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Prof. Henrique Santillo Aula 02 1 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Aula 02 - Lei nº 9.455/1997 (crimes de tortura). Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Prof. Henrique Santillo Prof. Henrique Santillo Aula 02 2 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Sumário LEI Nº 9.455/1997 (CRIMES DE TORTURA). 3 NOÇÕES GERAIS 4 CRIME DE TORTURA 5 Tortura-prova, Tortura Para a Prática de Crime e Tortura Discriminatória (Art. 1º, I) 6 Tortura-castigo 10 Tortura do Preso ou de Pessoa Sujeita à Medida de Segurança 12 Omissão em Tortura ou Tortura-omissão 15 FORMAS QUALIFICADAS 17 CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 19 EFEITOS DA CONDENAÇÃO 20 OUTRAS DISPOSIÇÕES 22 LISTA DE QUESTÕES 26 GABARITO 33 QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 34 RESUMO DIRECIONADO 53 LEI Nº 9.455/1997 (TORTURA) 57 Prof. Henrique Santillo Aula 02 3 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Lei nº 9.455/1997 (crimes de tortura). Minhas saudações a você, guerreiro/a! Hoje vamos prosseguir com o estudo da seguinte lei esparsa exigida pelo edital: ✓ Lei nº 9.455/1997 (Crimes de Tortura) Trata-se de um tópico bastante explorado pela banca Cebraspe! Sugiro que se direcione para os seguintes tópicos: Vamos lá? CESPE - O que priorizar? → Distinção entre as modalidades do crime de tortura e suas respectivas penas →Causas de aumento de pena →Omissão em Tortura → Efeitos da Condenação Prof. Henrique Santillo Aula 02 4 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Noções Gerais Você, assim como eu, deve imaginar cenas horripilantes quando lê a palavra “tortura” ... Os métodos de tortura causam dor e/ou sofrimento ao torturado, sendo aplicados ao longo dos séculos com diferentes propósitos: como meio de prova, como fator de intimidação, como aplicação de pena ou castigo e até mesmo para satisfazer o próprio torturador! Veja só um caso fictício da prática de tortura, extraído do enunciado de uma questão contida na prova para ingresso na carreira de Delegado Federal, cujo concurso foi promovido e organizado pela banca CESPE: (CESPE – PF – 2018 – Adaptada) Cinco guardas municipais em serviço foram desacatados por dois menores. Após breve perseguição, um dos menores evadiu-se, mas o outro foi apreendido. Dois dos guardas conduziram o menor apreendido para um local isolado, imobilizaram-no, espancaram-no e ameaçaram- no, além de submetê-lo a choques elétricos. Os outros três guardas deram cobertura. Como se trata de um ato totalmente repugnante, a Constituição Federal proibiu expressamente a prática da tortura, equiparando-lhe a crime hediondo: Constituição Federal. Art. 5º (...) III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; Veja que a Constituição Federal não definiu nem tipificou conduta que representasse tortura – o que ela fez foi determinar que o legislador punisse a prática da tortura! Isso mesmo! A Constituição não criminaliza a conduta, mas “manda” o legislador fazê-lo! Dito e feito: o Congresso editou o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) que, em um de seus dispositivos, tipificou como o crime a prática de tortura contra crianças e adolescentes: Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a tortura: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 Pena - reclusão de um a cinco anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : § 1º Se resultar lesão corporal grave: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : Pena - reclusão de dois a oito anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : § 2º Se resultar lesão corporal gravíssima: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9455.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9455.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9455.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9455.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9455.htm#art4 Prof. Henrique Santillo Aula 02 5 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Pena - reclusão de quatro a doze anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : § 3º Se resultar morte: (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : Pena - reclusão de quinze a trinta anos. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : Em 1997, entretanto, entra em vigor a Lei nº 9.455/97 – a Lei da Tortura – que, além de revogar o art. 2331 do ECA e criminalizar a prática da tortura, tipifica a omissão daqueles que deveriam evitá-la ou apurá-la! Vamos iniciar com uma questão: (IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo. O crime de tortura contra pessoa menor de 18 (dezoito) anos não mais se encontra previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente. RESOLUÇÃO: Item corretíssimo. É isso mesmo! A Lei de Crimes de Tortura também se aplica aos atos de tortura praticados contra crianças e adolescentes, tendo revogado expressamente o art. 233 do ECA: Lei nº 9.455/1997. Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Crime de Tortura Como havíamos dito, o crime de tortura foi definido pela Lei nº 9.455/97. Na realidade, como vamos observar, o crime de tortura comporta várias espécies. Leia comigo: Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa; II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. 1 Lei nº 9.455/1997. Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9455.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9455.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9455.htm#art4 Prof. Henrique Santillo Aula 02 6 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Pena - reclusão, de dois a oito anos. § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá- las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. Agora vou deixar esses dispositivos bem claros para você, rs. Vamos à primeira espécie do crime de tortura: Tortura-prova, Tortura Para a Prática de Crime e Tortura Discriminatória (Art. 1º, I) O art. 1º, inciso I, nos apresenta três modalidades do crime de tortura, as quais se diferenciam apenas pela motivação do agente torturador (dolo específico): Art. 1º Constitui crime de tortura: I -constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa; Pena - reclusão, de dois a oito anos. Vamos agora analisar o núcleo do tipo do crime do art. 1º, inciso I: Constranger → o agente obriga a vítima a fazer algo contra a sua vontade, provocando-lhe sofrimento físico e/ou mental e retirando a sua liberdade de autodeterminação. Para isso, ele deve se valer de dois meios: → Violência (socos, chutes, choques elétricos, chicotadas, afogamento temporário etc.). → Grave ameaça (ameaça de morte, de estupro, de lesões etc.) Quando pensamos em tortura, logo nos vêm à cabeça atos violentos, sanguinários... Contudo, ATENÇÃO: o crime de tortura pode ser cometido também com o emprego de grave ameaça, sem o uso da violência! Prof. Henrique Santillo Aula 02 7 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Além disso, o agente deverá constranger a vítima com a finalidade de alcançar um dos seguintes objetivos, os quais constituem espécies autônomas do crime do art. 1º, II: A. Para obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa (tortura-prova) Não importa a natureza da informação que o torturador deseja obter: pode ser pessoal, criminosa, comercial etc. Vou te adiantar algo: a consumação do crime de tortura-prova vai ocorrer independentemente do fornecimento da informação, declaração ou confissão pela vítima ou pelo terceiro. Infelizmente, essa modalidade de tortura está presente na conduta de alguns agentes policiais – ouso dizer que seja a modalidade mais praticada desse crime! Exemplos: 1) Credor chicoteia o devedor para que ele assine um termo de confissão de dívida 2) Policial militar dá choques no suspeito para que ele confesse a prática de determinado crime. 3) Esposa coloca uma arma na cabeça do filho na presença do marido para que ele confesse traição – típico caso de tortura para que terceiro confesse. B. Para provocar ação ou omissão de natureza criminosa (tortura para a prática de crime) Por meio de violência ou grave ameaça, o agente constrange a vítima a praticar algum crime comissivo ou omissivo. Exemplos: 1) O chefe de uma organização criminosa tortura um membro para que ele pratique determinado crime. 2) A enfermeira que tortura o colega médico para ele que não preste socorro ao paciente X, inimigo mortal da profissional da saúde A vítima NÃO responderá pela prática do crime! Isso porque o torturador, por meio de coação moral, retira da vítima a exigibilidade de conduta diversa, excluindo a sua culpabilidade. Veja o que diz o Código Penal: Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. Prof. Henrique Santillo Aula 02 8 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF C. Em razão de discriminação racial ou religiosa (tortura discriminatória) Nesse caso, o agente, mediante sofrimento físico ou mental, provoca sofrimento na vítima levado por sentimento discriminatório, por puro preconceito em ração de sua raça ou de sua religião! Membros de um grupo racista empregam violência contra uma mulher negra, causando-lhe sofrimento físico, discriminando-a sob o argumento de que “a raça negra é inferior”. Ao contrário das outras duas espécies, na tortura discriminatória NÃO se exige a prática de nenhuma conduta ou omissão por parte da vítima. A tortura-discriminação não abrange outros motivos, como preferência política, situação econômica etc. Disposições comuns aos crimes do art. 1º, inciso I Os crimes de tortura do art. 1º, inciso I são formais, ou seja, se consumam com a prática do constrangimento, pouco importando se o agente atingiu o objetivo pretendido! Como o crime é formal, não é necessário que o sujeito ativo atinja o objetivo pretendido (obtenção da informação, declaração ou confissão almejadas (tortura-prova); realização da ação ou omissão criminosa pelo torturado (tortura-crime); ou do comportamento em razão da discriminação racial ou religiosa (tortura-discriminatória). Não haverá tortura se o agente obrigar a vítima a praticar CONTRAVENÇÃO PENAL! Isso porque a lei fala expressamente em ação ou omissão de natureza CRIMINOSA. Poderíamos cogitar, no caso, a prática do crime de constrangimento ilegal (Código Penal): Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Prof. Henrique Santillo Aula 02 9 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Trata-se de crimes comuns, pois não se exige condição especial do sujeito ativo! Isso mesmo! Cuidado especialmente com questões que afirmem ser próprio o crime de tortura para obtenção de informação, declaração ou confissão! Vimos que ele pode ser cometido tanto pelo particular (inclusive por você!), quanto pelos agentes públicos – incluindo aí os policiais militares! Olha só uma questão: (IBFC – PM/BA – 2017 ) Assinale a alternativa correta considerando as previsões da Lei federal n° 9.455, de 07 de abril de 1997 (Crimes de tortura) sobre a pena aplicável no caso da conduta de constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. a) Detenção, de quatro a oito anos b) Reclusão, de três a oito anos c) Detenção, de dois a dez anos d) Reclusão, de dois a oito anos e) Reclusão, de cinco a dez anos. RESOLUÇÃO: A pena prevista para o crime de tortura-prova é de 2 a 8 anos de reclusão: Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa; Pena - reclusão, de dois a oito anos. Resposta: D Veja mais uma questão: (FCC – MP/PE – 2014 – Adaptado) Quanto aos crimes de tortura, julgue o item abaixo. Todos são classificados como próprios, segundo expressa disposição legal. RESOLUÇÃO: Ainda não vimos as outras modalidades, mas podemos considerar o item incorreto: acabamos de estudar três modalidades do crime de tortura que não exigem condição especial do sujeito ativo. São, portanto, comuns os crimes do art. 1º, inciso I, alíneas a, b e c (tortura-prova, tortura para a prática de crime e tortura discriminatória). Prof. Henrique Santillo Aula 02 10 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Tortura-castigo Também chamada de tortura-punição, estamos diante da conduta do agente que, por meio de violência ou de grave ameaça, tem por objetivo aplicar: → Castigo → Medida de caráter preventivo (para evitar comportamentos indesejados) Submetendo pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade a INTENSO sofrimento FÍSICO ou MENTAL Veja só: Art. 1º Constitui crime de tortura: (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos. A torturado art. 1º, II é crime próprio, exigindo condição especial do: → Sujeito ativo: só pode ser autor desse crime aquele que tiver a guarda da vítima ou exercer sobre ela algum tipo de poder ou autoridade, momentâneo ou permanente. → Sujeito passivo: por outro lado, só pode ser vítima aquele que está sob a guarda, poder ou autoridade do sujeito ativo! Exemplos: o pai contra o filho; o professor contra o aluno, o cuidador de idosos contra o idoso, tutor contra o tutelado; professor em relação ao aluno, carcereiro em relação ao preso etc. O crime de tortura-castigo é caracterizado pelo INTENSO sofrimento físico ou mental. Se o sofrimento causado for leve ou moderado, devemos considerar a ocorrência de outras figuras típicas, como o crime de maus-tratos: Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. Prof. Henrique Santillo Aula 02 11 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Mais uma vez: o intenso sofrimento mental causado para fins de aplicação de castigo ou medida preventiva também configura o crime de tortura-castigo. Ah, é importante que você visualize as duas elementares dos crimes de tortura do art. 1º: O dolo específico do crime de tortura-castigo é o animus corrigendi – vontade de aplicar castigo ou medida preventiva! Dessa forma, não responderá pelo crime de tortura-castigo o pai que, por sadismo, submete o filho a intenso sofrimento físico mediante o uso de violência. Sadismo é uma perversão caracterizada pelo prazer com a dor alheia. Vamos a uma questão do Cespe? (CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes de tortura, julgue o item seguinte. A babá que, mediante grave ameaça e como forma de punição por mau comportamento durante uma refeição, submeter menor que esteja sob sua responsabilidade a intenso sofrimento mental não praticará crime de tortura por falta de tipicidade, podendo ser acusada apenas de maus tratos. RESOLUÇÃO: Opa! Veja que a conduta da babá se amolda perfeitamente ao crime de tortura-castigo, pois: Submeteu menor sob sua responsabilidade... Mediante grave ameaça Inciso I Tortura-prova, Tortura-crime e Tortura- discriminação Exige "apenas" sofrimento físico ou mental Inciso II Tortura-castigo Exige INTENSO sofrimento físico ou mental Prof. Henrique Santillo Aula 02 12 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF A intenso sofrimento mental Como forma de punição por mau comportamento Confere comigo: Art. 1º Constitui crime de tortura: (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos. Item incorreto. Tortura do Preso ou de Pessoa Sujeita à Medida de Segurança Trata-se da conduta daquele que sujeita o preso ou pessoa que cumpre medida de segurança a determinado comportamento não previsto em lei, causando-lhe sofrimento físico ou mental: Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE SEGURANÇA à sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. (...) Pena - reclusão, de dois a oito anos. O crime do art. 1º, §1º não exige uma finalidade específica, bastando o dolo simples para a sua configuração. Contudo, a presença de alguma finalidade (como o castigo) não desconfigura o crime. Ao contrário das outras modalidades de tortura que vimos, NÃO é necessário haver o emprego de violência ou grave ameaça. A vítima será submetida a sofrimento físico ou mental pela pratica de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal! É o caso do carcereiro que submete o preso a cela escura ou solitária ou que deixa o preso sem alimentos por vários dias. Além disso, o carcereiro também responderá por esse crime quando colocar o preso em regime disciplinar diferenciado sem autorização judicial. Prof. Henrique Santillo Aula 02 13 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, embora normalmente figurem como autores o carcereiro, o agente penitenciário, o diretor do estabelecimento prisional etc. Contudo, o crime é considerado próprio em relação ao sujeito passivo, que deverá ser sempre pessoa presa ou sujeita a medida de segurança! Exemplo: pode ser sujeito ativo desse crime um grupo de presos que submete outro detento, que pertence à facção rival, a sofrimento físico e mental. Vamos de CESPE?! (CESPE – PC/ES – 2011) Com relação à legislação especial, julgue o item que se segue. No crime de tortura em que a pessoa presa ou sujeita a medida de segurança é submetida a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal, não é exigido, para seu aperfeiçoamento, especial fim de agir por parte do agente, bastando, portanto, para a configuração do crime, o dolo de praticar a conduta descrita no tipo objetivo. RESOLUÇÃO: É isso aí! O crime do art. 1º, §1º não exige uma finalidade específica, bastando o dolo simples de praticar a conduta descrita no tipo objetivo para a sua configuração: Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE SEGURANÇA à sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. (...) Pena - reclusão, de dois a oito anos. Item correto. Prof. Henrique Santillo Aula 02 14 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Como o meu maior desejo é a sua aprovação, montei um quadro-resumo com as principais características das modalidades de tortura que estudamos até aqui: Sujeito Ativo e Passivo Meio de execução Resultado Finalidade (Dolo Específico) Art. 1º, inc I Crime comum Qualquer pessoa Violência ou grave ameaça Sofrimento físico ou mental a) Tortura-prova b) Tortura para a prática de crime c) Tortura-discriminação Art. 1º, inc II (Tortura-castigo) Crime próprio Sujeito ativo E passivo (relação de guarda, poder ou autoridade) Violência ou grave ameaça INTENSO sofrimento físico ou mental Aplicação de castigo ou medida de caráter preventivo Art. 1º, § único (tortura do preso) Crime próprio Sujeito passivo deve ser preso ou cumprir medida de segurança. Pratica de ato não previsto em lei ou em medida legal Sofrimento físico ou mental NÃO exige finalidade específica Veja como é importante a compreensão do esqueminha com uma questão da banca CESPE: (CESPE – DEPEN – 2013) Em cada um dos itens de 33 a 36 é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base no disposto na Lei n.º 4.898/1965 e na Lei n.º 9.455/1997. Um agente penitenciário federal determinou que José, preso sob sua custódia, permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber água ou alimentar-se, como forma de castigo, já que José havia cometido, comprovadamente, grave falta disciplinar. Nessa situação, esse agente cometeu crime de tortura, ainda que não tenha utilizado de violência ou grave ameaça contra José. RESOLUÇÃO: Fica evidente que o agente cometeuo crime de tortura contra o preso, que não exige o emprego de violência ou grave ameaça para a sua configuração; na realidade, basta a prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal (permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber água ou alimentar-se). Art. 1º (...) § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa PRESA ou sujeita a MEDIDA DE SEGURANÇA à sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. (...) Prof. Henrique Santillo Aula 02 15 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Pena - reclusão, de dois a oito anos. Professor, ele não cometeu o crime de tortura-castigo? Não, pois não houve o emprego de violência ou de grave ameaça, elementares desta modalidade de tortura: Art. 1º Constitui crime de tortura: (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos. Item correto. Mais uma questão da banca CESPE: (CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes de tortura, julgue o item seguinte. O crime de tortura admite qualquer pessoa como sujeitos ativo ou passivo; assim, pelo fato de não exigirem qualidade especial do agente, os crimes de tortura são classificados como crimes comuns. RESOLUÇÃO: Opa! Item incorreto. A questão errou ao generalizar, pois sabemos que existem crimes de tortura comuns e próprios. Sugiro que releia o quadro acima! Omissão em Tortura ou Tortura-omissão Vimos, bem no comecinho da nossa aula, que a Constituição Federal estabeleceu que responderá também pela prática da tortura aquele que se omitiu, quando poderia tê-la evitado! A Lei nº 9.455/97 foi além e determinou o seguinte: Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de EVITÁ- LAS ou APURÁ-LAS, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. É sujeito ativo do crime de omissão em tortura: O agente que tinha o dever de EVITÁ-LA (omissão imprópria) Temos aqui um típico caso de crime comissivo por omissão, em que será responsabilizado criminalmente o agente que figura na qualidade de garantidor da integridade da vítima e que, sendo possível, deveria ter agido para evitar a tortura contra ela, mas não o fez. Exemplo: Eduardo passou a morar com Marilene, que possuía 3 filhas de outro pai. Prof. Henrique Santillo Aula 02 16 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Eduardo, exercendo autoridade sobre as meninas, passou a lhes aplicar um método de correção cruel, amarrando-as em uma árvore e queimando partes do corpo com cigarros em brasa. Mesmo estando a par de toda essa crueldade, a mãe das vítimas deixou de tomar qualquer providência para evitar o resultado. Quero que você perceba que Marilene será punida (detenção, de 1 a 4 anos) não por efetivamente ter praticado ato de tortura, mas por ter se omitido, permitindo que o outro a realizasse! O agente que tinha o dever de APURÁ-LA (omissão própria) Nesse caso, o agente ficou da sabendo da tortura, mas “deu de ombros” e, mesmo devendo, não determinou a sua apuração e investigação. Exemplo: a mãe de um suspeito relatou ao Delegado de Polícia que um dos agentes lotados na delegacia praticou tortura contra o seu filho. Se a autoridade policial tomar conhecimento do fato e não determinar a investigação para a apuração da prática do crime, ela responderá pelo crime do art. 1º, §2º. ATENÇÃO! A omissão em tortura NÃO é crime equiparado a hediondo! Isso porque a Constituição Federal equiparou a crime hediondo a PRÁTICA da tortura, o que não se observa no crime do art. 1º, §2º! Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; Resolve pra mim esta questão CESPE: (CESPE – PC/GO – 2016 – Adaptada) À luz das disposições da Lei n.º 9.455/1997, que trata dos crimes de tortura, julgue o item seguinte. O delegado que se omite em relação à conduta de agente que lhe é subordinado, não impedindo que este torture preso que esteja sob a sua guarda, incorre em pena mais branda do que a aplicável ao torturador. RESOLUÇÃO: É isso aí! Muito embora não seja punido com a pena dos crimes de tortura (reclusão, de dois a oito anos), o delegado estará sujeito à pena do crime de omissão em tortura, cuja pena é mais branda: Prof. Henrique Santillo Aula 02 17 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá- las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. Veja mais uma questão: (IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo. O agente que deixa de agir em face do crime de tortura, quando era possuidor do dever jurídico de apurar o ilícito ou de evitar o seu advento, incorre na pena de 1 (um) a 4 (quatro) anos de detenção. RESOLUÇÃO: É isso mesmo! O item enunciou corretamente o crime de omissão em tortura, cuja pena prevista é de 1 a 4 anos de detenção. Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de EVITÁ-LAS ou APURÁ- LAS, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. Item correto. Formas Qualificadas A Lei nº 9.455/97 estabeleceu dois resultados que aumentam a pena prevista em abstrato para o crime de tortura, tornando-a mais grave que a modalidade simples: Art. 1º (...) § 3º Se resulta lesão corporal de natureza GRAVE ou GRAVÍSSIMA, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta MORTE, a reclusão é de oito a dezesseis anos. Tortura qualificada pelo resultado Lesão Corporal GRAVE ou GRAVÍSSIMA 4 a 10 anos (reclusão) MORTE 8 a 16 anos (reclusão) Prof. Henrique Santillo Aula 02 18 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Professor, quer dizer então que se o agente tem a intenção de tortura e matar, ele vai responder pela tortura qualificada? NÃO! O § 3º é uma forma preterdolosa do crime de tortura! Isso quer dizer que, nas formas qualificadas pelo resultado, o dolo ou a vontade do agente é de somente torturar a vítima – as lesões ou a morte decorrem de culpa, ou seja, o agente não as queria! Se o agente queria praticar tortura como meio de provocar a morte da vítima, ele poderá responder pela prática do crime de homicídio qualificado pela tortura, cuja pena é bem mais “salgada”: reclusão, de 12 a 30 anos! CÓDIGO PENAL Homicídio qualificado Art. 121 (...) § 2° Se o homicídio é cometido: III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Questão da banca CESPE: (CESPE – TJDFT – Juiz – 2014 – Adaptada) Considerando a lei de trata da tortura, julgue o item abaixo. O crime de tortura que resulta em lesão corporal de natureza grave ou gravíssima é punível conforme as penas previstas para esse delito, acrescidas das referentes ao delito de lesão corporal grave ou gravíssima. RESOLUÇÃO: O crime de tortura que resulta em lesão corporal de natureza grave ou gravíssima será punido a título de tortura preterdolosa, cuja pena em abstrato é de reclusão, de 4 a 10 anos: Art. 1º (...) § 3º Se resulta lesão corporalde natureza GRAVE ou GRAVÍSSIMA, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. Item incorreto. Prof. Henrique Santillo Aula 02 19 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Causas de Aumento de Pena A Lei de Tortura estabeleceu algumas causas que fazem aumentar a pena de um sexto a um terço: Art. 1º (...) 4º Aumenta-se a pena de UM SEXTO ATÉ UM TERÇO: I - se o crime é cometido por agente público; II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; III - se o crime é cometido mediante sequestro. Dentre essas causas, a do inciso I merece alguns comentários: Tortura cometida por agente público Vimos que, de forma geral, não se exige do sujeito ativo do crime de tortura a condição de agente público – ela será causa de aumento de pena! É considerado agente público o funcionário público do art. 327 do Código Penal: Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Questão! (FCC – AGEPEN/BA – 2010) NÃO constitui causa de aumento da pena prevista para o crime de tortura ser este cometido a) contra portador de deficiência e adolescente. b) contra criança, gestante e maior de sessenta anos. c) mediante sequestro. d) por agente público. e) contra pessoa sob custódia do Estado. RESOLUÇÃO: Dentre as hipóteses apresentadas, a única que não aumenta a pena do crime de tortura é a da alternativa ‘e’ – cometido contra pessoa sob custódia do Estado. Art. 1º (...) 4º Aumenta-se a pena de UM SEXTO ATÉ UM TERÇO: I - se o crime é cometido por agente público; II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; III - se o crime é cometido mediante sequestro. Resposta: e) Prof. Henrique Santillo Aula 02 20 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Vamos esquematizar? Efeitos da Condenação Além de ver a sua pena aumentada de 1/6 a 1/3, o agente público que for condenado pelo crime de tortura “sentirá na pele” os seguintes efeitos: Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a PERDA do cargo, função ou emprego público e a INTERDIÇÃO para seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada. É muito importante que você memorize o esquema abaixo, pois o §5º é muito cobrado em provas: Causas de Aumento de Pena 1/6 a 1/3 Cometido por Agente Público Cometido Contra CRIANÇA GESTANTE PORTADOR DE DEFICIÊNCIA ADOLESCENTE MAIOR DE 60 ANOS Cometido Mediante Sequestro Efeitos da Condenação PERDA do cargo/emprego/função pública INTERDIÇÃO para o seu exercício pelo DOBRO (2x) da pena aplicada Prof. Henrique Santillo Aula 02 21 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF É isso aí: a condenação do agente público pela prática de tortura deixa clara a grave violação de seus deveres funcionais, de forma que a sociedade e o Estado perderam totalmente a sua confiança! Por esse motivo, além de ser “extirpado” da Administração Pública, a Lei de Tortura ainda estabelece contra ele a impossibilidade de ocupação de qualquer cargo público (em sentido amplo) pelo DOBRO do prazo da pena aplicada – policial militar condenado a 6 anos de reclusão por praticar tortura: ele vai perder o seu cargo e vai ficar proibido de ingressar nos quadros da Administração Pública pelo prazo de 12 anos! ATENÇÃO! Para o STJ, a perda do cargo, função ou emprego público é EFEITO AUTOMÁTICO da condenação pela prática do crime de tortura! Sendo assim, não é necessário que o juiz fundamente de forma concreta para que tal efeito seja aplicado! RECURSO ESPECIAL. PENAL. TORTURA. POLICIAL MILITAR. PERDA DO CARGO PÚBLICO. EFEITO AUTOMÁTICO. VIOLAÇÃO DOS DEVERES FUNCIONAIS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, PROVIDO. (...) 3. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, uma vez reconhecida a prática do crime de tortura, de acordo com a legislação especial aplicável a este delito, a perda do cargo público é efeito automático e obrigatório da condenação. 4. Embora fosse dispensável na hipótese, o Juízo de origem fundamentou concreta e pormenorizadamente a necessidade da imposição da sanção de perda do cargo público em razão da violação dos deveres do funcionário estatal (policial militar) para com a Administração Pública. (STJ, REsp nº 1.762.112/MT - 2018/0218898-8) Veja só uma questão: (IBFC – PM/PB – 2018 – Adaptada) Com relação ao crime de tortura, julgue o item abaixo. Para que a condenação por crime de tortura possa importar na perda do cargo público, o juiz deve fazer constar tal efeito na sentença condenatória. RESOLUÇÃO: Item incorreto, pois a perda do cargo, função ou emprego público é EFEITO AUTOMÁTICO da condenação pela prática do crime de tortura, não sendo necessário que o juiz o aplique, de forma fundamentada, na sentença. Prof. Henrique Santillo Aula 02 22 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Outras disposições O §6º estabeleceu algumas vedações: § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. Bom, esse dispositivo vai ao encontro do que estabelece a Constituição Federal e a Lei de Crimes Hediondos (não se esqueça de que a prática da tortura é crime equiparado a hediondo): Constituição Federal. Art. 5º (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; Lei de Crimes Hediondos. Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto; II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) Professor, a Lei da Tortura não veda a concessão do indulto... O STF entende que a palavra “graça”, na Constituição Federal, abrange o indulto! Confere aí a decisão: O inciso I do art. 2º da Lei n. 8.072/90 retira seu fundamento de validade diretamente do art. 5º, XLII, da Constituição Federal. III — O art. 5º, XLIII, da Constituição, que proíbe a graça, gênero do qual o indulto é espécie, nos crimes hediondos definidos em lei, não conflita com o art. 84, XII, da Lei Maior. STF — HC 90.364, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgado em 31/10/2007, public. 30/11/2007, p. 29). Além disso, o §7º determina que o condenado por tortura (exceto por tortura imprópria ou omissiva) deverá iniciar o cumprimento da pena em regime fechado: § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. O STJ entende que não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena em regime fechado. Assim, o juiz deverá levar em conta as circunstâncias judiciais para estabelecer o regime inicial de cumprimento da pena, que poderá ser o aberto, o semiaberto ou o fechado. Prof. Henrique Santillo Aula 02 23 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF DIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA NO CRIME DE TORTURA. Não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no regime prisional fechado. Dispõe o art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997 – lei que defineos crimes de tortura e dá outras providências – que “O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado”. Entretanto, cumpre ressaltar que o Plenário do STF, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe 17.12.2013), afastou a obrigatoriedade do regime inicial fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, devendo-se observar, para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP. Assim, por ser equiparado a crime hediondo, nos termos do art. 2º, caput e § 1º, da Lei 8.072/1990, é evidente que essa interpretação também deve ser aplicada ao crime de tortura, sendo o caso de se desconsiderar a regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997, que possui a mesma disposição da norma declarada inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao adotar essa posição, não se está a violar a Súmula Vinculante n.º 10, do STF, que assim dispõe: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte”. De fato, o entendimento adotado vai ao encontro daquele proferido pelo Plenário do STF, tornando-se desnecessário submeter tal questão ao Órgão Especial desta Corte, nos termos do art. 481, parágrafo único, do CPC: “Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão”. Portanto, seguindo a orientação adotada pela Suprema Corte, deve-se utilizar, para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP e as Súmulas 440 do STJ e 719 do STF. Confiram-se, a propósito, os mencionados verbetes sumulares: “Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.” (Súmula 440 do STJ) e “A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.” (Súmula 719 do STF). HC 286.925-RR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014. Por fim, temos duas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, já que a Lei de Tortura será aplicada até mesmo a atos de tortura praticados no exterior, desde que: → A vítima seja brasileira OU → O agente esteja em local sujeito à jurisdição brasileira Pelo princípio da territorialidade, a lei brasileira deve ser aplicada aos crimes cometidos no território nacional. Contudo, a Lei nº 9.455/97 será aplicada nos casos em que o crime de tortura não for cometido no Brasil, mas a vítima é brasileira, ou quando o crime não for cometido no Brasil, mas o torturador vem “passar férias” no Brasil. http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=HC+286925 Prof. Henrique Santillo Aula 02 24 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Confere: Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. Resolva esta questão CESPE: (CESPE – MPCE – 2020) A respeito da Lei de Crimes de Tortura (Lei n.º 9.455/1997), julgue o próximo item. A Lei de Crimes de Tortura, ao prever sua incidência mesmo sobre crimes que tenham sido cometidos fora do território nacional, estabelece hipótese de extraterritorialidade incondicionada. RESOLUÇÃO: Amigo/a, muito embora a regra seja a aplicação da lei brasileira aos crimes praticados no território brasileiro, o nosso sistema escolheu algumas situações em que há maior nível de reprovação, as quais é aplicada a legislação brasileira nos crimes praticados em outro território. A Lei de Tortura prevê duas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, tendo em vista que será aplicada aos crimes de tortura cometidos no exterior sem a exigência de qualquer outra condição: → quando a vítima for brasileira OU → quando o agente estiver em local sujeito à jurisdição brasileira (existe, neste último caso, polêmica quanto à natureza da extraterritorialidade: se condicionada ou incondicionada – contudo, a maioria doutrinária adota a última corrente). Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira OU encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. Mesmo se desconsiderássemos a polêmica, a questão permaneceria correta, eis que a lei efetivamente adotou hipótese de extraterritorialidade incondicionada. Assim, nosso item está correto. Veja comigo esta questão para encerrarmos nossa aula! (FGV – PC/RJ – 2009) Com relação ao crime de tortura, previsto na Lei 9.455/97, analise as afirmativas a seguir: I. A condenação pelo crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. II. Constitui crime de tortura submeter alguém sob sua guarda, com emprego de grave ameaça, a intenso sofrimento mental como forma de aplicar medida de caráter preventivo. III. O disposto na Lei de Tortura (Lei 9.455/97) aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira. Prof. Henrique Santillo Aula 02 25 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Assinale: a) se nenhuma afirmativa estiver correta. b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas. RESOLUÇÃO: Vamos analisar as afirmativas: I. Isso mesmo! Os condenados por tortura, se agentes públicos, ficam sujeitos a dois efeitos: Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a PERDA do cargo, função ou emprego público e a INTERDIÇÃO para seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada. II. Também está correta, pois a grave ameaça e o intenso sofrimento mental configuram a tortura- castigo, se cometida contra pessoa sob guarda do agente: Art. 1º (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. III. Perfeito! A Lei nº 9.455/97 também se aplica aos casos de tortura cometidos no exterior contra vítima brasileira: Todas as afirmativas estão corretas. Prof. Henrique Santillo Aula 02 26 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Lista de Questões 1. (CESPE – PRF/CFO – 2020) No que se refere ao uso diferenciado da força, julgue o item a seguir. Se um policial rodoviário federal, com o objetivo de obter confissão de uma pessoa que tenha sido flagrada cometendo infração, praticar intencionalmente algum ato para causar sofrimento mental a essa pessoa, essa conduta poderá ser caracterizada como tortura. 2. (CESPE – PF – 2018) Tendo como referência a legislação penal extravagante e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores, julgue o item que se segue. A condenação pela prática de crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para o seu exercício por prazo igual ao da pena aplicada. 3. (CESPE – PM/DF – 2010) Julgue os próximos itens, relativos aos crimes hediondos e à definição dos crimes de tortura. Considera-se tortura constranger alguém com grave ameaça, causando-lhesofrimento mental, com o fim de obter informação, ainda que de terceira pessoa. 4. (CESPE – PM/DF – 2010) Em relação às normas penais especiais, julgue o item subsecutivo. O delito de tortura também pode ser praticado na forma omissiva. 5. (CESPE – PC/PE – 2016) Rui e Jair são policiais militares e realizam constantemente abordagens de adolescentes e homens jovens nos espaços públicos, para verificação de ocorrências de situações de uso e tráfico de drogas e de porte de armas. Em uma das abordagens realizadas, eles encontraram José, conhecido por efetuar pequenos furtos, e, durante a abordagem, verificaram que José portava um celular caro. Jair começou a questionar a quem pertencia o celular e, à medida que José negava que o celular lhe pertencia, alegando não saber como havia ido parar em sua mochila, começou a receber empurrões do policial e, persistindo na negativa, foi derrubado no chão e começou a ser pisoteado, tendo a arma de Rui direcionada para si. Como não respondeu de forma alguma a quem pertencia o celular, José foi colocado na viatura depois de apanhar bastante, e os policiais ficaram rodando por horas com ele, com o intuito de descobrirem a origem do celular, mantendo-o preso na viatura durante toda uma noite, somente levando-o para a delegacia no dia seguinte. Nessa situação hipotética, à luz das leis que tratam dos crimes de tortura e de abuso de autoridade e dos crimes hediondos, a) os policiais cometeram o crime de tortura, que, no caso, absorveu o crime de lesão corporal. b) os policiais cometeram somente crime de abuso de autoridade e lesão corporal. Prof. Henrique Santillo Aula 02 27 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF c) o fato de Rui e Jair serem policiais militares configura causa de diminuição de pena. d) os policiais cometeram o tipo penal denominado tortura-castigo. e) caso venham a ser presos cautelarmente, Rui e Jair poderão ser soltos mediante o pagamento de fiança. 6. (CESPE – DEPEN – 2015) Com base na Lei Antitortura e na Lei contra Abuso de Autoridade, julgue o item subsequente. SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Um servidor público federal, no exercício de atividade carcerária, colocou em perigo a saúde física de preso em virtude de excesso na imposição da disciplina, com a mera intenção de aplicar medida educativa, sem lhe causar sofrimento. ASSERTIVA: Nessa situação, o referido agente responderá pelo crime de tortura. 7. (CESPE – Polícia Federal – 2004) Em cada um do item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada Agentes de polícia civil prenderam um ladrão de automóveis em flagrante delito e, para conseguir informações sobre a quadrilha de que ele participava, disseram-lhe que ele sofreria graves conseqüências caso não entregasse imediatamente seus cúmplices. Intimidado, o preso entregou o nome de seus comparsas. Nessa situação, os policiais não cometeram crime de tortura, que somente se consuma com a violência, não bastando para a sua caracterização a existência de uma ameaça, ainda que grave. 8. (CESPE – PC/DF – 2013) Julgue o item que se segue, acerca da legislação especial criminal. O agente público que submeter pessoa presa a sofrimento físico ou mental, ainda que por intermédio da prática de ato previsto em lei ou resultante de medida legal, praticará o crime de tortura. 9. (CESPE – DEPEN – 2013) Em cada um dos itens de 33 a 36 é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base no disposto na Lei n.º 4.898/1965 e na Lei n.º 9.455/1997. Joaquim, agente penitenciário federal, foi condenado, definitivamente, a uma pena de três anos de reclusão, por crime disposto na Lei n.º 9.455/1997. Nos termos da referida lei, Joaquim ficará impedido de exercer a referida função pelo prazo de seis anos. 10. (CESPE – PC/BA – 2013) Determinado policial militar efetuou a prisão em flagrante de Luciano e o conduziu à delegacia de polícia. Lá, com o objetivo de fazer Luciano confessar a prática dos atos que ensejaram sua prisão, o policial responsável por seu interrogatório cobriu sua cabeça com um saco plástico e amarrou-o no seu pescoço, asfixiando-o. Como Luciano não confessou, o policial deixou-o trancado na sala de interrogatório durante várias horas, pendurado de cabeça para baixo, no escuro, período em que lhe dizia que, se ele não confessasse, seria morto. O delegado de polícia, ciente do que ocorria na sala de interrogatório, manteve-se inerte. Em depoimento posterior, Luciano afirmou que a conduta do policial lhe provocara intenso sofrimento físico e mental. Prof. Henrique Santillo Aula 02 28 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Considerando a situação hipotética acima e o disposto na Lei Federal n.º 9.455/1997, julgue o item subsequente. O delegado não pode ser considerado coautor ou partícipe da conduta do policial, pois o crime de tortura somente pode ser praticado de forma comissiva. 11. (FUNIVERSA – AGEPEN/DF – 2015) No que diz respeito à legislação penal extravagante, segundo entendimento do STJ e do STF, julgue o item. Pratica crime de tortura o agente que expõe a perigo a saúde de pessoa sob sua autoridade, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, sujeitando-a a trabalho excessivo ou abusando de meios de correção ou disciplina. 12. (FUNIVERSA – AGEPEN/DF – 2015) Tendo como referência a legislação penal extravagante e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores, julgue o item que se segue. A condenação pela prática de crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para o seu exercício por prazo igual ao da pena aplicada. 13. (FUNIVERSA – SEJUS/DF – 2010) Policial federal, na sua atividade legal, descobre que criminoso de alcunha Galego participara de assalto à Casa da Moeda, ocasião em que foram roubados seiscentos milhões de reais. De posse dessa informação, o agente da lei sequestra o bandido e passa a aplicar-lhe afogamento e choques, desfere-lhe tapas e pontapés, com a finalidade de obter informações sobre onde escondera o dinheiro. Após conseguir tais informações, franqueia a liberdade a Galego. Pelos crimes cometidos, a pena a ser aplicada a esse policial a) corresponde à somatória da pena do crime de tortura mais a majorante do sequestro, acrescida da pena do sequestro do Código Penal. b) é a da tortura, com a majorante do sequestro. c) é a do sequestro, com a majorante da tortura. d) é a da tortura, com a majorante do sequestro, acrescida da metade. e) é a da tortura, com a majorante do sequestro qualificado, acrescida, em todo caso, de dois terços. 14. (IADES – SEAP/GO – 2019) A respeito da Lei nº 9.455/1997, assinale a alternativa correta. a) A consumação se dá com o emprego de meios violentos, ocasionando sofrimento físico ou mental, englobando, inclusive, o mero aborrecimento, o qual é apto a configurar o crime de tortura. b) A tortura-castigo exige uma relação de guarda, poder ou autoridade entre o sujeito ativo e o passivo. c) A diferenciação entre a tortura e os maus-tratos é o elemento subjetivo. No crime de maus-tratos, não há o animus corrigendi, disciplinandi, já no crime de tortura, o agente tem esse ânimo, além de agir com ódio, com vontade de ver um sofrimento desnecessário, com sadismo d) O objeto jurídico tutelado pela norma penal no crime de tortura é apenas a integridade corporal e a saúde física. Prof. Henrique Santillo Aula 02 29 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF e) O dolo específico não constitui elementar fundamental para a configuração das modalidades do crime de tortura previstas no art. 1º da Lei nº 9.455/199. 15. (FEPESE – AGEPEN/SC – 2018) Analise as afirmativas abaixo com fundamentona Lei n° 9.455, de 7 de abril de 1977, que define os crimes de tortura e dá outras providências. 1. Aumenta-se a pena do crime de tortura de um sexto até um terço se o crime é cometido mediante sequestro. 2. A pena para o crime de tortura, quando resulta morte, é de reclusão de oito a doze anos. 3. O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. 4. O condenado por crime de tortura, quando resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas. a) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3. b) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4. c) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4. d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4. e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4. 16. (IBFC – AGEPEN/MG – 2018) No que diz respeito ao crime de tortura, assinale a alternativa correta. a) o crime de tortura é afiançável b) o crime de tortura é suscetível de anistia c) a condenação deve acarretar a perda do cargo público e a interdição para seu exercício pelo triplo do prazo da pena aplicada d) constitui crime de tortura submeter alguém, sob sua guarda, com emprego de grave ameaça, a intenso sofrimento mental, como forma de aplicar castigo pessoal. e) o crime de tortura é suscetível de graça. 17. (IBFC – AGEPEN/MG – 2018) Assinale a alternativa correta. No crime de tortura, a pena aumenta de um sexto até um terço se o crime é cometido: a) contra pessoa maior de 50 (cinquenta) anos b) mediante rapto c) por agente público d) mediante extorsão Prof. Henrique Santillo Aula 02 30 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF e) mediante violência ou grave ameaça. 18. (IBFC – EMBASA – 2017) Assinale a alternativa incorreta sobre as previsões expressas da Lei Federal n° 9.455, de 07 de abril de 1997 que define os crimes de tortura e dá outras providências. a) Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. b) Aquele que submeter pessoa presa ou sujeita a medida de segurança, a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal, incorre em pena diversa àquela prevista para o crime de tortura c) No crime de tortura, aumenta-se a pena de um sexto até um terço, se o crime é cometido por agente público d) No crime de tortura, aumenta-se a pena de um sexto até um terço, se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos. 19. (FGV – OAB/XXX – 2019) Zélia, professora de determinada escola particular, no dia 12 de setembro de 2019, presencia, em via pública, o momento em que Luiz, nascido em 20 de dezembro de 2012, adota comportamento extremamente mal-educado e pega brinquedos de outras crianças que estavam no local. Insatisfeita com a omissão da mãe da criança, sentindo-se na obrigação de intervir por ser professora, mesmo sem conhecer Luiz anteriormente, Zélia passa a, mediante grave ameaça, desferir golpes com um pedaço de madeira na mão de Luiz, como forma de lhe aplicar castigo pessoal, causando-lhe intenso sofrimento físico e mental. Descobertos os fatos, foi instaurado inquérito policial. Nele, Zélia foi indiciada pelo crime de tortura com a causa de aumento em razão da idade da vítima. Após a instrução, confirmada a integralidade dos fatos, a ré foi condenada nos termos da denúncia, reconhecendo o magistrado, ainda, a presença da agravante em razão da idade de Luiz. Considerando apenas as informações expostas, a defesa técnica de Zélia, no momento da apresentação da apelação, poderá, sob o ponto de vista técnico, requerer a) a absolvição de Zélia do crime imputado, pelo fato de sua conduta não se adequar à figura típica do crime de tortura. b) a absolvição de Zélia do delito de tortura, com fundamento na causa de exclusão da ilicitude do exercício regular do direito, em que pese a conduta seja formalmente típica em relação ao crime imputado. c) o afastamento da causa de aumento de pena em razão da idade da vítima, restando apenas a agravante com o mesmo fundamento, apesar de não ser possível pugnar pela absolvição em relação ao crime de tortura. d) o afastamento da agravante em razão da idade da vítima, sob pena de configurar bis in idem, já que não é possível requerer a absolvição do crime de tortura majorada. Prof. Henrique Santillo Aula 02 31 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF 20. (FGV – OAB/XIX – 2016) Durante uma operação em favela do Rio de Janeiro, policiais militares conseguem deter um jovem da comunidade portando um rádio transmissor. Acreditando ser o mesmo integrante do tráfico da comunidade, mediante violência física, os policiais exigem que ele indique o local onde as drogas e as armas estavam guardadas. Em razão das lesões sofridas, o jovem vem a falecer. O fato foi descoberto e os policiais disseram que ocorreu um acidente, porquanto não queriam a morte do rapaz por eles detido, apesar de confirmarem que davam choques elétricos em seu corpo molhado com o fim de descobrir o esconderijo das drogas. Diante desse quadro, que restou integralmente provado, os policiais deverão responder pelo crime de a) lesão corporal seguida de morte. b) tortura qualificada pela morte com causa de aumento. c) homicídio qualificado pela tortura. d) abuso de autoridade. 21. (FGV – TJ/PI – 2015) Ressalvada a situação daquele que se omite, quando tinha dever de evitar ou apurar, os condenados por crime de tortura, na forma da Lei nº 9.455/97, devem cumprir a pena em regime: a) integralmente fechado; b) inicialmente fechado; c) inicialmente semiaberto; d) inicialmente semiaberto, no caso de tortura vindicativa; e) aberto. 22. (FCC – SEFAZ/BA – 2018) Lindomar é agente público e foi condenado à pena de reclusão de quatro anos pela prática de tortura. De acordo com a Lei federal nº 9.455/1997, que define os crimes de tortura e dá outras providências, a condenação de Lindomar acarretará a a) suspensão do seu cargo, função ou emprego público por dois anos. b) perda do seu cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício por quatro anos. c) suspensão do seu cargo, função ou emprego público por quatro anos. d) perda do seu cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício por oito anos. e) perda do seu cargo, função ou emprego público e a interdição permanente para seu exercício. 23. (FCC – Fundação da Criança/AP – 2018) Constitui crime de tortura a) privar a liberdade de alguém durante a ação de subtrair seu patrimônio mediante grave ameaça. Prof. Henrique Santillo Aula 02 32 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF b) constranger alguém com emprego de violência, causando-lhe sofrimento físico em razão de discriminação racial. c) praticar o tráfico de pessoas com o fim de exploração sexual de adolescente em outro país. d) privar alguém de sua liberdade mediante cárcere privado sem contato com seus familiares. e) reduzir alguém a condição análoga à de escravo submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva. 24. (FCC – DPE/RS – 2014) Sobre a Lei nº 9.455/97 (Crimes de Tortura), é correto afirmar que a) se a vítima da tortura for criança, a Lei nº 9.455/97 deve ser afastada para incidência do tipo penal específico de tortura previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 233 do ECA). b) há previsão legal de crime por omissão. c) é inviável a suspensão condicional do processo para qualquer das modalidades típicas previstas nalei. d) o regramento impõe, para todos os tipos penais que prevê, que o condenado inicie o cumprimento da pena em regime fechado. e) há vedação expressa, no corpo da lei, de aplicação do sursis para os condenados por tortura. Prof. Henrique Santillo Aula 02 33 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Gabarito 1. C 2. E 3. C 4. C 5. A 6. E 7. E 8. E 9. C 10. E 11. E 12. E 13. B 14. B 15. C 16. D 17. C 18. B 19. A 20. B 21. B 22. D 23. B 24. B Prof. Henrique Santillo Aula 02 34 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Questões Comentadas Pelo Professor 1. (CESPE – PRF/CFO – 2020) No que se refere ao uso diferenciado da força, julgue o item a seguir. Se um policial rodoviário federal, com o objetivo de obter confissão de uma pessoa que tenha sido flagrada cometendo infração, praticar intencionalmente algum ato para causar sofrimento mental a essa pessoa, essa conduta poderá ser caracterizada como tortura. RESOLUÇÃO: Isso mesmo! O crime de tortura não exige, necessariamente, a utilização de meios físicos, sendo possível a sua prática mediante grave ameaça da qual resulte sofrimento mental e com o objetivo de obter informação que diga respeito ao próprio torturado e/ou à terceira pessoa. Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; Resposta: C 2. (CESPE – PF – 2018) Tendo como referência a legislação penal extravagante e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores, julgue o item que se segue. A condenação pela prática de crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para o seu exercício por prazo igual ao da pena aplicada. RESOLUÇÃO: Item incorreto, pois a prática de tortura resulta na perda do cargo, função ou emprego público, bem como na interdição para o seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada: Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Resposta: E 3. (CESPE – PM/DF – 2010) Julgue os próximos itens, relativos aos crimes hediondos e à definição dos crimes de tortura. Prof. Henrique Santillo Aula 02 35 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Considera-se tortura constranger alguém com grave ameaça, causando-lhe sofrimento mental, com o fim de obter informação, ainda que de terceira pessoa. RESOLUÇÃO: Vimos que o crime de tortura não exige, necessariamente, a utilização de meios físicos, sendo possível a sua prática mediante grave ameaça da qual resulte sofrimento mental e com o objetivo de obter informação que diga respeito ao próprio torturado e/ou à terceira pessoa. Perfeito! Vimos que o crime de tortura também prevê a figura omissiva, a qual recai sobre aquele que tinha o dever de evitar ou de apurar a sua prática: Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa; Dessa forma, a nossa assertiva está correta, pois de acordo com art. 1º, I, a). Resposta: C 4. (CESPE – PM/DF – 2010) Em relação às normas penais especiais, julgue o item subsecutivo. O delito de tortura também pode ser praticado na forma omissiva. RESOLUÇÃO: Perfeito! Vimos que o crime de tortura também prevê a figura omissiva, a qual recai sobre aquele que tinha o dever de evitar ou de apurar a sua prática: Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. Dessa forma, a nossa assertiva está corretíssima. Resposta: C 5. (CESPE – PC/PE – 2016) Rui e Jair são policiais militares e realizam constantemente abordagens de adolescentes e homens jovens nos espaços públicos, para verificação de ocorrências de situações de uso e tráfico de drogas e de porte de armas. Em Prof. Henrique Santillo Aula 02 36 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF uma das abordagens realizadas, eles encontraram José, conhecido por efetuar pequenos furtos, e, durante a abordagem, verificaram que José portava um celular caro. Jair começou a questionar a quem pertencia o celular e, à medida que José negava que o celular lhe pertencia, alegando não saber como havia ido parar em sua mochila, começou a receber empurrões do policial e, persistindo na negativa, foi derrubado no chão e começou a ser pisoteado, tendo a arma de Rui direcionada para si. Como não respondeu de forma alguma a quem pertencia o celular, José foi colocado na viatura depois de apanhar bastante, e os policiais ficaram rodando por horas com ele, com o intuito de descobrirem a origem do celular, mantendo-o preso na viatura durante toda uma noite, somente levando-o para a delegacia no dia seguinte. Nessa situação hipotética, à luz das leis que tratam dos crimes de tortura e de abuso de autoridade e dos crimes hediondos, a) os policiais cometeram o crime de tortura, que, no caso, absorveu o crime de lesão corporal. b) os policiais cometeram somente crime de abuso de autoridade e lesão corporal. c) o fato de Rui e Jair serem policiais militares configura causa de diminuição de pena. d) os policiais cometeram o tipo penal denominado tortura-castigo. e) caso venham a ser presos cautelarmente, Rui e Jair poderão ser soltos mediante o pagamento de fiança. RESOLUÇÃO: a) CORRETO. Os policiais cometeram o crime de tortura-prova, pois observamos a presença do dolo específico de obter confissão, informação ou declaração: Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; Pena - reclusão, de dois a oito anos. Como o crime de lesão corporal foi cometido como meio de se praticar a tortura, aquele ficará absorvido pelo último. b) INCORRETO. Como vimos, houve a prática do crime de tortura, que também absorverá o crime de abuso de autoridade. c) INCORRETO. O fato de Rui e Jair serem policiais militares confere maior reprovabilidade à conduta de ambos, representa causa de aumento de pena: Art. 1º (...) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I - se o crime é cometido por agente público; Prof. Henrique Santillo Aula 02 37 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF d) INCORRETO. O crime de tortura-castigo apenas se configura se cometido contra pessoa presa ou sujeita à medida de segurança, o que não se observa no caso narrado. Art. 1º Constitui crime de tortura: (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos. e) INCORRETO. O crime de tortura é INAFIANÇÁVEL: Art. 1º (...) § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. Resposta: A 6. (CESPE – DEPEN – 2015) Com base na Lei Antitortura e na Lei contra Abuso de Autoridade, julgue o item subsequente.SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Um servidor público federal, no exercício de atividade carcerária, colocou em perigo a saúde física de preso em virtude de excesso na imposição da disciplina, com a mera intenção de aplicar medida educativa, sem lhe causar sofrimento. ASSERTIVA: Nessa situação, o referido agente responderá pelo crime de tortura. RESOLUÇÃO: Para a caracterização do crime de tortura-castigo, é necessário observar o intuito do agente em causar intenso sofrimento físico ou mental à vítima, como forma de impor disciplina: Art. 1º Constitui crime de tortura: (...) II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Como não foi observado o sofrimento do preso, o agente responderá pela prática do crime de maus-tratos. Veja o que diz o Código Penal: Maus-tratos Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Prof. Henrique Santillo Aula 02 38 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. Resposta: E 7. (CESPE – Polícia Federal – 2004) Em cada um do item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada Agentes de polícia civil prenderam um ladrão de automóveis em flagrante delito e, para conseguir informações sobre a quadrilha de que ele participava, disseram-lhe que ele sofreria graves conseqüências caso não entregasse imediatamente seus cúmplices. Intimidado, o preso entregou o nome de seus comparsas. Nessa situação, os policiais não cometeram crime de tortura, que somente se consuma com a violência, não bastando para a sua caracterização a existência de uma ameaça, ainda que grave. RESOLUÇÃO: Item incorreto. A tortura-prova também se configura com o emprego de grave ameaça, que poderá constranger a vítima a fornecer informações, causando-lhe sofrimento mental (como ocorreu no caso): Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Resposta: E 8. (CESPE – PC/DF – 2013) Julgue o item que se segue, acerca da legislação especial criminal. O agente público que submeter pessoa presa a sofrimento físico ou mental, ainda que por intermédio da prática de ato previsto em lei ou resultante de medida legal, praticará o crime de tortura. RESOLUÇÃO: Opa! Não cometerá crime de tortura o agente público que praticar ato previsto em lei ou resultante de medida legal, submetendo pessoa presa a sofrimento físico ou mental. O crime só se configurará se o ato praticado não estiver previsto em lei ou não for resultante de medida legal: Art. 1º Constitui crime de tortura: (...) Pena - reclusão, de dois a oito anos. (...) Prof. Henrique Santillo Aula 02 39 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. Resposta: E 9. (CESPE – DEPEN – 2013) Em cada um dos itens de 33 a 36 é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base no disposto na Lei n.º 4.898/1965 e na Lei n.º 9.455/1997. Joaquim, agente penitenciário federal, foi condenado, definitivamente, a uma pena de três anos de reclusão, por crime disposto na Lei n.º 9.455/1997. Nos termos da referida lei, Joaquim ficará impedido de exercer a referida função pelo prazo de seis anos. RESOLUÇÃO: Perfeito! A prática de tortura resulta na perda do cargo, função ou emprego público, bem como na interdição para o seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada: Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Dessa forma, se Joaquim foi condenado a uma pena de três anos de reclusão pela prática de tortura, ele ficará impedido de exercer a função pelo prazo de seis anos! Resposta: C 10. (CESPE – PC/BA – 2013) Determinado policial militar efetuou a prisão em flagrante de Luciano e o conduziu à delegacia de polícia. Lá, com o objetivo de fazer Luciano confessar a prática dos atos que ensejaram sua prisão, o policial responsável por seu interrogatório cobriu sua cabeça com um saco plástico e amarrou-o no seu pescoço, asfixiando-o. Como Luciano não confessou, o policial deixou-o trancado na sala de interrogatório durante várias horas, pendurado de cabeça para baixo, no escuro, período em que lhe dizia que, se ele não confessasse, seria morto. O delegado de polícia, ciente do que ocorria na sala de interrogatório, manteve-se inerte. Em depoimento posterior, Luciano afirmou que a conduta do policial lhe provocara intenso sofrimento físico e mental. Considerando a situação hipotética acima e o disposto na Lei Federal n.º 9.455/1997, julgue o item subsequente. O delegado não pode ser considerado coautor ou partícipe da conduta do policial, pois o crime de tortura somente pode ser praticado de forma comissiva. RESOLUÇÃO: Prof. Henrique Santillo Aula 02 40 de 58| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Epa! Vimos que o crime de tortura também prevê a figura omissiva, a qual recai sobre aquele que tinha o dever de evitar ou de apurar a sua prática: Art. 1º (...) § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. Como o delegado de polícia tomou ciência da prática da tortura ocorrida na sala de interrogatório e se manteve inerte, ele responderá pelo crime de tortura-omissão – o que torna a nossa afirmativa errada. Resposta: E 11. (FUNIVERSA – AGEPEN/DF – 2015) No que diz respeito à legislação penal extravagante, segundo entendimento do STJ e do STF, julgue o item. Pratica crime de tortura o agente que expõe a perigo a saúde de pessoa sob sua autoridade, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, sujeitando-a a trabalho excessivo ou abusando de meios de correção ou disciplina. RESOLUÇÃO: Item incorreto, pois a assertiva faz referência ao crime de maus tratos, constante no Código Penal: Maus-tratos Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. Resposta: E 12. (FUNIVERSA – AGEPEN/DF – 2015) Tendo como referência a legislação penal extravagante e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores, julgue o item que se segue. A condenação pela prática de crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para o seu exercício por prazo igual ao da pena aplicada. RESOLUÇÃO: Item incorreto, pois a prática de tortura resulta na perda do cargo, função ou emprego público, bem como na interdição para o seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada: Art. 1º (...) § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Prof.
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