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Sobre Comportamento e Cognvção & x p o n c f o a u a r ja 6 if /c /a c f e O rya n U a d o p o r H á lio fyosó *5'u i í/ ia rd i JlCar ia OBea/r/z Tlaríjosci rPin/u> J lta d i J^a tr ic ia rP ia iz o n (2 u e ii'o i J lta r ia í la in l in a S c o i ESETec Editores Associados Sobre Comportamento e Cognição A Associação Brasileira de Psicoteçapía e Medicina Comportamental Diretoria gestão 00/01 Presidente: I Iclio José C/uilhardi Vice-presidente: Wílfon dc Oliveira 1“ secretária: Patrícia Piaz/on Queiroz ^secretária: l.orna A.C/omesdcCastro Petrilli J ■ 3° secretário: Maria CarolinaScoz 1" tesoureira: Maria Reatriz Rarbosa Pinho Madi tesoureira: Kátia CbechinatoSeflrc Ex-presidentes: Rernard Pimcntcl Rangè 1 lóliolosé C/uilhardi Roberto Alvos Ranaco Rachel Rodrigues Kcrbauy Sobre Comportamento e Cognição Expondo a variabilidade Volume 7 Organizado por Hélio José Çuilhardi M aria Beatriz Barbosa Pinho M adi Patrícia Piazzon Queiroz M aria Caro li na Scoz Hélio J. Guilhardi • Adélia M. S. Teixeira • Albina R. Torres • Ana M. L. Sénéchal-Machado • Carolina Bori • Claudia L. Menegatti • Edwiges F. de M. Silvares • Elisa T. Sanabio • Emmanuel Z. Tourinho • Fábio L. Gonçalves • Fani E. K. Malorbi • Fátima C. de S. Conte • Gerson Y. Tomanari • Giovana D. S. Avi • Giovana G. Costa • Gisele G. Brandão • Giuliana J. Cesar • Helene Shinohara • Isaias Pessotti • Jair Lopes Jr. • John J. Healey • José A. D. Adib • José A. Zago • Josele A. Rodrigues • Josiane M. Maciel • Laórcla A. Vasconcelos • Lia F. S.Gonsales • Luc Vandenberghe • Lúcia C. A. Williams • Luiz Carlos de Albuquerque • Luiz G. G. C. Guerra • Marcelo E. Beckert • Maria Amalia P. A. Andery • Maria Cristina T. V. Teixeira • Maria Helena L. Hunzikor • Maria Martha C. Hübner • Maria T. A. Silva • Miriam Marinotti • Miriam Garcia-Mijares • Montezuma P. Ferreira • Murray Sidman • Patrícia S. Martins • Patrícia Piazzon Queiroz • Paula Dobert • Rachel R. Kerbauy • Raquel M. Golfeto • Regina C. Wielenska • Ricardo C. Martone • Roberto A. Banaco • Rodolpho C. Sant'Anna • Sérgio Cirino • Shawn E. Kenyon • Sônia dos S. Castanheira • Simone N. Cavalcante • Teng C. Tung • Tereza M. de A. P. Sério • Vera R, M. G. da Silva • Yara C. Nico ESETec Editor*» Associados ( opyright © desta edição: KSKTec Kditores Associados, Santo André, 2(K)I. Todos os direitos reservados Gullhardi, Hóllo José. et al. Sobre Comportamento e Coflniçôo: expondo a variabilidade. - Org. Hélio José Gullhardi, 1* ed. Santo André, SP: ESETec Editores Associados, 2001. v. 7 474p. 24cm 1. Psicologia do Comportamento e Cogniçâo 2. Behaviorismo 3 Anâllse do Comportamento CDD 155.2 CDU 159.9.019.4 ISBN 85-8X303-09-4 ESETec Editores Associados Renzo Eduardo Leonardi Teresa Cristina Cume Grassl-Leonardi Coordenação editorial: Teresa Cristina Cume Grassi-Leonardi Capa original: Solange Torres Tsuchiya Projeto gráfico originai: Maria Claudia Brigagão Revisão de dlagramação: lolanda Maria do Nascimento, Léia Teresa da Silva Equipe de preparação (ABPMC): Luciana Maluf, Maria Eloisa Bonavita Soares Piazzon, Noreen Campbell de Aguirre Revisão ortográfica e gramatical: Maria Rita J. Martini Del Guerra Solicitação de exemplares: eset(tfJuol.com.hr Rua Catequese, 845 cj. 14 - liairro Jardim - Santo André SP CKP(MM)-71() Tel.(ll)49W5683/ 4432 3747 ww w.esetec .com. br O início... B. F. Skinner O encontro... F. S. Keller Os percalços em busca de um mundo melhor... nós, os analistas do comportamento S u m á r io Apresentação ........................................................................................................... xi Capítulo 1 - Violência doméstica: há o que fazer? Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams (UFSCar).......................... 1 Capitulo 2 - Reconhecendo e prevenindo a rejeição entre os pares Vera Regina Miranda Gomes da Silva (UFPR)..................................... 13 Capitulo 3 - Arqueologia do Behaviorismo Radical e o conceito de mente José Antônio Damásio Abib (UFSCar)................................................ 20 Capitulo 4 - Regras e aprendizagem por contingência: sempre e em todo lugar Sônia dos Santos Castanheira (UFMG)............................................... 36 Capítulò 5 *- Depressão: tradição e moda Isaias Pessotti ................................................................................... 47 Capitulo 6 - Análise funcional das respostas de auto lesão em uma criança de dez anos diagnosticada com autismo Shawn E. Kenyon & John J. Healey (Assumption College e Northeastem University)........................................................................................... 56 Capítulo 7 - O que ó au tocon tro le , tom ada de decisão e solução de problemas na perspectiva de B. F. Skinner Yara Claro Nico (PUC-SP)................................................................ 62 Capítulo 8 - D ificu ldades o rtográ ficas : análise de algum as variáveis relevantes para o aprimoramento do controle de estimulos Miriam Marinotti ................................................................................ 71 Capítulo 9 - 0 modelo cognitivo da ansiedade e seus transtornos Helene Shinohara (PUCRJ)............................................................. 83 Mateus Realce Mateus Realce Capítulo 10 - Análise comportamental das definições de distúrbios de leitura CID 10 e DSM IV Maria Martha Costa Hübner (Un. P. Mackenzie)................................... 89 Capítulo 11 - Behaviorísmo radical: o comportamento sob uma perspectiva otimista Rodolpho Carbonari Sant'Anna (UEL)................................................ 94 CaDÍtulo 12 - Aspectos psiquiá tricos do transtorno d ism órfico corporal Teng Chei Tung (FMUSP)................................................................. 96 T /tp ítu lo 1 3 - Terapeuta e cliente: exercendo a difícil arte da sobrevivôncia ao ato suicida Regina Christina Wielenska (IPUSP).....................................................104 Capítulo 14 - Problemas metodológicos na abordagem do stress na Terapia Comportamental Maria Cristina T. Veloz Teixeira (UNIP/Mackenzie).............................. 110 Capítulo 15 - Atendimento comportamental a portadores do vírus HIV Giovana Delvan Stuhler Avi(UNIVALI-SC)......................................... 116 Capitulo 16 - Conceitos e práticas em Análise do Comportamento Gerson Yukio Tomanari (IPUSP)..................................................... 120 Capítulo 17 - Estratégias para aumentar a adesão em pacientes com diabetes Fani Eta Korn Malerbi (PUC-SP).......................................................... 126 Capítulo 18 - Definições de regras Luiz Carlos de Albuquerque (UFPA)................................................ 132 Capítulo 19 - Prática em UTI - uma análise contextual Cláudia Lúcia Menegatti (UFPR e Unicenp).........................................141 Capítulo 2 0 - Invalidando e contextualizando a queixa inicial: um modo de intervenção em psicoterapia breve Ana Maria Lé Sónéchal-Machado (UGMG)...................................... 146 Capítulo 2 1 - 0 que é história comportamental Sérgio Cirino (Unicenp e PUCMG)...................................................153 Capítulo 22 - Behaviorismo Radical e os determinantes do comportamento Maria Amalia P.A. Andery e Tereza M.A. Pires Sério (PUC-SP).... 159 Capítulo 2 3 - O impacto do Behaviorismo Radical sobre a explicação do comportamento humano Tereza Maria de Azevedo Pires Sério (PUC-SP) .......................... 164 Mateus Realce Mateus Realce Capitulo 24 - Tabagismo Montezuma Pimenta Ferreira (IPHC-FMUSP) 173 Capítulo 25 - As principais correntes dentro da Terapia Comportamental - uma taxonomia Luc Vandenberghe (Univ. Católica de Goiânia)..................................179 Capítulo 26 - Ludoterapia cognitivo-comportamental com crianças agressivas Edwiges Ferreira de Mattos Silvares (IPUSP).....................................189 Capítulo 27 - Terapia Comportamental de família: uma experiência de ensino e aprendizagem Roberto Alves Banaco e Ricardo Corrêa Martone (PUC-SP)..................200 Capítulo 28 - Eventos privados em uma Psicoterapla Externalista: causa, efeito ou nenhuma das alternativas Josele Abreu-Rodrigues (UnB)e Elisa Tavares Sanabio (Univ. Católica de Goiás.......................................................................... 206 Capítulo 29 - A partir da queixa, o que fazer? Correspondência verbal-não- verbal: um desafio para o terapeuta Marcelo E. Beckert (UnB).................................................................... 217 Capitulo 30 O estudo do desamparo aprendido como estratégia de uma 1 ciência histórica Maria Helena L. Hünziker (USP)..........................................................227 Capítulo 31 - Internalismo e externalismo na literatura sobre a eficácia e a efetividade da Psicoterapla Emmanuel Z. Tourinho, Simone N. Cavalcante, Gisele G. Brandão e Josiane M. Maciel (UFPA)............................................................... 234 Capítulo 32 - Identificação e análise de contingências geradoras de ansiedade: caso clinico Patrícia Piazzon Queiroz e Hélio José Guilhardi (Instituto de Análise de Comportamento).......................................................................... 257 Capítulo 33 - Discussão de caso clínico: a proposta da terapia por contingências Hélio José Guilhardi e Giuliana Cesar (Instituto de Análise de Comportamento) 269 Capítulo 3 4 - 0 que a Análise do Comportamento fez por mim Murray Sidman (New England Center for Children).............................. 296 Capítulo 35 - Fala da Dra. Carolina Bori, quando do recebimento do prêmio concedido pela ABA na sua reunião de 2001, em New Orleans A difusão da Análise do Comportamento no B ra s il....................302 Capítulo 36 - Barreiras psicológicas à prevenção do câncer: uma discussão analítico comportamental Patrícia Santos Martins (Univ. Católica de Goiânia)............................ 305 Capítulo 37 - Ensino programado: requisito para educação de qualidade Adólia Maria Santos Teixeira (UFMG)............................................. 316 Capítulo 38 - Reintegração social do dependente de drogas pós-tratamento em ambiente protegido José AntônioZago (Instituto Bairralde Psiquiatria - Itapira -S .P .).... 326 Capítulo 39 - Terapia anaíítíco-comportamentaí infantil: aíguns pontos para reflexão Laércia Abreu Vasconcelos (UnB)...................................................... 340 Capítulo 40 - A Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) e um sonho de criança Fátima Cristina de Souza Conte (Instituto de Psicoterapia e Análise do Comportamento - Londrina - P R )................................................ 351 Capítulo 41 - Sobre a relevância do estudo experimental do comportamento complexo com animais Paula Debert (PUC-SP)............................................................ 361 Capítulo 42 •> Notas para uma revisão sobre comportamento verbal Mana Amalia Pie Abib Andery (PUC-SP)........................................... 372 Capítulo 43 - Aspectos cognitivos do transtorno obsessivo-compulsivo Albina Rodrigues Torres (Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP) 387 Capitulo 44 - Aprendizagem e emergência de relações condicionais com estímulos modelos complexos Jair Lopes Junior, Giovana Galvanin Costa, Lia Fernanda Sorrílha Gonsales e Raquel Melo Golfeto (Universidade Estadual Paulista/Bauru) 401 Capítulo 45 - Análise funcional das dependências de drogas Maria Teresa Araújo Silva, Luiz Guilherme Gomes Cardim Guerra, Fábio Leyser Gonçalves e Míriam Garcia-Mijares (USP)................... 422 «Capítulo 4 6 - 0 repertório do terapeuta sob ótica do supervisor e da prática clínica Rachel Rodrigues Kerbauy (IPUSP)................................................. 443 Capítulo 47 - Integração de contingências em ambientes clínico e natural para desenvolvimento de repertório de com portamentos e discriminação de sentimentos Patrícia Piazzon Queiroz e Hôlio José Guilhardi (Instituto de Análise de Comportamento - Campinas)................................................... Mateus Realce A p r e s e n t a ç ã o Making d o ... That has always been a favourite theme ofmine. To make the most of what you have Fazer acontecer... Esse tem sido sempre meu tema favorito. Fazer o máximo a partir do que você tem. B. F. Skinner Os volumes 7 e 8 da coleção Sobre Comportamento e Cognição organizam uma amostra extensa e representativa do que ocorreu no IX Encontro Anual da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental, realizado em Campinas no ano 2000. O leitor terá acesso, ao ler os textos publicados, a elaboradas apresentações teóricas e conceituais do Behaviorismo Radical de Skinner e do Behaviorismo Cognitivo, que apesar de terem em comum o mesmo substantivo, compartilham, menos do que se pensa, a visão de homem, a concepção de comportamento, a metodologia de pesquisa e os procedimentos de ação na atuação profissional. Você terá a oportunidade de ler, analisar e concluir. Um indiscutível mérito dos volumes. Outra seção disponível nas presentes publicações traz produtos significativos da Ciência do Comportamento, esta que, por décadas, - sob legítima e construtiva base metodológica - tem oferecido ao universo comportamental riqueza de dados, ao lado de sofisticados e eficientes procedimentos para análise e intervenção no comportamento humano cotidiano. Compreender para evoluir poderia ser um tema humanístico que a Ciência do Comportamento ativamente incorpora na sua empreitada científica. As contribuições da Psiquiatria, amplamente apresentadas nos dois volumes, descortinam um perfil significativo da influência recíproca entre a área médica e as terapias comportamental e cognitiva. Nos últimos anos, a Psiquiatria desenvolveu maneiras xi de pesquisar, analisar e intervir nos problemas de pacientes psiquiátricos que deram ensejo a importantíssimos avanços no seu campo específico de ação. Os procedimentos dos psiquiatras incorporaram as técnicas cognitivo-comportamentais, dando a estas, não se pode negar, um status revelador e originando uma integração entre Psicologia e Psiquiatria jamais observada na história dessas duas disciplinas. Ambos os volumes trazem uma abrangente amostra da atuação profissional em diversos campos de ação do psicólogo comportamental. Pode-se notar que o enfoque sobre o comportamento, a fim de analisar e influenciar as ações e sentimentos humanos, se ampliam para áreas nas quais antes não se ousava fazê-lo. A perspectiva comportamental está presente, de maneira assertiva, em novas áreas (saúde, esporte, trânsito, organizações, comunidade etc.) e de formas criativas e inovadoras em áreas tradicionais (clinica e educação). A ação profissional (alternativa às ações de pesquisa e de ensino) envolve um maior número de pessoas, com treinamento muito diferenciado, assim não ó de se estranhar que aqui surja uma amostra muito diversificada de atuação. Um leitor perspicaz poderá, legitimamente, perguntar: estão os profissionais, de fato, lidando com o mesmo objeto de estudo? Os procedimentos de ação profissional compõem um arcabouço coerente e integrado, segundo uma matriz unificadora? Há preocupação explicita com o método científico? De quantos behaviorismos estamos na essência falando? etc. Os volumes, ao publicarem todos os trabalhos, não inventaram a diversidade: a testemunharam. Este é o momento da comunidade comportamental. Fiquemos atentos, pois o terceiro nível de seleção cumprirá sua funçào. Em anos futuros teremos respostas mais claras às questões acima formuladas e a muitas outras. Estes dois volumes serão uma boa linha de base para uma adequada avaliação dos comportamentos da presente comunidade comportamental. Hélio José Guilhardi Presidente da ABPMC Gestão 2000/2001 Capítulo 1 Violência Doméstica: Há o que fazer? Lúcia Cavalcantide Albuquerque Williams Universidade Icdcra/ de S,Jo C arlos l A r R t V - Laboratório de Análise e frevenção da Violência A violência contra a mulher é um dos delitos mais freqüentes do mundo, sendo responsável por seqüelas nocivas ao desenvolvimento dela e de seus filhos Desde 1998 o LAPREV (Laboratório de Análise e Prevenção da Violência) da UFSCar vem desenvolvendo atividades de intervenção e pesquisa na Delegacia da Mulher de SAo Carlos e no Conselho Tutelar do Município, ê oferocldo atendimento clinico a vitimas e agressores em uma sala especial da delegacia ou do conselho tanto para casos de crise quanto de psicoterapla Argumenta-se que a terapia com a mulher vitima de violência doméstica deve centrar-se no desenvolvimento de técnicas de autoconheclmento e contra-controle de forma a eliminar ou minimizar a posição de vitima passiva de acontecimentos averslvos. Técnicas utilizadas com o agressor para conter ou eliminar seu comportamento agressivo sAo brevemente discutidas e s io dados exemplos ilustrativos de consultoria a policiais e A comunidade em geral. Finalmente, sâo exemplificados esforços de conduzir projetos de pesquisa na área de violência intrafamllisr. O trabalho se encerra argumentando que há muito a fazer na área de intervenção e prevençflo da violência doméstica sendo que a Análise do Comportamento nos dá um referencial útil para o desenvolvimento de projetos relevantes. Palavras-chave: violência doméstica, violência intrafamiliar, violência de gênero, agressêo. Violence against women Is one of the most frequent crimes In the world, bemg rosponsible for harmful side effects In the development of women and children. Universidade Federal de S io Carlos’ Laprev (Laboratory for Analysis and Violence Prevontlon) has been developmg intervuntlon and research activltles in the local Women's Police Station and Children Support Agency since 1998. Clinicai intervention to victims and aggressors Is offered at a special room in a womerVs police station (or children agency) In terms of crlsis intervention and psychotherapy. It is argued that therapy wlth women who are victims of domestic violence should center in the development of technlques of self-knowledge and counter-control so bb to elimlnate or minimize the positlon of being a passive vlctlm of aversive acts Techniques utllized with aggressors to contaln or eliminate thelr vlolent behaviors are briefly discussed as well as examples that illustrate consultation to the police and to the general community. Flnally, attempts to exemplify efforts of conducting research projects In the area of familiar violence are given The paper ends with the statement that there is much to be done In the area of domestic violence intervention and prevontlon and Behavlour Analysis offers a useful framework for the development of relevant projects. K#y words: domestic violence, family violence, gender violence, aggression "Não lhe lembra nunca a possibilidade de um pontapé ou de um tabefe. Tem o sentimento de confiança, e multo curta a memória das pancadas. " (p. 35) Machado de Assis, Quincas Borba. Machado de Assis refere-se neste trecho ao cão de Quincas Borba que tinha o mesmo nome do que o dono. Infelizmente, sabemos o quanto a violência física é nociva ao ser humano. A "memória das pancadas", em nosso caso, não ó nada "curta" sendo responsável por efeitos, em nosso desenvolvimento, que são nocivos a curto, médio e longo prazo. (Possivelmente esta afirmação também e válida para cachorros, mas a comparação foge ao escopo do presente trabalho, que vai se ater à violência entre humanos e, mais especificamente, à violência intrafamiliar.) Sobre Comportamento e CognifAo 1 Estima-se que a violência contra a mulher tenha proporções epidêmicas no mundo todo. Na verdade, em 1989 o Worldwatch Institute declarou a violência contra a mulher como sendo o tipo de crime mais freqüente do mundo (Meichenbaum, 1994). “Nos Estados Unidos, a violência no lar é a maior causa isolada de ferimentos em mulheres, responsável por mais internações hospitalares do que estupros, assaltos e acidentes de trânsitos juntos". (Grant, 1995, p.25). Embora tenhamos que ser cuidadosos com os resultados de pesquisas epidemiológicas por diversas razões metodológicas (dentre as quais a própria a dificuldade de coleta de dados deste tipo), estima-se que um quarto das mulheres de todo o mundo sejam v/timas de violência em seus próprios lares. Dados específicos de cada país apresentam índices bem mais altos - até 50%, na Tailândia, 60%, em Papua Nova Guiné e Coréia; e 80%, no Paquistão e no Chile (Grant, 1995). No Brasil, ainda não temos dados a respeito da incidência do fenômeno, mas suspeita-se que os índices sejam assustadoramente altos. Dentre as seqüelas apontadas na literatura por mulheres agredidas pelo parceiro encontram-se: alto nível de depressão, ideação suicida, dependência de álcool ou drogas, sintomas de transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade crônica, sensação de perigo iminente, distúrbios do sono e/ou alimentação, freqüentes queixas somáticas, baixa auto- estima, dificuldade de tomada de decisão e dependência em extremo (Meichenbaum, 1994). O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) estima que uma em cada cinco mulheres que faltam ao trabalho o fazem por terem sofrido agressão física (Folha de São Paulo, 22/7/1998). Calcula-se que 40 % das mulheres assassinadas no Canadá foram vítimas de homicídio pelo parceiro (The Toronto Star, 23/3/1996). Nos Estados Unidos, esta porcentagem salta para 52% (Meichenbaum, 1994), sendo que no Brasil, como poderia ser esperado, a incidência de homicídios femininos pelo parceiro é mais alta ainda, sendo cerca de 66 % (Machado, 1998). Curiosamente, a porcentagem de mulheres assassinadas pelo companheiro na cidade de São Paulo no ano de 1995 foi menor do que a incidência nacional, sendo equivalente à taxa do Canadá, em torno de 40 %, segundo o pesquisador Renato Lima, da Fundação SEADE (Folha de São Paulo, 27/08/2000). Cabe ressaltar que companheiro é definido por "parceiro de relações amorosas e sexuais com alguma presumida estabilidade", embarcando esta definição "esposos, companheiros, amantes, namorados, noivos, ex-esposos, ex-companheiros, ex-amantes e ex-namorados" (Machado, 1998, p.113-114). O índice assustadoramente alto da violência conjugal faz com que a casa da mulher seja o local em que ela mais corre perigo - "É de senso comum o fato de que os homens morrem nas ruas e as mulheres morrem em casa" (Bandeira, 1998, p.68). O quanto a violência contra a mulher é corriqueira ó ilustrado pela freqüência com que as pessoas se aproximam para narrar episódios sofridos na família ao saberem que atuo nesta área. Sendo assim, já tive muitas auto-revelações: uma aluna que foi vítima de agressão física pelo ex-namorado; outras que foram vítimas de agressão física por parte de pais e avós; uma colega cuja mãe sofria agressão física pelo marido; e uma profissional da área de saúde que, quando eu estava em seu consultório, ao saber que eu atuava na área de violência doméstica, disse-me que costumava dormir com uma faca debaixo do travesseiro para se proteger do ex-marido que é professor universitário. Eu mesma tive um caso de violência doméstica fatal na família, razão pela qual talvez eu tenha tanto interesse pelo assunto. 2 1-úcM CdVtikiintl do Albuquerque W lIlM m t No momento em que escrevo esta palestra, o noticiário da imprensa volta-se para mais um caso fatal - um jornalista diretor de um dos principais jornais do pais matou sua ex-namorada, também jornalista, com dois tiros. Tal acontecimento trágico tem sido peculiar por três razões: a) repele mais uma vez o estereótipo de que apenas o homem pobre e com baixa escolaridade se engaja em tal tipo de violência; b) força a imprensa a analisar a cobertura que dá a este tipo de fatalidade, que muitas vezes apenas culpa a vitima e justifica o comportamento do agressor e, finalmente; c)alerta para a questão da impunidade e do despreparo de profissionais para identificarem sinais de perigo, uma vez que o jornalista culpado já havia agredido a vitima anteriormente, sendo que tal agressão em nada resultara. Mas as repercussões daninhas da violência conjugal não se esgotam na mulher. Recentemente os pesquisadores começaram a atentar para os efeitos que a violência conjugal acarreta em criança s. Straus (1991) calcula que, a cada ano, 10 milhões de crianças nos Estados Unidos fiquem expostas à violência conjugal. Dentre os efeitos nocivos associados a tal exposição, encontram-se elencados na literatura os seguintes problemas: agressão, uso de drogas e/ou álcool, problemas comportamentais, distúrbios de atenção, ansiedade, depressão, medo, baixa auto-estima, passividade, isolamento, transtorno de estresse pós-traumático, capacidade de solução de problemas limitada, problemas acadêmicos, evasão escolar e problemas somáticos (Barnett, Miller-Perrin e Perrin, 1997; Holden, Geffnere Jouriles, 1998). O pro je to de com bate e prevenção à v io lência dom éstica de São Carlos Em 1998 tivemos a oportunidade de iniciar um programa de intervenção na área de violência doméstica em que estagiários do curso de graduação em Psicologia prestam atendimento psicológico a vitimas e agressores em uma sala cedida à Universidade dentro da própria Delegacia em Defesa da Mulher de São Carlos (DDM). Até o final do ano 2000 atendemos cerca de 250 clientes em nosso programa, sendo a população atendida assim distribuída: cerca de 60% dos casos atendidos eram de mulheres, sendo a maioria vitimas de agressão física por parte do parceiro, 30% dos clientes eram crianças ou adolescentes, geralmente vítimas direta ou indiretamente de algum tipo de violência sendo esta caracterizada por intrafamiliar, na maioria dos casos, e, finalmente, cerca de 10% dos casos atendidos referiam-se a homens que eram, via de regra, agressores. O atendimento clinico divide-se em dois tipos de atuação: a) atendimento a crise ou emergência, quando a vítima chega até a delegacia em estado abalado por ter sido vítima de estupro, por exemplo. Neste caso, nosso objetivo consiste na “normalização” de seu comportamento por meio de técnicas de relaxamento e escuta empática, auxiliando- a na tomada de decisões a curto prazo e prestando esclarecimentos quanto à atuação da polícia e do sistema judiciário; e b) atendimento psicoterapêutico. Este último é mais freqüentemente conduzido de forma individual, porém, iniciamos no semestre passado, atendimento em grupo a mulheres e crianças. Para este ano, planejamos conduzir nosso primeiro atendimento em grupo de homens que agridem fisicamente suas parceiras. Quais seriam os objetivos da atuação clínica com mulheres vitimas de violência doméstica? Contrário ao que dita o senso comum ou ao que é sugerido, por vezes, como observamos, por alguns policiais e advogados, não compete ao terapeuta recomendar à Sobre Comportamento e CoflnivJo 3 cliente que ela deveria sair deste relacionamento conturbado, separando-se do marido, por mais violento que este seja. Afirmo isto por três razões: em primeiro lugar, não seria ótico tomar uma decisão para a cliente em se tratando de um assunto tão íntimo quanto a escolha de seu parceiro. Em segundo lugar, porque o fato de o terapeuta sugerir não irá tornar a separação do marido mais provável. O que controla a decisão da mulher de ficar ou não com o companheiro são variáveis múltiplas e complexas ilustradas na seguinte situação de ambivalência - muitas vezes a mulher relata que gosta do marido, embora não goste de seu comportamento agressivo. Do contrário, a sugestão do terapeuta, como se diz popularmente, "entraria em um ouvido e sairia pelo outro", servindo apenas para abalar a confiança do cliente no terapeuta ou mesmo, torná-lo aversivo. Finalmente, mesmo que a mulher concorde, em tese, com o terapeuta e queira terminar o relacionamento com o parceiro, muitas vezes, ela não o consegue, por uma série de razões poderosas - seja por temer retaliação do marido, por não conseguir ser auto-suficiente financeiramente, por não ter onde morar, etc. Sabemos que na época em que ocorre a separação, a mulher torna-se mais vulnerável a uma agressão fatal de um marido possessivo e violento. Neste sentido, seria irresponsável, por parte do terapeuta, encaminhá-la para uma situação de maior perigo, a não ser que esta decisão tenha sido tomada pela cliente após uma análise criteriosa das contingências envolvidas na separação, análise feita com o devido apoio do terapeuta. O fato do psicólogo não dizer à mulher que ela deva se separar do marido não significa que não deva recomendar à mulher que ela se separe deste temporariamente, quando a situação de periculosidade for tal que apresente risco de vida. Em nossa atuação, estamos constantemente auxiliando a cliente a analisar e identificar situações de risco. Há situações de emergências em que a mulher não pode voltar para a própria casa e, sendo assim, o trabalho na área é facilitado quando existe na comunidade uma Casa Abrigo com o objetivo de esconder a vitima por um curto período de tempo. A primeira Casa-Abrigo de São Carlos para mulheres e crianças correndo risco fatal de violência somente será criada este ano, após diversas articulações da Universidade com a atual administração e a sociedade civil como um todo. No passado, para solucionar tal lacuna, tínhamos um acordo informal com a Secretaria de Bem Estar e Promoção Social da Prefeitura, que nos fornecia estadia em curto prazo em um hotel modesto da cidade quando uma situação de perigo aparecesse. Felizmente, só precisamos nos utilizar deste recurso em duas ocasiões nestes dois anos e meio de intervenção na área. A propósito, a Prefeitura também nos fornece passes gratuitos mensais para que nossos clientes venham á terapia, já que a sua maior parte se constitui de pessoas de baixo poder aquisitivo que vivem na periferia da cidade. Se não cabe ao terapeuta recomendar separações conjugais permanentes, o que lhe resta fazer? Cabe ao terapeuta atuar com sua cliente de forma que ela chegue à conclusão de que a violência é inaceitável e insustentável em qualquer tipo de relacionamento. Cabe ao terapeuta ensinar a sua cliente técnicas de contra-controle para que ela assuma as rédeas da situação e não seja mais uma vítima passiva de um parceiro violento. A palavra da moda é empoderamento, termo que a meu ver é compatível com a proposta de Skinner, de longa data, de o indivíduo ser sujeito de sua própria história. (Skinner, 1994). Neste sentido, a terapia é um terreno fértil para a aprendizagem de técnicas que aumentarão a segurança e proteção da mulher. Um dos primeiros passos consiste na 4 I úcúi Cuvtilcanli de Albuquerque Willi.ims auto-observação pela mulher de seu comportamento e de sua interação com o agressor. Quais os comportamentos emitidos por ela que desencadeiam comportamentos violentos no marido? Por exemplo, se o marido chega bôbado em casa e se fica agressivo quando bebe, qual o sentido de ela agredi-lo verbalmente, se isto, via de regra, resulta em violência? Analisar os antecedentes do comportamento violento desencadeados pela própria vítima de modo objetivo ó muito diferente de reforçar a tese de que a mulher provocou a agressão ou que merecia ser punida e é preciso que isto seja esclarecido na terapia de modo enfático, atribuindo-se ao agressor total responsabilidade pelo ato agressivo, ato que é considerado um delito pelo Código Penal Brasileiro. Paralelamente, a mulher precisa aprender sobre coerção e os efeitos da punição no comportamento humano, além de analisar as seqüelas observadas em crianças de lares violentos. Há muito que trabalhar em terapia para livrá-la dos sintomas da depressão que freqüentemente evidencia. Há também um trabalho de recuperação de auto-estima à medida que aprende técnicas saudáveis de enfrentamento e torna seu repertório comportamentalmais resiliente. Finalmente, a mulher se beneficia da aprendizagem de técnicas de relaxamento e controle de estresse, além do ensino de procedimentos eficazes de resolução de problemas e do treino de assertividade. Em relação ao agressor, o objetivo da intervenção consiste em ensiná-lo a interagir de forma não agressiva em seu relacionamento conjugal, o que, convenhamos, não é uma tarefa fácil. Temos usado para isto técnicas de auto-observação, análise de seu histórico de vida e das contingências associadas à aprendizagem de seu modo violento de ser, discutindo alternativas não violentas de enfrentamento de problemas, como, por exemplo, a auto-aplicação de time-out quando o indivíduo se percebe em uma situação de risco para a violência. Em poucas palavras, nosso trabalho consiste em ensinar homens violentos a terem um "estopim" mais longo. Para isto é preciso também conduzir treino de assertividade, aumento da comunicação entre o casal, ensinar técnicas de relaxamento, dentre várias outras técnicas. A propósito da palavra estopim, um de nossos clientes, casado há mais de vinte anos - tempo em que constantemente agredia a mulher- ilustrou, apropriadamente, seu problema de agressividade e impulsividade, quando nos disse: "Todos se queixam de terem um estopim ou pavio curto. Eu queria mesmo é ter um estopim..."(sic). Felizmente o comportamento violento do agressor conjugal é bastante suscetível ao controle de estímulos. Sendo assim, ele agride a mulher, mas não agride, por exemplo, seu vizinho ou chefe no trabalho. Agride a mulher em casa, mas raramente o faz em lugar público. Quando isto acontece, nossa tarefa é facilitada. Por exemplo, em relação ao referido cliente de "pavio inexistente", como ele tinha um bom nível sócio econômico sendo, inclusive, um profissional da área de saúde, sugerimos dentre outras táticas, que conversasse com a mulher sobre assuntos difíceis (como finanças, por exemplo) em um restaurante ou em seu consultório, para minimizar a probabilidade de agressões. C onsu ltoria a p ro fiss io na is que atuam na área de v io lência Além do objetivo de prestar atendimento psicológico a vítimas e/ou agressores na área de violência doméstica, nosso segundo objetivo consiste em fornecer assessoria a Sobre Comportamento e Coflniç«1o 5 profissionais da área. No inicio de 1999, oferecemos uma oficina intitulada "Aspectos Psicológicos da Violência" às policiais da DDM de São Carlos. (Williams, Gallo, Basso, Maldonado e Brino, no prelo). As razões para o oferecimento da oficina foram derivadas de nossa interação com as policiais, quando constatamos a queixa freqüente de que a Academia da Policia não as havia preparado para um adequado atendimento às vítimas de violência, impedindo-as de realizar um atendimento ideal. Assim, planejamos uma oficina, inicialmente obtendo uma entrevista individual com cada policial. Com base nas entrevistas, foi elaborado um questionário sobre crenças a respeito da violência doméstica, com 30 questões de afirmação seguidas por verdadeiro ou falso. Os objetivos da oficina foram: a) reconhecer o direito do ser humano e, especificamente da mulher, de não sofrer agressão; b) rever crenças que perpetuam a violência contra a mulher, redefinindo-as e c) analisar as crenças subjacentes à sua atuação na DDM. A oficina foi conduzida na Universidade em duas noites consecutivas, com um total de 8 horas de duração. Os resultados demonstraram que quatro das cinco policiais apresentaram um aumento na porcentagem de respostas corretas ao questionário. No final do ano passado, oferecemos uma segunda oficina na Universidade sobre "Abuso Sexual Infantil", desta vez aberta a um público mais amplo. Neste ano, oferecemos um curso de extensão com 60 horas de duração intitulado “Direitos Humanos: a questão sobre a violência contra a mulher", que recebeu apoio financeiro da Secretaria de Estado de Direitos Humanos. Uma das vantagens de oferecer tal tipo de curso foi a oportunidade de ter, como alunos da disciplina, profissionais da área de Direito do município que têm como clientes a mulher vitima de violência doméstica, sendo que, após o curso, alguns destes profissionais têm atendido voluntariamente algumas de nossas clientes. O curso teve desdobramentos adicionais, dentre eles algumas reuniões na Câmara Municipal e na Prefeitura do Município que foram estratégicas para a concretização da Casa Abrigo de São Carlos. Fomos recentemente convidados a contribuir para o treinamento de novos Conselheiros Tutelares, fornecendo palestra sobre violência conjugal fatal. Quanto a isto, fomos solicitados, no ano passado, a expandir nosso projeto de intervenção e estágio para as dependências do Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente de São Carlos. Desde março, temos oferecido atendimento em tal local, projeto que por se encontrar no inicio não será analisado no momento. A formação do futuro psicólogo apto a intervir na área de violência doméstica Além da atividade "Práticas de Estágio Supervisionado", na Delegacia da Mulher e no Conselho Tutelar, o aluno de graduação em Psicologia da UFSCar tem a oportunidade de se inscrever em um curso optativo teórico-prático intitulado “Intervenção a Vítimas de Violência.", com o objetivo de rever a literatura pertinente à área de combate e prevenção à violência. Dentre os temas discutidos no curso encontram-se: o conceito de violência e de violência doméstica, violência de gênero e suas modalidades explicativas, perfil psicológico do homem violento, técnicas de intervenção com vitimas e agressores, o impacto da violência conjugal em crianças, a legislação brasileira sobre violência doméstica, transtorno 6 I úcia Cavalcanti de Albuquerque Williams de estresse pós-traumático, abuso sexual infantil, a criança vítima de maus tratos e negligência, intervenção com pais agressores e o indivíduo portador de deficiência e a questão da violência, intervenção à crise e suicídio, prevenção de violência doméstica. O que se espera em longo prazo é que o curso seja uma oportunidade para elaboração de um livro-texto na área, uma vez que existe no Brasil uma grande carência de material útil à área de intervenção e prevenção de violência doméstica. A pesquisa na área de violência doméstica Nosso objetivo em pesquisar foi facilitado com a inauguração no inicio do ano do LAPREV (Laboratório de Análise e Prevenção da Violência), vinculado ao Departamento de Psicologia, da UFSCar, que pretende ser um núcleo gerador de estudos que contribuam para uma melhor compreensão do fenômeno da violência em geral, e em específico da violência doméstica. As atividades do LAPREV estão associadas (mas não se restringem) ao “Programa de Intervenção a Vítimas de Violência Doméstica", em andamento na DDM de São Carlos, há dois anos, sendo responsável pela apresentação de mais de duas dezenas de trabalhos em Congressos Científicos, em diversas cidades do Brasil. Adicionalmente, o LAPREV está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, dentro da linha de Pesquisa "Atenção primária e secundária em Educação Especial: prevenção de deficiências.” Pretende-se nesta área: a) avaliar o impacto que a violência produz no desenvolvimento infantil, gerando metodologia específica e desenvolvendo técnicas, de maneira a prevenir eventuais efeitos prejudiciais: b) analisar e prevenir o abuso físico, sexual e psicológico do indivíduo portador de deficiência e c) atuar com pais e familiares portadores de atraso global no desenvolvimento, de forma a minimizar o risco de negligência e/ou maus tratos em seus filhos. É interessante notar que o indivíduo portador de um atraso global de desenvolvimento corre o risco duplo tanto de ser vítima de violência quanto de ser agressor - por exemplo a mulher portadora de deficiência mental tem risco de sofrer violência sexual e/ou de maltratar e negligenciar o filho. Nossas primeiras tentativas de pesquisa na área foram de natureza descritiva, envolvendoum mapeamento da violência denunciada na Delegacia da Mulher. Neste sentido, Basso, Souza e Williams (1999) fizeram um levantamento da violência denunciada na cidade de São Carlos durante o ano de 1997. Os resultados apoiaram a tendência encontrada por outros autores (Saffioti e Almeida, 1995; Camargo, Dagostin e Coutinho, 1991; Azevedo, 1985 ) de que 58,3% dos casos de agressão registrados na DDM de São Carlos correspondiam a um relacionamento amoroso entre vítima e agressor, sendo apenas 5,8% dos agressores desconhecidos da vítima. Além disso, tal como os demais autores, Basso, Souza e Williams (1999) constataram que dentre todas as modalidades delituosas registradas na delegacia, as mais freqüentes eram casos de lesão corporal dolosa (LCD) e ameaças. Dando continuidade a este trabalho, Williams e cols. (1999) fizeram um mapeamento completo de todos os tipos de delitos registrados na DDM de São Carlos (não só envolvendo violência contra a mulher, mas contra menores de idade também) no período de janeiro a abril de 1999. Assim como em estudos anteriores, verificou-se que a Sobre C omporl.imcnlo c Co#nlç»lo 7 maioria das ocorrências (48,37%) referia-se a casos de LCD, seguidos de 22,30 % de casos de ameaça, sendo a ameaça de morte a mais freqüente (69,2%), seguida de ameaça de agressão (18,4%). Confirmando a literatura, constatou-se que 61,25% dos agressores, nos casos de LCD, mantém ou já mantiveram um relacionamento amoroso de ordem heterossexual com a vitima. Atualmente, existem duas dissertações de mestrado em andamento vinculadas ao LAPREV: Brino (2000), que pretende capacitar professores da rede pública de ensino a lidarem com o problema de abuso sexual de crianças; Santos (1999), que está conduzindo um programa de intervenção com pais que agridem fisicamente seus filhos. Dois novos projetos terão inicio neste ano (Maldonado, 2001 e Brancalhone, 2001). Além disto, existem oito projetos de iniciação científica em andamento, todos dentro do tema de combate e/ou prevenção à violência doméstica envolvendo populações diversas, como o menor infrator, adolescentes grávidas, etc. Algumas das perguntas que pretendemos responder em nossos projetos são derivadas de nossa prática de intervenção com as vítimas. As perguntas de natureza descritiva são relativamente fáceis de ser respondidas, servindo como indicadores da situação de violência doméstica denunciada em São Carlos. Contrário ao que é por vezes preconizado pela imprensa local, verificamos que o número de denúncias de agressão da mulher não tem aumentado ao longo dos anos na cidade. Desde 1989, primeiro ano da DDM na cidade até o ano 2000, a média anual de delitos registrados tem sido em torno de 1411, sendo que no ano passado foram registrados 1516 delitos. Destes delitos, a média anual de casos de LCD foi de 465 casos, sendo que o ano de 2000 registrou 586 delitos desta natureza, valor máximo já obtido. Se o número de delitos de LCD tem oscilado, o número de ameaças vem aumentando ao longo dos anos (média anual igual a 222; total do ano 2000 igual a 345 casos). Esta tendência também tem sido observada por outros pesquisadores. A este respeito, Saffioti (1999) afirma que:"... em 1988,85% das denúncias registradas na primeira e terceira DDM de São Paulo foram de agressão e 4,17% de ameaças. Em 1992, nas mesmas delegacias, as denúncias de agressão caíram para 68% dos casos, com as ameaças subindo para 21,3%. Essa alteração é um indicador de que, em alguns casos, a mera apresentação da queixa numa delegacia é uma advertência de que a autoridade policial consegue cessara violência" (p. 23). Em nossa experiência clínica atuando com mulheres vítimas de agressão física por parte do parceiro, observamos dois fatos que mereceriam ser investigados com maior detalhe. Em primeiro lugar, notamos uma nítida diminuição na freqüência de episódios violentos no lar após a mulher ter prestado queixa na delegacia. Poderia ser argumentado que o parceiro nào mais agredia a mulher, pois o casal veio a separar-se após a denúncia formal. Não era este, entretanto, o caso observado em nossos clientes dos quais, tal como os dados da literatura indicam, após a queixa, apenas 40% dos casados se separam, sendo que a maioria (60%) continua a viver conjugalmente (Saffioti, 1999). A impressão decorrente era de que, após a denúncia, o agressor havia recebido uma mensagem forte e clara de que a agressão física à mulher não era aceita pela comunidade. Tal postura é adotada pela DDM que, em tese, encoraja a prestação de queixa como forma de deter o comportamento violento do agressor. O impacto que a queixa policial tem sobre o comportamento violento do agressor, embora não demonstrado de forma conclusiva, é inferido por pesquisadores da área de violência doméstica. 8 lúcia Cavalcanti dc Albuquerque Williams Quando o parceiro passa a apresentar menos agressões físicas à sua companheira, mas faz ameaças com maior freqüência, nota-se que houve uma alteração na topografia do comportamento violento. Isto nos remete à segunda constatação provinda de nossa experiência no atendimento a vítimas: após a formalização da queixa, o companheiro diminuía, no geral, as agressões físicas à mulher, mas, tambóm, em alguns casos, aumentava a freqüência de violência psicológica à mesma. Ou seja, em alguns casos, o agressor aprendia que a comunidade não tolerava a agressão física, passando, então, a utilizar formas de agressão mais sutis, como ó o caso da agressão psicológica. Caberia, portanto, analisar se, mesmo nos casos de diminuição da agressão física, haveria mudanças topográficas no comportamento violento do parceiro. Sendo assim, no momento estamos empenhados em responder a seguinte pergunta: o que acontece com a freqüência e topografia do comportamento violento do parceiro após a mulher ter prestado queixa na DDM? Caso fique demonstrado que o comportamento de prestar queixa à polícia por parte da mulher vítima de agressão física do parceiro tem o efeito de diminuir a freqüência e intensidade da violência, tal constatação teria relevância social a pelo menos dois grupos de pessoas: em primeiro lugar, as mulheres vítimas de violência doméstica poderiam ser encorajadas mais veementemente à prestação de queixa. Como afirma Leal (1998): “A denúncia do parceiro à polícia parece significar para as vítimas um certo rompimento, de sua parte, com a reciprocidade familiar. Quando as mulheres procuram ajuda da polícia não buscam uma proteção específica àquele delito denunciado, mas a restauração de toda uma ordem que confere sentido social, não só naquela relação, mas à sua existência social” (p.31-32). Em segundo lugar, os resultados, se confirmados, contribuiriam para a validação social do trabalho das policiais da DDM. Este último aspecto é importante dado a pouca relevância que a polícia dá a DDM - considerada hierarquicamente seu bloco secundário - aliada à percepção das policiais da DDM de que seu trabalho é infrutífero, uma vez que o "índice de condenações beira ao ridículo: apenas 2% dos 178 processos resultantes de inquéritos instaurados em 1992 pela 3a DDM de São Paulo" (Saffioti, 1999, p.22). No momento estamos conduzindo um pequeno estudo piloto para avaliar os efeitos da denúncia no comportamento violento do parceiro para dois grupos de mulheres-aquelas que prestaram queixas e aquelas que não prestaram. Os dados coletados até o momento são encorajadores: para as dez mulheres que prestaram uma queixa formal, em nove casos o companheiro não voltou a cometer qualquer tipo de agressão, transcorridos três meses da denúncia, apesar dos respectivos processos terem sido arquivados. Em contraste, para as três mulheres que não quiseram prestar queixa, o comportamento violento do parceiro persistiu. Se a denúncia da violência não tem aumentado em São Carlos, lamentavelmente temos observado um aumento no número de tentativas frustradas de suicídio por parte de mulheres na cidade. Os casos de tentativade suicídio são encaminhados a DDM, não porque o atentado à própria vida seja um delito, mas porque tais casos necessitam de uma investigação policial, uma vez que se trata de um delito induzir alguém a cometer suicídio. No momento, estamos empenhados em coletar tais dados, mas uma análise preliminar revela que não só os casos de tentativa de suicídio parecem estar mais freqüentes, quanto à maneira escolhida para se suicidar parece ser mais grave ou letal (por exemplo, Sobre C omportamcnlo c Cotfnivdo 9 veneno de rato ao invés de excesso de medicamentos) e a idade das vítimas parece estar diminuindo. Por exemplo, atendemos este ano pela primeira vez uma vítima de 12 anos e recentemente atendemos uma menina de oito anos que estava fazendo ameaça de suicídio aos pais. Um comentário pertinente: em todos os casos de tentativa frustrada de suicídio que atendemos não encontramos, até o momento, um só caso que não apresentasse um histórico de violência. Comentários finais Gostaria de concluir respondendo afirmativamente à pergunta inicial: há muito que fazer na área de intervenção e prevenção de violência doméstica. A questão que se coloca, em seguida, não é o que fazer, mas como fazê-lo? Dadas as desigualdades da população brasileira, a falta de recursos sociais e nossa carência de infra-estrutura, tudo leva a crer que não dá para intervir nesta área sem uma certa dose de militância política, seja lutando por Casa Abrigo na Câmara de Vereadores, seja instruindo o publico, em geral, sobre casos em que os direitos das pessoas, sejam elas mulheres, homens ou crianças, sejam desrespeitados. Do ponto de vista metodológico, o que mais sinto falta é de um corpo de pesquisa sólido que incorpore os diversos conhecimentos pertinentes à área. O pesquisador nesta área muitas vezes trabalha sozinho tendo poucos modelos para se orientar. A formação do psicólogo comporta mental na área de violência é privilegiada, seja devido ao otimismo gerado por seus pressupostos teóricos ( i.e., grande parte do comportamento violento é aprendido), seja devido à aplicabilidade de técnicas validadas em uma experiência clinica rigorosa, com resultados encorajadores. Curiosamente, os trabalhos de analistas comportamentais na área de intervenção de violência doméstica são quase inexistentes, possivelmente devido a dificuldades metodológicas de se estudar um comportamento geralmente inacessível á observação direta. Em 1995, Myers publicou um artigo no Journal of Applied Behavior Analysis, conclamando analistas do comportamento a contribuir para a redução da agressão do homem à mulher, seja desenvolvendo e analisando componentes de programas, seja aplicando o manejo de contingências e da tecnologia de treinamento comportamental. De lá para cá os trabalhos têm sido esparsos. Entretanto, quando eles surgem (ver 0 ’Leary, Heyman e Neidig, 1999); o esforço tem sido, como sempre, recompensador. A sociedade contemporânea tem sido constantemente criticada por sua dificuldade em combater o problema da violência. A relação entre a violência que ocorre na rua e a violência que ocorre no lar tem sido muito pouco pesquisada. Imagino que seja somente uma questão de tempo. Referências Azevedo, M.A. (1985). Mulheres espancadas: a violência denunciada. Sâo Paulo: Cortez. 1 0 l.úcld Cavalcanti tlc Albuquerque W illiam s Bandeira, L. (1998). O que faz da vitima, vitima? Em D.D. Oliveira, E.C. Geraldes, e R.B.Lima, R.B. (Orgs). Primavera já partiu: Retrato dos homicídios femininos no Brasil, (pp. 53-95). Petrópolis: Vozes. Barnett, O. W., Miller-Perrin, C.L. e Perrin, R.D. (1997/ Family violence across the lifespan. Thousand Oaks, CA: Sage. Basso, A. F. T., Souza, D.G. & Williams, L.C.A. (1999). A violência denunciada contra a mulher na cidade de Sâo Carlos.[Resumo] Em Sociedade Brasileira de Psicologia (org.) Resumos de Comunicação Cientificas. XXIX Reunião Anual de Psicologia. Resumos (p.273). Campinas:SBP. Brancalhone, P. G. (2001) Características do desempenho escolar de crianças expostas à violência conjugal. Projeto de dissertação de mestrado. Universidade Federal de São Carlos. Sâo Carlos, SP. Brino, R. 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Matar e morrer no feminino. In D.D. Oliveira, E.C. Geraldes o R.B. Lima (Orgs). Primavera já partiu: Retrato dos homicídios femininos no Brasil.(pp. 96-121). Petrópolis: Vozes. Maldonado, D. P. A. (2001) Efeitos da exposição á violência conjugal no comportamento agressivo de crianças pré-escolares. Projeto de dissertação de mestrado. Universidade Federal de São Carlos. Sâo Carlos, SP. Meichenbaun, D. (1994). A clinicai handbook/practical therapist manual for assessing and treating adults with post-traumatic stress disorder (PTSD)t Waterloo: Institute Press. Myers, D. L. (1995) Eliminating the battering of women by men: Some considerations for Behavior Analysis. Journal of Applied Behavior Analysis, 28, 493-507. 0 ’Leary, K. D., Heyman, R.E. & Neidig, P.H. (1999). Treatment of wife abuse: A comparison of gender-specific and conjoint approaches. Behavior Therapy, 30, 475-505. Saffioti, H. I. B. & Almeida, S.S. (1995). Violência de gênero: Poder e impotência. Rio de Janeiro: Revinter. Saffioti, H. I. (1999). A impunidade da violência doméstica. Noticias Fapesp. Jan./Fev. Santos, G. E. (1999). Proposta de intervenção com pais agressores: Uma perspectiva em Educação Especial Projeto de dissertação de mestrado. Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, SP. Skinner, B. F. (1994). Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes. Tradução de João Cláudio Todorov e Rodolpho Azzi. (Trabalho original publicado em 1953). Sobre Comportamento c Coflniçilo 11 Straus, M. A. (1991). Children as witness to marital violence: A risk factor for life long problems among a nationally representativo sample of American men and women. Congresso “Criança e Violência". Washington, DC. Williams, L. C. A., Rodrigues, C. M., Capobianco, D„ Piovesana, J., Cortez, M. B. L'Apiccirella, N. I. S. P., Napoleone, P. C., Cavlnl, P. N., Gomes, R. C. & Rosa, T. B. (1999). Um mapeamento da violência denunciada na Delegacia da Mulher.[Resumo] Sociedade Brasileira de Psicologia (org). Resumos de Comunicação Cientifica. XXIX Reunião Anual de Psicologia. Resumos ( p.274). Campinas: SBP. Williams, 1. C. A., Gallo, A. E., Basso, A. F. T., Maldonado, D.A. e Brino, A. F. T. (no prelo). Oficina para policiais da delegacia da mulher; Um relato de experiência. Psicologia: Teoria e Prática, 2, (2). 1 2 I úciii Cavalcanti de Albuquerque W illiam s Capítulo 2 Reconhecendo e prevenindo a rejeição entre os pares Vera Regina Miranda í/omea da Silva Universidade fcdcntl do Paraná Os problemas sociais comumente referem-se às relações entra as pessoas, envolvendo dificuldades de comunicação, Integração e cooperação. A maior parle dos seres humanos des«|a ser escolhida e aceita pelos outros, fazer parle de grupos sociais e sabe-se que indivíduos que sAo aceitos e que se aceitam têm maior probabilidade de virema aceitar e respeitar os outros (segundo Argyle, 1676 e Briggs, 1995). Toda criança anseia profundamente ser Incluída. NAo ser aceito pelos grupos ó um fenômeno que a comunidade tende a denominar de “rejeiçAo", e que gera muitas dificuldades aos indivíduos alvo da mesma, sendo Inúmeros os estudos que. direta ou indiretamente, abordam a rejeição entre os pares. A seriedade deste conjunto de problemas é evidenciada através do número crescente de pesquisas que demonstram ser a rejeição na escola um dos poucos aspectos do funcionamento infantil que prediz consistentementa problemas de comportamento no futuro (Bee, 1996). Pretende-se: dlfaranciar os conceitos de criança popular, neglicenciada, rejeitada, isolada; apresentar algumas pesquisas voltadas para tais temas e propor algumas estratégias de açAo grupai visando minimizar a rejelçAo. Acredita-se que buscando as habilidades prô-soclals requisitadas a um bom relacionamento, certamente contribuir-se-A para gerar n aproximação nas relações interpessoais e, conseqüentemente, para a pravençAo em saúde mental. Palavras-chave: rejeiçAo, enanças rejeitadas, pesquisas sobra rejelçAo, prevençAo. Social problema commonly refer to the relationship between people, involving difflcultles In communication, Integration and cooperation Most themselves are more llkely to accept others (accordlng to Argyle, 1970 and Briggs. 1995). Every chlld deeply yearns to be Included. Not being accepted by the group is a phenomenon that the commumty tends to call “rejection" and which generates many difflculties to the targat Individuais. There are numerous studies that, directly or Indlrectly, approach rejection between paars. The seriousness of this set of problems Is avidenced by the growing number of research showlng that rejection at school Is one of the few aspects of the chlld functlon which conslstently predicts future behavlor problems (Bee. 1996). What is intended here is to differentiate the concepts of popular, neglected, rejected and isolated chíld as well as to Introduce some research focusing on the matter and to present some strategies of group action aiming at minimlzing rejection. It Is bolleved that searching the pro-social skllls necessary to a good relationship wlll certalnly cooperate with generating approxlmation to interpersonal relationships and consequently, mental health prevention. Kay words: rejection, rejected children, research about rejection, prevention. Bee (1996) inicia suas considerações sobre o tema Popularidade e Rejeição afirmando que crianças negligenciadas ou rejeitadas são mais propensas à depressão e solidão do que as aceitas. Llario, Cots e Casas (1992) afirmam que crianças rejeitadas evidenciam maior vulnerabilidade a problemas psicopatológicos severos em comparação com as crianças isoladas. Crianças rejeitadas são extremamente vulneráveis a dificuldades de ajustamento na infância, adolescência e vida adulta (condutas anti-sociais, delinqüência, solidão, depressão, suicídio, neuroses e psicoses), sendo que a relevância do tema provavelmente Sobre l omportiimcnto c CogmçJo 13 tem contribuído para tantos autores empreenderem pesquisas nesta direção. Patterson, Debaryshe, Ramsey (1989), Price e Dodge (1989), Asher, Parkhurst, Hymel e Williams (1995) estabelecem forte relação entre rejeição e disfunções diversas. Integrando diversos pesquisadores que estudaram tais aspectos (Ames, Ames e Garrison, 1977; Master e Furman, 1981; Asher e Gottman, 1981; Vosk, forehand, Parker e Rickard, 1982; Puttalaz, 1983; Asher e Dodge, 1986; Hartrup e Rubin, 1986; Berndt e Ladd, 1989; Bukowski e Hoza, 1989; Asher e Coie, 1996), serão diferenciados os conceitos de crianças populares, rejeitadas e impopulares: Crianças populares são aquelas que apresentam aceitação social e status positivo em todas as idades e revelam comportamentos positivos como: ajuda, respeito às regras, amizade, não punição e não agressividade em relação aos demais e consideração pelos desejos dos companheiros. Recebem e dão reforçamento positivo e emitem e recebem menos punição dos demais. Possuem, então, mais interações positivas e menos problemas de conduta e hiperatividade. São vistas pelos outros como desejáveis para trabalhar, sentar perto, brincar e, conseqüentemente, são mais habilidosas para interagirem com seus iguais. Tendem a manter visão positiva de si mesmas, como competentes a nlvel interpessoal, pois empregam estratégias efetivas. Em contrapartida, as crianças rejeitadas, rechaçadas ou de status negativo são avaliadas negativamente por seus iguais, evitadas por eles e tendem a ser mais agressivas (agressividade reativa), disruptivas, não cooperativas, e a violar regras e desorganizar o grupo com mais freqüência. Empregam comportamentos que provocam rejeição manifesta por seus pares. As crianças impopulares recebem e emitem mais punição aos outros, desaprovação, insultos, brigas, destruição e agressão em atos e palavras. Dispendem mais tempo com interações negativas, são mais depressivas e possuem nível menor de realizações, já que precisam empreender muito mais estudo para obter melhor performance. Ao estudarem medidas de aceitação e rejeição entre os indivíduos nos grupos ó necessário apresentar as contribuições, características e limitações da sociometria. Conforme abordam Carmichael (1978) e Argyle, Asher e Dodge (1986) utilizam-se deste instrumento para distinguir quais as crianças consideradas escolhidas, rejeitadas e negligenciadas pelo grupo. Vários pesquisadores valeram-se de instrumento sociométrico como recurso complementar às suas pesquisas (Ames et ali, 1977; Masters e Furman, 1981; Coie, Dodge e Coppotelli, 1982; Puttalaz, 1983; Puttalaz eWasserman, 1989; Foster, Martinez e Kulberg, 1996). Alves (1974) e Monteiro (1993) propõem o teste sociométrico como um instrumento de auxílio que estuda a estruturas sociais em função das escolhas e rejeições manifestadas no seio de um grupo. Tal recurso consiste em solicitarem-se as escolhas positivas (encaradas como proximidade, atração, desejo de compartilhar) e as negativas (rejeição, distância, recusa a compartilhar). Pode-se aplicar em crianças, adolescentes ou adultos, indagando-se: "quem gostaria ou não de ter por companheiro para brincar, estudar, trabalhar, sentar perto, viajar?". Comumente verificam-se as justificativas questionando-se sobre o porquê das escolhas e/ou pede-se para que o sujeito escolha em ordem de importância, do mais ao menos preferido. Dodge (1983) alerta os pesquisadores sobre um problema comum em certos estudos. O uso somente de critério positivo confunde dois grupos de crianças de baixo 14 Vera Regina Miranda Qomet da Silva status, aquelas que não são preferidas e as altamente desgostadas com aquelas que não são preferidas nem desgostadas (isto é, confunde-se "rejeitadas com negligenciadas”). Segundo Dodge ressalta, o pesquisador deve ter clareza nos seus objetivos de estudo para formular a pergunta adequada aos seus propósitos. Peery (1979) propõe um modelo conceituai onde agrupa as categorias em quatro quadrantes, da seguinte forma: no quadrante superior encontram-se, à esquerda, as "rejeitadas"; à direita, as “populares". Ambas possuem alto impacto social, sendo que as primeiras possuem negativa preferência, enquanto as populares possuem positiva preferência. O quadrante inferior situa, na direita, as "isoladas" (baixo impacto social e negativa preferência) e as “amigáveis", na esquerda (baixo impacto social e positiva preferência social). Steiner (1972) em seu estudo sobre a criança isolada define que esta não recebe escolhas, não impressiona seus pares por nenhum atributo social, afetivo, intelectual, físico ou pela combinação de dois ou mais destes. Segundo Llario et ali (1992), esta criança passa desapercebida pelo grupo e sua característica dominante parece ser a ansiedade frente às situações sociais associada a déficits de execução. Já a criança rejeitada é aquela percebida pelos outrose carregada de valências negativas. Asher e Dodge (1986) diferenciam crianças negligenciadas como aquelas que têm falta de amigos e não são particularmente desgostadas (tidas como "isoladas" para alguns autores) e as rejeitadas como aquelas altamente desgostadas. Coie, Dodge e Coppotelli (1982) acrescentam as populares como as altamente preferidas, as medianas, que são as moderadamente preferidas ou não preferidas, e as controvertidas como aquelas altamente preferidas por alguns e altamente desgostadas por outros. No que tange à identificação da rejeição é relevante distinguir, de acordo com Asher e Coie (1995), a rejeição continuada da rejeição temporária. Certamente, o pior diagnóstico, conforme também ressalta Bee (1996), é para aquelas crianças que são rejeitadas por um período longo. No entanto, de todas as denominações, Coie e Dodge, in Dodge (1983) afirmam que a criança rejeitada é aquela que apresenta a maior possibilidade de pertencer a um mesmo status, mesmo com o passar dos anos. Harris (1999) ressalta que a criança que é ativamente rejeitada é incapaz de quebrar o ciclo do status negativo, que é um círculo vicioso onde, cada vez mais, mostra- se inadequada e é rejeitada. Tal autora complementa alegando que a rejeição tem efeitos permanentes na vida emocional da criança e diz: "Você foi julgado por um júri formado por seus pares e foi considerado deficiente"(Harris, 1999, pg. 232). Patterson, Debaryshe e Ramsey (1989) e Patterson, Reid e Dishion (1992) apresentam variáveis determinantes do comportamento anti-social. Percebe-se que nos dois esquemas sugeridos, os contextos familiar e escolar desempenham papel preponderante. Isto ê, ambos são "agências de socialização", onde a criança pode aprender condutas adequadas e/ou inadequadas. Dentro do ambiente escolar, os autores mencionam o fracasso acadêmico e a rejeição entre os pares como sendo aqueles fatores que, na idade escolar, podem funcionar como situações de risco para a conduta anti-social. No que tange ao contexto familiar, referem-se à disciplina e ao monitoramento parentais pobres. Gomes da Silva (2000) conclui, em seu estudo com crianças no ambiente escolar, que a rejeição entre os pares se dá devido, principalmente, aos seguintes indicadores: Sobre Comportamento e CojjmvJo 15 perturbador (condutas que incluem a agitação, irritabilidade e pessimismo), autoritário (postura “ditatorial" na relação com os demais), agressivo (agressividade em atos e palavras), e não participativo (omissão à participação em atos e palavras). Tal pesquisa evidencia que as crianças tendem a rejeitar seus pares com base em comportamentos inadequados, isto é, a criança "faz algo" que suscita rejeição entre seus colegas. Em contrapartida, as crianças escolhem seus pares devido à emissão, em alta freqüência, de comportamentos pró-sociais por parte destes (bom humor, participação, não agressão e qualidades pessoais não operacionalizáveis como, “ser amigo, sincero, simpático"). Mussen et ali (1995) definem por "comportamentos pró-sociais aquelas ações sociais positivas que incluem o altruísmo, a ajuda, o compartilhar, a atenção e a solidariedade". Por todas as considerações tecidas até o presente momento, evidencia-se que identificar crianças que persistem em padrões comportamentaís dasadaptatívos pode ser importante diagnóstico para investigar habilidades sociais e capacitá-las a prevenir possíveis rejeições, conforme defendem Asher e Coie (1995). Entre as propostas de intervenção para crianças rejeitadas, é comum, como já referido anteriormente, o TREINAMENTO EM HABILIDADES SOCIAIS (Arón e Milicic (1994), Asher e Coie (1995), Caballo (1996), Del Prette (1999)) que busca favorecer a interação, a cooperação, a participação e a comunicação, por acreditar que estes pré-requisitos facilitam os relacionamentos e promovem a saúde mental. Llario, Cots e Casas (1992) comprovam que crianças rejeitadas beneficiam-se mais de um programa de treinamento em habilidades sociais baseado em técnicas cognitivas (auto- instruções e soluções de problemas), enquanto as crianças isoladas obtém melhores resultados com um tratamento que vise praticar habilidades sociais. Considerando que tanto os comportamentos inadequados como os adequados são "aprendidos", é possível às crianças rejeitadas (que denotam condutas inapropriadas que suscitam a rejeição) virem a aprender respostas sociais. Deste modo, terão mais oportunidade de experimentar convívio mais positivo e aceitação entre seus companheiros. Arón e Milicic (1994) e Goleman (1995) sugerem algumas intervenções a ser empreendidas na escola, ou mesmo adaptadas à família. As propostas destes autores possuem caráter "sócio-educativo” e referem-se a exercícios vivenciais (jogos, discussões grupais, dramatizações) aplicados por psicólogo, orientador ou professor treinado para este fim. O plano de ação consiste em minimizar atitudes inapropriadas e estimular o desenvolvimento de atitudes positivas de: • Confiança (sobre os sentimentos, seu comportamento, suas ações, para pensar com sucesso sobre seus empreendimentos). • Curiosidade (receptividade ao novo como algo positivo e estimulador). • Intencionalidade e auto-responsabilidade (o que acarretou este ato? Qual a "sua" contribuição nisto ?). • Auto controle (pensar antes de agir), canalizar a raiva sem destrutividade e agressividade, expressar frustração de modo aceitável. • Sociabilidade e comunicação (pedir, falar por si mesmo, receber e emitir elogios e críticas, estabelecer contato visual, defender seus interesses, proteger-se contra ameaças, emprestar, agradecer, desculpar-se, pensar sobre normas e regras necessárias ao bom convívio social). 16 Ver<i Rr#m.i Minimla (yomrs d.» Si)v.» • Cooperatividade (harmonizar suas necessidades e as necessidades dos outros, seus desejos versus os seus deveres, oferecer ajuda e sugestões). • Administração de conflitos (repensar alternativas para lidar com dificuldades). Castillo (1999) propõe o que ele denomina de "educação para a amizade", que consiste em um programa destinado a pais e educadores para o desenvolvimento da conduta sociável. Castillo(1999) justifica sua proposta alegando que a "conduta amistosa não se improvisa nem se desenvolve sem esforço". Comenta que a educação para a amizade exige a “prática mútua das virtudes da convivência: sinceridade, lealdade e generosidade". Propõe condutas educativas a ser estimuladas nas crianças antes e durante a adolescência, conforme resume-se a seguir: • Desenvolver sinceridade, generosidade e paciência por meio de conversas, repreensões, sobretudo pelo exemplo. • Fomentar a capacidade de prescindir de alguns gostos em beneficio dos outros. • Estimular a participação em brincadeiras grupais e o respeito às regras. • Suscitar experiências sociais positivas no lar a fim de estimular a capacidade de abertura, cooperação, dando exemplo de compreensão e respeito por todo o tipo de pessoas. • Valorizar todo o tipo de condutas sociais e amigáveis das crianças, sobretudo na medida em que estejam apoiadas em fatos concretos (visitar um amigo doente, auxiliar colega e irmão com tarefas escolares, consolar alguma criança triste, procurar integrar alguém isolado no grupo, entre outros). • Orientar quanto aos riscos da falta de amigos e dos amigos que não agem como modelos favoráveis. Castillo (1999) reforça sua “educação para a amizade”, alegando que a criança é aceita no meio familiar, independentemente de sua forma de ser e de comportar-se e que, ao ingressar no meio escolar, terá que "conquistar o seu lugar", isto é, ter méritos para ser aceita no grupo. Dentre estes "méritos" destaca as qualidades de: alegria, senso de humor, amabilidade e sociabilidade, que parecem referir-se às qualidades pessoais e comportamentos operacionalizáveis citados por Gomes da Silva (2000). Kalb e Viscott (1985) optam por intervenções dirigidas às próprias crianças e sugerem várias ações objetivando “lidar melhor comos amigos": • Participar de grupos e de equipes (atividades coletivas: esporte, dança, artes, etc). • Ser você mesmo, ser sincero, experimentar coisas novas, saber ouvir. • Demonstrar interesse real pelo que o outro fala e por seus sentimentos. • Ser leal e guardar segredos. • Ser franco para demonstrar satisfação e insatisfação. • Ser atencioso, procurar compreender que o amigo é humano, que pode cometer erros. • Esclarecer possíveis mal entendidos, pedir desculpas quando agir mal, evitar tecer criticas em frente dos demais. • Ser oportuno (não se exceder na fala, nos telefonemas, nas visitas). • Quando emprestar, cuidar e devolver. • Mostrar-se bem humorado, não se gabar o tempo todo, evitar agir com atitude autoritária (o mandão, que sabe tudo), não esperar perfeição sempre. Sobre Comportamento e CogniçAo 17 É fácil perceber através dos autores referenciados e de suas propostas que, independentemente das intervenções dirigirem-se diretamente às crianças ou a pais e professores, para que apliquem-nas junto destas, todas objetivam estimular maior assertividade e popularidade através do exercício de condutas pró-sociais. As contribuições sugeridas pelos autores referenciados podem representar alternativas de caráter preventivo, para que a criança venha a apresentar formas mais adaptativas de convívio social. Deste modo contribui-se para minimizar a rejeição e, conseqüentemente, para a prevenção em saúde mental. Referências Alves, D. J. (1974) O teste sociométrico. 2• ed. Porto Alegre: Editora Globo. Ames, R.; Ames, C. & Garrison, W. (1977), Chl)dren’s causai ascriptions for positive and negative interpersonal outcomes. Psychological Reports, 41, 595 - 602. Argyle, M. (1976) A Interação Social: Relações interpessoais e comportamento social. 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Sobre Comportamento e Cotfnifilo 19 Capítulo 3 Arqueologia do Behaviorismo Radical e o conceito de mente tosé Antônio Damásio Abib U mvcmddiU' / a/c r.il </e SJo C .ir/o i Fa/se, neste ensaio, uma leitura arqueológica do behaviorismo radical com o objetivo de deslindar o conceito de mente defendido por Skinner Desconstrói-se o problema mente-corpo e reconstrôi-se a relação mente-corpo longe do mentalismo e do materiallsmo. Mas o behaviorismo radical oscila do flslcalismo eplstemolôgico ao fisicallsmo ontológlco. É imperativo abandonar o flslcalismo ontológico e desconstrulr o real, para livrar-se da definição fisicalista ontológlca de estimulo e dos conceitos de 'mundos externo e interno', pressupostos que inviabilizam o estudo do comportamento como assunto da psicologia. A essa primeira radicaluaçAo segue-se esta: abandona-se a distmçAo entre oventos públicos e privados. Conseqüência do fisicallsmo ontológico, ela é solidária com a diferença entre eventos externos e Internos e contribui para fortalecer nAo só os conceitos de "mundo externo e interno" mas também interpretações externalistas do behaviorismo radical - que sêo Incompatíveis com o projeto constitutivo da filosofia do behaviorismo radical e, conseqüentemente, com uma ciência psicológica do comportamento. Conclul-se que o behaviorismo radical é uma filosofia da mente. Para o behaviorismo radical, a mente é Imnnente ao comportamento e pode ser por isso, radicalmente Investigada, no nlvel público, como comportamento Palavras-chave: arqueologia, fisicallsmo, behaviorismo radical, comportamento,
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