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SEÇÃO 24 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE GRAVE Claudia Regina Laselva Luciana Reis Guastelli 2391 CAPÍTULO 190 PROCEDIMENTOS E ROTINAS BÁSICAS DE ENFERMAGEM Maria Aparecida Alves Yamashita Cláudia D’Arco Claudia Vallone Silva Luciana Reis Guastelli DESTAQUES Cada paciente é único e responde de maneira diferente às intervenções diagnósticas e terapêuticas. Higienizar as mãos corretamente antes e após qualquer procedimento é fundamental para a prevenção da infecção cruzada. É importante a participação ativa do enfermeiro no controle de bactérias multirresistentes em terapia intensiva. Precauções-padrão são medidas para reduzir o risco de transmissão de microrganismos de fontes co- nhecidas ou não aos profi ssionais de saúde, ambiente e acompanhantes. Anti-sepsia da pele e uso de barreira máxima para a inserção do cateter venoso central previnem a in- fecção da corrente sangüínea. O alívio da dor de forma adequada e rápida promove conforto para os pacientes e seus familiares. A humanização na terapia intensiva é necessária e faz bem à recuperação do paciente. Conhecimento científi co, vigilância contínua e aplicação de cuidados básicos são fundamentais para a concretização da assistência de enfermagem com qualidade. SEÇÃO 24 2392 -INTRODUÇÃO-INTRODUÇÃO- A assistência de enfermagem na UTI é um as- pecto fundamental para o processo de tratamento e reabilitação do paciente. Considerando o poten- cial de instabilidade clínica do paciente de terapia intensiva, o conhecimento científi co da equipe de enfermagem para a aplicação de cuidados básicos e de vigilância contínua são fundamentais para a assistência de enfermagem com qualidade. Este capítulo apresenta os procedimentos bási- cos de enfermagem que devem ser assimilados pela equipe e implementados com o objetivo de forne- cer ao paciente tratamento seguro e controlado. Para que a implementação de uma rotina ou pro- cedimento seja efetiva, as equipes administrativas e assistenciais da unidade devem levar em considera- ção três aspectos principais: • estrutura: que envolve recursos humanos (quali- fi cação e número de profi ssionais), políticas e pro- cedimentos descritos, recursos materiais (equipa- mentos e materiais) e vigilância de indicadores; • processo: que envolve a qualifi cação prática dos profi ssionais, monitoramento adequado dos processos e condições da área; • fatores relacionados ao paciente: que envolve comorbidades, gravidade da doença, necessida- de de procedimentos invasivos, entre outros. Cada paciente é único e responde de maneira diferente às intervenções diagnósticas e terapêuti- cas. Os cuidados devem ser individualizados, a fi m de buscar o máximo de benefícios, e fundamentos na melhor evidência científi ca disponível. Um aspecto importante, que deve ser incluído como estratégia de melhoria contínua, é a educação continuada dos profi ssionais que executam ou su- pervisionam procedimentos em UTI. Intervenções educacionais devem ser estabelecidas a partir das características da UTI, da população por ela atendi- da, da formação e capacitação do pessoal de saúde, e ainda dos resultados de indicadores de processos e resultados. Recomenda-se que as estratégias educa- cionais sejam diversifi cadas: aulas tradicionais, lei- turas individuais, gincanas, campanhas, e-learning entre outras, com o intuito de motivar a partici- pação dos profi ssionais e estimulá-los a utilizar o conhecimento adquirido na prática diária, ou seja, desencadear uma mudança de comportamento. HIGIENE DAS MÃOS Conceito A higiene das mãos visa a reduzir a fl ora bacte- riana transitória e residente das mãos prevenindo a transmissão de microrganismos a pacientes, ao am- biente e equipamentos e ao próprio funcionário. Higiene das mãos é um termo genérico que se aplica tanto à lavagem das mãos com água e sabão líquido com ou sem anti-séptico e à fricção das mãos com anti-séptico que dispensa a utilização de água. Lavagem das mãos consiste na fricção manu- al vigorosa de toda superfície das mãos e punhos para remoção de sujidade e microrganismos da fl o- ra transitória e residente. O uso de anti-séptico à base de clorexidina a 2% ou 4% para a lavagem das mãos é benéfi co devido ao seu efeito residual sobre a pele dos trabalhadores de áreas críticas (UTI). Anti-sepsia com gel alcoólico é a fricção manual vigorosa de toda a superfície das mãos e punhos para remoção de microrganismos da fl ora transi- tória e residente. Não deve ser aplicada quando as mãos tiverem sujidade aparente. Indicações A higiene das mãos está indicada para qualquer pessoa que entrar em contato com o paciente ou com materiais e equipamentos utilizados pelo mes- mo. De maneira geral, este procedimento deve ser aplicado por todos os indivíduos que circulem no hospital, funcionários, familiares, pacientes, volun- tárias e outros quando: • as mãos estiverem visivelmente sujas; • antes e após entrar em contato com paciente ou após procedimentos onde houver o contato com qualquer fl uído corporal do paciente; 2393CAPÍTULO 190 PROCEDIMENTOS E ROTINAS BÁSICAS DE ENFERMAGEM • antes e após realizar procedimentos invasivos como injeções parenterais, aspiração traqueal, coleta de sangue e secreções; • antes e após manusear dispositivos em uso como cateteres intravasculares, urinários, frascos para drenagem urinária e equipamentos respirató- rios; • após o manuseio de equipamentos contamina- dos; • antes e após alimentar-se, ir ao banheiro, assoar ou secar o nariz; • antes de calçar luvas; • após remover luvas. Procedimentos Lavagem básica das mãos • Abrir a torneira e molhar as mãos: ensaboar as mãos; • Friccionar toda a superfície por 10 a 14 segun- dos: – palma contra palma; – palma direita sobre dorso esquerdo; – palma esquerda sobre dorso direito; – palma contra palma com os dedos entrela- çados; – parte posterior dos dedos em oposição à palma; – rotação dos polegares D e E; – movimento de rotação e frente/trás dos dedos sobre as palmas; – friccionar punhos e antebraços se necessário. • Enxaguar as mãos, retirando todo o resíduo de sabão. • Enxugar as mãos com papel toalha. • Fechar a torneira utilizando papel toalha. Higiene das mãos com gel alcoólico • Colocar pequena quantidade do produto em uma das mãos. • Friccionar toda a superfície das mãos até que o produto evapore: – palma contra palma; – palma direita sobre dorso esquerdo; – palma esquerda sobre dorso direito; – palma contra palma com os dedos entrelaçados; – parte posterior dos dedos em oposição à palma; – rotação dos polegares D e E; – movimento de rotação e frente/trás dos de- dos sobre as palmas; – friccionar punhos. A Figura 1 demonstra a técnica de higiene das mãos para que toda a superfície das mãos seja con- templada, tanto na lavagem como na anti-sepsia com gel alcoólico. PRECAUÇÕES-PADRÃO Conceito Consiste em medidas para reduzir o risco de contaminação da equipe de saúde, de outros pa- cientes e do ambiente com microrganismos trans- mitidos de fontes conhecidas ou não. Aplicam-se ao contato ou possível contato com sangue, qual- quer fl uído corporal (incluindo secreções e excre- ções), além de pele não íntegra e mucosa, devendo ser empregadas a qualquer paciente. Indicações Deve ser empregada no cuidado de todos os pa- cientes por toda a equipe hospitalar. Procedimentos As precauções padrão envolvem uma série de cuidados: Higiene das mãos • Higienizar as mãos após contato com sangue, fl uidos corporais, secreções e excreções e artigos contaminados, independente do uso de luvas. SEÇÃO 24 2394 • Higienizar as mãos imediatamente após a reti- rada das luvas, entre contato com pacientes e quando indicado por outras razões para evitar a transferência de microrganismos a outros pa- cientes ou ao ambiente. • Higienizar as mãos entre tarefas e procedimen- tos no mesmo paciente para evitar contamina- ção cruzada de diferentes sítios anatômicos. Luvas •Usar luvas limpas, não estéreis e adequadas ao tocar sangue, fl uidos corporais, secreções e ex- creções e artigos contaminados. • Colocar luvas limpas imediatamente antes de tocar membranas mucosas e pele não íntegra. • Trocar luvas entre tarefas e procedimentos no mes- mo paciente após contato com material que possa conter alta concentração de microrganismos. • Remover as luvas prontamente após o uso, antes de tocar itens e superfícies ambientais não con- taminados e antes de cuidar de outro paciente, higienizando as mãos imediatamente para evi- tar transferência de microrganismos a outros pacientes ou ao ambiente. Máscara, óculos de proteção ou escudo facial • Usar máscara e óculos de proteção ou escudo facial para proteger as mucosas dos olhos, nariz e boca durante procedimentos e atividades que tenham probabilidade de gerar respingos ou aerossóis de sangue, fl uidos corporais, secreções e excreções. Avental • Usar um avental (limpo e não estéril) é adequa- do para proteger a pele e evitar sujar a roupa durante os procedimentos e atividades assisten- ciais que possam gerar respingos e aerossóis de sangue, fl uidos corporais, secreções e excreções. • Remover o avental sujo assim que possível e hi- gienizar as mãos. FIGURA 1 – Técnica para higiene das mãos. Repita cada movimento cinco vezes 1. Palma contra palma 2. Palma direita sobre dorso esquerdo2. Palma direita sobre dorso esquerdo 3. Palma esquerda sobre dorso direito 4. Dedos entrelaçados, palma contra palma 5. Parte posterior dos dedos em oposição à palma 6. Rotação do polegar 7. Movimento rotação e frente para trás dos dedos sobre as palmas 2395 Equipamentos de assistência ao paciente • Manusear equipamentos ou artigos usados sujos de sangue, fl uidos corporais, secreções e excreções de modo a prevenir exposição de membranas mucosas e pele, contaminação de roupas e a transferência de microrganismos a outros pacientes e ao ambiente. • Garantir que o equipamento/artigo seja utili- zado no paciente depois de apropriadamente limpo e reprocessado (limpeza, desinfecção ou esterilização) e que os descartáveis sejam ade- quadamente descartados. Ambiente • Garantir que a unidade tenha procedimentos adequados quanto aos cuidados rotineiros de limpeza e desinfecção de superfícies ambientais, camas, grades, criados-mudos e outras superfí- cies freqüentemente tocadas e que assegure que estes procedimentos estão sendo seguidos. Roupas • Manusear, transportar e processar roupa usada suja, de modo a prevenir a exposição da pele e de membranas mucosas e evitar a transferência de microrganismos a outros pacientes e ao am- biente. Cuidados com perfurocortantes • Prevenir lesões quando utilizar agulhas, escalpes e outros instrumentos ou dispositivos cortantes no momento do manuseio, limpeza ou descarte. • Não re-encapar agulhas usadas ou manipulá-las com ambas as mãos, ou usar qualquer outra téc- nica que coloque em risco de acidente o profi s- sional da saúde. • Não desconectar as agulhas usadas de seringas descartáveis com as mãos, e não entortar, quebrar ou manipular as agulhas usadas com a mão. • Depositar as seringas descartáveis e agulhas usa- das, lâminas de escalpe e outros itens perfurcor- tantes em recipientes resistentes à perfuração e localizados próximos ao local de uso, respeitan- do sua capacidade. • Colocar as seringas e agulhas reutilizáveis em re- cipientes resistentes à perfuração para transporte. PRECAUÇÕES PARA BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES Conceito Consiste em uma série de medidas empregadas para reduzir o risco de transmissão de microrga- nismos epidemiologicamente importantes e que podem ser transmitidos por contato direto (mãos) ou indireto (ambiente ou fômites). Tem como ob- jetivo: • prevenir e controlar a disseminação de bactérias multirresistentes na UTI; • monitorar continuamente o surgimento de mi- crorganismos para detecção precoce de possíveis surtos de colonização/infecção, interferindo ra- pidamente; • monitorar continuamente o surgimento de mi- crorganismos para detecção da emergência de cepas com novos padrões de resistência aos an- timicrobianos; • estar em conformidade com os padrões interna- cionais. Indicações Devem ser utilizadas por toda a equipe hospi- talar que atua na UTI em todos os pacientes colo- nizados ou infectados por algumas bactérias im- portantes: • Staphylococcus aureus resistente à oxacilina; • Acinetobacter sp.• Acinetobacter sp.• Acinetobacter independente do antibiograma; • Enterococcus sp. resistente à vancomicina; • bacilos Gram-negativos (Pseudomonas aeruginosa, Enterobacter sp., Klebsiella sp., Serratia sp., E.coli e Proteus sp. etc.) resistentes à ceftazidima e/ou carba- penens (imipenem/meropenem) e/ou cefepime; CAPÍTULO 190 PROCEDIMENTOS E ROTINAS BÁSICAS DE ENFERMAGEM SEÇÃO 24 2396 • bactérias com sensibilidade divulgada como in- termediária, serão consideradas para fi ns de iso- lamento, como resistentes. Procedimentos As precauções por contato envolvem uma série de cuidados: Acomodação de paciente • Colocar o paciente em quarto privativo ou boxe. Quando não disponível, colocá-lo em um quarto com paciente(s) que tenha infecção ativa pelo mesmo microrganismo. Identifi car a porta do quarto/boxe e o prontuário do paciente. Luvas e lavagem das mãos Além das indicações listadas nas precauções padrão: • usar luvas ao manipular o paciente. Durante o atendimento ao paciente, trocar de luvas após contato com material infectante que possa con- ter altas concentrações de microrganismos; • remover as luvas antes de deixar o quarto do pa- ciente e higienizar as mãos imediatamente com agente antimicrobiano; • após remoção das luvas e higiene das mãos, asse- gure que as mãos não tocarão material ou super- fícies ambientais potencialmente contaminadas no quarto do paciente para se evitar a transfe- rência de microrganismos para outros pacientes ou para o ambiente. Avental Além das indicações listadas nas precauções pa- drão: • vestir o avental (limpo e não estéril) ao entrar no quarto, se suspeitar que sua roupa irá ter contato substancial com o paciente, superfícies ambien- tais, ou com itens no quarto do paciente, ou se o paciente for incontinente, tiver diarréia, ileos- tomia, colostomia ou drenagem de ferida não contida por curativo. Exemplo: procedimentos de higiene, exame físico, procedimentos de fi - sioterapia, aspiração traqueal e outros; • remover o avental antes de sair do quarto do pa- ciente; • após remoção do avental, tenha certeza que suas roupas não entrarão em contato com superfícies ambientais potencialmente contaminadas para evitar transferência de microrganismos a outros pacientes ou ao ambiente. Transporte do paciente • Limitar a movimentação e transporte do pa- ciente do quarto apenas a propósitos essenciais. • Se o paciente for transportado para fora do quar- to, tenha certeza de que as precauções aplicáveis sejam mantidas para minimizar o risco de trans- missão de microrganismos a outros pacientes e a contaminação de equipamentos ou superfícies ambientais. Ambiente • A funcionária do serviço de higiene deverá en- trar no quarto/boxe com luvas de procedime- mto e aventais de tecido. • Efetuar a limpeza do quarto e recolhimento do lixo duas vezes ao dia e/ou quando necessário. • Utilizar material de limpeza próprio e exclusi- vo para este procedimento, encaminhando esse material imediatamente após o uso para a lavan- deria. • Utilizar para desinfecção dos itens próximos pa- nos descartáveis e álcool 70%. • Avaliar constantemente as condições das caixas de perfurocortantes colocadas à beira do leito, efetuando sua troca, sempre que necessário. Equipamentos • Assegure que itens envolvidos no contato direto com o paciente (equipamento de beira de lei- 2397 to, superfícies próxima etc.) sofram processo de limpeza/desinfecção com álcool 70% que de- vem estar dentro do quarto. • Lembre-se de que os botões dos equipamentos podem estar contaminadoscom microrganis- mos multirresistentes. Materiais • Restringir ao paciente itens como estetoscópio, esfi gnomanômetro, termômetro, cálices de diu- rese, comadre e papagaio. • Materiais de banho (bacias e jarras): seguir roti- na padronizada. • Bandejas de medicação, balança de pesagem, materiais para exercício respiratório e outros, devem ser desinfetados com álcool 70% antes de serem utilizados em outros pacientes. Critério para suspensão das precauções • Resultado negativo de cultura do material antes positivo ou; • Cinco dias após a extubação de um paciente previamente intubado com cultura positiva ou; • Não houver risco maior de se exteriorizar ne- nhum tipo de secreção, ou seja, em casos em que o paciente retira drenos ou não tem mais “portas de saída”. ROTINAS PARA PREVENÇÃO DA INFECÇÃO DA CORRENTE SANGÜÍNEA EM PACIENTES DA INFECÇÃO DA CORRENTE SANGÜÍNEA EM PACIENTES DA INFECÇÃO DA CORRENTE EM USO DE CATETER VENOSO CENTRAL E PERIFÉRICO Conceito São um conjunto de rotinas realizadas com evidências nos guias de conduta publicados pelo CDC (Centers for Disease Control and Prevention) elaboradas em conjunto entre SCIH e Grupo de Suporte de Infecção Hospitalar da UTI com o ob- jetivo de prevenir a infecção da corrente sangüínea em pacientes em uso de cateteres venosos centrais e/ou periféricos. Indicações Todos os pacientes portadores de cateter veno- so central ou periférico. Procedimentos com cateter venoso central de curta permanência Inserção de cateter venoso central • Higienizar as mãos. • Usar barreira máxima de proteção (avental esté- ril, luva estéril, campos estéreis, máscara e gor- ro), abrir o material em mesa de procedimento. • Realizar degermação e anti-sepsia da pele com soluções à base de iodo ou clorohexidine deger- mante e alcoólico. • Usar preferencialmente cateteres de poliuretano ou silicone. • Quanto maior a quantidade de lumens de um cateter, maior o risco de infecção. • Deve ser inserido por equipe médica devida- mente treinada. Cuidados com sistemas fechados de infusão e buretas • Higienizar as mãos. • Os equipos de infusão, buretas e dânulas são trocados a cada 72 horas e seu registro deverá ser feito em folha de anotação específi ca. • Antes de administrar ou instalar qualquer me- dicação endovenosa as conexões deverão sofrer desinfecção com álcool 70%. Curativo de cateter central MATERIAL NECESSÁRIO • Um pacote de gaze estéril. CAPÍTULO 190 PROCEDIMENTOS E ROTINAS BÁSICAS DE ENFERMAGEM SEÇÃO 24 2398 • Uma gaze vazada. • Adesivo. • Película transparente. • Anti-séptico aquoso. • Pinças estéreis. • Saco plástico para descarte dos resíduos. • Mesa de procedimento. CATETER INSERIDO NA REGIÃO SUBCLÁVIA • Realizar o curativo com película transparente (Figura 2). • Juntar o material previamente em uma mesa de procedimento, levar para próximo do paciente e explicar o procedimento. • Abrir o material com técnica correta sem contami- nar, fazer a anti-sepsia com PVPI tópico e gaze. • Observar e anotar o aspecto da inserção. • Cobrir com película transparente, pois este tipo de curativo facilita a visão diária da inserção, di- minui o trabalho da enfermagem, pois não pre- cisa ser trocado diariamente e sim a cada cinco dias ou conforme a necessidade. CATETER INSERIDO NA VEIA JUGULAR • Realizar o curativo com gaze vazada (Figura 3), em virtude da difi culdade de manutenção do curativo transparente nesta região, com os mesmos cuidados anteriormente descritos mantendo a inserção ocluída com gaze estéril. • Trocar este curativo diariamente e registrar o as- pecto. Procedimentos com cateter venoso periférico Inserção do cateter • Reunir o material próximo ao paciente, explicar o procedimento e rotina de troca a cada 72 ho- ras ou caso seja necessário. • Higienizar as mãos. • Calçar a luva de procedimento. • Garrotear o braço, antes proteger a pele com gaze. • Realizar anti-sepsia da pele com álcool 70%. • Realizar a punção com técnica correta. • Usar preferencialmente cateter de vialon. Curativo do cateter periférico • Realizar curativo com película transparente (Fi- gura 4). • Trocar este curativo a cada 72 horas junto com a troca da punção periférica e fi xar com fi ta ade- siva sem ocluir a inserção do cateter.FIGURA 2 – Curativo de CVC com película transparente. FIGURA 3 – Curativo de CVC com gaze vazada e micropore. 2399 • A escolha do curativo fi ca a critério da institui- ção, mas o recomendado é que a inserção seja protegida com curativo estéril e não apenas com fi xação. Troca da punção e do sistema fechado • Realizar a troca da punção a cada 72 horas. • Os equipos de infusão, buretas, dânulas deverão ser trocados a cada 72 horas e o registro deverá ser feito em folha específi ca. CUIDADOS COM PACIENTES EM USO DE CÂNULA OROTRAQUEAL Conceito Consiste no conjunto de cuidados aplicáveis ao paciente com intubação da traquéia por um tubo estéril aberto em ambas as extremidades, visando a isolar as vias aéreas, mantê-las pérvias, reduzir o risco de broncoaspiração e permitir a aspiração da traquéia. A extremidade distal da cânula possui um balo- nete infl ável conectado por um tubo de insufl ação a uma valva unidirecional infl ável projetado para conexão de uma seringa. Indicações Pacientes em insufi ciência respiratória grave, incapacitados de ventilar adequadamente ou de proteger a via aérea (coma, arrefl exia ou parada cardíaca). Procedimentos Evitar tração e exteriorização da cânula orotraqueal • Usar fi xação que proteja a posição da cânula e não cause lesão na pele do paciente. • Marcar a profundidade da cânula orotraqueal, aproximadamente 20 a 22 cm em adultos, ao nível dos dentes anteriores. Evitar broncoaspiração • Manter decúbito elevado a pelo menos 30°. • Manter cuff (balão distal) insufl ado. • Antes da extubação, aspirar a região subglótica. Evitar trauma de traquéia • Controlar a pressão do cuff em intervalos regu-cuff em intervalos regu-cuff lares. • Manter pressão do cuff abaixo de 20 mmHg. Evitar lesão de pele • Usar cadarço próprio para fi xação com proteção de gaze e adesivo. • Trocar o lado da fi xação sempre que possível para evitar lesões dos lábios. • Trocar o cadarço da fi xação diariamente. • Proteger lóbulo das orelhas e áreas da face, em contato com o cadarço, com pequenas placas de hidrocolóide. Evitar infecção respiratóriaEvitar infecção respiratóriaEvitar infecção res • Efetuar higiene oral com anti-séptico bucal três vezes ao dia. FIGURA 4 – Curativo de cateter periférico com película transpa- rente. Manter local de inserção visível Data da punção na película Fixar a fita hipoalergênica sobre a película Manter tampa CAPÍTULO 190 PROCEDIMENTOS E ROTINAS BÁSICAS DE ENFERMAGEM SEÇÃO 24 2400 • Aspirar vias aéreas superiores sempre que for ne- cessário com técnica asséptica. • Trocar circuito respiratório conforme a rotina do seu serviço. Não há recomendação para troca de circuitos respiratórios a menos que estejam com sujidade visível ou problema mecânico. Promover meios de comunicação entre paciente e equipe de enfermagem • Usar cartelas ilustrativas. • Favorecer condições para a utilização de comu- nicação escrita. • Usar cartelas com letras do alfabeto para que, pela indicação do paciente, formem-se pala- vras. CUIDADOS COM PACIENTES TRAQUEOSTOMIZADOS Defi nição Consiste no conjunto de cuidados aplicáveis ao paciente portador de traqueostomia com cuff pela cuff pela cuff equipe de enfermagem e de fi sioterapia, com o ob- jetivo de fornecer uma via respiratória segura, prin- cipalmente a pacientes com períodos de intubação prolongada. Indicações Todos os pacientes portadores de traqueostomia. Procedimentos Evitar exteriorização da cânula de traqueotomia • Fixar com cadarço, a partir do pós-operatório imediato até o quinto dia e atentar para não gar- rotear a pele do paciente. • Trocar cadarço por outra fi xação específi ca para traqueostomia apóso quinto dia de implante, ocasião na qual o estoma estará com seu trajeto formado, evitando acidentes caso a cânula se ex- teriorize no momento da troca. • Trocar a fi xação sempre que apresentar sujidade. • Realizar a troca da fi xação sempre com auxílio de mais um profi ssional. Evitar broncoaspiração • Manter decúbito elevado a pelo menos 30°. • Manter cuff (balão distal) insufl ado. Evitar lesão da traquéia • Usar preferencialmente cânulas com cuff de bai-cuff de bai-cuff xa pressão. • Manter a pressão do cuff abaixo de 20 mmHg. • Evitar introduzir a sonda de aspiração além do comprimento da cânula. Evitar infecção respiratória • Aspirar vias aéreas superiores sempre que neces- sário, utilizando técnica asséptica. • Realizar curativo estéril no estoma e trocar com técnica asséptica na presença de sujidade. Promover meios de comunicação entre paciente e equipe de enfermagem • Usar cartelas ilustrativas. • Favorecer condições para a utilização de comu- nicação escrita. • Usar cartelas com letras do alfabeto para que, pela indicação do paciente, formem-se pala- vras. Curativo • Higienizar as mãos. • Usar luva estéril. • Usar gaze estéril. • Fazer anti-sepsia com PVPI tópico no estoma uma vez ao dia e trocar as gazes do local sempre 2401 que necessário, higienizando com soro fi siológi- co 0,9% estéril. • Proteger as laterais e abaixo do estorna com gaze estéril. PREVENÇÃO DE BRONCOASPIRAÇÃO PREVENÇÃO DE BRONCOASPIRAÇÃO PREVENÇÃO DE Conceito São medidas instituídas pela equipe de enfer- magem e de fi sioterapia para evitar que o paciente aspire conteúdo gástrico ou saliva, para o sistema respiratório. Indicações Em pacientes intubados, traqueostomizados, portadores de disfagia moderada ou grave, alte- ração do nível de consciência, história prévia de broncoaspiração. Procedimento A prevenção de broncospiração no paciente que recebe nutrição enteral requer a adoção das seguin- tes medidas: • manter o paciente em decúbito elevado a 30°; • identifi car prontuário do paciente com etiqueta padrão “risco de broncoaspiração” para ciência de toda equipe interdisciplinar; • locar sonda nasoenteral em posição pós-pilóri- ca, quando indicado pelo médico; • verifi car o posicionamento da sonda enteral três vezes ao dia , sempre antes de instalar a nutrição enteral e na vigência de náuseas ou vômitos; • registrar o posicionamento da sonda. SONDAGEM VESICAL Conceito É a introdução de um cateter na bexiga, através do meato uretral, com técnica asséptica, com o ob- jetivo de permitir o esvaziamento da bexiga e/ou o controle do volume urinário. Indicações • Monitorização do volume urinário. • Alívio, nos casos de obstrução aguda ou de re- tenção urinária. Material • Sonda vesical de demora (2 vias) de calibre ade- quado. • 1 seringa de Xylocaína geléia. • 2 pacotes de gaze estéril. • 1 par de luvas estéril. • 1 cúpula. • 1 campo estéril fenestrado grande. • 1 pinça Cheron. • 2 seringas de 20 ml. • 1 agulha 40 x 12. • 1 ampola de água destilada 10 ml. • Fita cirúrgica ou adesivo Flexi-trak. • Saco plástico. • Solução anti-séptica (PVPI tópico) e Cortoplast. • Frasco de álcool 70%. • Mesa auxiliar. • Panos descartáveis para limpeza da mesa auxiliar. • Coletor de urina estéril (sistema fechado). • Máscara. • Material para higiene íntima: – jarro inox ou bacia inox com água morna; comadre; – anti-séptico degermante (PVPI); – luvas para procedimentos; – toalhas ou compressas para higiene íntima. Procedimento • Verifi car no prontuário a indicação da sonda- gem vesical. • Limpar a mesa auxiliar com álcool 70%. • Realizar a higiene das mãos. CAPÍTULO 190 PROCEDIMENTOS E ROTINAS BÁSICAS DE ENFERMAGEM SEÇÃO 24 2402 • Reunir o material, e levá-lo para junto do paciente. • Verifi car a pulseira de identifi cação do paciente e orientar sobre o procedimento. • Favorecer a privacidade do paciente. • Colocar o paciente em decúbito dorsal, expon- do somente os genitais. • Realizar a higiene perineal com PVPI deger- mante. • Recolher o material da higiene íntima e despre- zar as luvas de procedimento. • Realizar a higiene das mãos. • Colocar campo estéril sobre a genitália ou na mesa auxiliar caso o paciente não colabore. • Abrir o restante do material sobre o campo. • Abrir a seringa de Xylocaína com técnica as- séptica e colocá-la no campo estéril. • Colocar PVPI tópico na cúpula. • Abrir a embalagem do coletor e colocá-lo sobre o campo estéril. • Abrir a ampola de água destilada e deixar sobre a mesa. • Calçar o par de luvas estéril. • Aspirar a água destilada sem tocar na ampola. • Testar o balão da sonda de acordo com sua ca- pacidade (fornecida pelo fabricante e anotado na extremidade da sonda) nunca ultrapassando o volume máximo sugerido. • Conectar o coletor de urina sistema fechado à sonda vesical. • Dispor o material sobre o campo de forma a fa- cilitar o trabalho. • No homem: afastar o prepúcio e segurar o pênis entre os dedos indicador e médio, perpendicu- larmente ao corpo; realizar a anti-sepsia do pênis com PVPI tópico, iniciando do meato uretral, com movimentos circulares em direção à base. Fazer o processo três vezes com uma nova gaze a cada vez; introduzir a Xylocaína lentamente no meato uretral; comunicar ao paciente a introdu- ção da sonda; introduzi-la cuidadosamente qua- se até sua bifurcação. Caso sinta resistência no esfíncter externo, aumente levemente a tração sobre o pênis e aplique uma pressão suave sobre a sonda. • Na mulher: com a mão não dominante afastar pequenos e grandes lábios com o objetivo de expor totalmente o meato uretral. Mantenha a posição até a introdução da sonda; com a mão dominante, realizar anti-sepsia com bolas de al- godão montadas em pinça Cheron, embebidas em PVPI tópico: aplicar uma bola do clitóris em direção ao ânus e uma nova bola no mea- to uretral; lubrifi car a sonda com a Xylocaína gel; introduzir a sonda no meato uretral aproxi- madamente 3cm após o refl uxo da urina. Caso haja introdução inadvertida da sonda na vagina, a mesma deve ser desprezada e providenciada nova sonda. • Verifi car a saída da urina. • Insufl ar o balão com volume de água recomen- dado. • Tracionar levemente a sonda até encontrar resis- tência. • Retirar o campo fenestrado, sem desconectar a bolsa coletora da sonda; se necessário, rasgue o campo. • Retirar as luvas. • Fixar a sonda na região abdômino-inguinal ou coxa com fi ta adesiva padronizada (Flexi-trak). • Deixar o paciente em posição confortável e o ambiente em ordem. • Desprezar o material descartável no saco plásti- co e o perfurocortante na caixa rígida coletora. • Realizar a higiene das mãos. • Realizar as anotações pertinentes. Cuidados no paciente com sondagem vesical A não observação dos itens relacionados abaixo poderá acarretar infecção, refl uxo urinário, trauma e desconforto ao paciente: 2403 • utilizar sempre sistema fechado; • não se recomenda a troca rotineira da sonda e do coletor; • utilizar água destilada para insufl ar o balão e não soro fi siológico, pois pode ocorrer cristalização do líquido; • realizar higiene íntima com água e sabão, pelo menos uma vez ao dia; • alternar fi xação da sonda diariamente para evi- tar lesões; • controlar e desprezar diurese a cada duas ho- ras. Em pacientes em pós-operatório imedia- to de transplante de órgão sólido e naqueles pós-cirurgia cardíaca fazer o controle a cada 1 hora; • utilizar cálice individual para desprezar a diurese; • higienizar as mãos antes e após o manuseio do sistema. BALANÇO HÍDRICO Conceito É a estimativa do balanço entre o volume de líquidos administrado ao paciente e eliminado pelo mesmo, traduzido em “ganhos” e “perdas”, referen- tes a um determinado período de tempo. Expresso em valor positivo (ganhos superiores às perdas) ou negativo (perdas superiores ao ganho). Deve ser utilizado para todos os pacientes da UTI, sendo rea- lizado a cada uma ou duas horas, com fechamento parcialde balanço a cada 6 horas e fechamento do balanço total a cada 24 horas, com o objetivo de adequar o aporte hídrico do paciente, evitando so- brecarga volêmica ou desidratação. Procedimento • Realizar de hora em hora para pacientes em pós- operatório imediato de transplante renal, trans- plante hepático e cirurgia cardíaca. • Consideram-se ganhos: medicações e líquidos via oral, medicações endovenosa e soroterapia, dietas por sonda gástrica ou enteral, nutrição parenteral e hemoderivados. • Consideram-se perdas: diurese, evacuações, dre- nagens por sondas, drenos de tórax, penrose e tubulares. • Para pacientes incontinentes, que não utilizam sonda vesical, é recomendado controlar o vo- lume de urina ou o volume das evacuações (se diarréia intensa) por meio do peso das fraldas. CUIDADOS COM DROGAS VASOATIVAS Conceito São drogas que atuam em receptores adrenér- gicos que regulam o tônus da musculatura lisa cardíaca, vascular, bronquiolar e gastrintestinal, geralmente utilizadas em pacientes hemodinami- camente instáveis. Assim, a equipe de enfermagem deve estar apta a garantir a adequada infusão destas drogas e evitar eventos adversos. Procedimentos • Utilizar bomba de infusão. • Sempre utilizar equipo de microgotas. • Utilizar via exclusiva impedindo que volumes administrados rapidamente alterem indevida- mente a infusão. • Controlar rigorosamente o volume infundido, no mínimo a cada 2 horas. • Identifi car a bomba de infusão com etiqueta contendo o nome da droga. • Anotar a pressão arterial a cada hora na folha de controle. • Programar a verifi cação da pressão arterial a cada 15 minutos no monitor. • Preparar a solução contendo a droga vasoativa previamente, evitando que o paciente permane- ça sem infusão da droga. • Anotar a droga em mcg/kg/min, para que a dose seja determinada pelo peso seco do paciente. CAPÍTULO 190 PROCEDIMENTOS E ROTINAS BÁSICAS DE ENFERMAGEM SEÇÃO 24 2404 PREPARO DO LEITO PARA INTERNAÇÃO DE PACIENTE Conceito Consiste no preparo do leito, previamente à internação do paciente, com os materiais, equipa- mentos e acessórios necessários à monitorização e tratamento do paciente, com o objetivo de facilitar o desempenho da equipe no momento da admissão do paciente, proporcionando agilidade no atendi- mento e refl etindo em maior segurança e qualidade na assistência ao paciente. Procedimentos Monitorização básica • Freqüência cardíaca. • Saturação de O2. • Pressão arterial não-invasiva. • Para pacientes com cateter venoso central ou ar- terial, acrescentar módulos e cabos para pressões invasivas. Suporte ventilatório • Verifi car e testar respirador. • Verifi car fl uxômetro de oxigênio. • Verifi car fl uxômetro de ar comprimido. • Verifi car válvula de vácuo para aspiração. • Verifi car AMBU. Material descartável básico • 1 frasco de aspiração. • 2 sondas de aspiração traqueal nº 12. • 1 caixa de luvas de procedimentos. • 2 luvas estéreis. • 5 eletrodos. • Atadura para contenção ao leito. Leito • Verifi car as funções dos botões da cama. • Afastar a cama com espaço para a maca entrar. Pacientes com drogas vasoativas • Disponibilizar o número de bombas de infusão necessárias. CONTROLE DA DOR Conceito O controle da dor nos pacientes de terapia in- tensiva requer especial atenção. Inclui a avaliação da ocorrência de dor e sua intensidade, considerando que muitos dos pacientes da UTI estão impossibilita- dos de expressarem suas percepções e sensações. Toda a equipe incluindo médicos e enfermagem deve estar atenta para proporcionar analgesia, se necessária. Indicações Todos os pacientes internados na terapia intensiva. Procedimentos • Perguntar ao paciente, a cada 6 horas, se apre- senta algum tipo de dor. • Anotar em local específi co a hora da queixa e classifi car segundo escore de 0 a 10 (escala vi- sual numérica). No caso de pacientes confusos ou inconscientes é possível utilizar escalas alter- nativas para avaliação de dor, como a escala de NIPS, que avalia expressão facial. • Registrar a conduta em caso de dor, incluindo a utilização de medidas alternativas para controle, além das condutas medicamentosas. • Caso o paciente seja medicado com analgésicos, anotar a resposta após trinta minutos. • Anotar sempre os cuidados realizados para alí- vio da dor: mudança de decúbito, massagens, compressas frias e/ou mornas etc. CONTENÇÃO NO LEITO Conceito Consiste na restrição física efetuada em pacien- tes com risco previsto para acidentes como extuba- 2405 ção, retirada de cateteres e queda do leito. Previa- mente à restrição, outras tentativas como promo- ver conforto, iluminação adequada, diálogo com o paciente devem ter sido aplicadas e os acompa- nhantes devem ser esclarecidos do fato juntamente com paciente. Indicações Pacientes com agitação psico-motora, pacientes intubados e naqueles em primeiro pós-operatório que possam despertar agitados e retirar o tubo an- tes do planejado. Procedimento • A equipe de enfermagem responsável pelo pa- ciente deve compartilhar com o médico a deci- são de contenção. • Orientar paciente e sua família sobre o procedi- mento. • Realizar a contenção dos membros superiores com dispositivos apropriados (Figura 5) ou pre- parar com duas fronhas e uma atadura crepe (4 cm a 15 cm) dividida ao meio. • Colocar de forma leve ao redor dos punhos to- mando cuidado para não garrotear e a atadura deve fi car presa ao leito. • Verifi car periodicamente as extremidades das mãos para evitar garroteamento. • Anotar em local específi co a necessidade de res- trição e aspecto dos membros superiores. • Retirar a restrição a cada plantão e realizar mas- sagem no local. • Assim que o paciente estiver em condições, reti- rar a restrição. PREVENÇÃO DE QUEDA Conceito Conjunto de ações voltadas à prevenção de que- da de pacientes do leito, por meio da avaliação do risco e da implementação de medidas preventivas. Indicações Pacientes com fatores que aumentam o risco de queda: • idade inferior a cinco anos e superior a 65 anos; • agitação e/ou confusão mental; • distúrbio de sensibilidade; • distúrbios neurológicos; • utilização de sedativos. Procedimentos Recomendações em caso de risco de queda: • manter cama baixa, rodas travadas e grades ele- vadas (cabeceira e pés); • utilizar restrição ao leito quando necessário; • deixar campainha próxima ao paciente e aten- der prontamente o chamado do paciente para necessidade de eliminação fi siológica; • a deambulação, quando permitida, deverá ser feita com auxílio, mantendo a área de deambu- lação livre de móveis e utensílios. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar – APECIH. Prevenção de infecção do trato urinário hospitalar, São Paulo, 2000. FIGURA 5 – Dispositivo para contenção de membros superiores. CAPÍTULO 190 PROCEDIMENTOS E ROTINAS BÁSICAS DE ENFERMAGEM SEÇÃO 24 2406 Bruner & Suddarth. Tratado de enfermagem médico- cirúrgica. Cuidados aos pacientes com disfunção urinária e renal. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, cap. 42, 2000. Centers for Disease Control and Prevention. Guideline for the prevention of intravascular catheter-related infections. MMWR 51(RR 10):1-36, 2002. Centers for Disease Control and Prevention. Guideline for hand hygiene in health-care settings. MMWR 51(RR 16):1-47, 2002. Centers for Disease Control and Prevention. Guideline for preventing of health-care-associated pneumonia. MMWR 53(RR 03):1-36, 2004. Garner JS. Guideline for isolation precautions in hos- pitals: the Hospital Infection Control Practices Ad- visory Comittee. Infect Control Hosp Epidemiol 17:53-80, 1996. Hospital Infection Society. Th e EPIC Project: Guide- line for prevention infectious associated with the insertion and maintenance of short-term indwelling urethral catheters in acute care. Journal of Hospital Infection 46(Suppl):S39-S46, 2001. Hudak GM, Gallo BM. Cuidados intensivos de enfer- magem uma abordagem holística. Rio de Janeiro,Guanabara Kogan, pp. 181-2, 1997. Boundy J. Enfermagem médico-cirúrgica. Rio de Janei- ro, Reichman & Aff onso, vol. 3, pp. 926-7, 2004. 2407 CAPÍTULO 191 MONITORIZAÇÃO DO PACIENTE GRAVE DESTAQUES A monitorização do paciente grave em UTI visa à obtenção de dados fi dedignos que auxiliam o diag- nóstico e a tomada de decisões terapêuticas. A oximetria de pulso é utilizada para estimar a saturação de oxigênio arterial da hemoglobina. A monitorização invasiva da pressão arterial permite a mensuração contínua das pressões arteriais sis- tólica, média e diastólica. A monitorização hemodinâmica é um procedimento cada vez mais freqüente e as mensurações têm relação direta com a terapêutica instituída, exigindo que a equipe de enfermagem encontre-se apta para realizá-la. A monitorização da PIC refl ete a dinâmica entre os componentes da caixa craniana, parênquima cere- bral, liquor e circulação cerebral. O manejo euglicêmico em pacientes graves reduz a morbimortalidade. A obtenção da medida indireta da pressão intra-abdominal (intravesical) deve ser estimulada em pa- cientes de UTI com risco de síndrome compartimental abdominal por permitir intervenção médica precoce. Drogas vasoativas podem desencadear importantes alterações hemodinâmicas e por isso devem ser ad- ministradas com a utilização de bomba de infusão, com rigoroso controle efetuado pela enfermagem. Denis Faria Moura Junior Adriana Campos Costa Renata Albaladejo Morbeck Sandra Christina Pereira Lima Shiramizo SEÇÃO 24 2408 INTRODUÇÃO A monitorização do paciente grave em UTI tem como objetivo a obtenção de dados que possibili- tam o diagnóstico rápido de alterações dos siste- mas vitais e propiciam intervenções terapêuticas. Nas últimas décadas, com o crescente avanço das técnicas de monitorização invasiva e não-invasiva na UTI, a capacitação do enfermeiro, do ponto de vista clínico e de manipulação dos equipamentos, tornou-se uma condição imperativa para a presta- ção dos cuidados ao paciente grave. Alguns cuidados gerais são aplicáveis a todas as técnicas de monitorização: reunir o material neces- sário, com a fi nalidade de otimizar o tempo para a execução do procedimento; orientar o paciente e sua família, sempre que possível, para obter sua co- operação, reduzir sua ansiedade e facilitar a adesão à técnica proposta; lavar as mãos, visando a reduzir a transmissão de microrganismos; e certifi car-se da realização de manutenção preventiva dos equipa- mentos utilizados, conforme orientação do fabri- cante, a fi m de garantir a acurácia dos dados. A proposta deste capítulo é descrever a assistên- cia de enfermagem aplicável às técnicas de monito- rização invasiva e não-invasiva mais freqüentes em UTI. MONITORIZAÇÃO NÃO-INVASIVA Eletrocardiografi a A monitorização eletrocardiográfi ca é a repre- sentação gráfi ca sobre uma tela ou papel da ima- gem produzida pela atividade elétrica do coração. Pode ser utilizada para diagnóstico, documentação e tratamento dos pacientes graves. O impulso elétrico é detectado através de eletro- dos colocados em áreas predeterminadas do tórax. A avaliação do traçado no momento da instalação pode propiciar a identifi cação precoce de alterações importantes no acompanhamento do paciente. Os cuidados aplicáveis à monitorização eletro- cardiográfi ca estão descritos na Tabela 1. Pressão arterial não-invasiva (PNI) A pressão arterial é a pressão gerada na parede das artérias, resultante dos batimentos cardíacos e da resistência da parede do vaso ao fl uxo sangüíneo. O uso do manguito de tamanho adequado à cir- cunferência do membro (Tabela 2) é fundamental para a obtenção de uma medida fi dedigna. O braço é o local preferencial para a realização das medidas, mas é possível utilizar o manguito na panturrilha, coxa ou no antebraço. Se o paciente for portador de shunt artério-ve-shunt artério-ve-shunt noso, fístula artério-venosa ou enxerto na extremi- dade de um membro ou ainda se tiver sido subme- tido à mastectomia, a colocação do manguito no membro ipsilateral deve ser evitada para não causar comprometimento circulatório. Apesar de a monitorização da PNI ser um pro- cedimento relativamente simples, há uma série de cuidados a serem adotados (Tabela 3). O enfermeiro deve conhecer os valores de nor- malidade da pressão arterial (Tabela 4) e reconhe- cer as situações em que valores fora desses limites demandam intervenções imediatas. Oximetria de pulso A oximetria de pulso é a técnica de monitoriza- ção não-invasiva utilizada para medir a saturação de oxigênio arterial da hemoglobina. Utiliza-se um sen- sor que contém duas fontes de luz (infravermelho) e um fotodetector, que é colocado sobre uma extre- midade tal como o dedo, nariz ou lóbulo da orelha. A pulsação do sangue arteriolar é então registrada como um sinal de luz fl utuante para o fotodetector, e esse sinal é transformado dentro de um display di- gital em porcentagem de saturação de hemoglobina (SaO²) e freqüência de pulso (Figura 1). A saturação normal de oxigênio de um paciente em ar ambiente varia entre 95% e 100%. O método requer a adoção de cuidados especí- fi cos de baixa complexidade (Tabela 5), mas apre- senta algumas limitações como a diminuição do 2409 TABELA 1 – Cuidados de enfermagem na monitoração eletrocardiográfica Ação Considerações Lavar as mãos Reduz a transmissão de microrganismos Ligar o monitor Inserir a bateria para monitores de telemetria Manter o monitor ligado à rede elétrica Identificar o número de condutores (3 ou 5) Realizar a limpeza da pele para aplicação dos eletrodos A limpeza da pele do paciente com água e sabão com secagem posterior contribui para a adequada transmissão do impulso elétrico Realizar a tricotomia da pele nos locais de aderência do eletrodo, se necessário O excesso de pêlos no tórax de alguns pacientes pode justificar a necessidade de tricotomia nos locais de aderência do eletrodo para a transmissão adequada do estímulo elétrico Ligar o paciente ao cabo de monitorização Verificar se o cabo está conectado ao paciente corretamente Ligar os alarmes e ajustar os parâmetros de acordo com as condições clínicas do paciente Vários tipos de alarmes devem ser considerados: - freqüência cardíaca – mínima e máxima - arritmias - reconhecimento da presença de marcapasso Manter os alarmes ligados Garante segurança na utilização do método Lavar as mãos Reduz a transmissão de microrganismos TABELA 2 – Tamanho de manguito de PNI de acordo com a circunferência do braço Circunferência do braço (cm) Tamanho do manguito (cm) Faixa etária 6-11 2,5 x 5 Recém-nascido 10-19 6 x 12 Infantil 18-26 9 x 18 Infantil 25-35 12 x 23 Adultos 33-47 15 x 33 Adultos 46-66 18 x 36 Adultos obesos sinal de pulso por hipotermia, hipotensão, uso de drogas vasoconstritoras, compressão arterial direta ou posicionamento inadequado do sensor. Capnografi a A capnografi a é um método não-invasivo que permite mensurar o gás carbônico (CO²) expira- do, proporcionando a análise do CO² alveolar e da pressão parcial de gás carbônico no sangue arterial (PaCO²). O capnógrafo é freqüentemente deno- minado monitor da concentração de CO² no fi - nal da expiração, porque a cada ciclo respiratório é medida a concentração de CO² no fi nal da cur- va respiratória (ETCO²). É especialmente útil em pacientes com ventilação mecânica nos quais a hi- perventilação é primordial, naqueles que requerem freqüente mensuração dos gases arteriais, evitando repetidas punções arteriais, além de rápida e contí- nua avaliação da ventilação. CAPÍTULO 191 MONITORIZAÇÃO DO PACIENTE GRAVE SEÇÃO 24 2410 TABELA 3 – Cuidados de enfermagem na monitorização da PNI Ação Considerações Manter o braço ao nível do coração Facilita a leitura correta Selecionar o braço para instalação do manguito e palpar o pulso braquial Devem ser observadas as contra-indicações acima descritas para a instalação do manguito no membro A palpação do pulso permite determinara posição mais acurada para a colocação do manguito Colocar o manguito de tamanho adequado ao redor da extremidade e acima do pulso braquial Permite a medida fidedigna da pressão arterial Informar no monitor os limites de alarme e mantê-lo ligado Conforme a pressão arterial de base do paciente e os limites toleráveis Informar no monitor o intervalo de mensuração Conforme condição do paciente Iniciar leitura automática Verificar esvaziamento total do manguito Prevenir obstrução ao fluxo sangüíneo Realizar alternância do manguito entre os braços do paciente a cada 6 horas Previne lesão cutânea pelo manguito Monitorar condição da pele na qual é colocado o manguito Previne lesão cutânea pelo manguito TABELA 4 – Classificação da pressão arterial PAS (mmHg) PAD (mmHg) Normal < 120 e < 80 Pré-hipertensão 120-139 ou 80-89 Hipertensão estágio 1 140-159 ou 90-99 Hipertensão estágio 2 ≥ 160 ou ≥ 100 Como pré-requisito para monitorização do ETCO², o enfermeiro deve conhecer os princípios da ventilação, os princípios da monitorização do ETCO², a relação entre PaCO² e ETCO² e as bases fi siológicas para detecção de possíveis anormalidades, os princípios da análise de gases arteriais, bem como a anatomia e fi siologia do sistema respiratório. Os limites de normalidade variam de 35 a 45 mmHg. A instalação da capnometria requer cuidados específi cos (Tabela 6). Calorimetria Calorímetro é um monitor que possui um ana- lisador de CO² (sensor infravermelho) e de O². FIGURA 1 – Modelos de sensores de oximetria de pulso. Janelas A B C Janelas 2411 TABELA 5 – Cuidados de enfermagem com a oximetria de pulso Ação Considerações Remover esmaltes coloridos, em caso de colocação do sensor nos dedos dos membros superiores ou inferiores Favorece a obtenção de medidas acuradas Posicionar o sensor em local com perfusão adequada: extremidade distal dos membros superiores ou lóbulo da orelha Propicia medida da saturação arterial periférica de oxigênio (SaO ² ) adequada em local com pulso arterial forte Verificar o posicionamento correto do plug do oxímetro na rede elétrica e do cabo do plug do paciente no monitor Diminui a ocorrência de interferência elétrica Posicionar corretamente o sensor em contato com a pele Evita falsos valores Substituir o sensor descartável conforme recomendação do fabricante Favorece a obtenção de medidas fidedignas Alternar o local de posicionamento do sensor Proporciona maior conforto ao paciente e evita compressão prolongada do dígito Manter o aparelho ligado e estabelecer os limites de alarmes de freqüência de pulso e saturação de O ² Alerta mudanças ocasionais na detecção de pulso ou dessaturação potencialmente perigosas TABELA 6 – Cuidados de enfermagem com a capnografia Ação Considerações Conectar o monitor à rede elétrica, bem como o cabo e o sensor ao monitor e proceder à calibração do aparelho, conforme orientação do manual A precisão dos valores obtidos depende de adequada calibração. Os valores devem ser comparados com os obtidos nas amostras gasométricas Conectar adequadamente o monitor, o cabo e o sensor e adaptar firmemente ao circuito do paciente Diminui a incidência de amostras inadequadas de gases, bem como de vazamentos (são as principais causas de leituras incorretas) Certificar o posicionamento adequado do sensor ao circuito do ventilador ou à cânula de intubação Evita o acúmulo de secreções no sensor (causa de interferência) Determinar os limites do alarme e deixá-lo ligado Alerta o enfermeiro sempre que ocorram alterações Mede a concentração do gás por meio de um mé- todo paramagnético. Os gases coletados passam por um campo magnético que é ligado e desligado a uma freqüência de 100 Hz. As medidas do VO² (consumo de O²) e do VCO² (produção de CO²) são medidas pelo prin- cípio da diluição dos gases. Além disso, o calorímetro fornece o quociente respiratório e o gasto energético do último minuto, extrapolando para 24 horas. É utilizado para avaliação nutricional do do- ente, avaliação de efeitos terapêuticos de sedação, curarização, uso de betabloqueadores, drogas vaso- ativas e monitorização da função respiratória. A instalação do calorímetro é dependente da condição da via aérea do paciente (Tabela 7). Oximetria cerebral não-invasiva A oximetria cerebral não-invasiva permite determi- nar a saturação cerebral de oxigênio pela espectrome- tria óptica não-invasiva, por meio da instalação de um eletrodo transcraniano na região frontal. Esse eletrodo transcraniano possui uma fonte de luz infravermelha que emite raios helicoidais e dois sensores, um mais próximo e outro mais distante da fonte, permitindo, dessa forma, descartar os valores relativos às estruturas extracelulares na leitura. A instalação do eletrodo in- terfere no resultado do método (Tabela 8). CAPÍTULO 191 MONITORIZAÇÃO DO PACIENTE GRAVE SEÇÃO 24 2412 TABELA 7 – Cuidados de enfermagem com a calorimetria Ação Considerações Montar aparelho com os dispositivos de coleta de ar expirado e inspirado Evita o alarme do aparelho Ligar o aparelho A verificação do equipamento deve ser realizada antes da instalação no paciente Aguardar 30 minutos após ligá-lo, para só então promover a calibração Tempo de aquecimento do aparelho Proceder à calibração do equipamento Deve ser diária e tem como objetivo obter dados acurados Instalar o aparelho no paciente: extubado em ar ambiente: colocar o capacete e os tubos de ar inspirado e ar expirado extubado em uso de O ² : instalar o capacete juntamente com o kit de Okit de Okit ² do aparelho e a mangueira de ar expirado e ar inspirado intubado ou traqueostomizado: o tubo de coleta do ar expirado deve ser instalado na válvula expiratória. O tubo de coleta de ar inspirado é colocado na via inspiratória sempre após a nebulização Coletar dados dos gases inspirados e expirados para realização dos cálculos Observar que não haja nenhum vazamento de ar Favorece a obtenção de dados confiáveis Colocar os dados do paciente no aparelho Favorece a obtenção de gráficos e valores identificados para evitar perda ou troca de material Iniciar as medidas Evitar procedimentos durante a realização das medidas. Caso seja necessário, anotar o tipo, hora, e quem realizou Favorece a obtenção de dados confiáveis Anotar os sedativos utilizados, curare; início, fim ou alteração de drogas vasoativas; emprego de betabloqueadores Estas medicações alteram os parâmetros metabólicos Após o uso do aparelho: desmontar, desprezando a extensão que coletou o ar inspirado lavar e secar tubos que coletam ar expirado proceder à esterilização do intermediário do ar inspirado Evita proliferação de microrganismos e infecção cruzada TABELA 8 – Cuidados de enfermagem com a oximetria cerebral não-invasiva Ação Considerações Higienizar a pele para instalação do eletrodo Favorece a fixação adequada do sensor Comunicar valores inferiores a 63% Permite desencadear medidas que regularizem o fluxo cerebral Em caso de descolamento do eletrodo e a cada 24 horas, instalar eletrodo novo Favorece a obtenção de dados fidedignos Anotar os procedimentos realizados no paciente Permite interpretar corretamente os dados coletados Ao trocar eletrodos, observar as condições da pele e, na medida do possível, instalar novo eletrodo em um outro local Evita escarificações A hemoglobina possui um espectro característico de absorção da luz infravermelha que permite dife- renciar as moléculas oxigenadas das não-oxigenadas. O valor normal varia entre 63% e 70% sendo que valores inferiores indicam redução na oferta de O² por hipertensão intracraniana, vasoespasmo e/ ou oclusão vascular. Valores superiores a 70% po- dem ocorrer no coma barbitúrico ou hipotermia. A oximetria cerebral permite determinar a dife- rença artério-venosa de oxigênio. Está indicada em 2413 pacientes com risco de complicações neurológicas, pois detecta rapidamente hipoxemia cerebral, sen- do também muito útil em neurocirurgias e durante endarterectomiade carótida. O valor real dos dados obtidos com este tipo de equipamento ainda não está bem estabelecido. MONITORIZAÇÃO INVASIVA Glicemia capilar periférica Freqüentemente, pacientes graves exibem níveis de glicemia elevados associados à resistência insulí- nica. Esta ocorrência provavelmente se deve à alta glicogenólise a despeito da grande liberação de in- sulina, comum nestes pacientes. O controle intensivo de glicemia no paciente grave promove uma redução de mortalidade ao re- dor de 40%. A manutenção de glicose sangüínea entre 80 e 110 mg/dl proporciona redução do nú- mero de dias de internação na UTI e no hospital, além de reduzir a morbidade. Como sugestão, para um controle rigoroso de glice- mia com infusão contínua de insulina, pode-se utilizar o algoritmo adaptado de Van Den Berghe (Figura 2). FIGURA 2 – Algoritmo adaptado de Van Den Berghe et al. CAPÍTULO 191 MONITORIZAÇÃO DO PACIENTE GRAVE Jejum Sol. glicose 10% 80 ml/h (8 g/h de glicose) Paciente grave com glicemia > 110 mg/dl Ajuste de infusão inicial – Controle de glicemia ou glicemia capilar a cada 1 h Após estabilização inicial – Controle a cada 2-4 h Ajuste de dose após estabilização inicial Se glicemia cair 50% do valor último do controle diminuir pela metade a infusão (controle da glicemia em 1 h) Se glicemia 50-80 mg/dl, diminuir a infusão dependendo do valor anterior (% da queda da glicemia) – controle em 1 h Se glicemia 40-60 mg/dl, parar infusão de insulina (garantir aporte basal de glicose) – controle em 1 h Se glicemia < 40 mg/dl, fazer bolusSe glicemia < 40 mg/dl, fazer bolusSe glicemia < 40 mg/dl, fazer de glicose a 50% 20 ml EV. PEV. PEV arar a infusão e aguardar a próxíma hora para checar Se glicemia > 140 mg/dl aumentar a infusão em 1-2 UI/h 110-140 mg/dl aumentar a infusão em 0,5-1 UI/h próximo de 110 mg/dl ajustar a infusão em 0,5-1 UI/h Se mantiver a glicemia em 80-110 mg/dl, não alterar a infusão Insulina simples 50 UI + SF 0,9% 100 ml BIC de acordo com a glicemia inicial Diluição 1 ml = 0,5 UI Se glicemia > 220 mg/dl iniciar a infusão 4 UI/h Se glicemia > 100 mg/dl iniciar a infusão 2 UI/h SEÇÃO 24 2414 Gasometria As medidas dos gases sangüíneos e do pH são realizadas com freqüência na UTI com o objetivo de otimizar e guiar o tratamento instituído. Sua interpretação pode ser realizada de forma simples pelo “Diagrama H” (Figura 3). Pressão arterial média A técnica consiste na introdução de um cateter em uma artéria por punção percutânea ou dissec- ção. O cateter é conectado a um sistema de trans- missão de pressão, um transdutor de pressão, que é conectado ao monitor, permitindo a visualização de curvas e valores de pressão. A monitorização in- vasiva da pressão arterial proporciona mensuração contínua das pressões arteriais sistólica, média e diastólica, além de facilitar a coleta de amostras de sangue arterial para exames laboratoriais. O procedimento é especialmente indicado em pacientes com níveis pressóricos instáveis, em uso de drogas vasoativas, suporte ventilatório, pós-ope- ratório de cirurgias de grande porte, grandes quei- mados com acesso vascular ou cutâneo limitados para coleta de sangue arterial ou mensuração não- invasiva da pressão arterial (PA) e, ainda, naqueles em estado de choque nos quais a vasoconstrição é muito intensa difi cultando a mensuração não-in- vasiva da PA. A artéria de escolha é geralmente a radial, pelo seu fácil acesso, podendo ser utilizadas também as artérias femorais ou pediosas. Como todo método invasivo, o procedimento não é desprovido de riscos e implica cuidados espe- ciais (Tabela 9). Tonometria A tonometria gastrintestinal permite avaliar de forma indireta o fl uxo sangüíneo esplâncnico FIGURA 3 – Diagrama H. O Diagrama H utiliza os valores de pH, PaCO2 e bicarbonato dos pacientes. Os valores normais desses parâmetros são 7,35 a 7,45 para o pH, 35 a 45 mmHg para a PaCO2 e 22 a 26 mmol/l para o bicarbonato. No diagrama, o lado esquerdo é utilizado para a PaCO2, que representa o sistema respiratório, e varia de 20 a 80 mmHg. O lado direito do diagrama representa o sistema metabó- lico e varia de 12 a 48 mmol/l. Quando o paciente apresenta valores medianos, PaCO2 de 40 mmHg e bicarbonato de 24 mmol/l, signifi ca que o pa- ciente encontra-se na linha de base. Qualquer al- teração nesses valores signifi ca presença de algum distúrbio ácido-básico. O primeiro parâmetro a ser analisado é o pH; sua alteração determina acidose ou alcalose. Na se- qüência, devem ser analisados os valores da PaCO2 e do bicarbonato. Se o paciente apresenta PaCO2 de 60 mmHg, bicarbonato de 24 mmol/l e pH de 7,2, esse paciente apresenta acidose, e a alteração na linha de base é na coluna da esquerda – siste- ma respiratório, que signifi ca acidose respiratória (Figura 4). FIGURA 4 – Diagrama H – acidose respiratória. 80 60 40 30 20 48 36 24 18 12 HCO3Paco2 7,4 80 60 40 30 20 48 36 24 18 12 HCO3Paco2 7.2 2415 TABELA 9 – Cuidados de enfermagem com a monitorização invasiva da pressão arterial Ação Considerações Montar o sistema de transdução de pressão e conectar ao monitor de pressão com uso de técnica asséptica, mantendo as conexões firmemente unidas, removendo todo o ar do sistema e “zerando-o” adequadamente Reduz a transmissão de microrganismos, previne embolia gasosa e favorece a obtenção de dados confiáveis Auxiliar na passagem do cateter É recomendada a utilização de barreira máxima Fixar adequadamente o cateter à pele e, se necessário, restringir o membro puncionado ou o paciente Previne tração ou extensão do cateter impedindo hemorragia Determinar limites dos alarmes no monitor e acioná-los Alerta o enfermeiro para alterações dos níveis pressóricos ou desconexão do sistema Manter o sistema pressurizado com infusão contínua de solução salina heparinizada (3 ml/h) com uso de Intraflow® Evita formação de coágulos e distorção nos valores aferidos, bem como a perda do acesso. Previne a isquemia do membro Observar a cada duas horas: coloração, temperatura e perfusão da pele na extremidade distal do membro, bem como capacidade de movimentação, sensação de parestesia ou dor Permite detectar precocemente sinais de redução na circulação regional Empregar técnica asséptica, lavar as mãos sempre que manipular o cateter ou o sistema Reduz a transmissão de microrganismos Inspecionar o sítio de entrada do cateter regularmente. Observar hiperemia, presença de secreção e edema Permite detecção precoce de sinais infecciosos Trocar curativo da inserção do cateter a cada 24 horas com técnica asséptica. Manter curativo estéril Previne infecção Trocar a solução de heparina a cada 24 horas, e o sistema de transdutor a cada 48 horas Previne infecção Zerar o sistema a cada 4 horas ou a cada mudança de posição do paciente Favorece a obtenção de resultados acurados Realizar flush de solução salina heparinizada após toda coleta de sangue Previne a formação de coágulos Observar continuamente a curva de pressão Curva amortecida pode indicar presença de coágulo, ar no sistema ou no cateter Ao retirar o cateter fazer compressão no local da retirada por 5 minutos, e somente depois realizar curativo compressivo Previne hemorragia e formação de hematoma local (FSE). O FSE parece ser um importante parâmetro para orientação terapêutica do paciente grave, sen- do considerado um fator prognóstico precoce nos estados de choque, por ser a mucosa digestiva um dos tecidos mais suscetíveis à hipóxia e apresentar isquemia mais precoce, intensa e prolongada. O método consiste na determinação do pH in- tramucoso por meio de uma sonda posicionada no estômago ou no cólon sigmóide, provida em sua extremidade de um balão com membrana de sili- cone altamente permeável ao CO². Os valores normais variam de 7,35 a 7,45, e um pH inferior a 7,35 é sugestivo de redução da per- fusão regional. A execução do procedimento con- forme preconizado contribui para a obtenção de dados mais acurados(Tabela 10). Pressão venosa central A pressão venosa central (PVC) fornece valores correspondentes à pré-carga, ou seja, ao volume de enchimento do ventrículo direito, traduzindo o retorno venoso ao coração direito. Os valores nor- mais variam de 0 a 8 mmHg (zero obtido na linha axilar média). Valores baixos de PVC podem suge- rir hipovolemia, enquanto valores elevados podem sugerir sobrecarga volêmica ou falência ventricular. CAPÍTULO 191 MONITORIZAÇÃO DO PACIENTE GRAVE SEÇÃO 24 2416 TABELA 10 – Cuidados de enfermagem com a tonometria gastrintestinal Ação Considerações Preencher o balão da sonda com soro fisiológico 0,9% e aspirar a solução, fechando a torneira de acesso; manter o sistema selado Permite remover o ar do sistema e manter apenas um filme líquido no balão Introduzir a sonda na posição desejada, gástrica ou sigmóide, confirmar seu posicionamento e fixá-la adequadamente As técnicas utilizadas para inserção e para verificação de posicionamento são as mesmas preconizadas para inserção de sonda gástrica Solicitar radiografia de abdômen para controle Permite verificar o posicionamento da sonda Antes das aferições assegurar-se que o paciente: esteja em uso de bloqueadores H ² por via endovenosa (IV) não esteja utilizando bicarbonato IV ou VO não tenha recebido dieta; para tanto, aspirar a via de drenagem da sonda e certificar-se da ausência de refluxo de dieta Favorece a obtenção de dados fidedignos Infundir 2,5 ml de solução salina no balão, evitando a entrada de bolhas de ar, e deixar em equilíbrio, por um período mínimo de 30 minutos Favorece a obtenção de dados fidedignos Aspirar da via do balão o volume inicial de 1ml e desprezar Evita coleta da solução contida na via de acesso do balão Aspirar o volume restante (1,5 ml), evitando entrada de bolhas de ar, e encaminhar ao laboratório Para dosagem da pCO ² da solução Concomitante ao item anterior, colher amostra sangüínea Para dosagem de bicarbonato no sangue Calcular pressão parcial do CO ² corrigida pelo tempo de equilíbrio Favorece a obtenção de dados fidedignos Aplicar a fórmula de Henderson Hasselbach para calcular o pHi Para obtenção do valor do pHi A pressão venosa central pode ser verifi cada por ca- teter venoso central ou cateter de Swan-Ganz. A medida da PVC pode ser mais facilmente ob- tida com a utilização de um sistema de transdutor de pressão (Tabela 11). Monitorização da pressão de artéria pulmonar Consiste na introdução de cateter por acesso venoso central, passando pelo átrio e ventrículo di- reito até a artéria pulmonar para a obtenção direta de dados hemodinâmicos como: débito cardíaco (DC), pressão de capilar pulmonar e dados calcu- lados como índice de resistência vascular sistêmica e pulmonar, índices de trabalho sistólico dos ven- trículos esquerdo e direito. É utilizado no controle do paciente hemodina- micamente instável, como por exemplo em pacien- tes com IAM e falência cardíaca que evoluem com quadro séptico; no controle da sobrecarga hídrica imposta pela infusão de líquidos e transfusões em pacientes com reserva cardíaca diminuída; no con- trole pós-operatório de pacientes submetidos à ci- rurgia cardíaca e em cardiopatas graves submetidos a cirurgias de grande porte; na avaliação do efeito de drogas vasoativas e na coleta de sangue veno- so misto para análise gasométrica. A utilização do cateter de Swan-Ganz requer treinamento continu- ado da equipe de enfermagem para aplicação dos cuidados de enfermagem a esse grupo de pacientes (Tabela 12) Pressão intracraniana A pressão intracraniana (PIC) refl ete a dinâmica entre os componentes da caixa craniana, parênqui- ma cerebral, liquor e circulação cerebral. Sendo a caixa craniana um compartimento fechado, qual- quer alteração de volume em um dos comparti- mentos cerebrais provoca mudanças na dinâmica cerebral. A monitorização da PIC é obtida pela colocação de um transdutor intracraniano posicionado na ca- 2417 TABELA 11 – Cuidados de enfermagem com a monitorização da pressão venosa central Ações Considerações Lavar as mãos Reduz a transmissão de microrganismos Reunir o material Verificar se as conexões estão adequadamente fixadas Preparar o soro com heparina Conectar o soro ao kit de monitorização kit de monitorização kit Preencher o equipo do kit com soro, retirando todo arkit com soro, retirando todo arkit Favorece a obtenção de valores acurados Instalar o soro no pressurizador e manter o mesmo pressurizado a 300 mmHg Promove a infusão de fluxo fixo de 3 ml/h da solução evitando obstrução do cateter. Ao pressurizar o soro, fazê-lo com o equipo voltado para cima, permitindo a retirada de todo o ar contido no sistema Posicionar o suporte do transdutor no suporte de soro Instalar o kit de monitorização no suportekit de monitorização no suportekit Conectar o cabo do transdutor ao kit de monitorização, e o cabo ao monitor kit de monitorização, e o cabo ao monitor kit Conectar o kit ao cateter na via distalkit ao cateter na via distalkit Mantendo técnica asséptica Posicionar o paciente para zerar o sistema Fechar a linha do paciente Abrir a linha para o ar ambiente Realizar os comandos do monitor para obter o “zero” Fechar a linha para o ar ambiente e abrir a linha para o paciente Aguardar o aparecimento e a estabilidade da curva, observando se a curva da PVC está adequada (presença de três ondas) Caso a curva não apresente morfologia adequada, pesquisar: obstrução do cateter; presença de ar ou sangue no sistema; extensões longas; extensões complacentes Registrar o valor vidade ventricular, no espaço subaracnóide ou no espaço extradural. Fornece dados que precedem o aparecimento de sinais e sintomas de descompen- sação e é útil na avaliação da resposta às medidas terapêuticas implementadas. É indicada para uso em pacientes com possibilidade de desenvolver hipertensão intracraniana, pois possibilita o cálcu- lo da pressão de perfusão cerebral (PPC), obtida subtraindo a PIC da pressão arterial média (PAM). Assim, temos: PPC = PIC − PAM Como pré-requisito para monitorização da PIC, o enfermeiro deve conhecer os princípios da monitori- zação, da assepsia, neuroanatomia e neurofi siologia, bem como a fi siopatologia da hipertensão intracra- niana (HIC), para que possa realizar adequadamente a assistência a esse grupo de pacientes (Tabela 13). Oximetria cerebral invasiva Permite monitorizar a saturação venosa de O² por amostras sangüíneas coletadas de cateter insta- lado no bulbo da veia jugular interna. Por meio da diferença artério-venosa de oxigênio, determina-se se o fl uxo sangüíneo cerebral é lento, aumentado ou normal, e por meio destes parâme- tros é possível avaliar a terapêutica implantada. CAPÍTULO 191 MONITORIZAÇÃO DO PACIENTE GRAVE SEÇÃO 24 2418 TABELA 12 – Cuidados de enfermagem na monitorização hemodinâmica com cateter de Swan-Ganz Ação Considerações Posicionar os eletrodos para monitorização eletrocardiográfica, deixando áreas livres no tórax para inserção do cateter e possíveis cardioversões Possibilita a observação de arritmias e seu atendimento Posicionar o paciente em decúbito dorsal, e com os membros imobilizados, se necessário Facilita a passagem do cateter Providenciar material para atendimento de emergência próximo ao leito Pronto atendimento para eventuais urgências Montar o transdutor de pressão com técnica asséptica Previne infecção Auxiliar a passagem do cateter, observando o aparecimento das curvas pressóricas Facilita a passagem do cateter visualizando seu posicionamento e o aparecimento de arritmias Fazer curativo estéril, e fixar adequadamente o cateter Previne infecções e evita deslocamento acidental do cateter Providenciar radiografia de tórax Permite verificar o posicionamento do cateter Fazer curativo diário, com técnica asséptica e verificar o aspecto do sítio de inserção do cateter Previne infecção e permite detecção precoce da mesma Manter o sistema pressurizado com infusão contínua de soluçãosalina heparinizada (3ml/h) com uso de Intraflow® nas vias proximal e distal Mantém vias do cateter permeáveis “Zerar” o sistema com o ar atmosférico antes de proceder às medidas Permite obter valores fidedignos Certificar-se que não existem bolhas ou coágulos no sistema Permite obter valores fidedignos Verificar se as conexões entre cateter, equipos e torneiras de três vias estão bem adaptadas Previne entrada de ar no sistema, desconexão acidental e favorece a obtenção de valores fidedignos Insuflar o balão apenas no momento de verificação da POAP, ou no momento de progressão do cateter. Desinsuflar logo que possível Evita infarto pulmonar Para retirar o cateter é recomendado: - certificar-se de que o balão está desinsuflado - remover o ponto cirúrgico - tracionar o cateter lentamente, observando o traçado eletrocardiográfico - tracionar o introdutor - proceder curativo compressivo Previne acidentes vasculares e arritmias, facilita a retirada do cateter, permite observar a presença de arritmias, previne sangramentos e hematoma local Para prevenir a formação de nós e a ocorrência de lesões estruturais é recomendado: - não introduzir mais o cateter, se a curva de pressão do átrio, ventrículo direito ou da artéria pulmonar não for alcançada com distâncias habitual- mente suficientes a partir daquele acesso venoso - evitar a cateterização prolongada. - nunca retirar o cateter com o balão insuflado - retirar o introdutor com o paciente em decúbito de Trendelemburg, espe- cialmente se estiver respirando espontaneamente, e ocluir o orifício de pun- ção imediatamente com curativo impermeável - em caso de retirada do cateter de artéria pulmonar, recomenda-se também a retirada do introdutor Se após a retirada do cateter de artéria pulmonar for necessária a manutenção do acesso central, recomenda-se a troca do introdutor por um cateter central de curta permanência, que pode ser realizada com fio-guia A monitorização da saturação de bulbo jugular (SvjO2) é realizada de forma invasiva, utilizando- se um cateter de fi bra óptica (monitorização con- tínua) ou um cateter venoso central comum para monitorização intermitente (Tabela 14). Em condições normais, o consumo cerebral de oxigênio (CMRO2) e o fl uxo sangüíneo cerebral (FSC) estão “acoplados”, ou seja, o FSC é regu- lado principalmente pelo CMRO2. Nessa situa- ção, a diferença arteriovenosa jugular de oxigênio 2419 TABELA 13 – Cuidados de enfermagem na monitorização da pressão intracraniana Ações Considerações Manter alinhamento céfalo-caudal O uso de coxins pode facilitar o procedimento Manter a cabeceira elevada entre 30° a 45° do plano horizontal (se não houver contra-indicação, como, por exemplo, nos traumas raquimedulares) Manter temperatura corporal menor que 37,5 °C O uso de colchão térmico pode estar indicado Evitar hipotensão arterial A utilização de drogas vasoativas deve ser considerada Manter PIC < 20 mmHg e PPC > 70 mmHg Promover oferta de oxigênio a 100% antes das aspirações traqueais e/ou nasais Fixar cateter ao couro cabeludo do paciente Fixar a pinça do cabo do aparelho de monitorização da PIC ao leito do paciente Nessa situação adotam-se cuidados adicionais ao manipular o paciente Atentar para não tracionar e/ou deslocar o cateter Realizar curativo diariamente no local da inserção do cateter O anti-séptico padronizado na instituição deve ser utilizado Monitorizar e registrar a presença de extravasamento de LCR pelo nariz, ouvidos ou pelo local de inserção do dispositivo do cateter Situações a serem imediatamente comunicadas ao médico TABELA 14 – Procedimento de inserção do cateter de bulbo jugular Ações Considerações Identificar previamente a veia jugular interna a ser cateterizada Fazer tricotomia local Somente se necessário Elevar o decúbito a 30° ou 45° Após verificar ausência de contra-indicação Colocar o paciente com a cabeça em posição neutra para evitar aumento da PIC O uso de coxins pode ser necessário Lateralizar a cabeça do paciente somente no momento da introdução do cateter para evitar o aumento da PIC Separar os itens a serem utilizados pelo médico (avental, máscara, luvas cirúrgicas, solução antisséptica, gazes, solução anestésica, campo estéril, material para curativo) Instalação do cateter requer o uso de barreira máxima Preparar o monitor (monitorização contínua) Montar kit para monitorização invasiva, utilizar solução salina 0,9% 250ml kit para monitorização invasiva, utilizar solução salina 0,9% 250ml kit com 2.500 UI de heparina Retirar todo o ar do sistema Administrar analgésico e/ou sedação Se necessário Monitorizar continuamente os sinais vitais durante o procedimento, principalmente a PIC e a pressão arterial Calcular sempre a PPC (pressão de perfusão cerebral) Realizar curativo local compreensivo e estéril, após a passagem do cateter Providenciar radiografia de coluna cervical lateral ou de base de crânio para visualizar o posicionamento do cateter A extremidade do cateter deverá estar acima da segunda vértebra cervical, podendo preferencialmente estar na parte mais alta para evitar “contaminação” com sangue venoso extracerebral CAPÍTULO 191 MONITORIZAÇÃO DO PACIENTE GRAVE SEÇÃO 24 2420 (AVjDO(AVjDO(A 2) permanece constante com as variações do CMRO2. Entretanto, estima-se que apenas 45% dos pacientes com TCE, em coma, mantêm o acoplamento dessas variáveis. Como todo procedimento invasivo, o método não é desprovido de riscos e cuidados específi cos devem ser adotados durante seu uso e na retirada do cateter (Tabela 15). Monitorização da pressão intra-abdominal A síndrome compartimental abdominal (SCA) é conseqüência do aumento persistente da pressão intra-abdominal (PIA), causado por diversas con- dições bastante freqüentes em terapia intensiva, como traumatismo abdominal extenso, pancreati- te, hemorragia retroperitonial, ruptura de aneuris- ma de aorta e ascite volumosa. Como resultado, desenvolve-se uma série de disfunções orgânicas com alterações cardiovasculares (choque), respira- tórias (aumento das pressões de pico, hipoxemia), renais (oligúria, anúria), esplâncnicas (hipoperfu- são) e neurológicas (elevação da PIC). A intervenção cirúrgica precoce, com perito- neostomia descompressiva e/ou re-exploração ab- dominal causam melhora dos parâmetros clínicos e deve ser realizada em pacientes com evidência clínica de SCA. A PIA é obtida indiretamente pela via intravesical e deve ser estimulada em pa- cientes de UTI com maior tendência à SCA, feita TABELA 15 – Cuidados de enfermagem na manutenção e retirada do cateter de bulbo jugular Ações Considerações Avaliar sinais vitais, exame neurológico, SvjO2 e PIC imediatamente após a inserção Parâmetros para avaliações seqüenciais Prevenir deslocamento do cateter por meio de sua adequada fixação Manter técnica asséptica na manipulação do cateter e sistema O principal procedimento é a lavagem das mãos Trocar o sistema de monitorização conforme política institucional Usualmente a cada 72 horas Trocar curativo diariamente e observar sítio de inserção Monitorizar continuamente SvjO2 e PIC Identificar o cateter como exclusivo para coleta de sangue Nunca utilizar o cateter para administrar medicamentos Coletar amostras de sangue venoso jugular a intervalos variáveis de acordo com as condições clínicas do paciente Especialmente quando houver mudança na ventilação, elevação da PIC, alteração da PPC, etc. No caso de oximetria jugular contínua, deverá ser realizada calibração in vivo do sistema em horários predeterminados (de acordo com a rotina definida pela unidade – deve seguir as orientações de calibração do fabricante) A diferença entre o resultado da medida enviada ao laboratório e o monitor não deve ser superior a 3% Alguns autores recomendam infusão contínua de solução fisiológica (5 a 10ml em bomba de infusão), enquanto outros preconizam somente solução salina heparinizada com sistema de pressurização A orientação varia de acordo com