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Revista Sobre Comportamento e Cognição Vol 7

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Sobre Comportamento 
e Cognvção
& x p o n c f o a u a r ja 6 if /c /a c f e
O rya n U a d o p o r H á lio fyosó *5'u i í/ ia rd i
JlCar ia OBea/r/z Tlaríjosci rPin/u> J lta d i 
J^a tr ic ia rP ia iz o n (2 u e ii'o i 
J lta r ia í la in l in a S c o i
ESETec
Editores Associados
Sobre 
Comportamento e 
Cognição
A
Associação Brasileira de Psicoteçapía e 
Medicina Comportamental
Diretoria gestão 00/01
Presidente: I Iclio José C/uilhardi 
Vice-presidente: Wílfon dc Oliveira 
1“ secretária: Patrícia Piaz/on Queiroz 
^secretária: l.orna A.C/omesdcCastro Petrilli J ■ 
3° secretário: Maria CarolinaScoz 
1" tesoureira: Maria Reatriz Rarbosa Pinho Madi 
tesoureira: Kátia CbechinatoSeflrc
Ex-presidentes: Rernard Pimcntcl Rangè
1 lóliolosé C/uilhardi 
Roberto Alvos Ranaco 
Rachel Rodrigues Kcrbauy
Sobre 
Comportamento 
e Cognição
Expondo a variabilidade 
Volume 7
Organizado por Hélio José Çuilhardi
M aria Beatriz Barbosa Pinho M adi 
Patrícia Piazzon Queiroz 
M aria Caro li na Scoz
Hélio J. Guilhardi • Adélia M. S. Teixeira • Albina R. Torres • Ana M. L. Sénéchal-Machado • Carolina Bori
• Claudia L. Menegatti • Edwiges F. de M. Silvares • Elisa T. Sanabio • Emmanuel Z. Tourinho • Fábio L. 
Gonçalves • Fani E. K. Malorbi • Fátima C. de S. Conte • Gerson Y. Tomanari • Giovana D. S. Avi • Giovana 
G. Costa • Gisele G. Brandão • Giuliana J. Cesar • Helene Shinohara • Isaias Pessotti • Jair Lopes Jr.
• John J. Healey • José A. D. Adib • José A. Zago • Josele A. Rodrigues • Josiane M. Maciel • Laórcla A. 
Vasconcelos • Lia F. S.Gonsales • Luc Vandenberghe • Lúcia C. A. Williams • Luiz Carlos de Albuquerque
• Luiz G. G. C. Guerra • Marcelo E. Beckert • Maria Amalia P. A. Andery • Maria Cristina T. V. Teixeira • Maria 
Helena L. Hunzikor • Maria Martha C. Hübner • Maria T. A. Silva • Miriam Marinotti • Miriam Garcia-Mijares
• Montezuma P. Ferreira • Murray Sidman • Patrícia S. Martins • Patrícia Piazzon Queiroz • Paula Dobert
• Rachel R. Kerbauy • Raquel M. Golfeto • Regina C. Wielenska • Ricardo C. Martone • Roberto A. 
Banaco • Rodolpho C. Sant'Anna • Sérgio Cirino • Shawn E. Kenyon • Sônia dos S. Castanheira • 
Simone N. Cavalcante • Teng C. Tung • Tereza M. de A. P. Sério • Vera R, M. G. da Silva • Yara C. Nico
ESETec
Editor*» Associados
( opyright © desta edição:
KSKTec Kditores Associados, Santo André, 2(K)I. 
Todos os direitos reservados
Gullhardi, Hóllo José. et al.
Sobre Comportamento e Coflniçôo: expondo a variabilidade. - Org. Hélio José Gullhardi, 1* 
ed. Santo André, SP: ESETec Editores Associados, 2001. v. 7
474p. 24cm
1. Psicologia do Comportamento e Cogniçâo
2. Behaviorismo
3 Anâllse do Comportamento
CDD 155.2 
CDU 159.9.019.4
ISBN 85-8X303-09-4 
ESETec Editores Associados
Renzo Eduardo Leonardi 
Teresa Cristina Cume Grassl-Leonardi
Coordenação editorial: Teresa Cristina Cume Grassi-Leonardi 
Capa original: Solange Torres Tsuchiya 
Projeto gráfico originai: Maria Claudia Brigagão 
Revisão de dlagramação: lolanda Maria do Nascimento, Léia Teresa da Silva 
Equipe de preparação (ABPMC): Luciana Maluf, Maria Eloisa Bonavita Soares Piazzon, 
Noreen Campbell de Aguirre 
Revisão ortográfica e gramatical: Maria Rita J. Martini Del Guerra
Solicitação de exemplares: eset(tfJuol.com.hr 
Rua Catequese, 845 cj. 14 - liairro Jardim - Santo André SP 
CKP(MM)-71()
Tel.(ll)49W5683/ 4432 3747 
ww w.esetec .com. br
O início... B. F. Skinner 
O encontro... F. S. Keller 
Os percalços em busca de um mundo melhor...
nós, os analistas do comportamento
S u m á r io
Apresentação ........................................................................................................... xi
Capítulo 1 - Violência doméstica: há o que fazer?
Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams (UFSCar).......................... 1
Capitulo 2 - Reconhecendo e prevenindo a rejeição entre os pares
Vera Regina Miranda Gomes da Silva (UFPR)..................................... 13
Capitulo 3 - Arqueologia do Behaviorismo Radical e o conceito de mente
José Antônio Damásio Abib (UFSCar)................................................ 20
Capitulo 4 - Regras e aprendizagem por contingência: sempre e em todo lugar
Sônia dos Santos Castanheira (UFMG)............................................... 36
Capítulò 5 *- Depressão: tradição e moda
Isaias Pessotti ................................................................................... 47
Capitulo 6 - Análise funcional das respostas de auto lesão em uma criança 
de dez anos diagnosticada com autismo
Shawn E. Kenyon & John J. Healey (Assumption College e Northeastem 
University)........................................................................................... 56
Capítulo 7 - O que ó au tocon tro le , tom ada de decisão e solução de 
problemas na perspectiva de B. F. Skinner
Yara Claro Nico (PUC-SP)................................................................ 62
Capítulo 8 - D ificu ldades o rtográ ficas : análise de algum as variáveis 
relevantes para o aprimoramento do controle de estimulos
Miriam Marinotti ................................................................................ 71
Capítulo 9 - 0 modelo cognitivo da ansiedade e seus transtornos
Helene Shinohara (PUCRJ)............................................................. 83
Mateus
Realce
Mateus
Realce
Capítulo 10 - Análise comportamental das definições de distúrbios de leitura 
CID 10 e DSM IV
Maria Martha Costa Hübner (Un. P. Mackenzie)................................... 89
Capítulo 11 - Behaviorísmo radical: o comportamento sob uma perspectiva 
otimista
Rodolpho Carbonari Sant'Anna (UEL)................................................ 94
CaDÍtulo 12 - Aspectos psiquiá tricos do transtorno d ism órfico corporal
Teng Chei Tung (FMUSP)................................................................. 96
T /tp ítu lo 1 3 - Terapeuta e cliente: exercendo a difícil arte da sobrevivôncia 
ao ato suicida
Regina Christina Wielenska (IPUSP).....................................................104
Capítulo 14 - Problemas metodológicos na abordagem do stress na Terapia 
Comportamental
Maria Cristina T. Veloz Teixeira (UNIP/Mackenzie).............................. 110
Capítulo 15 - Atendimento comportamental a portadores do vírus HIV
Giovana Delvan Stuhler Avi(UNIVALI-SC)......................................... 116
Capitulo 16 - Conceitos e práticas em Análise do Comportamento
Gerson Yukio Tomanari (IPUSP)..................................................... 120
Capítulo 17 - Estratégias para aumentar a adesão em pacientes com diabetes
Fani Eta Korn Malerbi (PUC-SP).......................................................... 126
Capítulo 18 - Definições de regras
Luiz Carlos de Albuquerque (UFPA)................................................ 132
Capítulo 19 - Prática em UTI - uma análise contextual
Cláudia Lúcia Menegatti (UFPR e Unicenp).........................................141
Capítulo 2 0 - Invalidando e contextualizando a queixa inicial: um modo de 
intervenção em psicoterapia breve
Ana Maria Lé Sónéchal-Machado (UGMG)...................................... 146
Capítulo 2 1 - 0 que é história comportamental
Sérgio Cirino (Unicenp e PUCMG)...................................................153
Capítulo 22 - Behaviorismo Radical e os determinantes do comportamento
Maria Amalia P.A. Andery e Tereza M.A. Pires Sério (PUC-SP).... 159
Capítulo 2 3 - O impacto do Behaviorismo Radical sobre a explicação do 
comportamento humano
Tereza Maria de Azevedo Pires Sério (PUC-SP) .......................... 164
Mateus
Realce
Mateus
Realce
Capitulo 24 - Tabagismo
Montezuma Pimenta Ferreira (IPHC-FMUSP) 173
Capítulo 25 - As principais correntes dentro da Terapia Comportamental - uma 
taxonomia
Luc Vandenberghe (Univ. Católica de Goiânia)..................................179
Capítulo 26 - Ludoterapia cognitivo-comportamental com crianças agressivas
Edwiges Ferreira de Mattos Silvares (IPUSP).....................................189
Capítulo 27 - Terapia Comportamental de família: uma experiência de ensino 
e aprendizagem
Roberto Alves Banaco e Ricardo Corrêa Martone (PUC-SP)..................200
Capítulo 28 - Eventos privados em uma Psicoterapla Externalista: causa, efeito 
ou nenhuma das alternativas
Josele Abreu-Rodrigues (UnB)e Elisa Tavares Sanabio (Univ. Católica 
de Goiás.......................................................................... 206
Capítulo 29 - A partir da queixa, o que fazer? Correspondência verbal-não-
verbal: um desafio para o terapeuta
Marcelo E. Beckert (UnB).................................................................... 217
Capitulo 30 O estudo do desamparo aprendido como estratégia de uma
1 ciência histórica
Maria Helena L. Hünziker (USP)..........................................................227
Capítulo 31 - Internalismo e externalismo na literatura sobre a eficácia e a 
efetividade da Psicoterapla
Emmanuel Z. Tourinho, Simone N. Cavalcante, Gisele G. Brandão e 
Josiane M. Maciel (UFPA)............................................................... 234
Capítulo 32 - Identificação e análise de contingências geradoras de ansiedade: 
caso clinico
Patrícia Piazzon Queiroz e Hélio José Guilhardi (Instituto de Análise 
de Comportamento).......................................................................... 257
Capítulo 33 - Discussão de caso clínico: a proposta da terapia por contingências
Hélio José Guilhardi e Giuliana Cesar (Instituto de Análise de Comportamento) 269
Capítulo 3 4 - 0 que a Análise do Comportamento fez por mim
Murray Sidman (New England Center for Children).............................. 296
Capítulo 35 - Fala da Dra. Carolina Bori, quando do recebimento do prêmio 
concedido pela ABA na sua reunião de 2001, em New Orleans 
A difusão da Análise do Comportamento no B ra s il....................302
Capítulo 36 - Barreiras psicológicas à prevenção do câncer: uma discussão
analítico comportamental
Patrícia Santos Martins (Univ. Católica de Goiânia)............................ 305
Capítulo 37 - Ensino programado: requisito para educação de qualidade
Adólia Maria Santos Teixeira (UFMG)............................................. 316
Capítulo 38 - Reintegração social do dependente de drogas pós-tratamento 
em ambiente protegido
José AntônioZago (Instituto Bairralde Psiquiatria - Itapira -S .P .).... 326
Capítulo 39 - Terapia anaíítíco-comportamentaí infantil: aíguns pontos para 
reflexão
Laércia Abreu Vasconcelos (UnB)...................................................... 340
Capítulo 40 - A Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) e um sonho de criança
Fátima Cristina de Souza Conte (Instituto de Psicoterapia e Análise 
do Comportamento - Londrina - P R )................................................ 351
Capítulo 41 - Sobre a relevância do estudo experimental do comportamento 
complexo com animais
Paula Debert (PUC-SP)............................................................ 361
Capítulo 42 •> Notas para uma revisão sobre comportamento verbal
Mana Amalia Pie Abib Andery (PUC-SP)........................................... 372
Capítulo 43 - Aspectos cognitivos do transtorno obsessivo-compulsivo
Albina Rodrigues Torres (Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP) 387
Capitulo 44 - Aprendizagem e emergência de relações condicionais com 
estímulos modelos complexos
Jair Lopes Junior, Giovana Galvanin Costa, Lia Fernanda Sorrílha 
Gonsales e Raquel Melo Golfeto (Universidade Estadual Paulista/Bauru) 401
Capítulo 45 - Análise funcional das dependências de drogas
Maria Teresa Araújo Silva, Luiz Guilherme Gomes Cardim Guerra, 
Fábio Leyser Gonçalves e Míriam Garcia-Mijares (USP)................... 422
«Capítulo 4 6 - 0 repertório do terapeuta sob ótica do supervisor e da prática 
clínica
Rachel Rodrigues Kerbauy (IPUSP)................................................. 443
Capítulo 47 - Integração de contingências em ambientes clínico e natural 
para desenvolvimento de repertório de com portamentos e 
discriminação de sentimentos
Patrícia Piazzon Queiroz e Hôlio José Guilhardi (Instituto de Análise 
de Comportamento - Campinas)...................................................
Mateus
Realce
A p r e s e n t a ç ã o
Making d o ... That has always been a favourite theme ofmine.
To make the most of what you have
Fazer acontecer... Esse tem sido sempre meu tema favorito. Fazer o
máximo a partir do que você tem.
B. F. Skinner
Os volumes 7 e 8 da coleção Sobre Comportamento e Cognição organizam uma 
amostra extensa e representativa do que ocorreu no IX Encontro Anual da Associação 
Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental, realizado em Campinas no ano 
2000.
O leitor terá acesso, ao ler os textos publicados, a elaboradas apresentações 
teóricas e conceituais do Behaviorismo Radical de Skinner e do Behaviorismo Cognitivo, 
que apesar de terem em comum o mesmo substantivo, compartilham, menos do que se 
pensa, a visão de homem, a concepção de comportamento, a metodologia de pesquisa e 
os procedimentos de ação na atuação profissional. Você terá a oportunidade de ler, analisar 
e concluir. Um indiscutível mérito dos volumes.
Outra seção disponível nas presentes publicações traz produtos significativos da 
Ciência do Comportamento, esta que, por décadas, - sob legítima e construtiva base 
metodológica - tem oferecido ao universo comportamental riqueza de dados, ao lado de 
sofisticados e eficientes procedimentos para análise e intervenção no comportamento 
humano cotidiano. Compreender para evoluir poderia ser um tema humanístico que a 
Ciência do Comportamento ativamente incorpora na sua empreitada científica.
As contribuições da Psiquiatria, amplamente apresentadas nos dois volumes, 
descortinam um perfil significativo da influência recíproca entre a área médica e as terapias 
comportamental e cognitiva. Nos últimos anos, a Psiquiatria desenvolveu maneiras
xi
de pesquisar, analisar e intervir nos problemas de pacientes psiquiátricos que 
deram ensejo a importantíssimos avanços no seu campo específico de ação. Os 
procedimentos dos psiquiatras incorporaram as técnicas cognitivo-comportamentais, dando 
a estas, não se pode negar, um status revelador e originando uma integração entre 
Psicologia e Psiquiatria jamais observada na história dessas duas disciplinas.
Ambos os volumes trazem uma abrangente amostra da atuação profissional em 
diversos campos de ação do psicólogo comportamental. Pode-se notar que o enfoque 
sobre o comportamento, a fim de analisar e influenciar as ações e sentimentos humanos, 
se ampliam para áreas nas quais antes não se ousava fazê-lo. A perspectiva 
comportamental está presente, de maneira assertiva, em novas áreas (saúde, esporte, 
trânsito, organizações, comunidade etc.) e de formas criativas e inovadoras em áreas 
tradicionais (clinica e educação). A ação profissional (alternativa às ações de pesquisa e 
de ensino) envolve um maior número de pessoas, com treinamento muito diferenciado, 
assim não ó de se estranhar que aqui surja uma amostra muito diversificada de atuação. 
Um leitor perspicaz poderá, legitimamente, perguntar: estão os profissionais, de fato, 
lidando com o mesmo objeto de estudo? Os procedimentos de ação profissional compõem 
um arcabouço coerente e integrado, segundo uma matriz unificadora? Há preocupação 
explicita com o método científico? De quantos behaviorismos estamos na essência falando? 
etc. Os volumes, ao publicarem todos os trabalhos, não inventaram a diversidade: a 
testemunharam. Este é o momento da comunidade comportamental. Fiquemos atentos, 
pois o terceiro nível de seleção cumprirá sua funçào. Em anos futuros teremos respostas 
mais claras às questões acima formuladas e a muitas outras. Estes dois volumes serão 
uma boa linha de base para uma adequada avaliação dos comportamentos da presente 
comunidade comportamental.
Hélio José Guilhardi 
Presidente da ABPMC 
Gestão 2000/2001
Capítulo 1
Violência Doméstica: Há o que fazer?
Lúcia Cavalcantide Albuquerque Williams 
Universidade Icdcra/ de S,Jo C arlos 
l A r R t V - Laboratório de Análise e frevenção da Violência
A violência contra a mulher é um dos delitos mais freqüentes do mundo, sendo responsável por seqüelas nocivas ao 
desenvolvimento dela e de seus filhos Desde 1998 o LAPREV (Laboratório de Análise e Prevenção da Violência) da UFSCar 
vem desenvolvendo atividades de intervenção e pesquisa na Delegacia da Mulher de SAo Carlos e no Conselho Tutelar do 
Município, ê oferocldo atendimento clinico a vitimas e agressores em uma sala especial da delegacia ou do conselho tanto 
para casos de crise quanto de psicoterapla Argumenta-se que a terapia com a mulher vitima de violência doméstica deve 
centrar-se no desenvolvimento de técnicas de autoconheclmento e contra-controle de forma a eliminar ou minimizar a 
posição de vitima passiva de acontecimentos averslvos. Técnicas utilizadas com o agressor para conter ou eliminar seu 
comportamento agressivo sAo brevemente discutidas e s io dados exemplos ilustrativos de consultoria a policiais e A 
comunidade em geral. Finalmente, sâo exemplificados esforços de conduzir projetos de pesquisa na área de violência 
intrafamllisr. O trabalho se encerra argumentando que há muito a fazer na área de intervenção e prevençflo da violência 
doméstica sendo que a Análise do Comportamento nos dá um referencial útil para o desenvolvimento de projetos relevantes. 
Palavras-chave: violência doméstica, violência intrafamiliar, violência de gênero, agressêo.
Violence against women Is one of the most frequent crimes In the world, bemg rosponsible for harmful side effects In the 
development of women and children. Universidade Federal de S io Carlos’ Laprev (Laboratory for Analysis and Violence 
Prevontlon) has been developmg intervuntlon and research activltles in the local Women's Police Station and Children 
Support Agency since 1998. Clinicai intervention to victims and aggressors Is offered at a special room in a womerVs police 
station (or children agency) In terms of crlsis intervention and psychotherapy. It is argued that therapy wlth women who are 
victims of domestic violence should center in the development of technlques of self-knowledge and counter-control so bb to 
elimlnate or minimize the positlon of being a passive vlctlm of aversive acts Techniques utllized with aggressors to contaln 
or eliminate thelr vlolent behaviors are briefly discussed as well as examples that illustrate consultation to the police and to 
the general community. Flnally, attempts to exemplify efforts of conducting research projects In the area of familiar violence 
are given The paper ends with the statement that there is much to be done In the area of domestic violence intervention and 
prevontlon and Behavlour Analysis offers a useful framework for the development of relevant projects.
K#y words: domestic violence, family violence, gender violence, aggression
"Não lhe lembra nunca a possibilidade de um pontapé ou de um tabefe.
Tem o sentimento de confiança, e multo curta a memória das pancadas. " (p. 35) 
Machado de Assis, Quincas Borba.
Machado de Assis refere-se neste trecho ao cão de Quincas Borba que tinha o 
mesmo nome do que o dono. Infelizmente, sabemos o quanto a violência física é nociva ao 
ser humano. A "memória das pancadas", em nosso caso, não ó nada "curta" sendo 
responsável por efeitos, em nosso desenvolvimento, que são nocivos a curto, médio e 
longo prazo. (Possivelmente esta afirmação também e válida para cachorros, mas a 
comparação foge ao escopo do presente trabalho, que vai se ater à violência entre humanos 
e, mais especificamente, à violência intrafamiliar.)
Sobre Comportamento e CognifAo 1
Estima-se que a violência contra a mulher tenha proporções epidêmicas no mundo 
todo. Na verdade, em 1989 o Worldwatch Institute declarou a violência contra a mulher 
como sendo o tipo de crime mais freqüente do mundo (Meichenbaum, 1994).
“Nos Estados Unidos, a violência no lar é a maior causa isolada de ferimentos em 
mulheres, responsável por mais internações hospitalares do que estupros, assaltos e 
acidentes de trânsitos juntos". (Grant, 1995, p.25). Embora tenhamos que ser cuidadosos 
com os resultados de pesquisas epidemiológicas por diversas razões metodológicas (dentre 
as quais a própria a dificuldade de coleta de dados deste tipo), estima-se que um quarto 
das mulheres de todo o mundo sejam v/timas de violência em seus próprios lares. Dados 
específicos de cada país apresentam índices bem mais altos - até 50%, na Tailândia, 
60%, em Papua Nova Guiné e Coréia; e 80%, no Paquistão e no Chile (Grant, 1995). No 
Brasil, ainda não temos dados a respeito da incidência do fenômeno, mas suspeita-se 
que os índices sejam assustadoramente altos.
Dentre as seqüelas apontadas na literatura por mulheres agredidas pelo parceiro 
encontram-se: alto nível de depressão, ideação suicida, dependência de álcool ou drogas, 
sintomas de transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade crônica, sensação de perigo 
iminente, distúrbios do sono e/ou alimentação, freqüentes queixas somáticas, baixa auto- 
estima, dificuldade de tomada de decisão e dependência em extremo (Meichenbaum, 
1994). O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) estima que uma em cada cinco 
mulheres que faltam ao trabalho o fazem por terem sofrido agressão física (Folha de São 
Paulo, 22/7/1998).
Calcula-se que 40 % das mulheres assassinadas no Canadá foram vítimas de 
homicídio pelo parceiro (The Toronto Star, 23/3/1996). Nos Estados Unidos, esta 
porcentagem salta para 52% (Meichenbaum, 1994), sendo que no Brasil, como poderia 
ser esperado, a incidência de homicídios femininos pelo parceiro é mais alta ainda, sendo 
cerca de 66 % (Machado, 1998). Curiosamente, a porcentagem de mulheres assassinadas 
pelo companheiro na cidade de São Paulo no ano de 1995 foi menor do que a incidência 
nacional, sendo equivalente à taxa do Canadá, em torno de 40 %, segundo o pesquisador 
Renato Lima, da Fundação SEADE (Folha de São Paulo, 27/08/2000).
Cabe ressaltar que companheiro é definido por "parceiro de relações amorosas e 
sexuais com alguma presumida estabilidade", embarcando esta definição "esposos, 
companheiros, amantes, namorados, noivos, ex-esposos, ex-companheiros, ex-amantes 
e ex-namorados" (Machado, 1998, p.113-114). O índice assustadoramente alto da violência 
conjugal faz com que a casa da mulher seja o local em que ela mais corre perigo - "É de 
senso comum o fato de que os homens morrem nas ruas e as mulheres morrem em casa" 
(Bandeira, 1998, p.68).
O quanto a violência contra a mulher é corriqueira ó ilustrado pela freqüência com 
que as pessoas se aproximam para narrar episódios sofridos na família ao saberem que 
atuo nesta área. Sendo assim, já tive muitas auto-revelações: uma aluna que foi vítima de 
agressão física pelo ex-namorado; outras que foram vítimas de agressão física por parte 
de pais e avós; uma colega cuja mãe sofria agressão física pelo marido; e uma profissional 
da área de saúde que, quando eu estava em seu consultório, ao saber que eu atuava na 
área de violência doméstica, disse-me que costumava dormir com uma faca debaixo do 
travesseiro para se proteger do ex-marido que é professor universitário. Eu mesma tive um 
caso de violência doméstica fatal na família, razão pela qual talvez eu tenha tanto interesse 
pelo assunto.
2 1-úcM CdVtikiintl do Albuquerque W lIlM m t
No momento em que escrevo esta palestra, o noticiário da imprensa volta-se para 
mais um caso fatal - um jornalista diretor de um dos principais jornais do pais matou sua 
ex-namorada, também jornalista, com dois tiros. Tal acontecimento trágico tem sido peculiar 
por três razões: a) repele mais uma vez o estereótipo de que apenas o homem pobre e 
com baixa escolaridade se engaja em tal tipo de violência; b) força a imprensa a analisar 
a cobertura que dá a este tipo de fatalidade, que muitas vezes apenas culpa a vitima e 
justifica o comportamento do agressor e, finalmente; c)alerta para a questão da impunidade 
e do despreparo de profissionais para identificarem sinais de perigo, uma vez que o jornalista 
culpado já havia agredido a vitima anteriormente, sendo que tal agressão em nada resultara.
Mas as repercussões daninhas da violência conjugal não se esgotam na mulher. 
Recentemente os pesquisadores começaram a atentar para os efeitos que a violência 
conjugal acarreta em criança s. Straus (1991) calcula que, a cada ano, 10 milhões de 
crianças nos Estados Unidos fiquem expostas à violência conjugal. Dentre os efeitos 
nocivos associados a tal exposição, encontram-se elencados na literatura os seguintes 
problemas: agressão, uso de drogas e/ou álcool, problemas comportamentais, distúrbios 
de atenção, ansiedade, depressão, medo, baixa auto-estima, passividade, isolamento, 
transtorno de estresse pós-traumático, capacidade de solução de problemas limitada, 
problemas acadêmicos, evasão escolar e problemas somáticos (Barnett, Miller-Perrin e 
Perrin, 1997; Holden, Geffnere Jouriles, 1998).
O pro je to de com bate e prevenção à v io lência dom éstica de São Carlos
Em 1998 tivemos a oportunidade de iniciar um programa de intervenção na área 
de violência doméstica em que estagiários do curso de graduação em Psicologia prestam 
atendimento psicológico a vitimas e agressores em uma sala cedida à Universidade dentro 
da própria Delegacia em Defesa da Mulher de São Carlos (DDM). Até o final do ano 2000 
atendemos cerca de 250 clientes em nosso programa, sendo a população atendida assim 
distribuída: cerca de 60% dos casos atendidos eram de mulheres, sendo a maioria vitimas 
de agressão física por parte do parceiro, 30% dos clientes eram crianças ou adolescentes, 
geralmente vítimas direta ou indiretamente de algum tipo de violência sendo esta 
caracterizada por intrafamiliar, na maioria dos casos, e, finalmente, cerca de 10% dos 
casos atendidos referiam-se a homens que eram, via de regra, agressores.
O atendimento clinico divide-se em dois tipos de atuação: a) atendimento a crise 
ou emergência, quando a vítima chega até a delegacia em estado abalado por ter sido 
vítima de estupro, por exemplo. Neste caso, nosso objetivo consiste na “normalização” de 
seu comportamento por meio de técnicas de relaxamento e escuta empática, auxiliando- 
a na tomada de decisões a curto prazo e prestando esclarecimentos quanto à atuação da 
polícia e do sistema judiciário; e b) atendimento psicoterapêutico. Este último é mais 
freqüentemente conduzido de forma individual, porém, iniciamos no semestre passado, 
atendimento em grupo a mulheres e crianças. Para este ano, planejamos conduzir nosso 
primeiro atendimento em grupo de homens que agridem fisicamente suas parceiras.
Quais seriam os objetivos da atuação clínica com mulheres vitimas de violência 
doméstica? Contrário ao que dita o senso comum ou ao que é sugerido, por vezes, como 
observamos, por alguns policiais e advogados, não compete ao terapeuta recomendar à
Sobre Comportamento e CoflnivJo 3
cliente que ela deveria sair deste relacionamento conturbado, separando-se do marido, 
por mais violento que este seja. Afirmo isto por três razões: em primeiro lugar, não seria 
ótico tomar uma decisão para a cliente em se tratando de um assunto tão íntimo quanto a 
escolha de seu parceiro. Em segundo lugar, porque o fato de o terapeuta sugerir não irá 
tornar a separação do marido mais provável. O que controla a decisão da mulher de ficar 
ou não com o companheiro são variáveis múltiplas e complexas ilustradas na seguinte 
situação de ambivalência - muitas vezes a mulher relata que gosta do marido, embora não 
goste de seu comportamento agressivo. Do contrário, a sugestão do terapeuta, como se 
diz popularmente, "entraria em um ouvido e sairia pelo outro", servindo apenas para abalar 
a confiança do cliente no terapeuta ou mesmo, torná-lo aversivo.
Finalmente, mesmo que a mulher concorde, em tese, com o terapeuta e queira 
terminar o relacionamento com o parceiro, muitas vezes, ela não o consegue, por uma 
série de razões poderosas - seja por temer retaliação do marido, por não conseguir ser 
auto-suficiente financeiramente, por não ter onde morar, etc. Sabemos que na época em 
que ocorre a separação, a mulher torna-se mais vulnerável a uma agressão fatal de um 
marido possessivo e violento. Neste sentido, seria irresponsável, por parte do terapeuta, 
encaminhá-la para uma situação de maior perigo, a não ser que esta decisão tenha sido 
tomada pela cliente após uma análise criteriosa das contingências envolvidas na separação, 
análise feita com o devido apoio do terapeuta.
O fato do psicólogo não dizer à mulher que ela deva se separar do marido não 
significa que não deva recomendar à mulher que ela se separe deste temporariamente, 
quando a situação de periculosidade for tal que apresente risco de vida. Em nossa atuação, 
estamos constantemente auxiliando a cliente a analisar e identificar situações de risco. 
Há situações de emergências em que a mulher não pode voltar para a própria casa e, 
sendo assim, o trabalho na área é facilitado quando existe na comunidade uma Casa 
Abrigo com o objetivo de esconder a vitima por um curto período de tempo.
A primeira Casa-Abrigo de São Carlos para mulheres e crianças correndo risco 
fatal de violência somente será criada este ano, após diversas articulações da Universidade 
com a atual administração e a sociedade civil como um todo. No passado, para solucionar 
tal lacuna, tínhamos um acordo informal com a Secretaria de Bem Estar e Promoção 
Social da Prefeitura, que nos fornecia estadia em curto prazo em um hotel modesto da 
cidade quando uma situação de perigo aparecesse. Felizmente, só precisamos nos utilizar 
deste recurso em duas ocasiões nestes dois anos e meio de intervenção na área. A 
propósito, a Prefeitura também nos fornece passes gratuitos mensais para que nossos 
clientes venham á terapia, já que a sua maior parte se constitui de pessoas de baixo poder 
aquisitivo que vivem na periferia da cidade.
Se não cabe ao terapeuta recomendar separações conjugais permanentes, o que 
lhe resta fazer? Cabe ao terapeuta atuar com sua cliente de forma que ela chegue à 
conclusão de que a violência é inaceitável e insustentável em qualquer tipo de 
relacionamento. Cabe ao terapeuta ensinar a sua cliente técnicas de contra-controle para 
que ela assuma as rédeas da situação e não seja mais uma vítima passiva de um parceiro 
violento. A palavra da moda é empoderamento, termo que a meu ver é compatível com a 
proposta de Skinner, de longa data, de o indivíduo ser sujeito de sua própria história. 
(Skinner, 1994).
Neste sentido, a terapia é um terreno fértil para a aprendizagem de técnicas que 
aumentarão a segurança e proteção da mulher. Um dos primeiros passos consiste na
4 I úcúi Cuvtilcanli de Albuquerque Willi.ims
auto-observação pela mulher de seu comportamento e de sua interação com o agressor. 
Quais os comportamentos emitidos por ela que desencadeiam comportamentos violentos 
no marido? Por exemplo, se o marido chega bôbado em casa e se fica agressivo quando 
bebe, qual o sentido de ela agredi-lo verbalmente, se isto, via de regra, resulta em violência?
Analisar os antecedentes do comportamento violento desencadeados pela própria 
vítima de modo objetivo ó muito diferente de reforçar a tese de que a mulher provocou a 
agressão ou que merecia ser punida e é preciso que isto seja esclarecido na terapia de 
modo enfático, atribuindo-se ao agressor total responsabilidade pelo ato agressivo, ato 
que é considerado um delito pelo Código Penal Brasileiro.
Paralelamente, a mulher precisa aprender sobre coerção e os efeitos da punição 
no comportamento humano, além de analisar as seqüelas observadas em crianças de 
lares violentos. Há muito que trabalhar em terapia para livrá-la dos sintomas da depressão 
que freqüentemente evidencia. Há também um trabalho de recuperação de auto-estima à 
medida que aprende técnicas saudáveis de enfrentamento e torna seu repertório 
comportamentalmais resiliente. Finalmente, a mulher se beneficia da aprendizagem de 
técnicas de relaxamento e controle de estresse, além do ensino de procedimentos eficazes 
de resolução de problemas e do treino de assertividade.
Em relação ao agressor, o objetivo da intervenção consiste em ensiná-lo a interagir 
de forma não agressiva em seu relacionamento conjugal, o que, convenhamos, não é uma 
tarefa fácil. Temos usado para isto técnicas de auto-observação, análise de seu histórico 
de vida e das contingências associadas à aprendizagem de seu modo violento de ser, 
discutindo alternativas não violentas de enfrentamento de problemas, como, por exemplo, 
a auto-aplicação de time-out quando o indivíduo se percebe em uma situação de risco 
para a violência. Em poucas palavras, nosso trabalho consiste em ensinar homens violentos 
a terem um "estopim" mais longo. Para isto é preciso também conduzir treino de 
assertividade, aumento da comunicação entre o casal, ensinar técnicas de relaxamento, 
dentre várias outras técnicas.
A propósito da palavra estopim, um de nossos clientes, casado há mais de vinte 
anos - tempo em que constantemente agredia a mulher- ilustrou, apropriadamente, seu 
problema de agressividade e impulsividade, quando nos disse: "Todos se queixam de 
terem um estopim ou pavio curto. Eu queria mesmo é ter um estopim..."(sic).
Felizmente o comportamento violento do agressor conjugal é bastante suscetível 
ao controle de estímulos. Sendo assim, ele agride a mulher, mas não agride, por exemplo, 
seu vizinho ou chefe no trabalho. Agride a mulher em casa, mas raramente o faz em lugar 
público. Quando isto acontece, nossa tarefa é facilitada. Por exemplo, em relação ao 
referido cliente de "pavio inexistente", como ele tinha um bom nível sócio econômico sendo, 
inclusive, um profissional da área de saúde, sugerimos dentre outras táticas, que 
conversasse com a mulher sobre assuntos difíceis (como finanças, por exemplo) em um 
restaurante ou em seu consultório, para minimizar a probabilidade de agressões.
C onsu ltoria a p ro fiss io na is que atuam na área de v io lência
Além do objetivo de prestar atendimento psicológico a vítimas e/ou agressores na 
área de violência doméstica, nosso segundo objetivo consiste em fornecer assessoria a
Sobre Comportamento e Coflniç«1o 5
profissionais da área. No inicio de 1999, oferecemos uma oficina intitulada "Aspectos 
Psicológicos da Violência" às policiais da DDM de São Carlos. (Williams, Gallo, Basso, 
Maldonado e Brino, no prelo).
As razões para o oferecimento da oficina foram derivadas de nossa interação com 
as policiais, quando constatamos a queixa freqüente de que a Academia da Policia não as 
havia preparado para um adequado atendimento às vítimas de violência, impedindo-as de 
realizar um atendimento ideal. Assim, planejamos uma oficina, inicialmente obtendo uma 
entrevista individual com cada policial. Com base nas entrevistas, foi elaborado um 
questionário sobre crenças a respeito da violência doméstica, com 30 questões de afirmação 
seguidas por verdadeiro ou falso. Os objetivos da oficina foram: a) reconhecer o direito do 
ser humano e, especificamente da mulher, de não sofrer agressão; b) rever crenças que 
perpetuam a violência contra a mulher, redefinindo-as e c) analisar as crenças subjacentes 
à sua atuação na DDM. A oficina foi conduzida na Universidade em duas noites consecutivas, 
com um total de 8 horas de duração. Os resultados demonstraram que quatro das cinco 
policiais apresentaram um aumento na porcentagem de respostas corretas ao questionário.
No final do ano passado, oferecemos uma segunda oficina na Universidade sobre 
"Abuso Sexual Infantil", desta vez aberta a um público mais amplo. Neste ano, oferecemos 
um curso de extensão com 60 horas de duração intitulado “Direitos Humanos: a questão 
sobre a violência contra a mulher", que recebeu apoio financeiro da Secretaria de Estado 
de Direitos Humanos. Uma das vantagens de oferecer tal tipo de curso foi a oportunidade 
de ter, como alunos da disciplina, profissionais da área de Direito do município que têm 
como clientes a mulher vitima de violência doméstica, sendo que, após o curso, alguns 
destes profissionais têm atendido voluntariamente algumas de nossas clientes. O curso 
teve desdobramentos adicionais, dentre eles algumas reuniões na Câmara Municipal e na 
Prefeitura do Município que foram estratégicas para a concretização da Casa Abrigo de 
São Carlos.
Fomos recentemente convidados a contribuir para o treinamento de novos 
Conselheiros Tutelares, fornecendo palestra sobre violência conjugal fatal. Quanto a isto, 
fomos solicitados, no ano passado, a expandir nosso projeto de intervenção e estágio 
para as dependências do Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente de São Carlos. 
Desde março, temos oferecido atendimento em tal local, projeto que por se encontrar no 
inicio não será analisado no momento.
A formação do futuro psicólogo apto a intervir na área de violência doméstica
Além da atividade "Práticas de Estágio Supervisionado", na Delegacia da Mulher e 
no Conselho Tutelar, o aluno de graduação em Psicologia da UFSCar tem a oportunidade 
de se inscrever em um curso optativo teórico-prático intitulado “Intervenção a Vítimas de 
Violência.", com o objetivo de rever a literatura pertinente à área de combate e prevenção 
à violência.
Dentre os temas discutidos no curso encontram-se: o conceito de violência e de 
violência doméstica, violência de gênero e suas modalidades explicativas, perfil psicológico 
do homem violento, técnicas de intervenção com vitimas e agressores, o impacto da 
violência conjugal em crianças, a legislação brasileira sobre violência doméstica, transtorno
6 I úcia Cavalcanti de Albuquerque Williams
de estresse pós-traumático, abuso sexual infantil, a criança vítima de maus tratos e 
negligência, intervenção com pais agressores e o indivíduo portador de deficiência e a 
questão da violência, intervenção à crise e suicídio, prevenção de violência doméstica. O 
que se espera em longo prazo é que o curso seja uma oportunidade para elaboração de 
um livro-texto na área, uma vez que existe no Brasil uma grande carência de material útil 
à área de intervenção e prevenção de violência doméstica.
A pesquisa na área de violência doméstica
Nosso objetivo em pesquisar foi facilitado com a inauguração no inicio do ano do 
LAPREV (Laboratório de Análise e Prevenção da Violência), vinculado ao Departamento 
de Psicologia, da UFSCar, que pretende ser um núcleo gerador de estudos que contribuam 
para uma melhor compreensão do fenômeno da violência em geral, e em específico da 
violência doméstica.
As atividades do LAPREV estão associadas (mas não se restringem) ao “Programa 
de Intervenção a Vítimas de Violência Doméstica", em andamento na DDM de São Carlos, 
há dois anos, sendo responsável pela apresentação de mais de duas dezenas de trabalhos 
em Congressos Científicos, em diversas cidades do Brasil.
Adicionalmente, o LAPREV está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em 
Educação Especial, dentro da linha de Pesquisa "Atenção primária e secundária em 
Educação Especial: prevenção de deficiências.” Pretende-se nesta área: a) avaliar o impacto 
que a violência produz no desenvolvimento infantil, gerando metodologia específica e 
desenvolvendo técnicas, de maneira a prevenir eventuais efeitos prejudiciais: b) analisar e 
prevenir o abuso físico, sexual e psicológico do indivíduo portador de deficiência e c) atuar 
com pais e familiares portadores de atraso global no desenvolvimento, de forma a minimizar 
o risco de negligência e/ou maus tratos em seus filhos. É interessante notar que o indivíduo 
portador de um atraso global de desenvolvimento corre o risco duplo tanto de ser vítima de 
violência quanto de ser agressor - por exemplo a mulher portadora de deficiência mental 
tem risco de sofrer violência sexual e/ou de maltratar e negligenciar o filho.
Nossas primeiras tentativas de pesquisa na área foram de natureza 
descritiva, envolvendoum mapeamento da violência denunciada na Delegacia da Mulher. 
Neste sentido, Basso, Souza e Williams (1999) fizeram um levantamento da violência 
denunciada na cidade de São Carlos durante o ano de 1997. Os resultados apoiaram a 
tendência encontrada por outros autores (Saffioti e Almeida, 1995; Camargo, Dagostin e 
Coutinho, 1991; Azevedo, 1985 ) de que 58,3% dos casos de agressão registrados na 
DDM de São Carlos correspondiam a um relacionamento amoroso entre vítima e agressor, 
sendo apenas 5,8% dos agressores desconhecidos da vítima. Além disso, tal como os 
demais autores, Basso, Souza e Williams (1999) constataram que dentre todas as 
modalidades delituosas registradas na delegacia, as mais freqüentes eram casos de lesão 
corporal dolosa (LCD) e ameaças.
Dando continuidade a este trabalho, Williams e cols. (1999) fizeram um 
mapeamento completo de todos os tipos de delitos registrados na DDM de São Carlos 
(não só envolvendo violência contra a mulher, mas contra menores de idade também) no 
período de janeiro a abril de 1999. Assim como em estudos anteriores, verificou-se que a
Sobre C omporl.imcnlo c Co#nlç»lo 7
maioria das ocorrências (48,37%) referia-se a casos de LCD, seguidos de 22,30 % de 
casos de ameaça, sendo a ameaça de morte a mais freqüente (69,2%), seguida de ameaça 
de agressão (18,4%). Confirmando a literatura, constatou-se que 61,25% dos agressores, 
nos casos de LCD, mantém ou já mantiveram um relacionamento amoroso de ordem 
heterossexual com a vitima.
Atualmente, existem duas dissertações de mestrado em andamento vinculadas 
ao LAPREV: Brino (2000), que pretende capacitar professores da rede pública de ensino 
a lidarem com o problema de abuso sexual de crianças; Santos (1999), que está conduzindo 
um programa de intervenção com pais que agridem fisicamente seus filhos. Dois novos 
projetos terão inicio neste ano (Maldonado, 2001 e Brancalhone, 2001). Além disto, existem 
oito projetos de iniciação científica em andamento, todos dentro do tema de combate e/ou 
prevenção à violência doméstica envolvendo populações diversas, como o menor infrator, 
adolescentes grávidas, etc.
Algumas das perguntas que pretendemos responder em nossos projetos são 
derivadas de nossa prática de intervenção com as vítimas. As perguntas de natureza 
descritiva são relativamente fáceis de ser respondidas, servindo como indicadores da 
situação de violência doméstica denunciada em São Carlos.
Contrário ao que é por vezes preconizado pela imprensa local, verificamos que o 
número de denúncias de agressão da mulher não tem aumentado ao longo dos anos na 
cidade. Desde 1989, primeiro ano da DDM na cidade até o ano 2000, a média anual de 
delitos registrados tem sido em torno de 1411, sendo que no ano passado foram registrados 
1516 delitos. Destes delitos, a média anual de casos de LCD foi de 465 casos, sendo que 
o ano de 2000 registrou 586 delitos desta natureza, valor máximo já obtido. Se o número 
de delitos de LCD tem oscilado, o número de ameaças vem aumentando ao longo dos 
anos (média anual igual a 222; total do ano 2000 igual a 345 casos).
Esta tendência também tem sido observada por outros pesquisadores. A este 
respeito, Saffioti (1999) afirma que:"... em 1988,85% das denúncias registradas na primeira 
e terceira DDM de São Paulo foram de agressão e 4,17% de ameaças. Em 1992, nas 
mesmas delegacias, as denúncias de agressão caíram para 68% dos casos, com as 
ameaças subindo para 21,3%. Essa alteração é um indicador de que, em alguns casos, a 
mera apresentação da queixa numa delegacia é uma advertência de que a autoridade 
policial consegue cessara violência" (p. 23).
Em nossa experiência clínica atuando com mulheres vítimas de agressão física 
por parte do parceiro, observamos dois fatos que mereceriam ser investigados com maior 
detalhe. Em primeiro lugar, notamos uma nítida diminuição na freqüência de episódios 
violentos no lar após a mulher ter prestado queixa na delegacia. Poderia ser argumentado 
que o parceiro nào mais agredia a mulher, pois o casal veio a separar-se após a denúncia 
formal. Não era este, entretanto, o caso observado em nossos clientes dos quais, tal 
como os dados da literatura indicam, após a queixa, apenas 40% dos casados se separam, 
sendo que a maioria (60%) continua a viver conjugalmente (Saffioti, 1999). A impressão 
decorrente era de que, após a denúncia, o agressor havia recebido uma mensagem forte e 
clara de que a agressão física à mulher não era aceita pela comunidade. Tal postura é 
adotada pela DDM que, em tese, encoraja a prestação de queixa como forma de deter o 
comportamento violento do agressor. O impacto que a queixa policial tem sobre o 
comportamento violento do agressor, embora não demonstrado de forma conclusiva, é 
inferido por pesquisadores da área de violência doméstica.
8 lúcia Cavalcanti dc Albuquerque Williams
Quando o parceiro passa a apresentar menos agressões físicas à sua companheira, 
mas faz ameaças com maior freqüência, nota-se que houve uma alteração na topografia 
do comportamento violento. Isto nos remete à segunda constatação provinda de nossa 
experiência no atendimento a vítimas: após a formalização da queixa, o companheiro 
diminuía, no geral, as agressões físicas à mulher, mas, tambóm, em alguns casos, 
aumentava a freqüência de violência psicológica à mesma. Ou seja, em alguns casos, o 
agressor aprendia que a comunidade não tolerava a agressão física, passando, então, a 
utilizar formas de agressão mais sutis, como ó o caso da agressão psicológica. Caberia, 
portanto, analisar se, mesmo nos casos de diminuição da agressão física, haveria mudanças 
topográficas no comportamento violento do parceiro.
Sendo assim, no momento estamos empenhados em responder a seguinte 
pergunta: o que acontece com a freqüência e topografia do comportamento violento do 
parceiro após a mulher ter prestado queixa na DDM?
Caso fique demonstrado que o comportamento de prestar queixa à polícia por 
parte da mulher vítima de agressão física do parceiro tem o efeito de diminuir a freqüência 
e intensidade da violência, tal constatação teria relevância social a pelo menos dois grupos 
de pessoas: em primeiro lugar, as mulheres vítimas de violência doméstica poderiam ser 
encorajadas mais veementemente à prestação de queixa. Como afirma Leal (1998): “A 
denúncia do parceiro à polícia parece significar para as vítimas um certo rompimento, de 
sua parte, com a reciprocidade familiar. Quando as mulheres procuram ajuda da polícia 
não buscam uma proteção específica àquele delito denunciado, mas a restauração de 
toda uma ordem que confere sentido social, não só naquela relação, mas à sua existência 
social” (p.31-32).
Em segundo lugar, os resultados, se confirmados, contribuiriam para a validação 
social do trabalho das policiais da DDM. Este último aspecto é importante dado a pouca 
relevância que a polícia dá a DDM - considerada hierarquicamente seu bloco secundário 
- aliada à percepção das policiais da DDM de que seu trabalho é infrutífero, uma vez que 
o "índice de condenações beira ao ridículo: apenas 2% dos 178 processos resultantes de 
inquéritos instaurados em 1992 pela 3a DDM de São Paulo" (Saffioti, 1999, p.22).
No momento estamos conduzindo um pequeno estudo piloto para avaliar os efeitos 
da denúncia no comportamento violento do parceiro para dois grupos de mulheres-aquelas 
que prestaram queixas e aquelas que não prestaram. Os dados coletados até o momento 
são encorajadores: para as dez mulheres que prestaram uma queixa formal, em nove 
casos o companheiro não voltou a cometer qualquer tipo de agressão, transcorridos três 
meses da denúncia, apesar dos respectivos processos terem sido arquivados. Em contraste, 
para as três mulheres que não quiseram prestar queixa, o comportamento violento do 
parceiro persistiu.
Se a denúncia da violência não tem aumentado em São Carlos, lamentavelmente 
temos observado um aumento no número de tentativas frustradas de suicídio por parte de 
mulheres na cidade. Os casos de tentativade suicídio são encaminhados a DDM, não 
porque o atentado à própria vida seja um delito, mas porque tais casos necessitam de 
uma investigação policial, uma vez que se trata de um delito induzir alguém a cometer 
suicídio.
No momento, estamos empenhados em coletar tais dados, mas uma análise 
preliminar revela que não só os casos de tentativa de suicídio parecem estar mais freqüentes, 
quanto à maneira escolhida para se suicidar parece ser mais grave ou letal (por exemplo,
Sobre C omportamcnlo c Cotfnivdo 9
veneno de rato ao invés de excesso de medicamentos) e a idade das vítimas parece estar 
diminuindo. Por exemplo, atendemos este ano pela primeira vez uma vítima de 12 anos e 
recentemente atendemos uma menina de oito anos que estava fazendo ameaça de suicídio 
aos pais. Um comentário pertinente: em todos os casos de tentativa frustrada de suicídio 
que atendemos não encontramos, até o momento, um só caso que não apresentasse um 
histórico de violência.
Comentários finais
Gostaria de concluir respondendo afirmativamente à pergunta inicial: há muito que 
fazer na área de intervenção e prevenção de violência doméstica. A questão que se coloca, 
em seguida, não é o que fazer, mas como fazê-lo?
Dadas as desigualdades da população brasileira, a falta de recursos sociais e 
nossa carência de infra-estrutura, tudo leva a crer que não dá para intervir nesta área sem 
uma certa dose de militância política, seja lutando por Casa Abrigo na Câmara de 
Vereadores, seja instruindo o publico, em geral, sobre casos em que os direitos das 
pessoas, sejam elas mulheres, homens ou crianças, sejam desrespeitados.
Do ponto de vista metodológico, o que mais sinto falta é de um corpo de pesquisa 
sólido que incorpore os diversos conhecimentos pertinentes à área. O pesquisador nesta 
área muitas vezes trabalha sozinho tendo poucos modelos para se orientar.
A formação do psicólogo comporta mental na área de violência é privilegiada, seja 
devido ao otimismo gerado por seus pressupostos teóricos ( i.e., grande parte do 
comportamento violento é aprendido), seja devido à aplicabilidade de técnicas validadas 
em uma experiência clinica rigorosa, com resultados encorajadores. Curiosamente, os 
trabalhos de analistas comportamentais na área de intervenção de violência doméstica 
são quase inexistentes, possivelmente devido a dificuldades metodológicas de se estudar 
um comportamento geralmente inacessível á observação direta.
Em 1995, Myers publicou um artigo no Journal of Applied Behavior Analysis, 
conclamando analistas do comportamento a contribuir para a redução da agressão do 
homem à mulher, seja desenvolvendo e analisando componentes de programas, seja 
aplicando o manejo de contingências e da tecnologia de treinamento comportamental.
De lá para cá os trabalhos têm sido esparsos. Entretanto, quando eles surgem 
(ver 0 ’Leary, Heyman e Neidig, 1999); o esforço tem sido, como sempre, recompensador.
A sociedade contemporânea tem sido constantemente criticada por sua dificuldade 
em combater o problema da violência. A relação entre a violência que ocorre na rua e a 
violência que ocorre no lar tem sido muito pouco pesquisada. Imagino que seja somente 
uma questão de tempo.
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para policiais da delegacia da mulher; Um relato de experiência. Psicologia: Teoria e 
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1 2 I úciii Cavalcanti de Albuquerque W illiam s
Capítulo 2
Reconhecendo e prevenindo 
a rejeição entre os pares
Vera Regina Miranda í/omea da Silva
Universidade fcdcntl do Paraná
Os problemas sociais comumente referem-se às relações entra as pessoas, envolvendo dificuldades de comunicação, 
Integração e cooperação. A maior parle dos seres humanos des«|a ser escolhida e aceita pelos outros, fazer parle de grupos 
sociais e sabe-se que indivíduos que sAo aceitos e que se aceitam têm maior probabilidade de virema aceitar e respeitar os 
outros (segundo Argyle, 1676 e Briggs, 1995). Toda criança anseia profundamente ser Incluída. NAo ser aceito pelos grupos 
ó um fenômeno que a comunidade tende a denominar de “rejeiçAo", e que gera muitas dificuldades aos indivíduos alvo da 
mesma, sendo Inúmeros os estudos que. direta ou indiretamente, abordam a rejeição entre os pares. A seriedade deste 
conjunto de problemas é evidenciada através do número crescente de pesquisas que demonstram ser a rejeição na escola 
um dos poucos aspectos do funcionamento infantil que prediz consistentementa problemas de comportamento no futuro 
(Bee, 1996). Pretende-se: dlfaranciar os conceitos de criança popular, neglicenciada, rejeitada, isolada; apresentar algumas 
pesquisas voltadas para tais temas e propor algumas estratégias de açAo grupai visando minimizar a rejelçAo. Acredita-se 
que buscando as habilidades prô-soclals requisitadas a um bom relacionamento, certamente contribuir-se-A para gerar n 
aproximação nas relações interpessoais e, conseqüentemente, para a pravençAo em saúde mental.
Palavras-chave: rejeiçAo, enanças rejeitadas, pesquisas sobra rejelçAo, prevençAo.
Social problema commonly refer to the relationship between people, involving difflcultles In communication, Integration and 
cooperation Most themselves are more llkely to accept others (accordlng to Argyle, 1970 and Briggs. 1995). Every chlld 
deeply yearns to be Included. Not being accepted by the group is a phenomenon that the commumty tends to call “rejection" 
and which generates many difflculties to the targat Individuais. There are numerous studies that, directly or Indlrectly, 
approach rejection between paars. The seriousness of this set of problems Is avidenced by the growing number of research 
showlng that rejection at school Is one of the few aspects of the chlld functlon which conslstently predicts future behavlor 
problems (Bee. 1996). What is intended here is to differentiate the concepts of popular, neglected, rejected and isolated chíld 
as well as to Introduce some research focusing on the matter and to present some strategies of group action aiming at 
minimlzing rejection. It Is bolleved that searching the pro-social skllls necessary to a good relationship wlll certalnly cooperate 
with generating approxlmation to interpersonal relationships and consequently, mental health prevention.
Kay words: rejection, rejected children, research about rejection, prevention.
Bee (1996) inicia suas considerações sobre o tema Popularidade e Rejeição 
afirmando que crianças negligenciadas ou rejeitadas são mais propensas à depressão e 
solidão do que as aceitas. Llario, Cots e Casas (1992) afirmam que crianças rejeitadas 
evidenciam maior vulnerabilidade a problemas psicopatológicos severos em comparação 
com as crianças isoladas.
Crianças rejeitadas são extremamente vulneráveis a dificuldades de ajustamento 
na infância, adolescência e vida adulta (condutas anti-sociais, delinqüência, solidão, 
depressão, suicídio, neuroses e psicoses), sendo que a relevância do tema provavelmente
Sobre l omportiimcnto c CogmçJo 13
tem contribuído para tantos autores empreenderem pesquisas nesta direção. Patterson, 
Debaryshe, Ramsey (1989), Price e Dodge (1989), Asher, Parkhurst, Hymel e Williams 
(1995) estabelecem forte relação entre rejeição e disfunções diversas.
Integrando diversos pesquisadores que estudaram tais aspectos (Ames, Ames e 
Garrison, 1977; Master e Furman, 1981; Asher e Gottman, 1981; Vosk, forehand, Parker 
e Rickard, 1982; Puttalaz, 1983; Asher e Dodge, 1986; Hartrup e Rubin, 1986; Berndt e 
Ladd, 1989; Bukowski e Hoza, 1989; Asher e Coie, 1996), serão diferenciados os conceitos 
de crianças populares, rejeitadas e impopulares:
Crianças populares são aquelas que apresentam aceitação social e status positivo 
em todas as idades e revelam comportamentos positivos como: ajuda, respeito às regras, 
amizade, não punição e não agressividade em relação aos demais e consideração pelos 
desejos dos companheiros. Recebem e dão reforçamento positivo e emitem e recebem 
menos punição dos demais. Possuem, então, mais interações positivas e menos problemas 
de conduta e hiperatividade. São vistas pelos outros como desejáveis para trabalhar, sentar 
perto, brincar e, conseqüentemente, são mais habilidosas para interagirem com seus 
iguais. Tendem a manter visão positiva de si mesmas, como competentes a nlvel 
interpessoal, pois empregam estratégias efetivas.
Em contrapartida, as crianças rejeitadas, rechaçadas ou de status negativo são 
avaliadas negativamente por seus iguais, evitadas por eles e tendem a ser mais agressivas 
(agressividade reativa), disruptivas, não cooperativas, e a violar regras e desorganizar o 
grupo com mais freqüência. Empregam comportamentos que provocam rejeição manifesta 
por seus pares.
As crianças impopulares recebem e emitem mais punição aos outros, 
desaprovação, insultos, brigas, destruição e agressão em atos e palavras. Dispendem 
mais tempo com interações negativas, são mais depressivas e possuem nível menor de 
realizações, já que precisam empreender muito mais estudo para obter melhor performance.
Ao estudarem medidas de aceitação e rejeição entre os indivíduos nos grupos ó 
necessário apresentar as contribuições, características e limitações da sociometria. 
Conforme abordam Carmichael (1978) e Argyle, Asher e Dodge (1986) utilizam-se deste 
instrumento para distinguir quais as crianças consideradas escolhidas, rejeitadas e 
negligenciadas pelo grupo. Vários pesquisadores valeram-se de instrumento sociométrico 
como recurso complementar às suas pesquisas (Ames et ali, 1977; Masters e Furman, 
1981; Coie, Dodge e Coppotelli, 1982; Puttalaz, 1983; Puttalaz eWasserman, 1989; Foster, 
Martinez e Kulberg, 1996).
Alves (1974) e Monteiro (1993) propõem o teste sociométrico como um instrumento 
de auxílio que estuda a estruturas sociais em função das escolhas e rejeições manifestadas 
no seio de um grupo. Tal recurso consiste em solicitarem-se as escolhas positivas 
(encaradas como proximidade, atração, desejo de compartilhar) e as negativas (rejeição, 
distância, recusa a compartilhar). Pode-se aplicar em crianças, adolescentes ou adultos, 
indagando-se: "quem gostaria ou não de ter por companheiro para brincar, estudar, trabalhar, 
sentar perto, viajar?". Comumente verificam-se as justificativas questionando-se sobre o 
porquê das escolhas e/ou pede-se para que o sujeito escolha em ordem de importância, 
do mais ao menos preferido.
Dodge (1983) alerta os pesquisadores sobre um problema comum em certos 
estudos. O uso somente de critério positivo confunde dois grupos de crianças de baixo
14 Vera Regina Miranda Qomet da Silva
status, aquelas que não são preferidas e as altamente desgostadas com aquelas que não 
são preferidas nem desgostadas (isto é, confunde-se "rejeitadas com negligenciadas”). 
Segundo Dodge ressalta, o pesquisador deve ter clareza nos seus objetivos de estudo 
para formular a pergunta adequada aos seus propósitos.
Peery (1979) propõe um modelo conceituai onde agrupa as categorias em quatro 
quadrantes, da seguinte forma: no quadrante superior encontram-se, à esquerda, as 
"rejeitadas"; à direita, as “populares". Ambas possuem alto impacto social, sendo que as 
primeiras possuem negativa preferência, enquanto as populares possuem positiva 
preferência. O quadrante inferior situa, na direita, as "isoladas" (baixo impacto social e 
negativa preferência) e as “amigáveis", na esquerda (baixo impacto social e positiva 
preferência social).
Steiner (1972) em seu estudo sobre a criança isolada define que esta não recebe 
escolhas, não impressiona seus pares por nenhum atributo social, afetivo, intelectual, 
físico ou pela combinação de dois ou mais destes. Segundo Llario et ali (1992), esta 
criança passa desapercebida pelo grupo e sua característica dominante parece ser a 
ansiedade frente às situações sociais associada a déficits de execução. Já a criança 
rejeitada é aquela percebida pelos outrose carregada de valências negativas.
Asher e Dodge (1986) diferenciam crianças negligenciadas como aquelas que 
têm falta de amigos e não são particularmente desgostadas (tidas como "isoladas" para 
alguns autores) e as rejeitadas como aquelas altamente desgostadas. Coie, Dodge e 
Coppotelli (1982) acrescentam as populares como as altamente preferidas, as medianas, 
que são as moderadamente preferidas ou não preferidas, e as controvertidas como aquelas 
altamente preferidas por alguns e altamente desgostadas por outros.
No que tange à identificação da rejeição é relevante distinguir, de acordo com 
Asher e Coie (1995), a rejeição continuada da rejeição temporária. Certamente, o pior 
diagnóstico, conforme também ressalta Bee (1996), é para aquelas crianças que são 
rejeitadas por um período longo. No entanto, de todas as denominações, Coie e Dodge, in 
Dodge (1983) afirmam que a criança rejeitada é aquela que apresenta a maior possibilidade 
de pertencer a um mesmo status, mesmo com o passar dos anos.
Harris (1999) ressalta que a criança que é ativamente rejeitada é incapaz de 
quebrar o ciclo do status negativo, que é um círculo vicioso onde, cada vez mais, mostra- 
se inadequada e é rejeitada. Tal autora complementa alegando que a rejeição tem efeitos 
permanentes na vida emocional da criança e diz: "Você foi julgado por um júri formado por 
seus pares e foi considerado deficiente"(Harris, 1999, pg. 232).
Patterson, Debaryshe e Ramsey (1989) e Patterson, Reid e Dishion (1992) 
apresentam variáveis determinantes do comportamento anti-social. Percebe-se que nos 
dois esquemas sugeridos, os contextos familiar e escolar desempenham papel 
preponderante. Isto ê, ambos são "agências de socialização", onde a criança pode aprender 
condutas adequadas e/ou inadequadas. Dentro do ambiente escolar, os autores mencionam 
o fracasso acadêmico e a rejeição entre os pares como sendo aqueles fatores que, na 
idade escolar, podem funcionar como situações de risco para a conduta anti-social. No 
que tange ao contexto familiar, referem-se à disciplina e ao monitoramento parentais pobres.
Gomes da Silva (2000) conclui, em seu estudo com crianças no ambiente escolar, 
que a rejeição entre os pares se dá devido, principalmente, aos seguintes indicadores:
Sobre Comportamento e CojjmvJo 15
perturbador (condutas que incluem a agitação, irritabilidade e pessimismo), autoritário 
(postura “ditatorial" na relação com os demais), agressivo (agressividade em atos e palavras), 
e não participativo (omissão à participação em atos e palavras). Tal pesquisa evidencia 
que as crianças tendem a rejeitar seus pares com base em comportamentos inadequados, 
isto é, a criança "faz algo" que suscita rejeição entre seus colegas. Em contrapartida, as 
crianças escolhem seus pares devido à emissão, em alta freqüência, de comportamentos 
pró-sociais por parte destes (bom humor, participação, não agressão e qualidades pessoais 
não operacionalizáveis como, “ser amigo, sincero, simpático"). Mussen et ali (1995) definem 
por "comportamentos pró-sociais aquelas ações sociais positivas que incluem o altruísmo, 
a ajuda, o compartilhar, a atenção e a solidariedade".
Por todas as considerações tecidas até o presente momento, evidencia-se que 
identificar crianças que persistem em padrões comportamentaís dasadaptatívos pode ser 
importante diagnóstico para investigar habilidades sociais e capacitá-las a prevenir possíveis 
rejeições, conforme defendem Asher e Coie (1995).
Entre as propostas de intervenção para crianças rejeitadas, é comum, como já 
referido anteriormente, o TREINAMENTO EM HABILIDADES SOCIAIS (Arón e Milicic (1994), 
Asher e Coie (1995), Caballo (1996), Del Prette (1999)) que busca favorecer a interação, a 
cooperação, a participação e a comunicação, por acreditar que estes pré-requisitos facilitam 
os relacionamentos e promovem a saúde mental. Llario, Cots e Casas (1992) comprovam 
que crianças rejeitadas beneficiam-se mais de um programa de treinamento em habilidades 
sociais baseado em técnicas cognitivas (auto- instruções e soluções de problemas), 
enquanto as crianças isoladas obtém melhores resultados com um tratamento que vise 
praticar habilidades sociais.
Considerando que tanto os comportamentos inadequados como os adequados 
são "aprendidos", é possível às crianças rejeitadas (que denotam condutas inapropriadas 
que suscitam a rejeição) virem a aprender respostas sociais. Deste modo, terão mais 
oportunidade de experimentar convívio mais positivo e aceitação entre seus companheiros.
Arón e Milicic (1994) e Goleman (1995) sugerem algumas intervenções a ser 
empreendidas na escola, ou mesmo adaptadas à família. As propostas destes autores 
possuem caráter "sócio-educativo” e referem-se a exercícios vivenciais (jogos, discussões 
grupais, dramatizações) aplicados por psicólogo, orientador ou professor treinado para 
este fim. O plano de ação consiste em minimizar atitudes inapropriadas e estimular o 
desenvolvimento de atitudes positivas de:
• Confiança (sobre os sentimentos, seu comportamento, suas ações, para pensar com 
sucesso sobre seus empreendimentos).
• Curiosidade (receptividade ao novo como algo positivo e estimulador).
• Intencionalidade e auto-responsabilidade (o que acarretou este ato? Qual a "sua" 
contribuição nisto ?).
• Auto controle (pensar antes de agir), canalizar a raiva sem destrutividade e agressividade, 
expressar frustração de modo aceitável.
• Sociabilidade e comunicação (pedir, falar por si mesmo, receber e emitir elogios e críticas, 
estabelecer contato visual, defender seus interesses, proteger-se contra ameaças, 
emprestar, agradecer, desculpar-se, pensar sobre normas e regras necessárias ao bom 
convívio social).
16 Ver<i Rr#m.i Minimla (yomrs d.» Si)v.»
• Cooperatividade (harmonizar suas necessidades e as necessidades dos outros, seus 
desejos versus os seus deveres, oferecer ajuda e sugestões).
• Administração de conflitos (repensar alternativas para lidar com dificuldades).
Castillo (1999) propõe o que ele denomina de "educação para a amizade", que 
consiste em um programa destinado a pais e educadores para o desenvolvimento da 
conduta sociável. Castillo(1999) justifica sua proposta alegando que a "conduta amistosa 
não se improvisa nem se desenvolve sem esforço". Comenta que a educação para a 
amizade exige a “prática mútua das virtudes da convivência: sinceridade, lealdade e 
generosidade". Propõe condutas educativas a ser estimuladas nas crianças antes e durante 
a adolescência, conforme resume-se a seguir:
• Desenvolver sinceridade, generosidade e paciência por meio de conversas, repreensões, 
sobretudo pelo exemplo.
• Fomentar a capacidade de prescindir de alguns gostos em beneficio dos outros.
• Estimular a participação em brincadeiras grupais e o respeito às regras.
• Suscitar experiências sociais positivas no lar a fim de estimular a capacidade de abertura, 
cooperação, dando exemplo de compreensão e respeito por todo o tipo de pessoas.
• Valorizar todo o tipo de condutas sociais e amigáveis das crianças, sobretudo na medida 
em que estejam apoiadas em fatos concretos (visitar um amigo doente, auxiliar colega 
e irmão com tarefas escolares, consolar alguma criança triste, procurar integrar alguém 
isolado no grupo, entre outros).
• Orientar quanto aos riscos da falta de amigos e dos amigos que não agem como modelos 
favoráveis.
Castillo (1999) reforça sua “educação para a amizade”, alegando que a criança é 
aceita no meio familiar, independentemente de sua forma de ser e de comportar-se e que, 
ao ingressar no meio escolar, terá que "conquistar o seu lugar", isto é, ter méritos para ser 
aceita no grupo. Dentre estes "méritos" destaca as qualidades de: alegria, senso de humor, 
amabilidade e sociabilidade, que parecem referir-se às qualidades pessoais e 
comportamentos operacionalizáveis citados por Gomes da Silva (2000).
Kalb e Viscott (1985) optam por intervenções dirigidas às próprias crianças e 
sugerem várias ações objetivando “lidar melhor comos amigos":
• Participar de grupos e de equipes (atividades coletivas: esporte, dança, artes, etc).
• Ser você mesmo, ser sincero, experimentar coisas novas, saber ouvir.
• Demonstrar interesse real pelo que o outro fala e por seus sentimentos.
• Ser leal e guardar segredos.
• Ser franco para demonstrar satisfação e insatisfação.
• Ser atencioso, procurar compreender que o amigo é humano, que pode cometer erros.
• Esclarecer possíveis mal entendidos, pedir desculpas quando agir mal, evitar tecer criticas 
em frente dos demais.
• Ser oportuno (não se exceder na fala, nos telefonemas, nas visitas).
• Quando emprestar, cuidar e devolver.
• Mostrar-se bem humorado, não se gabar o tempo todo, evitar agir com atitude autoritária 
(o mandão, que sabe tudo), não esperar perfeição sempre.
Sobre Comportamento e CogniçAo 17
É fácil perceber através dos autores referenciados e de suas propostas que, 
independentemente das intervenções dirigirem-se diretamente às crianças ou a pais e 
professores, para que apliquem-nas junto destas, todas objetivam estimular maior 
assertividade e popularidade através do exercício de condutas pró-sociais. As contribuições 
sugeridas pelos autores referenciados podem representar alternativas de caráter preventivo, 
para que a criança venha a apresentar formas mais adaptativas de convívio social. Deste 
modo contribui-se para minimizar a rejeição e, conseqüentemente, para a prevenção em 
saúde mental.
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Sobre Comportamento e Cotfnifilo 19
Capítulo 3
Arqueologia do Behaviorismo Radical 
e o conceito de mente
tosé Antônio Damásio Abib
U mvcmddiU' / a/c r.il </e SJo C .ir/o i
Fa/se, neste ensaio, uma leitura arqueológica do behaviorismo radical com o objetivo de deslindar o conceito de mente 
defendido por Skinner Desconstrói-se o problema mente-corpo e reconstrôi-se a relação mente-corpo longe do mentalismo 
e do materiallsmo. Mas o behaviorismo radical oscila do flslcalismo eplstemolôgico ao fisicallsmo ontológlco. É imperativo 
abandonar o flslcalismo ontológico e desconstrulr o real, para livrar-se da definição fisicalista ontológlca de estimulo e dos 
conceitos de 'mundos externo e interno', pressupostos que inviabilizam o estudo do comportamento como assunto da 
psicologia. A essa primeira radicaluaçAo segue-se esta: abandona-se a distmçAo entre oventos públicos e privados. 
Conseqüência do fisicallsmo ontológico, ela é solidária com a diferença entre eventos externos e Internos e contribui para 
fortalecer nAo só os conceitos de "mundo externo e interno" mas também interpretações externalistas do behaviorismo 
radical - que sêo Incompatíveis com o projeto constitutivo da filosofia do behaviorismo radical e, conseqüentemente, com 
uma ciência psicológica do comportamento. Conclul-se que o behaviorismo radical é uma filosofia da mente. Para o 
behaviorismo radical, a mente é Imnnente ao comportamento e pode ser por isso, radicalmente Investigada, no nlvel público, 
como comportamento
Palavras-chave: arqueologia, fisicallsmo, behaviorismo radical, comportamento,

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