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ginecológica S E M I O L O G I A O ciclo menstrual corresponde às alterações cíclicas que ocorrem no endométrio, que é o ciclo uterino, o qual depende do ciclo ovariano e do ciclo hipotálamo hipofisário. Entre o hipotálamo e a hipófise anterior, ou adeno hipófise, há intensa comunicação vascular (sistema porta hipofisário) ligando essas duas estruturas. Os vasos sanguíneos desse sistema conduzem os neuro‐ hormônios, ou fatores de liberação, produzidos pelos neurônios dos centros hipotalâmicos. Os neuro hormônios que regulam a produção de gonadotrofinas hipofisárias (FSH – hormônio foliculestimulante, em inglês follicle stimulating hormone), e LH – hormônio luteinizante, em inglês luteinizing hormone) são chamados de hormônios liberadores de gonadotrofinas (GHRH), os quais, uma vez liberados, produzem alterações cíclicas nos ovários, com desenvolvimento dos folículos, ovulação e formação do corpo amarelo. O desenvolvimento folicular é caracterizado pelo crescimento e pela diferenciação do oócito I, pela proliferação das células foliculares ou da granular e pelo desenvolvimento de tecido conjuntivo, a teca folicular, proveniente do estroma ovariano. O crescimento do folículo primário (oócito) e o crescimento da camada de células foliculares formam uma cavidade única: o antro. O oócito situa- se excentricamente, cercado pelas células foliculares, constituindo o cúmulo oóforo. Em cada ciclo ovariano, vários folículos desenvolvem se, conquanto apenas um amadureça o suficiente para ser expelido, fenômeno chamado de ovulação. O desenvolvimento folicular é estimulado basicamente pelo FSH, que, além disso, prepara o folículo para responder ao LH. Ambos são produzidos pela hipófise. Os folículos em crescimento produzem os estrogênios, os quais regulam o desenvolvimento e a função dos órgãos genitais virtude do acúmulo de líquido folicular, redundando em adelgaçamento da teca interna e em abaulamento pré‐ ovulatório da superfície do ovário. A seguir, uma pequena área vascular, chamada de estigma, aparece nesse local. O estigma, ao romper se, expulsa o oócito, ou seja, dá se a ovulação. Sob estímulo estrogênico, o hipotálamo libera significativas quantidades de LH, que induzem a ovulação, a qual ocorre dentro de 24 horas após o pico de LH, cerca de 2 semanas antes da menstruação. O tempo decorrido entre a ovulação e o início da próxima menstruação é quase sempre constante. A fase folicular pode ter duração variável. Morfologicamente, os fenômenos que concorrem para a ovulação são caracterizados pelo crescimento do folículo em Formação do Corpo Amarelo ou Lúteo Introdução Logo após a ovulação, as células foliculares, sob a influência contínua do LH, hipertrofiam se e enchem a cavidade cística remanescente, que, por vezes, é hemorrágica, transformando a em uma estrutura glandular, tingida por pigmento amarelo, daí o nome de corpo amarelo ,o qual vai produzir estrogênio e progesterona. A gravidez modifica a duração do corpo amarelo, aumentando a. Se o óvulo não for fecundado, o corpo lúteo começa a degenerar 10 dias após a ovulação e transforma se em uma cicatriz branca chamada corpo albicans. Menstruação Depois dos 40 anos de idade, os ciclos sexuais ainda se sucedem, alguns anovulatórios, por esgotamento ovariano; entre os 48 e os 55 anos, encerra se a fase reprodutiva da mulher, fato caracterizado pela parada da menstruação (menopausa). Se o óvulo não for fertilizado, o corpo lúteo regride; os efeitos estrogênicos e progestacionais declinam, ocorrendo, então, alterações vasculares acentuadas que ocasionam a isquemia da camada funcional. Cinco dias, aproximadamente, após a queda dos níveis hormonais, começa o período menstrual. A menstruação, durante 3 a 5 dias, corresponde à perda de 50 a 150 mℓ de muco e de sangue. Quando o fluxo menstrual é intenso, podem ser observados coágulos nos primeiros dias. Após a menstruação, segue se novo ciclo uterino. Antes de completar a fase menstrual, o FSH induz o desenvolvimento de outro grupo de folículos, iniciando mais um ciclo ovariano. Se a mulher engravidar, o ciclo menstrual (endometrial) não se completa: continua o ciclo gravídico. Terminada a gestação, ocorrido o parto e completada a involução puerperal, os ciclos ovarianos ressurgem. Ovulação Ciclo Normal: Ciclos de 21 a 35 dias, com duração de sangramento de 3 a 8 dias e fluxo sanguíneo de 30 a 80 mls. O exame clínico das pacientes com afecções do sistema genital feminino é de fundamental importância. Além da anamnese e do exame físico geral, que seguem a mesma sistematização usada para o exame de qualquer sistema, o exame ginecológico tem características especiais. Introdução São importantes, também, todas as doenças hereditárias ou de ocorrência familiar. A anamnese constitui o passo inicial e básico do relacionamento médico paciente. Nunca é excessivo ressaltar que o médico vai abordar a intimidade da mulher. Por isso, é comum que se estabeleça entre ele e a paciente um laço mais emocional do que nas demais especialidades. A paciente deve sentir a disponibilidade afetiva do médico como ser humano que pretende e que pode ajudá -la. Com frequência, durante e após o exame físico, é necessário obter informações que não foram relatadas ou bem exploradas na anamnese. Após o interrogatório sobre a história da doença, é indispensável o conhecimento dos antecedentes pessoais fisiológicos, principalmente no que diz respeito ao ciclo menstrual. Deve -se registrar a idade da menarca (primeira menstruação), o ritmo e a duração das menstruações subsequentes. Com esses dados, define- se o padrão menstrual da paciente, formado de três números: o primeiro corresponde à idade da menarca; o segundo, à duração do fluxo; e o terceiro, à periodicidade ou ao intervalo entre as menstruações. Exemplo: 12/03/28, o que significa que a menarca ocorreu aos 12 anos, a duração do fluxo é de 3 dias e o intervalo entre as menstruações é de 28 dias. A idade do aparecimento da pubarca (pelos) e da telarca (mamas) deve ser registrada. A seguir, anotam -se a data da última menstruação e o início da atividade sexual Da atividade reprodutiva, importa conhecer o número de gestações, anotando- se o número de partos e de abortamentos, seus tipos, idades e complicações. Se for o caso, as épocas do último parto ou aborto devem ser registradas. A evolução do puerpério e da lactação traz subsídios importantes. O uso de anticoncepcionais deve ser investigado com atenção. Nos antecedentes pessoais patológicos, devem ser valorizados doenças infectocontagiosas (p. ex., tuberculose), diabetes melito, doenças sexualmente transmissíveis, doenças ginecológicas anteriores, radioterapia, hormonoterapia, cauterizações, curetagens e antibioticoterapia. Na história familiar, valoriza -se a ocorrência de tuberculose, de diabetes melito, neoplasias, endocrinopatias e anomalias genéticas, principalmente câncer de mama, do endométrio, do ovário e do cólon. A HUA aguda ocorre quando o sangramento uterino exige uma intervenção imediata, a crônica é definida após 6 meses de alterações. Podem ocorrer em várias enfermidades, e uma forma de classificá -las é o sistema PALM -COEIN, sigla formada pelas principais causas de hemorragias, que as divide em “anomalias estruturais uterinas” e “anomalias não estruturais uterinas” Quaisquer sangramentos sem as características da menstruação normal são chamados de hemorragia (ou sangramento) uterina anormal (HUA), sendo classificada em hemorragia uterina aguda, crônica ou intermenstrual. Anamnese O puerpério é o período de pós -parto que abrange desde o dia do nascime nto até a volta da menstru ação da mulher, depois da gravidez, o que pode demorar at é 45 dias, dependendo d e como é feita da amamentação. Lactação é Aç ão ou efeito de lactar (amamentar); am amentação. Sinais e Sintomas Os principais sinais e sintomas das afecções dos órgãos genitais femininos são as hemorragias, os distúrbios menstruais, a dor, o aparecimento de tumoração, corrimento ou leucorreia, prurido, dificuldadede engravidar, distúrbios sexuais e alterações dos pelos. Hemorragia É conveniente ressaltar que as hemorragias de origem vaginal ou vulvar decorrentes de traumatismos, de ulcerações ou de neoplasias podem confundir se com a metrorragia. (é um termo médico que se refere ao sangramento uterino fora do período menstrual Distúrbios Menstruais O ciclo menstrual pode apresentar anormalidades quanto ao intervalo entre os fluxos, duração e intensidade. Menstruação é o sangramento cíclico que ocorre cada 24 a 38 dias, durando de 3 a 8 dias, com perda sanguínea de 50 a 80 mℓ. Dismenorreia: que é a dificuldade ou dor relacionada a menstruação. Sangramento menstrual frequente (polimenorreia): quando a menstruação ocorre com intervalos menores que 24 dias. Sangramento menstrual infrequente (oligomenorreia): quando a menstruação ocorre com intervalos maiores que 38 dias. Amenorreia, que é a falta de menstruação por um período de tempo maior do que três ciclos prévios. Sangramento menstrual prolongado (hipermenorreia): quando a menstruação dura mais de 8 dias. Sangramento menstrual encurtado (hipomenorreia): quando a menstruação dura menos de 3 dias. Sangramento uterino excessivo (menorreia): quando há excessiva perda de sangue durante o fluxo menstrual. Às vezes, confunde se com hipermenorreia. Sangramento uterino leve: quando o fluxo é pouco, baseado na percepção da paciente, raramente associado à patologia. Sangramento uterino intermenstrual (metrorragia): quando a perda de sangue não obedece ao ritmo do ciclo menstrual. Dor A dor representa uma das queixas mais frequentes, sendo necessário um interrogatório correto para poder fazer o diagnóstico diferencial. A localização habitual é a região pélvica. Às vezes, a dor é abdominopélvica ou lombossacra. Pode ser espontânea ou provocada pelo coito(relação sexual), por deambulação(andar, caminhar), por ortostatismo (ficar em pé) ou por palpação. Pode ser contínua, paroxística ou relacionada com o ciclo menstrual. Paroxística (duram apenas alguns segundos ou minutos e desaparecem com a mesma rapidez). É grande a importância de causas não ginecológicas nos quadros dolorosos da pelve, da região lombossacra e perineal, destacando se as afecções dos órgãos do sistema urinário, digestório e osteoarticular. As vias sensoriais do reto e da bexiga são as mesmas do útero e da vagina. Por isso, infecções e litíase do sistema urinário, neoplasias e traumatismos anorretais podem ser relatados como “dor no ovário”. Não esquecer, também, de que a apendicite e a diverticulite manifestam se, às vezes, com dor no baixo ventre, a mesma localização das doenças dos ovários e das trompas. As dores de origem osteotendineomusculares são frequentes, incluindo artrite coxofemoral, hérnias de disco, coccidinia, isquialgia, lordose, espondiloartrose, sequelas de traumatismo e ciatalgia. As principais causas de dor pélvica são os processos inflamatórios, as distopias genitais, as neoplasias anexiais, a gravidez ectópica e a endometriose. Nos processos inflamatórios agudos, a dor é de localização pélvica, aguda, contínua, espontânea, podendo, com a expansão do processo, alcançar outras regiões. A dispareunia (dor durante o ato sexual) é a regra, tanto nas infecções pélvicas como nas da vulva e da vagina. As distopias genitais só provocam dor em casos excepcionais. Nas pacientes com prolapso genital, pode ocorrer dor lombossacra por estiramento dos ligamentos cardinais e uterossacros. Retroversões fixas, sequelas de ginecopatias anteriores, determinam dor pélvica e lombar, descontínua, crônica, que se acentua com o esforço e durante o coito. As neoplasias anexiais habitualmente não se acompanham de dor. No entanto, aderências, compressões de órgãos vizinhos e a torção dos pedículos tumorais podem desencadear sintomatologia dolorosa, de localização geralmente pélvica, contínua, crônica, espontânea ou provocada, podendo irradiar se para o abdome superior e/ou para os membros inferiores. O termo dismenorreia significa menstruação dolorosa. Dor na região hipogástrica, como cólica, durante a menstruação, chama se algomenorreia. Quando ela é acompanhada de lombalgia com irradiação para o baixo ventre e para as pernas, náuseas e cefaleia, constitui a síndrome da dismenorreia. A dismenorreia pode ser primária ou secundária. É primária quando ocorre em pacientes sem nenhuma causa orgânica. É secundária quando relacionada com qualquer doença pélvica orgânica, como endometriose, mioma submucoso, doença inflamatória ou presença de DIU (dispositivo intrauterino). A dismenorreia primária acompanha os primeiros ciclos menstruais. É secundária quando, após vários ciclos menstruais indolores, instala -se o quadro doloroso. A intensidade da sintomatologia da síndrome dismenorreica é variável, podendo ser classificada em leve, moderada e acentuada ou grave. Dismenorreia Síndrome Pré-Menstrual Síndrome pré -menstrual (SPM) é a denominação que se dá a um conjunto de sintomas que surgem na segunda metade do ciclo menstrual e desaparecem com a ocorrência da menstruação. Os principais são: cefaleia, mastalgia, peso no baixo ventre e nas pernas, irritação, nervosismo e insônia. Várias teorias procuram explicar sua etiopatogenia, cujo mecanismo fisiopatológico básico é a retenção de sódio e de água. Assim, teríamos: ■ Hiperatividade do sistema renina- angiotensina -aldosterona. Os estrogênios aumentam a produção de renina que, por sua vez, estimula a secreção de aldosterona, responsável pela retenção de sódio e de água. Esses efeitos seriam contrabalançados pela ação da progesterona, que tem ação natriurética. A deficiência de progesterona explicaria alguns aspectos da síndrome de tensão pré -menstrual ■ Hipoglicemia, que é comum na segunda metade do ciclo ■ Aumento do hormônio antidiurético, que também estimula a retenção de água ■ Hiperprolactinemia, que provoca desequilíbrio na secreção de LH/FSH, redundando em um corpo lúteo que produz menor quantidade de progesterona ■ Aumento da produção de vasopressina, a qual, juntamente com a prolactina, produz retenção de líquido. Endometriose Na endometriose, quando as lesões são mínimas, não há dor. A extensão do processo provoca a sintomatologia clássica: dor periódica (dismenorreia), paroxística e progressiva. A localização geralmente é pélvica, mas pode ser também lombar ou perineal (retal), com agravamento durante a evacuação. Tumorações O relato do aparecimento de uma “tumoração” merece sempre a atenção do médico, devendo se esclarecer a época do aparecimento, localização, velocidade de crescimento, bem como a presença de outros sintomas originados de eventual compressão de órgãos vizinhos. As “tumorações” dos órgãos genitais femininos podem ser abdominopélvicas, vaginais e vulvares. Podem ser classificadas em falsas (distensão vesical ou intestinal e pseudociese) e verdadeiras (miomas, neoplasias ovarianas e tubárias), firmes (miomas), císticas e sólido císticas (neoplasias do ovário), malignas (carcinomas), benignas (miomas, cistos ovarianos) e inflamatórias (piossalpinge). Corrimento O prurido, a ardência e o odor fétido sempre acompanham o corrimento patológico. A genitália da mulher na menacme é úmida, tendo a vagina um pH de 4 a 4,5 (ácido, portanto) devido ao desdobramento do glicogênio do epitélio vaginal em ácido láctico, sob a ação dos bacilos de Döderlein, na presença dos estrogênios. Tais condições constituem o mecanismo de autodepuração e de defesa da vagina. Considera se corrimento ou leucorreia a alteração das características da secreção normal, que tem o aspecto de “catarro fluido” ou de “clara de ovo”. A secreção aumenta sob ação estrogênica (pico ovulatório e terapêutica hormonal). Não se esquecer que é fisiológica a secreção das glândulas vestibulares maiores (Bartholin) durante a excitação sexual. Nos corrimentos patológicos, suas características variam conforme a etiologia. Assim, corrimento aquoso, abundante, como se fosse o descrito como normal, mas em grande quantidade (hidrorreia), pode significar varicocelepélvica, retroversão uterina fixa ou uso de pílulas anticoncepcionais; quando for amarelo, espesso, fétido e espumoso, a causa costuma ser tricomoníase e/ou blenorragia; corrimento branco, em grumos, como nata de leite ou coco ralado, indica a presença de fungos tipo Candida; corrimento com aspecto de “água de carne” é próprio das neoplasias e das infecções graves. São denominadas primárias, se coincidem com o início da atividade sexual e secundárias se foram adquiridas ao longo do tempo. Pode ser generalizada, se está presente em qualquer circunstância, ou situacional, se ocorre apenas em determinadas circunstâncias. Os sinais e sintomas são relacionados com a capacidade ou não de ter orgasmo, excitação, desejo, aversão e dor durante um ato sexual. Prurido Vulvar O prurido como sintoma isolado é pouco frequente. Pode, entretanto, ser muito intenso e penoso para a paciente. Costuma surgir nas lesões distróficas da vulva (principalmente em pacientes idosas) e nas vulvites micóticas e alérgicas. O prurido vulvar é frequente em paciente diabéticas. Não se esquecer de que o câncer da vulva está quase sempre associado a prurido Distúrbios Sexuais Compreende os distúrbios dolorosos do coito, que incluem o vaginismo e a contratura dolorosa da musculatura vaginal, podendo impossibilitar a penetração do pênis. Esta é chamada de dispareunia de penetração ou externa. É a dor “por fora”, como referem as pacientes. Outro tipo de dispareunia é a de profundidade ou interna. Dor “por dentro” na linguagem das pacientes. A dispareunia pode ser orgânica, decorrente de lesões do canal vaginal, ou ser a somatização de problemas emocionais. O vaginismo costuma ser um espasmo reflexo de lesões dolorosas de localização vulvar, tais como ulcerações, vulvites micóticas e herpéticas, estenoses, malformações, distrofias e cicatrizes dolorosas, ou vaginais, incluindo colpites intensas, atrofias e cicatrizes. A dispareunia de profundidade ou intena tem como causas principais as lesões traumáticas (coito abrupto, lacerações da vagina), as afecções inflamatórias (colpites, parametrites) e as lesões tróficas (atrofia vaginal) Dispareunia Disfunção Sexual Consiste em alterações ou perturbações na resposta à estimulação sexual. Pode ser de origem orgânica, psicológica ou mista. Alterações dos Pelos Alterações na distribuição dos pelos podem acompanhar certos desequilíbrios hormonais. A produção aumentada de androgênios pelas suprarrenais ou pelos ovários, como na síndrome dos ovários policísticos, pode provocar crescimento excessivo de pelos no buço, face, lobos das orelhas, triângulo púbico superior, tronco ou membros. Exame Físico O exame físico dos órgãos genitais femininos, denominado exame ginecológico, deve ser feito de acordo com uma rigorosa sistematização, não se restringindo a um simples toque vaginal. Ao iniciar o exame ginecológico, cabe ao médico armar-se de paciência e de delicadeza, não se esquecendo da tensão emocional da paciente que se propõe a esse exame, em especial quando está se submetendo a ele pela primeira vez. A o medo de realizar o exame, que supõe doloroso, juntam-se a vergonha pela exibição dos órgãos genitais e o temor do diagnóstico. A paciente não deve estar completamente despida durante o exame, mas sim usando avental e lençol. Faz-se o desnudamento progressivo da paciente de acordo com a região a ser examinada. Convém iniciar o exame pelas mamas em respeito ao pudor da paciente. Constitui pré-requisito a bexiga estar esvaziada antes do exame ginecológico. O esvaziamento intestinal também pode ser necessário em casos especiais, solicitando-se, então, o uso de laxativos na véspera. Deve ser recomendado à paciente não fazer duchas vaginais higiênicas na véspera ou no dia do exame. O exame ginecológico compreende três etapas sequenciais: exame das mamas, do abdome e da genitália. O exame físico geral, principalmente a avaliação do estado geral, dos linfonodos e do estado de nutrição, a caracterização do biotipo e a determinação do peso e da altura, é feito antes do exame ginecológico. Exames das Mamas O exame clínico, essencial no diagnóstico das afecções mamárias, é constituído das seguintes fases: anamnese, inspeção estática e dinâmica, palpação dos linfonodos axilares, supra e infraclaviculares, palpação mamária e expressão papilar. Anamnese A obtenção cuidadosa da história clínica é o primeiro passo no exame da paciente, devendo-se obter informações sobre o ciclo menstrual e fatores de risco para o câncer de mama. Importante anotar idade, cor, naturalidade, idade da menarca, número de gravidezes, partos, abortamentos e idade do primeiro parto. No derrame fisiológico a secreção é multiductal, bilateral, provocada ou espontânea, de cor amarela, esverdeada ou escura, geralmente causada pela manipulação mamilar ou ectasia ductal. A dor mamária, o nódulo e o derrame papilar representam os principais motivos de consulta. Dor Mamária A dor mamária, mastodinia ou mastalgia, representa 50% das queixas em mastologia. É localizada na topografia da mama, sendo mais comum na menacme e tende a diminuir com a menopausa, mostrando estreita interação com o ciclo menstrual. Apesar de não ter relação com o câncer de mama, a mastalgia é causa de ansiedade. A mastalgia pode ser classificada em cíclica, acíclica e extramamária. Na cíclica, a dor é difusa e bilateral, variando de intensidade ao longo do ciclo menstrual: intensifica-se na última semana do ciclo e melhora após a menstruação. Na dor acíclica, não há associação com o ciclo menstrual, sendo bem localizada e unilateral, geralmente causada por cistos, mastites, traumas, tromboflebite superficial (doença de Mondor) e mastopatia diabética. A dor extramamária tem origem fora da mama, como costocondrite (síndrome de Tietze), neurites, traumas e fraturas de costela. Outras causas como cardiopatias, gastrites e doenças hepáticas podem estar relacionadas. A mastalgia também pode ser classificada de acordo com a intensidade da dor: ■Leve: não interfere na qualidade de vida ■ Moderada: interfere na qualidade de vida, mas não nas atividades habituais ■ Intensa: interfere nas atividades diárias e na qualidade de vida. O diagnóstico é feito pela anamnese e pelo exame clínico detalhado. Os exames de imagem como mamografia e ultrassonografia devem ser solicitados de acordo com as suspeitas clínicas de lesões focais evidenciadas ao exame clínico. Nódulo Mamário Os nódulos mamários podem ser benignos ou malignos. Os mais frequentes são os fibroadenomas, cistos, lipomas, adenomas, tumor filodes e o carcinoma. Os nódulos devem ser caracterizados quanto a localização (uni ou bilateral), tamanho, crescimento (rápido, progressivo ou estacionário), consistência, mobilidade e sensibilidade. Derrame Mamilar O derrame papilar, também chamado de secreção, fluxo ou descarga mamilar, pode ser decorrente de causa mamária ou extramamária. Ocorre tanto no homem quanto na mulher, podendo ser classificado em galactorreia, derrame fisiológico e patológico. O derrame papilar, também chamado de secreção, fluxo ou descarga mamilar, pode ser decorrente de causa mamária ou extramamária. Ocorre tanto no homem quanto na mulher, podendo ser classificado em galactorreia, derrame fisiológico e patológico. No derrame patológico, a secreção é unilateral, uniductal, espontânea, persistente e de coloração cristalina (água de rocha), serosa ou hemática. Geralmente é causada por papiloma ductal ou carcinoma mamário. Na suspeita de galactorreia, faz-se a dosagem de prolactina, função renal e hormônios tireoidianos, bem como a avaliação de outras anormalidades como irregularidade menstrual, infertilidade, cefaleia e distúrbios visuais. Mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética podem visualizar dilatação ductal e possíveis lesões intraductais. A citologia do derrame papilar é desaconselhada pelas baixas sensibilidade e especificidade. A ductoscopiaé um exame ainda não difundido em nosso meio, apresentando resultados díspares. As hipertrofias mamárias podem provocar sintomatologia dolorosa relacionada com modificações posturais. O exame físico das mamas deve seguir a seguinte ordem: ■ Inspeção estática e dinâmica ■ Palpação dos linfonodos axilares, supra e infraclaviculares ■ Palpação mamária ■ Expressão papilar. Inspeção Estática A inspeção estática é realizada com a paciente sentada, com os membros superiores dispostos paralelamente ao longo do tronco, usando avental tipo camisola com abertura na frente (Fi Observam-se pele, contorno, forma, volume e simetria glandular, pigmentação da aréola, aspecto da papila, presença de abaulamentos ou de retrações, circulação venosa e presença de sinais flogísticos (edema e rubor). O carcinoma inflamatório pode cursar com edema do tecido subcutâneo, descrito classicamente como pele em casca de laranja. A retração da papila, quando recente, é sinal de alerta para câncer. A aréola deve ser cuidadosamente examinada, pesquisando eczema, dermatite de contato e doença de Paget, que é um tipo de câncer de mama. Na pele, eventualmente pode-se observar lesões vesiculares típicas de infecção viral por herpeszóster. Inspeção Dinâmica Solicita-se à paciente que eleve os braços acima da cabeça ou que pressione as asas dos ossos ilíacos, colocando as mãos na cintura e fazendo compressão. Tais manobras tornam mais evidentes as retrações e assimetrias, além de possibilitar a avaliação do comprometimento muscular pela neoplasia. As mamas podem ter variações fisiológicas e patológicas. Na puberdade, com frequência são encontradas assimetrias fisiológicas destituídas de significado clínico. Queixa principal e duração, história pregressa da doença atual, interrogatório sobre os diversos sistemas, antecedentes familiares de câncer de mama, ovário e tuba uterina. Antecedentes de doenças prévias ou atuais, tais como: hipertensão arterial, diabetes, cardiopatias, pneumopatias e tromboembolismo. História de cirurgias prévias de neoplasias e estéticas da mama. Uso de medicamentos que podem causar galactorreia e outros sintomas mamários. Utilização de bebidas alcoólicas, tabagismo, etilismo, atividade física, alimentação e uso de terapia hormonal. Sinais e Sintomas Exame Físico Expressão Papilar Terminada a palpação, faz-se uma delicada pressão no nível da aréola e da papila, identificando as características da secreção como coloração (serohemática, citrina, serosa, láctea, esverdeada ou acastanhada); se ocorre por ducto único ou múltiplo, se é espontânea ou provocada. A pesquisa do ponto do gatilho, que é a digitopressão realizada de forma circular ao redor da aréola, pode auxiliar na identificação do ducto comprometido. Geralmente os derrames papilares contendo sangue, serohemáticos ou cristalinos em água de rocha levantam a suspeita de neoplasia (papiloma ou carcinoma) e devem ser investigados com biopsia excisional. Palpação dos linfonodos axilares, supra e infraclaviculares Os linfonodos são melhor examinados com a paciente sentada de frente para o examinador. Com a mão espalmada (a mão direita examina o lado esquerdo da paciente e vice-versa), faz- se a palpação deslizante do oco axilar e de suas proximidades . As fossas supra e infraclaviculares e as axilas são palpadas com as pontas dos dedos. A presença de linfonodos palpáveis, móveis e fibroelástico não representa sinal de suspeição. Linfonodos axilares aumentados, endurecidos, fixos e coalescentes são indicativos de metástase de carcinoma de mama, linfomas ou outros tipos de neoplasias malignas Palpação Mamária A palpação pode ser executada por meio de duas técnicas: a de Velpeaux, em que utiliza- se a região palmar dos dedos, e a de Bloodgood, em que são utilizadas as falanges distais, semelhante ao tocar de um piano. piano. Realiza-se a palpação das mamas com a paciente em decúbito dorsal com as mãos apoiadas atrás da cabeça e os braços bem abertos. A palpação deve ser feita delicadamente, partindo-se da região subareolar e estendendo-seaté as regiões paraesternais, infraclaviculares e axilares (prolongamento axilar da mama). Em um primeiro momento, a palpação deve ser executada com leve pressão, a fim de permitir a detecção de nódulos superficiais, e, em seguida, com mais vigor, procurando nódulos profundos A consistência das mamas normais varia amplamente, dependendo das proporções relativas de tecido gorduroso e glandular, podendo ser observada certa irregularidade, que aumenta no período pré-menstrual. No período pré-menstrual, as mamas podem aumentar de tamanho e tornarem-se hipersensíveis à palpação. Há aumento também da nodularidade, que pode despertar a atenção da paciente no autoexame. Na presença de nódulo palpável, definir localização, tamanho, consistência (fibroelástica, cística ou endurecida), superfície (regular, lobulada ou irregular) e aderência a planos superficiais ou profundos. Exames do Abdomen O exame do abdome deve ser realizado com a paciente deitada, localizando e anotando os dados clínicos de acordo com a divisão em quadrantes. Faz-se a inspeção, a palpação e a percussão. Em alguns casos, faz-se, também, a ausculta, seguindo as normas técnicas descritas no estudo semiológico do sistema digestório Inspeção À inspeção do abdome, avaliam-se os seguintes parâmetros: ■ Forma (normal, plano, obeso, globoso, escavado, de batráquio, em avental) ■ Abaulamento (assinalando a região em que se localiza, tamanho, forma, mobilidade, desaparecimento ou não com a contração da musculatura da parede abdominal) ■ Umbigo (normal, desviado, hérnia, inflamação, neoplasia, dermatose) ■ Pelos (disposição androide ou ginecoide, ausência, escassez, hipertricose) ■ Marcas e manchas (estrias, cicatrizes, manchas hiper ou hipopigmentadas, equimoses, petéquias, víbices, telangiectasias) ■ Circulação colateral (tipo portocava, cava superior, cava inferior, síndrome de CruveillierBaumgarten) ■ Movimentos e pulsações (movimentos respiratórios, pulsações, peristaltismo visível) ■ Lesões cutâneas. Palpação A palpação do abdome deve ser iniciada em regiões distantes da zona dolorosa. Deve-se fazer a palpação superficial e a profunda, avaliando-se espessura da parede, hiperestesia, dor provocada, defesa, contratura, tumor (forma, volume, consistência, mobilidade, sensibilidade, pulsações), tensão da parede abdominal, soluções de continuidade (orifícios herniários, diástase) e ruídos hidroaéreos (vasculejo, patinhação e gargarejo). Percussão. Na percussão, investigam-se zonas de macicez e de timpanismo, presença de ascite. Ausculta. Na ausculta, pesquisase a presença de ruídos hidroaéreos e de sopros. Exames da Genitália A paciente deve ser colocada na posição ginecológica, de modo a expor mais facilmente a genitália externa. Na maioria dos casos, essa posição é suficiente. Contudo, quando é preciso analisar melhor a parede anterior da vagina, no seu terço superior, torna-se necessária a posição genupeitoral ou de “prece maometana”. exame da genitália constitui a parte principal do exame ginecológico. ■O toque combinado é realizado da seguinte maneira: enquanto uma das mãos palpa o hipogástrio e as fossas ilíacas, a outra realiza o toque vaginal, retal ou o combinado (retovaginal).O toque combinado é a melhor maneira de obter uma ideia tridimensional da pelve da mulher; confirma e complementa os dados obtidos com as técnicas anteriores. Nos casos de prolapso e de incontinência urinária de esforço, a paciente deve também ser examinada de pé, com as pernas entreabertas. Em qualquer das posições, é necessário que a paciente se encontreo mais cômoda possível, bem apoiada, de modo a não contrair a musculatura. O examinador coloca-se entre as pernas da paciente; apoia o pé na escada e repousa o cotovelo da mão que examina na coxa. A finalidade disso é evitar tensão muscular e fadiga que embotem a sensibilidade. A presença de um bom foco luminoso é indispensável. À inspeção, em repouso, examinam-se a vulva, o períneo e o ânus. Na vulva, observam-se implantação dos pelos, aspecto da fenda vulvar (fechada, entreaberta, aberta), umidade, secreções, hiperemia, ulcerações, distrofias, neoplasias, lesões cutâneas, distopias e malformações. No períneo, investiga-se se está íntegro ou se há ruptura de I, II ou III grau, complicada com extensão ao esfíncter e ao canal anal, cicatrizes de episiorrafias ou perineoplastia. No ânus, procuram-se hemorroidas, fissuras, prolapso da mucosa e malformações. A seguir, o examinador entreabre os grandes lábios e passa a observar o clitóris, o óstio uretral, o hímen e o introito vaginal. Terminada a inspeção em repouso, o examinador solicita à paciente fazer esforço semelhante ao de evacuar ou de urinar, observando se há protrusão das paredes vaginais ou do colo que denuncie a presença de distopia. Exame Especular Exame especular. A etapa que se segue é a do exame especular, que tem como finalidade inicial a coleta de material para exame citológico, bacteriológico, cristalização e filância do muco cervical. Após a coleta de material, devem ser analisados os seguintes itens: presença e aspecto das secreções, coloração, epitelização e superfície do colo, forma do orifício externo, lacerações, neoplasias, ulcerações, pólipos, aspecto do muco cervical e das paredes vaginais durante a retirada lenta do espéculo (para observação pormenorizada das paredes vaginais, recobertas pelo espéculo). Toque Vaginal O toque vaginal pode ser unidigital, bidigital e combinado. ■ Toque unidigital. Por ser bem tolerado, deve ser o inicial, pois propicia a indispensável colaboração da paciente. A seguir executam-se as seguintes manobras: expressão da uretra, palpação das glândulas vestibulares e palpação das paredes vaginais, observando-se elasticidade, capacidade, extensão, superfície, irregularidades, sensibilidade e temperatura. Ainda no toque unidigital, obtém-se uma primeira impressão sobre os fundos de saco e o colo do útero ■ Toque bidigital. No toque bidigital, analisam-se o colo do útero e os fundos de saco vaginais. No colo do útero analisam-se orientação, forma, volume, superfície, consistência, comprimento, sensibilidade, mobilidade, orifício externo (puntiforme, entreaberto, permeável à polpa digital) e lacerações. Nos fundos de saco, ou fórnices, verificam-se distensibilidade, profundidade, sensibilidade, se estão livres ou ocupados, rasos ou bombeados. Quando ocupados, definir se trata-se de tumoração sólida ou cística, dolorosa ou indolor, fixa ou não.. Colo do Útero Quanto ao corpo do útero, analisam-se sua posição, situação, forma, tamanho, consistência, superfície, mobilidade e sensibilidade. O tamanho do corpo uterino é anotado em centímetros, em relação à cicatriz umbilical ou em comparação às semanas de gestação, no caso das grávidas. A consistência pode ser normal, amolecida, dura, lenhosa ou pétrea. A superfície pode ser lisa, regular, nodular ou lobulada. As retroversões podem ser de primeiro, segundo ou terceiro graus, fixas ou móveis (apenas as fixas têm expressão clínica). Anexos Quanto aos anexos, o primeiro dado é se são palpáveis ou não, dolorosos ou indolores, de volume normal ou aumentado, com presença ou não de tumor. Se tiverem aspecto tumoral, verificam-se forma, volume, consistência, superfície, mobilidade e sensibilidade, fazendo-se o diagnóstico diferencial com as neoplasias do corpo uterino, principalmente as pediculadas e as neoplasias extragenitais. As manobras de mobilização do corpo uterino, instrumentais ou não, são de grande utilidade. Toque Retal O toque retal é um exame opcional na avaliação dos órgãos genitais internos, mas se torna indispensável quando é necessária a avaliação dos paramétrios. Deve-se também verificar a presença de afecções do canal anal ou do reto. Exame Ginecológico nas pacientes virgens Nas pacientes com hímen íntegro não se deve fazer o toque vaginal. As informações sobre a genitália interna deverão ser obtidas pelo toque retal. O exame especular também não deve ser feito nas mulheres virgens. O chamado espéculo de virgem não tem serventia, pois, embora pequeno, sua abertura no interior da vagina traumatiza ou rompe o hímen. Em seu lugar, deve ser utilizado o colpovirgoscópio, um instrumento cilíndrico com fonte de luz para melhor visão. O material para exame laboratorial da vagina e do colo uterino deve ser colhido com o uso do colpovirgoscópio. ØPeríodo Médio de 4,5 anos (variando de 1,5 a 6 anos); ØEm meninas, o primeiro sinal notado é o Surgimento do Broto mamário (geralmente entre 10 e 11 anos); ØO Desenvolvimento mamário leva de 3 a 4 anos, finalizando geralmente aos 14 anos; ØA pubarca geralmente acontece de 6 a 12 meses após a telarca e levam em média 3 anos para completar seu desenvolvimento; ØMenarca geralmente ocorre aos 12,8 anos (de 11 a 13 anos) – 75% em M4, 25% em M3; Desenvolvimento Puberal Normal O que é? É um teste realizado para detectar alterações nas células do colo do útero. Este exame também pode ser chamado de esfregaço cervicovaginal e colpocitologia oncótica cervical. O nome "Papanicolaou" é uma homenagem ao patologista grego Georges Papanicolaou, que criou o método no início do século. Esse exame é a principal estratégia para detectar lesões precocemente e fazer o diagnóstico da doença bem no início, antes que a mulher tenha sintomas. Pode ser feito em postos ou unidades de saúde da rede pública que tenham profissionais capacitados. É fundamental que os serviços de saúde orientem sobre o que é e qual a importância do exame preventivo, pois sua realização periódica permite que o diagnóstico seja feito cedo e reduza a mortalidade por câncer do colo do útero. O exame preventivo é indolor, simples e rápido. Pode, no máximo, causar um pequeno desconforto que diminui se a mulher conseguir relaxar e se o exame for realizado com boa técnica e de forma delicada. Para garantir um resultado correto, a mulher não deve ter relações sexuais (mesmo com camisinha) nos dois dias anteriores ao exame, evitar também o uso de duchas, medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 48 horas anteriores à realização do exame. É importante também que não esteja menstruada, porque a presença de sangue pode alterar o resultado.Mulheres grávidas também podem se submeter ao exame, sem prejuízo para sua saúde ou a do bebê. Como é feito o exame? As células colhidas são colocadas numa lâmina para análise em laboratório especializado em citopatologia. Para a coleta do material, é introduzido um instrumento chamado espéculo na vagina (conhecido popularmente como “bico de pato”, devido ao seu formato); · O médico faz a inspeção visual do interior da vagina e do colo do útero;· A seguir, o profissional provoca uma pequena escamação da superfície externa e interna do colo do útero com uma espátula de madeira e uma escovinha;· Quem deve fazer o Exame Preventivo? A mulher deve retornar ao local onde foi realizado o exame (ambulatório, posto ou centro de saúde) na data marcada para saber o resultado e receber instruções. Tão importante quanto realizar o exame é buscar o resultado e apresentá-lo ao médico. Resultado Infecção pelo HPV ou lesão de baixo grau: você deverá repetir o exame daqui a seis meses; Negativo para câncer: se esse for o seu primeiro resultado negativo, você deverá fazer novo exame preventivo daqui a um ano. Se você já tem um resultado negativo noano anterior, deverá fazer o próximo exame preventivo daqui a três anos; Além de servir para a detecção de lesões precursoras do câncer do colo do útero e da infecção pelo HPV, o Papanicolaou indica se você tem alguma outra infecção que precisa ser tratada. Siga corretamente o tratamento indicado pelo médico. Muitas vezes é preciso que o seu parceiro também receba tratamento. Nesses casos, é bom que ele vá ao serviço de saúde receber as orientações diretamente dos profissionais de saúde. Lesão de alto grau : o médico decidirá a melhor conduta. Você vai precisar fazer outros exames, como a colposcopia; Amostra Insatisfatória: a quantidade de material não deu para fazer o exame. Você deve repetir o exame logo que for possível. Amostra Colhida • esfregaço purulento, obscurecido por sangue, áreas espessas, dessecamento etc., que impeçam a interpretação de aproximadamente 50 a 70% das células epiteliais. A amostra colhida, ao ser examinada no laboratório, será classificada em: • amostra insatisfatória; • amostra satisfatória, mas limitada; • amostra satisfatória. Uma amostra será considerada insatisfatória quando há: • ausência de identificação na lâmina ou na requisição; • lâmina quebrada ou com material mal fixado; • células escamosas bem preservadas cobrindo menos de 10% de superfície da lâmina; • obscurecimento por sangue, inflamação, áreas espessas, má fixação, dessecamento etc., que impeçam a interpretação de mais de 75% das células epiteliais. Nestes casos não é possível se dar algum diagnóstico e por isso o exame deve ser repetido. Uma amostra será considerada satisfatória mas limitada quando há: • falta de informações clínicas pertinentes; • ausência ou escassez de células endocervicais ou metaplásicas representativas da junção escamo-colunar (JEC) ou da zona de tranformação; O que pode ocorrer no Resultado? NIC A Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC) não é câncer e sim uma lesão precursora, que dependendo de sua gravidade, poderá ou não evoluir para câncer. NIC I é a alteração celular que acomete as camadas mais basais do epitélio estratificado do colo do útero (displasia leve). Cerca de 80% das mulheres com esse tipo de lesão apresentarão regressão espontânea. NIC II é a existência de desarranjo celular em até três quartos da espessura do epitélio, preservando as camadas mais superficiais (displasia moderada). NIC III é a observação do desarranjo em todas as camadas do epitélio (displasia acentuada e carcinoma in situ), sem invasão do tecido conjuntivo subjacente. As lesões precursoras de alto grau (NIC II e III) são encontradas com maior freqüência na faixa etária de 35 a 49 anos, especialmente entre as mulheres que nunca realizaram o exame citopatológico (Papanicolaou). No resultado compatível com NIC I recomenda-se a repetição do exame citopatológico após 6 meses. Não se esqueça de agendar esta próxima consulta. Nos resultados compatíveis com NIC II ou NIC III recomenda-se o encaminhamento imediato para a colposcopia, para confirmação histopatológica de que não há invasão do tecido conjuntivo. O que é efeito citopático compatível com o HPV? O exame citopatológico não diagnostica a infecção pelo HPV e nem o seu tipo, mas existem alterações celulares que sugerem a presença deste vírus, tais como células paraceratóticas, escamas anucleadas, coilocitose, cariorrexis ou núcleos hipertróficos com cromatina grosseira. Neste caso, recomenda-se a repetição do exame citopatológico (Papanicolaou) após 6 meses. O que são ASCUS e AGUS? Estes termos foram introduzidos na nomenclatura citopatológica nacional em 1993 e correspondem às atipias de significado indeterminado em células escamosas (ASCUS) e em células glandulares (AGUS). Sob esses diagnósticos estão incluídos os casos com ausência de alterações celulares que possam ser classificadas como Neoplasia Intraepitelial Cervical, porém com alterações citopatológicas que merecem uma melhor investigação e acompanhamento. Recomenda-se a repetição do exame citopatológico (Papanicolaou) após 6 meses. O que são carcinoma e adenocarcinoma? Carcinoma escamoso invasivo e Adenocarcinoma invasivo – ocorrem quando as alterações celulares se tornam mais intensas e o grau de desarranjo é tal que as células invadem o tecido conjuntivo do colo do útero abaixo do epitélio. O exame histopatológico irá determinar o grau da invasão, o que é necessário para o correto tratamento. Recomenda-se que as mulheres com este diagnóstico sejam encaminhadas imediatamente para a colposcopia. O que fazer com os resultados considerado dentro dos limites da normalidade? Recomenda-se que um novo exame seja realizado pelo menos a cada 3 anos. Isto não exclui a necessidade de retorno anual à Unidade de Saúde para outras consultas, tais como exame clínico das mamas. Como proceder se o resultado do exame citopatológico repetido após 6 meses continuar alterado? Espera-se a regressão espontânea das lesões (ASCUS, AGUS, NIC I e efeito citopático compatível com HPV) em torno de 80% dos casos. Caso o resultado continue alterado, a mulher deve ser encaminhada para a colposcopia.
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