Buscar

Relatório do filme ; O caso dos irmãos naves

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FACULDADE DE PALMAS 
CURSO DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
EDISON JUNIOR R.V. DE MORAES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO: O CASO DOS IRMÃOS NAVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PALMAS/TO 
2021 
EDISON JUNIOR R.V. DE MORAES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO: O CASO DOS IRMÃOS NAVES 
 
 
 
Trabalho da disciplina Teoria Geral do 
Processo Penal apresentado à Faculdade de 
Palmas – FAPAL/TO, no curso de Direito. 
 
 
Professora: Marina Della Torre 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PALMAS/TO 
2021 
SUMÁRIO 
1. RESUMO...............................................................................................................4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O filme O Caso dos Irmãos Naves é um filme que retrata o evento que teve 
enorme repercussão nacional, resultante dos sucessivos erros jurídicos que aconteceram 
nesse acontecimento. Ressalta-se, aliás, que é conhecido como o erro judiciário mais 
substancial ocorrido no Brasil. O filme é uma adaptação do livro homônimo escrito por 
João Alamy Filho. A adaptação, dirigida por Jean-Claude Bernadert e Luís Sérgio 
Person, datada do ano de 1967, representa fielmente a o fato ocorrido. 
Para a compreensão de alguns aspectos desse caso é faz mister assimilar o 
cenário político-histórico da época. O ano é 1937, proêmio do governo de Getúlio Vargas, 
conhecido como Estado Novo. Esse regime tinha forte cunho ditatorial, e estava causando 
profundas alterações no país, inclusive no campo econômico. 
Em meio a esse panorama, na cidade de Araguari, estados de Minas Gerais, 
estavam dois irmãos: Joaquim Naves Rosa, de 27 anos, e Sebastião José Naves, de 32 
anos. Os dois irmãos tinham uma sociedade com seu primo, Benedito Pereira Caetano. 
Este havia realizado diversos empréstimos, pois imaginava que o mercado daria uma 
guinada, o que permitiria que ele obtivesse massivos lucros investindo numa plantação 
de arroz. Todavia, em verdade começam a suceder reiteradas quedas de preços que 
afligem Benedito, que já se encontrava em uma situação econômica não favorável, devido 
a muitas dívidas contraídas. Na madrugada de 29 para 30 de novembro, Benedito, que 
estava hospedado na residência de Joaquim foge com seus últimos recursos, que 
somavam 90 contos de réis. 
Os irmãos Naves desconheciam a fuga de Benedito e, após tentar localizá-lo 
em diversos lugares, se dirigem a polícia para relatar o desaparecimento de seu primo 
para que as medidas necessárias sejam tomadas. Um inquérito foi aberto para apurar os 
fatos, inicialmente conduzido por Ismael Benedito do Nascimento, que era um civil que 
exercia a função de delegado. As investigações iniciais não trouxeram nenhum resultado 
satisfatório, tais como suposto cadáver ou dinheiro que eventualmente Benedito estava 
carregando. O governo, ao final do ano, decidiu que seria melhor um militar a frente das 
investigações, e com isso substituíram Ismael por um tenente chamado Francisco Vieira 
dos Santos, mais conhecido como “Chico Vieira”. 
Francisco era conhecido por ser atroz e se utilizar de métodos pungentes e 
impiedosos. Realmente, após sua nomeação para o caso as investigações tem sua 
trajetória alterada. Vieira anseia arduamente a desvendar esse caso, e para tanto realiza 
inúmeros procedimentos, como estudar o caso, ouvir testemunhas e, após tudo, conjectura 
a possibilidade de os irmãos Naves terem assassinado Benedito. A seu ver, Vieira deduz 
que os irmãos teria grande interesse no desaparecimento de seu primo, pois assim 
poderiam ficar com seu dinheiro e prosseguir sozinhos com os lucros da firma. Entretanto, 
Vieira não possuía nenhuma prova que pudesse atestar sua tese, não obstante estava 
obstinado a obter a aceitação dela através de quaisquer meios necessários. 
Certo dia, os irmãos vão à delegacia informar que um homem havia dito ter 
visto Benedito. O delegado ouve o relato, incrédulo. Considerando que essa foi uma 
maneira ardilosa de tentar desviar a atenção à verdade dos fatos, Vieira ordena a prisão 
de Joaquim. Após isso, começa o derradeiro sofrimento dos irmãos. Joaquim é submetido 
a torturas desumanas a fim de que seja extraída dele uma confissão sobre a autoria do 
crime e a suposta “verdade”. A polícia localiza a fonte dos irmãos e, após tortura-lo de 
maneira bárbara, consegue fazer com que ele desminta a história de ter visto Benedito e, 
além disso, ele estranhamente concorda com a proposição do delegado de que os irmãos 
eram os responsáveis pelo crime. Logo Sebastião também é preso e submetido as mesmas 
torturas que seu irmão. 
As torturas consistiam em açoites, privação de água, comida, visitas, além de 
espancamentos. Diante de tudo isso, os irmãos, assombrosamente, não confessaram. Com 
isso o delegado ordena a prisão das esposas, filhos e até mesmo da mãe dos irmãos Naves, 
Ana Rosa Naves, de 66 anos. A todos eles também eram aplicadas torturas que traziam o 
cúmulo do opróbrio humano. 
O tenente Vieira incita a população com sua ideia de que os irmãos eram 
culpados de assassinato e que a confissão que traria à tona toda a realidade seria breve. 
Em 12 de janeiro de 1938, em uma zona rural erma afastada da cidade, o delegado 
assevera finalmente haver obtido uma confissão particular de Joaquim. Em 3 de fevereiro 
o irmão Sebastião também assume a culpa pelo assassinato. 
Após algum tempo a polícia liberta Dona Ana, colocando-a sob liberdade 
vigiada. Desesperada, ela se dirigiu até um advogado, João Alamy Filho, e contou o caso. 
Inicialmente o advogado estava descrente quanto ao que Dona Ana dizia, pois assim como 
toda a população, ele tinha forte crença na opinião pública, que alegava que os irmãos 
eram culpados. No entanto, após ver o estado físico e psicológico da senhora, 
completamente abalado pelas torturas e por suportar o sofrimento dos filhos, o advogado 
fica sensibilizado e concorda em ser o defensor dos irmãos. 
O defensor dos irmãos Naves ingressa com um pedido de Habeas Corpus, 
devido ao erro da prisão preventiva sem motivos que a ensejem. Porém, a tentativa foi 
infrutífera. O tenente-delegado precisava “encontrar” provas para provar a materialidade 
dos fatos. Desse modo, elaborou depoimentos para confirmar o que presumia. O 
depoimento constava que os irmãos Naves se utilizaram de dissimulação e da confiança 
de Benedito para matá-lo por estrangulamento com uma corda e, após isso, tomaram para 
si a importância em dinheiro que ele carregava e atiraram seu corpo numa cachoeira. 
Não bastasse tudo isso, o delegado ainda fez a reconstituição do crime, 
fazendo com que os irmãos indicassem onde supostamente teriam escondido o dinheiro. 
Como nada foi encontrado, mesmo após cavar por toda a fazenda, Vieira imaginou que o 
dinheiro estaria em outro lugar, já escondido. 
Após nova falha tentativa de impetrar Habeas Corpus, o processo é iniciado. 
Os acusados são levados ao Tribunal do Júri, defronte à acusação de latrocínio em face 
de Benedito. A partir do primeiro julgamento, datado de março de 1938, a verdade 
repugnante começa a surgir. São relatadas as confissões extraídas através de torturas, e 
também através do depoimento de outros detentos sobre o tratamento sub-humano 
destinado aos acusados. 
O júri, composto de sete pessoas, decidiu por 6 votos a 1 pela absolvição de 
Joaquim e Sebastião. Exercendo o veto acusatório, a promotoria recorre ao Tribunal de 
Justiça que, por sua vez, anula o julgamento. No mesmo ano é realizado novo julgamento, 
no qual prevalece o veredicto anterior. O que parecia ser finalmente o alívio dos irmãos 
acaba rapidamente. Na época da Constituição vigente, conhecida como polaca, não havia 
a soberania do júri no tribunal. Diante disso, o Tribunal de Justiça altera o resultado para 
a condenação dos irmãos pelo crime. Os irmãos são condenados, inicialmente, a 25 anos 
e meio de pena privativa deliberdade, sob a modalidade de reclusão. No ano de 1940 
ocorreu uma revisão penal, ocasião em que a pena foi reduzida para 16 anos de reclusão. 
 
No ano de 1946, após infindáveis 8 anos e 3 meses de prisão, os irmãos são 
Naves são beneficiados com o livramento condicional, em virtude de exemplar 
comportamento prisional. O que talvez tenha sido o maior alívio que os irmãos tiveram 
após sua soltura ocorreu no dia 22 de maio de 1948, quando seu carrasco, o tenente 
Francisco Vieira dos Santos, faleceu por derrame cerebral em Belo Horizonte. Entretanto, 
para Joaquim Naves não houve alegria alguma. Em 28 de agosto de 1948 ele falece por 
conta de uma doença que o havia acometido em virtude das sequelas das torturas sofridas. 
E assim, um inocente morre, em um asilo, como um simples indigente. Seu irmão, 
Sebastião, inicia a incansável busca para provar a inocência sua e de seu irmão. 
No ano de 1952, quinze anos após o ocorrido, Sebastião é informado por seu 
primo, através de um telegrama, que Benedito havia retornado à casa do pai. Sabendo 
disso, Sebastião se dirige a Nova Pontes, acompanhado de policiais, apesar de inicial 
relutância do juiz da cidade para deixa-lo sair da cidade. Eis que então, durante a noite, 
Sebastião entrou acompanhado do cabo José Marques, no quarto onde Benedito estava 
dormindo. Este se mostrou espantado e pensou que Sebastião fosse mata-lo. Entretanto, 
Sebastião apenas queria que seu primo voltasse com ele para Araguari, para que pudesse 
ser finalmente provada a inocência dos irmãos Naves. 
Ao chegarem à cidade de Araguari houve grande tumulto e revolta na 
população, que queria linchar Benedito. Então o delegado prendeu Benedito para evitar 
que este fosse morto pelos populares. 
Restava esclarecer o motivo do desaparecimento de Benedito. Ele relata que 
naquela madrugada de 1937, ele havia sido assaltado e não poderia voltar à Araguari sem 
possibilidades de honrar suas dívidas. Desse modo, ele partiu para a cidade de Anápolis. 
Benedito jurava não saber do terrível ocorrido com seus primos, contudo ele havia 
alterado seu nome para José Alves Gomes. Um comportamento muito estranho e que 
jamais foi explicado, o que denota que poderia ter sim ciência dos fatos. 
No ano de 1953, ocorre uma nova revisão criminal, na qual os irmãos Naves 
foram declarados inocentes por todas as acusações que havia sofrido. Sebastião iniciou 
ainda um processo de indenização civil por conta de erro judiciário. Em 1956 houve 
sentença favorável, entretanto houve sucessivos recursos, e somente em 1960 o Supremo 
Tribunal Federal deu direito a Sebastião Naves e seus herdeiros de receber indenização 
do Estado. Essa decisão foi histórica, sendo a primeira vez que um processo é anulado e 
ao mesmo tempo conhecida indenização aos acusados injustamente. Em 1962, Sebastião 
falece, provavelmente nesse momento já tranquilo por ter limpado o nome da família 
Naves.

Continue navegando