenta quando se pretende delimitar o seu terminus.
No entanto, o seu estudo tem raízes muito profundas em Platão e Aristóteles que consideravam o adolescente como alguém instável e impressionável, recomendando a sua protecção face à exposição a acontecimentos corruptos. Avançando até à Europa Medieval, verifica-se que não existia nenhum conceito que distinguisse crianças de adultos. 
Com Rousseau, começa a divulgar-se a acepção teórica da crise da adolescência que, na segunda metade do século XIX, seria incrementada pelo desenvolvimento da Psiquiatria no estudo da psicopatologia dos adolescentes. Nos EUA, o período da adolescência só terá sido reconhecido depois de 1880, com os avanços da tecnologia e da mecanização, com a legislação contra o trabalho infantil, com a educação obrigatória e a criação de organizações sociais e religiosas (Senna & Dessen, 2012). 
Todavia, só no final do século XIX, início do século XX, é que surgiu a grande profusão de investigações nesse domínio
Ao longo do tempo, teóricos dessa área se preocuparam com as mudanças sistemáticas do comportamento, enfocando a descrição dessas mudanças em um ou outro aspecto particular (ex. cognição, emoção), ou nas relações entre esses aspectos. Tais teorias organizaram e deram significado e coerência aos fatos relativos à adolescência, a princípio isolados, e permitiram a dedução e testagem efetiva em trabalhos empíricos subsequentes (Senna & Dessen, 2012) 
De acordo o autor supracitado, é possível identificar duas fases teóricas sobrepostas: 
1) A primeira delas ocorreu do início do século XX até os anos de 1970 e é caracterizada pela realização de estudos descritivos e não-teóricos. 
2) Na segunda fase, que começa por volta dos anos de 1970, a ciência passa a ter seu foco na avaliação de modelos teóricos e hipóteses, com vistas a justificar os processos de desenvolvimento humano influenciados por contextos amplos e diversificados. Esse período se destacou pelo interesse crescente por modelos sistêmicos e estudos longitudinais, e, também, pela plasticidade e diversidade dos processos, no curso de vida.
No decorrer da história, fica evidenciado que as principais teorias do desenvolvimento foram responsáveis por explicar o fenômeno da adolescência, com base em duas questões principais: a adolescência como uma fase distinta no desenvolvimento e como um período caracterizado por crescentes e inevitáveis níveis de turbulência. Tais questões organizaram as teorias da adolescência sob princípios organísmicos ou contextualistas, diferenciando-as em teorias biológicas, psicanalíticas, socioculturais e cognitivas. Na sua maioria organísmicas, estas teorias tinham como fundamento o mundo como um organismo vivo e o indivíduo como um agente ativo em seu próprio desenvolvimento, sendo o resultado de suas propriedades e metas (Semna & Dessen, 2012).
2.3.1 Primeira Fase
Segundo Senna & Dessen (2012), na primeira a obra de G. Stanley Hall, intitulada Adolescência, publicada em 1904. Com ênfase na teoria biológica, baseada no desenvolvimento das espécies (filogênese) e na recapitulação do desenvolvimento do indivíduo (ontogênese), Hall define a adolescência como um período de transição universal e inevitável, considerando-a como um segundo nascimento. Ele reconhece a influência da cultura ao mesmo tempo em que valoriza as diferenças individuais do adolescente e sua característica de plasticidade (maleabilidade), podendo ser considerado inovador e provocativo para sua época, um precursor das teorias contextualistas contemporâneas. 
Um segundo grupo, o das teorias baseadas nos pressupostos da psicanálise de Sigmund Freud (1856-1939) citado por Senna & Dessen (2012), preconizou a pessoa como dotada de um reservatório de impulsos biológicos básicos, identificando a emergência de determinado aspecto da sexualidade humana a cada fase distinta do ciclo vital. Assim, na adolescência,ocorre a reativação, na forma madura e genital, de vários impulsos sexuais e agressivos experimentados pela criança nas fases iniciais do seu desenvolvimento. A intelectualização é o mecanismo de defesa adotado pelo adolescente para lidar com a sua revolta emocional, conduzindo-o a mudar seus interesses das questões concretas do corpo para as questões mais abstratas, isentas de emoção. Logo, os conflitos da puberdade são considerados normais e até necessários ao seu funcionamento 'adaptativo', na busca por um novo sentido de personalidade e papel social.
Já com a teoria do desenvolvimento psicossocial, Erik Erikson (1968/1976) citado por Senna & Dessen (2012), integra a psicanálise ao campo da antropologia cultural, enfatizando a interação entre as dimensões intelectual, sociocultural, histórica e biológica. Ao afirmar que o desenvolvimento é descrito por uma série de estágios previsíveis, Erikson destaca a influência dos ambientes e o impacto da experiência social durante todo o curso de vida. Sob esta perspectiva, a cada estágio do desenvolvimento, a pessoa se depara com um conflito central, isto é, uma crise normal e saudável a ser ultrapassada. Em se tratando da adolescência, essa crise se caracteriza pelo desenvolvimento da identidade, que está em constante mudança, e que depende das experiências e informações adquiridas nas interações diárias do adolescente com outros. Como consequência, adolescentes que recebem encorajamento e reforço apropriados para sua exploração pessoal tendem a emergir desse estágio com um sentido mais forte de si mesmo e um sentimento de independência e controlo.
O terceiro grupo de teorias de desenvolvimento é reconhecido por priorizar aspectos socioculturais da adolescência e preconizar que o comportamento do adolescente é moldado, até certo ponto, pelo ambiente social imediato (pais e pares) e pelo ambiente social amplo (cultura). Na busca por examinar a universalidade da ideia de turbulência atribuída à adolescência, antropólogos sociais e culturais, relacionam a rebeldia da puberdade (fase universal) contra a autoridade dos pais ao idealismo do jovem, dependendo do estilo de vida e da cultura na qual ele está inserido (Senna & Dessen, 2012).
Ainda nesta primeira fase, um quarto grupo de teorias da adolescência, que tem como precursor Jean Piaget, merece destaque ao privilegiar os processos cognitivos do desenvolvimento e afirmar que os comportamentos adolescentes que geram preocupações aos adultos têm sua origem nas mudanças na sua forma de pensar, característica do início desta fase. Com o desenvolvimento do pensamento formal, por meio da assimilação e da acomodação de novas estruturas, o adolescente revela uma maneira própria de compreender a sua realidade e constrói sistemas filosóficos, éticos e políticos como tentativa de se adaptar e mudar o mundo. Ao perceber que as soluções baseadas apenas no raciocínio lógico não são possíveis, o adolescente adentra a idade adulta por meio da inserção na sociedade.
A terminar, Senna & Dessen (2012), destacam que apesar de as teorias clássicas descreverem as várias mudanças durante a adolescência, tendo como foco diferentes aspectos do indivíduo (sentimentos, cognições e interações), elas não foram suficientes para explicar o desenvolvimento nesta etapa do curso de vida. De acordo com estes autores, estas teorias se limitavam a apresentar dicotomias entre os aspectos maturacionais e genéticos e os aspectos exclusivamente contextuais: herdado versus adquirido, continuidade versus descontinuidade, estabilidade versus mudança, que representavam o conhecimento da época. Na medida em que as evidências empíricas foram sendo produzidas, novos modelos relacionais do desenvolvimento foram surgindo. Tais modelos reconheciam o caráter fundamental e integrador das influências dos diferentes níveis de organização da ecologia do desenvolvimento humano, gerando a necessidade de novos aportes integradores, culminando, assim, na segunda fase dos estudos científicos.
2.3.2 Segunda Fase
Esta fase dos estudos científicos sobre a adolescência teve início na década de 1970, à medida que as pesquisas empíricas se tornavam desvinculadas dos modelos teóricos clássicos e que novos modelos e questões sobre desenvolvimento humano no curso de vida surgiam. Estes modelos refletiam uma visão contextualista, que enfatiza o indivíduo e o ambiente na sua dinâmica de relações bidirecionais, bem como o papel do tempo e do espaço no desenvolvimento humano. As interações pessoa-contexto passam a ser vistas como um fenômeno do desenvolvimento psicológico que implica considerar: 
a) A pessoa em constante desenvolvimento, devido ao fluxo de contínuas mudanças nas relações que ela estabelece com o ambiente; 
b) O desenvolvimento humano caracterizado pelo grande potencial para mudança sistemática (plasticidade), em qualquer ponto no curso de vida; e 
c) O significado do desenvolvimento humano inserido no contexto socio-histórico em que ele acontece.
Para compreender o funcionamento deste sistema, faz-se necessário investigar os contextos, as propriedades estruturais e funcionais da pessoa e do ambiente, e como eles interagem e produzem constâncias e mudanças no desenvolvimento do indivíduo (Dessen & Senna, 2012).
De acordo com esta visão, cada indivíduo tem seu desenvolvimento delineado por inúmeros fatores reciprocamente interativos, que variam de acordo com o tempo, o contexto e o processo, e que, a cada etapa desse processo, novas possibilidades são geradas para a próxima. Em outras palavras, o desenvolvimento ocorre por meio de forças internas e externas, denominadas de co-ação, que atuam de modo complementar e bidirecional no sentido de adaptar e manter o equilíbrio e a harmonia do sistema diante de situações novas ou adversas. O desenvolvimento passou, então, a ser visto como epigenético e probabilístico, na medida em que os fatores biológicos e contextuais foram considerados reciprocamente interativos, gerando um grande desafio para a área.
 
2.4 A Teoria do Curso de Vida
A perspectiva do curso de vida é uma orientação teórica que propõe a identificação dos estágios de vida (infância, adolescência, fase adulta e velhice), nos seus aspectos temporais, contextuais e processuais, como uma das formas de compreender as mudanças que ocorrem no desenvolvimento humano. Nesta visão, as mudanças históricas, geográficas e ambientais nos padrões de vida modelam o conteúdo, a forma e o processo do desenvolvimento do indivíduo, na história e no mundo social, em diversos níveis: macro (da sociedade e da ordem social), das estruturas intermediárias (comunidades e vizinhança) e do mundo proximal (escola e família). Isto é, os indivíduos adquirem significados próprios do seu contexto histórico e das experiências de outros e, como agentes ativos de mudança, influenciam seu próprio desenvolvimento, fazendo escolhas baseadas nessas experiências - disposições, conhecimentos e crenças, que afetam suas perspectivas, expectativas e adaptações subsequentes (Senna & Dessen, 2012).
De acordo com Senna & Dessen (2012), o conceito de curso de vida estabelece, ainda, uma interdependência de trajetórias, onde cada trajetória não está restrita a histórias individuais, mas envolvida na dinâmica de caminhos múltiplos e inter-relacionados, formando uma matriz de relações sociais ao longo do tempo. Assim, cada geração pode tomar decisões e promover eventos no curso de vida das outras, havendo uma interdependência entre vidas, e também, entre níveis, como por exemplo, entre trabalho e família, casamento e parentalidade, trabalho e lazer.
Nesta direção, a teoria do curso de vida postula a articulação de conceitos do desenvolvimento, ultrapassando modelos mais tradicionais, lineares, unidimensionais, unidirecionais e unifuncionais de crescimento e maturação biológica do indivíduo. Ao adotar uma visão holística, essa teoria prescreve o desenvolvimento entre ganhos e perdas, sendo que as potencialidades são expressas por meio da plasticidade intraindividual, isto é, do grau de maleabilidade presentenos indivíduos. Assim, as trajetórias observadas na mudança intraindividual variam no tempo e no espaço, como consequência dessa plasticidade, com o desenvolvimento exercendo um papel regulador, que tanto facilita como impede oportunidades de mudança (Elder & Shanahan, 2006).
Esta visão contemporânea do desenvolvimento, presente a partir da segunda fase dos estudos científicos da adolescência, contribuiu não somente para a compreensão da atual concepção de adolescência, mas também, para a adoção de metodologias mais apropriadas para responder questões desta fase do curso de vida. 
 
2.5 O Modelo (Bio)Ecológico
De acordo com Senna & Dessen (2012), o modelo, postula que, para compreender o desenvolvimento humano, é preciso incorporar, nas análises, não somente o indivíduo e as suas capacidades perceptuais, motoras ou cognitivas, mas também, as interações e os padrões relacionais que se estabelecem em diferentes contextos, ao longo do tempo. Isto significa analisar as influências múltiplas dos diferentes ambientes, diretos ou indiretos, ao ser humano.
Neste modelo, o adolescente, como qualquer pessoa, apresenta características próprias - individuais, psicológicas e biológicas - além de uma forma própria de lidar com suas experiências de vida. Ele é visto como um sujeito ativo, produto e produtor do seu desenvolvimento, que ocorre na interação com o contexto. O contexto é definido por uma hierarquia de sistemas interdependentes - micro, meso, exo e macrossistemas - e é composto pelas atividades, papéis e relações interpessoais presentes, por exemplo, nas suas famílias, nos grupos de amigos, na vizinhança, na comunidade, e nas instituições educacionais e de saúde, sociais e políticas.
Na adolescência, a família continua a ser considerada o principal microssistema do desenvolvimento, pois nela acontecem as interações mais diretas e as experiências mais significativas para a pessoa. Reconhecida na sua complexidade, a família é responsável por conduzir o adolescente à compreensão de conceitos e valores básicos, ao engajamento na realização de tarefas e papéis sociais cada vez mais diversificados e complexos, e ao desenvolvimento de competências sociais. Durante a adolescência, as interações no cotidiano da vida familiar, isto é, os processos proximais, continuam particularmente importantes, sobretudo no engajamento em práticas educativas e nos processos de comunicação, tais como diálogos, negociações e trocas de argumentos e de opiniões.
Entretanto, o funcionamento interno do microssistema familiar, ou seja, o seu desenvolvimento, bem-estar e clima emocional, recebe influências também de outros contextos em que os familiares vivem e crescem. E, à medida que o adolescente passa a participar de outros microssistemas e a formar e ampliar sua rede de relações interpessoais, torna-se evidente a formação de novas relações e influências interdependentes entre a família, o adolescente e os demais contextos de interações próximas.
Além disso, mesmo quando o adolescente não tem um papel diretamente ativo, como por exemplo, em decisões tomadas em contextos sociais do trabalho dos pais, por dirigentes da escola ou por agentes responsáveis pelo lazer e cultura (parques, jardins e bibliotecas), ele, indiretamente, recebe influências provenientes destes ambientes (exosistema). Por outro lado, decisões que são tomadas nas esferas macrossistêmicas, tais como leis que regulam o sistema educacional e de saúde pública, interferem em sua vida e na vida de sua família, ao promoverem contextos mais ou menos favoráveis ao seu desenvolvimento.
Na adolescência, pode-se reconhecer os efeitos diretos e indiretos gerados pelas mudanças e estabilidades sucessivas, que ocorrem não somente nas características individuais, mas, sobretudo, nas transformações histórico-culturais, sociais, políticas e econômicas, atribuídas à época em que ela é vivida. Algumas dessas transições são esperadas ou normativas e consequentemente, as influências bidirecionais entre a pessoa e os contextos - sistemas ideológicos de crenças e valores, sistemas governamentais e políticas públicas, aspectos étnicos e religiosos, família de origem e disponibilidade de recursos e oportunidades - devem ser consideradas ao longo do tempo.
2.6 Perpectiva cognintiva do adolescente 
A adolescência é também um período de desenvolvimento intelectual onde emergem as operações formais, o último estádio do desenvolvimento cognitivo proposto por Piaget (1973). Assim, a adolescência caracterizar-se-ia pela construção de uma nova forma de pensamento, o período das operações formais, marcado pelo pensamento abstracto, combinatório, hipotético-dedutivo e proposicional. Neste período, o indivíduo irá ampliar as capacidades conquistadas na fase anterior, conseguindo já raciocinar sobre hipóteses, formar esquemas conceptuais abstractos e executar operações mentais dentro dos princípios da lógica formal. Desta forma, a criança adquire a capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta: discute valores morais de seus pais e constrói os seus próprios (adquirindo, portanto, autonomia). 
A aquisição do pensamento hipotético-dedutivo caracteriza um novo equilíbrio estabelecido entre duas estruturas cognitivas: o domínio da análise combinatória e o acesso a uma forma mais completa de reversibilidade do raciocínio. A teoria piagetiana defende que o indivíduo adquire a sua forma final de equilíbrio neste período, isto é, consegue alcançar o padrão intelectual que persistirá durante a idade adulta. Tal não significa que ocorra uma estagnação das funções cognitivas após a adolescência. "Seu desenvolvimento posterior consistirá numa ampliação de conhecimentos tanto em extensão como em profundidade, mas não na aquisição de novos modos de funcionamento mental. 
Comparando o pensamento infantil com o pensamento adolescente, as diferenças tornam-se notórias quando confrontados com a necessidade de resolver um jogo ou problema. Tendo por base uma percepção global da situação, os adolescentes caracterizam-se por reconhecerem vários caminhos lógicos para atingir a solução do problema. Já o pensamento infantil parece prender-se com os objectos e as situações vivenciadas, ou seja, enquanto que as crianças têm propensão para pensar “o que é”, os adolescentes são susceptíveis de considerar igualmente, o “que deveria ser”. Quanto ao pensamento pró-activo, o pensamento na adolescência permite analisar as possibilidades, testar as hipóteses e planificar, ou seja, o adolescente adquire a capacidade de pensar e raciocinar de forma mais abstracta, especulativa e flexível. 
Para um melhor desenvolvimento intelectual, as influências e os estímulos externos são de grande importância por serem modelos para os adolescentes e constituírem uma estimulação. Uma das formas poderosas de estimular o pensamento abstrato são o visionamento de filmes ou vídeos e a participação em atividades artísticas, tais como pintura, o drama, a dança e a música. Quanto mais ativo for o processo simbólico, tanto maior o estímulo ao desenvolvimento cognitivo.
3 Conclusão 
Portanto, pode-se concluir que os adolescentes possuem como referências, adultos, colegas, pai, mãe, educador, irmãos mais velhos ou mais novos, que o ajudam a se auto-organizar, reconhecer e por fim localizar-se no contexto social, psicológico e até mesmo biológico. 
Diante da presente pesquisa concluiu-se que a adolescência é de fato um período bastante complexo e não configura-se apenas pelo abandono dos aspectos infantis, mas, engloba variados elementos como: novas capacidades de reflexão, a aquisição de novos papéis sociais, transformações biológicas e emocionais, a apropriação de valores, a necessidade de pertencer com aceitação a grupos ou categorias, de investidas em autonomia para a inserção na vida adulta, e mais, corresponde ao momento crucial de consolidação de juízo de valor. 
A adolescência é também um período de desenvolvimento intelectual onde emergem as operações formais, o último estádio do desenvolvimento cognitivo. Assim, aadolescência caracterizar-se-ia pela construção de uma nova forma de pensamento, o período das operações formais, marcado pelo pensamento abstracto, combinatório, hipotético-dedutivo e proposicional. 
Na abordagem das principais teorias da adolescência, que teve como precursor Jean Piaget, merece destaque ao privilegiar os processos cognitivos do desenvolvimento e afirmar que os comportamentos adolescentes que geram preocupações aos adultos têm sua origem nas mudanças na sua forma de pensar, característica do início desta fase. Com o desenvolvimento do pensamento formal, por meio da assimilação e da acomodação de novas estruturas, o adolescente revela uma maneira própria de compreender a sua realidade e constrói sistemas filosóficos, éticos e políticos como tentativa de se adaptar e mudar o mundo. 
Estes conhecimentos têm permitido avanços no sentido de ultrapassar a visão inicial de adolescência como um período de turbulência e instabilidade, para incorporar uma visão mais positiva do desenvolvimento do adolescente.
4 Bibliografia 
PAULA, F. K. (2018) Educação Sexual no ambiente escolar: análise dos conhecimentos dos alunos e da opinião de professores do Ensino Fundamental e Médio. https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/6965/1/DM_Francielli%20Karine%20de%20Paula.pdf
ALVES, G. M (2008). A Influência dos Rótulos na Construção da Identidade do Adolescente. http://newpsi.bvs-psi.org.br/tcc/GabrielaMacileAlves.pdf
SENNA, S. C. M & DESSEN M. A (2012). Contribuições das teorias do desenvolvimento humano para a concepção contemporânea da adolescência https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722012000100013

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