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Crimes de Tortura: Legislação e Jurisprudência

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Legislação Penal Extravagante 
5 Recortes objetivos da doutrina recomendada. Confronte com o conteúdo aplicado e as análises efetuadas em sala de aula, questões de concurso, e a bibliografia indicada no plano de estudos. Examine a legislação e consulte a jurisprudência. Pesquise, atualize, questione e discorra sobre a matéria. 
CRIMES DE TORTURA
Tortura: Lei nº 9.455/1997.
 
Base constitucional - Art. 5º, III, da CF: “Ninguém será submetido à tortura e nem a tratamento desumano e degradante”. 
Art. 5º, XLIII, da CF: “A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evita-los, se omitirem”. A Constituição determina, por esse dispositivo, que o legislador ordinário criasse uma lei de crimes hediondos. A Constituição também apresenta, neste dispositivo, o rol dos crimes equiparados a hediondos: tráfico, tortura e terrorismo (3T).
Tortura não é crime hediondo – é crime equiparado a hediondo (Art. 5º, XLIII, CF e Art. 2º da lei n. 8.072/1990, lei dos crimes hediondos. É crime inafiançável e insuscetível de graça e anistia, conforme o art. 5º, XLIII, CF, porque equiparado a hediondo.
Prescrição – Nos termos da CF o crime de tortura prescreve. Imprescritíveis são racismo (art. 5º, XLII, CF) e ação de grupos armados (art. 5º, XLIV, CF). (Nos termos do Estatuto de Roma, art. 29, que instituiu o Tribunal Penal Internacional, tratado do qual o Brasil é signatário, o crime de tortura é imprescritível. Sendo baliza para a definição da imprescritibilidade a proteção à dignidade da pessoa humana, o Estatuto de Roma (status de norma supralegal) poderia alargar o rol, se de acordo com os princípios e fundamentos nela consagrados).
Bem jurídico tutelado (interesse protegido) – a dignidade da pessoa humana e a integridade física e psíquica da pessoa (o direito do indivíduo de existir e ter uma existência digna). A dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos da República (art. 1º, III, CF).
Competência para julgar – Competirá a justiça comum (estadual ou federal) julgar o crime de tortura.
Quando envolver interesse, bem ou serviço da União e de suas entidades autárquicas ou empresas públicas (sociedades de economia mista, não), a competência será da justiça federal (art. 109, I, da CF). Exs.: tortura praticada nas dependências do INSS ou em delegacia da Polícia Federal.
Tortura praticada por militar – competência da justiça comum, estadual ou federal. Não há previsão desse crime no CPM. Tortura não é crime militar.
Tortura pode ser cometida com violência física, mas também com grave ameaça. 
Prova da ocorrência de tortura – Quando a tortura deixar vestígios será necessário o exame de corpo de delito direto ou indireto.
Se não houver vestígios poderá ser comprovada por indícios e pela palavra da vítima. Exemplo de cometimento de tortura, sem vestígios: vítima capturada à noite e apresentada ao delegado no dia seguinte (indício) + palavra da vítima.
Sujeito ativo – qualquer pessoa. Crime comum, no Brasil pode ser praticado por qualquer pessoa, não exige qualidade especial do agente. (Relembrando: crime próprio exige qualidade ou condição especial do sujeito ativo. Crime de mão própria exige, além da qualidade ou condição especial do sujeito ativo, a execução personalíssima, somente determinada pessoa pode cometer o núcleo do tipo penal). Nem todas as espécies de tortura constituem crime comum. 
ESPÉCIES DE TORTURA
· Em todas as espécies de tortura o elemento comum é o sofrimento físico ou mental imposto à vítima, que varia conforme o dispositivo em simples ou intenso.
Tortura Prova (probatória ou persecutória) - Art. 1º, I, “a”, da Lei 9.455/97. Constitui crime de tortura: I – Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: Com o fim (finalidade) de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. Ex.: policial que constrange alguém, com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com o fim de obter a confissão de um crime; em ambiente doméstico marido ou esposa podem praticar a tortura um contra o outro, por exemplo, para obter confissão de relacionamento extraconjugal. 
Sujeito ativo: crime comum.
Sujeito passivo: crime comum.
Consumação: se consuma quando o constrangimento causa sofrimento físico ou mental na vítima, ainda que não obtida informação, declaração ou confissão desta ou de terceira pessoa. 
Tentativa: admitida.
Prova obtida mediante tortura – será ilícita (art. 5º, LVI, CF). As provas ilícitas são inadmissíveis e serão desentranhadas do processo (CPP, art. 157).
Tortura para a prática de crime: art. 1º, I, “b”, da Lei 9.455/97. Constranger alguém, com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, para (finalidade) provocar ação ou omissão de natureza criminosa (contravenção não; em caso de contravenção poderá o agente ser responsabilizado por constrangimento ilegal, art. 146, CP). 
Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum). Crime de autoria mediata. O agente se vale de pessoa sem culpabilidade para que esta pratique o crime por ele (o coagido a praticar o crime). Configura coação moral irresistível, que conduz à inexigibilidade de conduta diversa, que exclui a culpabilidade do torturado.
O autor da tortura responde pela tortura-crime em concurso material com o delito praticado pela vítima da coação.
Sujeito passivo: qualquer pessoa (crime comum).
Consumação: ocorre com o sofrimento físico ou mental da vítima.
Tentativa: possível.
Tortura discriminatória ou preconceito – art. 1º, I, “c”, da Lei 9.455/97. Constranger alguém, com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, em razão (finalidade) de discriminação racial ou religiosa. Ex.: torturar alguém por ser umbandista, protestante, católica, ou por ser judeu, árabe, etc.. O constrangimento por decorrência de orientação sexual não configura crime de tortura-preconceito (falha do legislador; pode ser lesão corporal, tentativa de homicídio, dependendo do caso concreto).
Sujeitos ativo e passivo: qualquer pessoa (crime comum)
Consumação: com o sofrimento físico ou mental da vítima.
Tentativa: possível.
Tortura castigo ou punitiva – art. 1º, II, da Lei 9.455/97 – Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como (finalidade) forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Não é constrangimento, o verbo é submeter. Aqui é exigido intenso sofrimento físico ou mental. Ex.: babá que tortura criança (castigo, punição). 
Sujeito ativo e passivo: crime próprio (exige qualidade ou condição especial do agente). O sujeito ativo tem que ter guarda, poder ou autoridade em relação à vítima.
Diferença entre tortura castigo e maus-tratos (art. 136 do CP, pena de detenção): a tortura castigo causa intenso sofrimento físico ou mental com o fim de castigo pessoal ou medida de caráter preventivo (crime de dano); maus tratos causam mero sofrimento físico e mental com a finalidade de educação, ensino, tratamento ou custódia (crime de perigo).
Pena – reclusão de 2 a 8 anos. Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, reclusão de 4 a 10 anos. Se resulta morte, reclusão de 8 a 16 anos. Aumenta-se a pena de 1/6 a 1/3 se o crime é cometido por agente público, contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos ou mediante sequestro. A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Salvo na hipótese do § 2º do art. 1º (omissão), inicia-se o cumprimento da pena em regime fechado. O disposto nesta lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-seo agente em local sob jurisdição brasileira.
Tortura pela simples intenção de torturar (não há dolo específico do agente) (art. 1º, § 1º da Lei n. 9.455/97) - Submeter pessoa presa ou sujeita a medida de segurança, por intermédio de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal, a sofrimento físico ou mental. Ex.: submeter jovem infrator a cumprir medida de internação em estabelecimento prisional.
Não há nesse tipo o emprego de violência ou grave ameaça. Basta a prática de um ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal contra o preso ou o sujeito à medida de segurança.
Sujeitos ativo e passivo: crime próprio. A expressão “pessoa presa” abrange preso provisório ou definitivo, jovens infratores apreendidos, internados ou em estado de semiliberdade. 
Consumação: ocorre com a submissão da vítima a sofrimento físico ou mental, mediante a prática de ato ilegal.
Tentativa: possível.
Tortura por omissão, art. 1º, § 2º da Lei 9.455/97 – Aquele que se omite em face dessas condutas (5 espécies descritas anteriormente), quando tinha o dever de evita-las ou apura-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. Ex.: mãe que se omite enquanto o pai tortura o filho.
Não é equiparado a hediondo.
Sujeito ativo: crime próprio.
Sujeito passivo: qualquer pessoa, crime comum. 
Penas – reclusão de 2 a 8 anos. 
Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, reclusão de 4 a 10 anos. 
Se resulta morte, reclusão de 8 a 16 anos. 
Aumenta-se a pena de 1/6 a 1/3 se o crime é cometido por agente público, contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos ou mediante sequestro. 
A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. 
Salvo na hipótese do § 2º do art. 1º (omissão), inicia-se o cumprimento da pena em regime fechado. 
O disposto nesta lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
 
LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997.
	
	Define os crimes de tortura e dá outras providências.
O  PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;
II - se o crime é cometido contra criança, gestante, deficiente e adolescente;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
III - se o crime é cometido mediante seqüestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e 109º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Nelson A. Jobim
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 8.4.1997

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