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Gestão de Transportes 1ª edição 2017 Gestão de Transportes 3 3 Unidade 3 Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte Para iniciar seus estudos Após apresentarmos a importância da Gestão de Transportes, e os princi- pais modais utilizados para a execução dessa atividade, precisamos saber quais os fatores que interferem na decisão do gestor. Estudaremos nesta unidade a relação entre as prioridades das organizações e a opção pelos modais de transporte, tendo em vista que cada modal atende a diferentes prioridades, visto que suas características são as mais variadas. Objetivos de Aprendizagem • Apresentar as diferenças entre projetos de transporte; • Definir os tipos de serviços; • Determinar as prioridades competitivas das operações; • Apresentar os trade-offs na escolha do projeto de transporte; • Apresentar o conceito de privatização e concessão, e seu impacto no desenvolvimento da gestão de transportes no Brasil. 4 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte 3.1 Definição de projetos de transportes A definição de um projeto voltado para a gestão dos transportes dentro de qualquer cadeia logística deverá levar em conta os diversos aspectos que envolvem o processo de movimentação dos itens, sejam eles matérias- -primas, componentes, entre outros. A Figura 3.1 ilustra como são decisões difíceis para o gestor. Figura 3.1 - Decisão sobre modais de transporte Legenda: A Figura representa a dificuldade do gestor em decidir sobre os variados modais de transporte Fonte: Por Vadmium - Trabalho próprio pelo carregador, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1910401 Sabemos, por exemplo, que a escolha dos modais a serem utilizados no processo de movimentação que compõe o nosso projeto de transporte deve obedecer às demandas envolvidas no projeto. Sendo assim, podemos afirmar que grande parte dos projetos de transporte, hoje, são compostos por uma combinação de modais, chamada de multimodalidade ou intermodalidade. Na sequência vamos conhecer quais as diferenças entre as expressões. Ao mesmo tempo, a escolha à qual nos referimos acima será definida pelas prioridades competitivas envolvidas no projeto de transporte. A definição das prioridades competitivas pode resultar nas chamadas renúncias estra- tégicas ou trade-offs. Veremos ainda nesta unidade os exemplos de renúncias estratégicas existentes em dife- rentes modelos de projetos de transporte e como elas são afetadas pelas prioridades competitivas. Ainda dentro da definição de projetos de transportes, devemos ressaltar a importância dos conceitos de priva- tização e concessão, assim como seu impacto na gestão de transportes. Veremos que, a fim de viabilizar a atua- lização e incremento na estrutura voltada para transportes no país, o governo vem adotando modelos já imple- mentados em outras nações. Veremos aqui quais os modelos adotados para cada modal, como isso é feito, além de apresentar referências externas. 5 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte 3.2 Tipos de Serviços Para começarmos a entender os tipos de serviços de transportes, devemos visualizar um processo de transporte de um determinado item, desde sua produção até a entrega a um consumidor final. Podemos utilizar como exemplo o Sr. José, um agricultor no interior do estado de Goiás, que cultiva predominan- temente a cultura da soja e do milho, por exemplo, tirando dessa cultura o seu sustento e o de seus funcionários. Após a colheita da soja, Sr. José a levará pelo modal rodoviário a sua soja, até uma cooperativa, localizada em um centro maior. Após repassar a sua soja à cooperativa, a própria cooperativa poderá armazenar esses grãos em silos e carregar outros caminhões para levar quantidades consolidadas da soja do Sr. José e de outros cooperados, até um modal ferroviário, que encaminhará a soja ao porto de Santos, por exemplo. Em seguida, a mesma soja que saiu do interior de Goiás será transportada por navio, até a China, os EUA, os Países Baixos, a Alemanha e a Rússia, principais importadores da soja brasileira. Figura 3.2 – Serviços utilizados da plantação à exportação Legenda: a imagem ilustra os diferentes modais utilizados nos diferentes serviços para transportes de produto. Fonte: Elaborado pelo autor (2017). Analisando a situação apresentada, conseguimos visualizar a utilização de diferentes modais e diferentes tipos de transporte de produto. Vamos iniciar nossa abordagem pela análise dos diferentes tipos de transporte, e em seguida analisaremos os diferentes tipos de serviços integrados de transporte. 3.3 Tipos de Transporte Os diferentes tipos de transporte de produtos podem ser analisados como a característica de alimentação entre os processos, ou seja, de que forma e com qual objetivo é processada determinada movimentação. Os tipos de transportes podem ser classificados como Distribuição ou Transferência. A transferência, como ilustrado na Figura 3.3, aborda o deslocamento, usualmente, entre dois pontos apenas. Trata-se da saída de um grande volume de um determinado ponto, fábrica, indústria, e no caso do nosso exemplo, da propriedade rural do Sr. José, e a movimentação da totalidade para um único ponto específico, como um centro de distribuição, um determinado cliente, e no caso do exemplo, a cooperativa. Uma importante carac- terística desse tipo de transporte, e que nós já vimos quando falamos sobre o modal rodoviário, é que a carga, quando levada por esse modal, é completa. 6 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte Figura 3.3 - Modelo de transferência Legenda: Figura representa a transferência de material, da fazenda do produtor à cooperativa. Fonte: Colheita: http://br.123rf.com/search.php?word=colheita&srch_lang=br&imgtype=&Submit=+&t_word=&t_lang=br&order by=0&sti=njmadbjl6igu24kpsm|&mediapopup=44204929 Caminhão: http://br.123rf.com/search.php?word=transporte&imgtype=0&t_word=transport&t_ lang=br&oriSearch=colheita&srch_lang=br&sti=lqnzg1nb8bwli8a3na|&mediap opup=10916872 Cooperativa: http://br.123rf.com/search.php?word=pr%C3%A9dio&imgtype=0&t_word=building&t_lang=br&oriSearch= cooperativa&srch_lang=br&sti=o0tmo82pse0a0u7g1x|&mediapopup=38814721 Já a distribuição, também podendo ser nomeada por entrega, pode ser efetuada de um determinado ponto de saída, para um ou mais pontos de entrega. O que caracteriza a distribuição não é apenas o tipo de carga, que pode ser fracionada, mas também o fato de direcionar-se a mais de um ponto de entrega ou a um cliente final. No caso do Sr. José, temos dois momentos que podem ser caracterizados como distribuição: o primeiro é o momento em que a soja sai da cooperativa e vai para as empresas que administram as ferrovias, centros de distribuição de clientes, entre outros; e o segundo momento de distribuição ou entrega se dá quando a soja é levada ao porto e embarcada em um determinado navio que a levará para três países da Europa, outro navio que a levará a dois estados norte-americanos e um último que a levará à China. Esse tipo de transporte possui, em muitos casos, a necessidade de um roteiro de entrega, pois um único modal, como o navio que vai à Europa, por exemplo, deverá verificar qual o melhor roteiro a ser obedecido, de forma a tornar o processo mais eficiente. Como vemos na Figura 3.4, os destinos são os mais variados, desde corporações próximas, até China, Europa e estados norte-americanos como a Carolina do Norte. 7 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte Figura 3.4 - Diferentes destinos para os produtos. Legenda: Representação dos diferentes destinos dos produtos, desde empresas próximas, até China, França e o estado norte-americano da Carolina do Norte. Fonte: Cooperativa: http://br.123rf.com/search.php?word=pr%C3%A9dio&imgtype=0&t_word=building&t_lang=br&oriSearch=cooperativa&srch_lang=br&sti=o0tmo82pse0a0u7g1x|&mediapopup=38814721 China: http://br.123rf.com/search.php?word=china&imgtype=0&t_word=china&t_lang=br&oriSearch=transporte& srch_lang=br&sti=misqkae6il94jhbkqe|&mediapopup=46734636 França: http://br.123rf.com/search.php?word=fran%C3%A7a&imgtype=0&t_word=France&t_lang=br&oriSearch=estados +unidos&srch_lang=br&sti=m07shr7l778fgylujf|&mediapopup=40794820 Estados Unidos: http://br.123rf.com/search.php?word=estados+unidos&start=100&t_word=united%20states&t_lang=br &imgtype=0&oriSearch=carolina%20do%20norte&searchopts=&itemsperpage=100&sti=nqlysn7uxv97z4q31w|&mediap opup=65436097 Aproveite este momento, em que você adquiriu mais conhecimento sobre os tipos de trans- porte, e visite o Fórum Desafio para refletir com seus colegas o questionamento apresentado. 3.4 Serviços integrados de transportes Os serviços integrados de transportes, também chamados de multimodais ou intermodais, tratam da compo- sição do projeto de transportes com mais de um modal. Este tópico nos auxiliará a desenvolver uma visão sobre os modais como serviços complementares, em detrimento da visão concorrencial. Não é raro, hoje, empresas especialistas na prestação de um determinado serviço de transporte através de um modal, desenvolverem parce- rias com organizações que sejam especialistas em outros serviços através da prestação com outros modais. Como vimos até aqui, cada modal de transporte tem as suas vantagens e desvantagens, por isso, é comum empresas contratarem diferentes prestadores, de diferentes serviços, com o intuito de alcançarem a eficiência em seu projeto de transporte, reduzindo seus custos e tempos. Ao mesmo tempo as organizações buscam eficácia em seus projetos de transporte com a adoção desse sistema integrado, já que o fazem para garantir os prazos acordados, com a qualidade demandada. 8 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte 3.4.1 Intermodalidade x Multimodalidade A dúvida entre a utilização da palavra multimodalidade e intermodalidade acaba levando muitos autores e até mesmo especialistas na área a abordarem os dois conceitos como idênticos. No entanto, é importante para nós sabermos que não o são, inclusive para evitarmos problemas de responsabilização judicial. Se analisarmos os dois prefixos, “inter” e “multi”, já começamos a desvendar as diferenças entre os dois sistemas. Inter significa “entre”, logo, intermodal significa entre modais. Podemos assim entender que a intermodalidade é o processo de movimentação de cargas entre dois ou mais modais. A análise da expressão “entre dois ou mais modais” nos permite visualizar que um volume sai de um ponto, a caminho de outro ponto, e será dividido entre dois prestadores de serviços de transporte. Se existir a divisão de caminhos percorridos entre dois prestadores, cada um será responsável dentro de seu trajeto, e cada um deverá emitir os documentos pertinentes ao seu trajeto, para efeitos fiscais, de tributação, seguro etc. Já quando analisamos o prefixo multi, que significa mais de um, algo numeroso, podemos aplicar ao conceito de multimodal uma ideia de “numerosos modais” ou “múltiplos modais”. Isso nos apresenta não uma visão de mais de um prestador, pois não há um processo entre diferentes prestadores de diferentes modais, mas sim uma visão de um mesmo prestador de serviços que utiliza mais de um modal. Dessa forma, sendo a mesma empresa, para efeitos de fiscalização, seguro e tributação, ao longo de todo o trajeto, os mesmos documentos poderão ser utilizados. A Lei n. 9.611/1998 (Decreto n. 3.411/2000), em seu artigo 2º dita: Transporte Multimodal de Cargas é aquele que, regido por um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o destino, e é executado sob a responsabilidade única de um Operador de Transporte Multimodal. As diferenças conceituais entre os dois termos acabam permitindo essa análise fundamental, entre as diferenças desses dois sistemas de transporte. 3.4.2 Combinações de serviços integrados Ballou (2011, p. 131), cita dez combinações de serviço integrado, conjugando os diversos modais que vimos até o momento. Vamos apresentar cada um deles na sequência, exemplificando as suas aplicações para uma melhor visualização: • Ferro-rodoviário: Trata-se da combinação entre os modais ferroviário e rodoviário. Podemos citar a sua utilização nos serviços de transporte de grãos, que são transportados por ferrovias até terminais inter- modais, localizados próximos a cidades portuárias, por exemplo, e desses armazéns são levados através do modal rodoviário até o porto; 9 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte Figura 3.4 - Modal ferroviário Legenda: Imagem de trem de carga. Um dos elementos da combinação ferro-rodoviário. Fonte:By Peter Broster - GWR Class 5700 <https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=31875833>. • Ferro-hidroviário: Trata-se da combinação entre os modais ferroviário e hidroviário. Aqui pode ser citado o exemplo de culturas que, principalmente por questões de custo e acesso, utilizam do modal hidroviário para que suas cargas cheguem até os terminais intermodais, para o carregamento do modal ferroviário e sequência do processo; Figura 3.5 - Hidrovia Legenda: Hidrovia Tenessee-Tombigbee Fonte: CC BY-SA 2.5, <https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=322227> 10 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte • Ferro-aeroviário: Trata-se da combinação entre os modais ferroviário e aéreo; Figura 3.6 - Avião de carga Legenda: Imagem de avião cargueiro sendo carregado. Fonte: Por Tak - Trabalho próprio pelo carregador, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=365138 • Ferro-dutoviário: Trata-se da combinação entre os modais ferroviário e dutoviário. Nesse caso podemos citar o minério de ferro ou petróleo e seus derivados, que após percorrerem por dutos o caminho entre uma plataforma e a refinaria, são transportados até os portos pelo modal ferroviário; Figura 3.7 - Imagem de duto Legenda: Duto sob ponte. Fonte: Por Paulo RS Menezes, CC BY-SA 3.0 br, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=29260201 11 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte • Rodo-aéreo: Trata-se da combinação entre os modais rodoviário e aéreo. Podemos citar o caso da movi- mentação de um órgão humano para transplante, que pode ser levado do hospital até o aeroporto, e posteriormente à cidade de destino para o transplante; • Rodo-hidroviário: Trata-se da combinação entre os modais rodoviário e hidroviário. Nesse caso podemos citar uma operação na qual uma determinada carga é levada por rodovia até um porto, e dali será levada por barcaça até um local de acesso restrito; • Rodo-dutoviário: Trata-se da combinação entre os modais rodoviário e dutoviário. Aqui podemos citar exemplos de cargas que são movimentadas da origem à uma central por duto, como gás, e posterior- mente levadas aos clientes por modais rodoviários; • Hidro-dutoviário: Trata-se da combinação entre os modais hidroviários e dutoviários. Podemos citar os derivados de petróleo, que são transportados por dutos até as refinarias e podem ser transportadas dire- tamente através de hidrovias aos clientes; • Hidro-aéreo: Trata-se da combinação entre os modais hidroviário e aéreo. Não é uma combinação tão comum em nosso país, mas combina principalmente a acessibilidade do modal hidroviário com a rapidez do modal aéreo; • Aero-dutoviário: Trata-se da combinação entre os modais aéreo e dutoviário. Nesse caso, apesar de combi- narmos a rapidez do modal aéreo com a frequência do modal dutoviário, não se mostra uma opção viável. Depois de conhecer as diferentes combinações de serviços integrados, é importante contar com um profis- sional queseja responsável pelo processo. É o caso do operador de transporte multimodal que vamos conhecer na sequência. Estamos construindo nosso conhecimento a respeito da Gestão de Transportes, não é mesmo? Visite o Fórum Desafio para refletir com seus colegas o questiona- mento apresentado. 12 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte 3.4.3 Operador de Transporte Multimodal (OTM) Figura 3.8 - Operador multimodal Legenda: Figura representa o operador multimodal. Responsável pelas diversas etapas, e atendimento das variadas demandas da área de transportes. Fonte: http://br.123rf.com/search.php?word=operador&imgtype=0&t_word=operator&t_lang=br&oriSearch=fran%C3%A 7a&srch_lang=br&sti=mgjt64p753ienbvsdv|&mediapopup=39186511 O operador de transporte multimodal é, exclusivamente, uma pessoa jurídica, que realiza o Transporte Multi- modal de Cargas, da origem até o destino. Esse transporte poderá ser feito tanto por meios próprios quanto por meio da contratação de serviços de terceiros. Existe uma importante diferença entre o operador de transporte multimodal (OTM) e o operador logístico. Enquanto o operador de transporte multimodal emite conhecimento de transporte multimodal e posteriormente entra em contato com os prestadores de serviço, o operador logístico é uma espécie de “ponte” entre a organização ou pessoa física que neces- sita do transporte e os prestadores, não havendo a emissão do conhecimento. Enquanto o foco do OTM é no transporte, o foco do operador logístico é toda a cadeia de distribuição, armazenagem, se necessária, entre outras demandas de seu cliente. A atividade do operador de transporte multimodal possui uma legislação própria, trata-se da Lei n. 9.611/1998, que define não apenas a operação do operador, mas também suas responsabilidades e a responsabilidade dos agentes envolvidos. Entre as responsabilidades do OTM, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) estão: 13 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte Responsabilidade pela execução do contrato multimodal; Responsabilidade pelos prejuízos resultantes de perda, por danos ou avaria às cargas sob sua custódia, assim como por aqueles decorrentes de atraso em sua entrega, quando houver prazo acordado; Responsabilidade pelas ações ou omissões de seus empregados, agentes, prepostos ou terceiros contratados ou subcontratados para execução dos serviços de Transporte Multimodal, como se essas ações fossem próprias. É importante ressaltar que essa lei permite que o OTM acione de forma regressiva terceiros contratados ou subcontratados, sempre com o objetivo de ressarcimento do valor de eventual indenização. Segundo a ANTT, hoje o Brasil possui 499 empresas habilitadas, sendo 493 brasileiras e 3 estrangeiras. O processo de habilitação deve ser requerido mediante a apresentação de documentos específicos, bem como o registro junto à ANTT, e sua abrangência pode ser nacional ou internacional. 3.5 Prioridades competitivas das operações de transporte A definição das prioridades competitivas tem sua origem nas operações fabris, mas foi amplamente adotada por diversos modelos de operações, sendo possível sua aplicação com o intuito de definir as demandas e aspectos mais relevantes dentro de uma operação. As prioridades competitivas podem ser classificadas da seguinte forma: • Custo; • Velocidade; • Confiabilidade; • Flexibilidade; e • Qualidade. A movimentação de cargas também é diretamente afetada pelas prioridades de cada operação, sendo neces- sário o seu conhecimento e análise no desenvolvimento do projeto de transporte. No caso dos transportes, vamos classificar as prioridades competitivas conforme apresentado no Quadro 3.1 14 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte Quadro 3.1 - Prioridades competitivas das operações de transportes Custo Velocidade Confiabilidade Flexibilidade Valor do frete por quilômetro Tempo de trânsito e tempo para operações de embarque e desembarque Relaciona-se ao percentual de cumprimento do prazo de entrega Possibilidade de variação de tipos de produtos transportados e locais de entrega Qualidade A qualidade na prestação do serviço relaciona-se à ausência de falhas no processo Prioridade Competitiva Definição em transportes Legenda: O quadro apresenta as diferentes prioridades competitivas e suas definições voltadas para transportes. Fonte: Corrêa e Corrêa (2007) – Adaptado pelo autor Ao conseguir definir como cada modal é capaz de atender às suas prioridades competitivas, isso trará para o projeto de transporte mais eficiência e fará com que as operações não precisem ser repetidas. Na sequência apresentamos o Quadro 3.2, que compara a significância das prioridades competitivas em relação a cada modal, e na sequência, traremos alguns exemplos de como as prioridades impactam cada decisão de modal, com exemplos práticos. No Quadro 3.2, temos os números representando as seguintes intensidades: 1. Nenhum impacto; 2. Impacto pouco relevante; 3. Impacto relevante; 4. Impacto muito relevante; 5. Impacto principal. Quadro 3.2 - Impacto das prioridades competitivas nos modais de transporte Prioridade/Modal Rodoviário Ferroviário Hidroviário Aéreo Dutoviário 2 4 4 1 5 3 2 2 4 5 5 2 5 3 1 4 1 2 5 4 3 5 2 4 5 Custo Qualidade Flexibilidade Velocidade Confiabilidade Legenda: O quadro apresenta o grau de impacto de cada prioridade no desempenho dos modais. Fonte: Corrêa e Corrêa (2007) – Adaptado pelo autor (2016). 15 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte A partir do exposto no Quadro 3.2 é possível identificar as principais prioridades atendidas por cada modal, conforme apresentado no Quadro 3.3. Quadro 3.3 - Impacto das prioridades competitivas Prioridade/Modal Rodoviário Ferroviário Hidroviário Aéreo Dutoviário X X X X X X X X X X X X Custo Qualidade Flexibilidade Velocidade Confiabilidade Legenda: O quadro apresenta as prioridades de mais impacto no desempenho dos modais. Fonte: Corrêa e Corrêa (2007) – Adaptado pelo autor (2016). De acordo com o quadro apresentado, as prioridades competitivas atendidas pelos modais são: • Rodoviário: flexibilidade e velocidade; • Ferroviário: custo e confiabilidade; • Hidroviário: custo e flexibilidade; • Aéreo: qualidade, velocidade e confiabilidade; • Dutoviário: custo, qualidade e confiabilidade. Analisando os resultados apresentados, podemos justificá-los, apresentando, inclusive, os exemplos práticos para um entendimento mais apurado. Lembrando, sempre que existem variações nas prioridades de cada modal, de acordo com o país e com fatores externos, ou de ambiente externo. Os fatores de ambiente externo que afetam as prioridades de cada modal têm relação com: • Política: As decisões de desenvolvimento de uma determinada região ou que busquem alavancar um determinado modelo industrial podem afetar, por exemplo, o preço dos combustíveis ou as taxas de importação, impactando assim na prioridade custo; • Economia: A economia de um determinado país, quando passa por uma recessão, pode ser impactada por decisões relacionadas à proteção de produtos fabricados no país, gerando assim uma queda nas importações e afetando os modais que trabalham internacionalmente; • Climáticas: Se uma determinada região é afetada por um rompimento de uma barreira, componentes e matérias-primas precisam passar pela região afetada se transportadas por um determinado modal, aí poderá ser escolhido um modal alternativo, visando assim atender às prioridades de velocidade e confiabilidade. Depois de conhecer as prioridades competitivas das operações de transporte vamos apresentar na sequência uma análise dessas prioridades para os diferentes modais, bem como alguns exemplos.16 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte 3.6 Análise das prioridades competitivas e exemplos práticos 3.6.1 Modal Rodoviário Figura 3.9 - Modal rodoviário Legenda: Modal rodoviário em praça de pedágio. ViIas pedagiadas são modelos de concessão. Fonte: By Luis Miguel Bugallo Sánchez (Lmbuga Commons) (Lmbuga Galipedia): Publicada por/Publish by: Luis Miguel Bugallo Sánchez - Own work, CC BY-SA 3.0. Para análise de prioridades temos: • Flexibilidade: Permite o carregamento e a entrega de um variado mix de produtos em variados pontos; • Velocidade: Dentre os modais analisados perde apenas para os modais aéreo e dutoviário. No entanto, para entregas curtas acaba sendo o de maior velocidade. Como exemplo podemos citar que as empresas transportadoras brasileiras apresentam uma importante flexi- bilidade em suas operações, permitindo a multiplicidade no carregamento, ou seja, mesmo em operações de passageiros, cargas podem ser transportadas, dependendo de seu volume. Outra prática interessante é das transportadoras exclusivamente de cargas, que criam roteiros para seus cami- nhões em diferentes regiões de uma cidade, com o intuito de consolidar o maior número possível de cargas, otimizando a operação. A flexibilidade do modal rodoviário também é observada nas inúmeras entregas que esse modal pode fazer ao longo do seu percurso, em um tempo reduzido. Quando é necessário o transporte dentro de uma mesma cidade ou região, devido à rapidez com que acontece o embarque e o desembarque, a facilidade de tráfego dentro das cidades e a entrega na porta justificam a prio- ridade velocidade. A prioridade confiabilidade poderia aparecer, no entanto, se analisarmos os inúmeros problemas para embarque e desembarque de cargas com que os profissionais se deparam nos portos e portos secos, como as operações padrões e condições das rodovias, essa prioridade acaba não atingindo relevância. 17 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte 3.6.2 Modal Ferroviário Para a análise das prioridades temos: • Custo: O custo da modalidade é baixo, no entanto, esse custo deve ser avaliado devido ao tempo de entrega; • Confiabilidade: O fato de ter uma malha exclusiva acaba afetando a confiabilidade, pois o modal tem uma relativa garantia de chegada ao destino. Como exemplo podemos citar o caso que acontece no Brasil, onde as empresas que geram o transporte ferrovi- ário têm prioridade dentro da maioria das cidades, o que facilita a sua chegada aos destinos. O fato de grande parte dos centros intermodais estar perto de portos acaba facilitando a conjugação do modelo ferroviário com outros modais de transporte, reduzindo ainda mais seus custos. 3.6.3 Modal Hidroviário Para a análise das prioridades temos: • Custo: O custo desta modalidade é baixo devido ao grande volume de cargas que é possível transportar; • Flexibilidade: Possibilidade de levar grandes volumes, alterar seus destinos e desembarcar itens em diversos pontos ao longo de seu caminho. Como exemplo para este podemos considerar uma barcaça que parte carregado com diversos grãos, por exemplo, poderá desembarcar em diferentes localidades, entregando as cargas pertinentes a cada cliente no decorrer de seu percurso. • Modal Aéreo Figura 3.10 - Central de cargas aeroportuárias Legenda: As cargas possuem um local específico para carregamento. O modelo aeroviário é o mais rápido entre os modais. Fonte: By © Raimond Spekking / CC BY-SA 4.0 (via Wikimedia Commons), CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=44033932 18 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte Para a análise das prioridades temos: • Qualidade: A qualidade no transporte caracteriza-se pela ausência de falhas no processo, fato caracte- rístico do modal aéreo, devido aos inúmeros critérios de segurança e inspeção atendidos; • Velocidade: Mesmo considerando o tempo que taxia e eventuais atrasos por tráfego e liberações, o modal ainda conta com uma velocidade muito importante, que lhe faz ser selecionado principalmente em casos emergenciais. Um exemplo seria a preferência que as autoridades têm diante desse modal devido à sua velocidade. Como já foi mencionado em nossas aulas, esse modal é muito utilizado em situações que envolvem a saúde, devido à combinação de suas principais prioridades, a velocidade e a qualidade no processo de transporte. 3.6.5 Modal Dutoviário Para a análise das prioridades temos: • Custo: Apesar do alto custo de instalação, o custo de manutenção viabiliza sua utilização para os seus fins. A vida útil elástica também faz parte da prioridade custo; • Qualidade: O fato de ter a via exclusiva por meio de um duto exclusivamente desenvolvido acaba redu- zindo a possibilidade de falhas na operação; • Confiabilidade: Pelo mesmo motivo da prioridade qualidade, a garantia da entrega é um diferencial. Como exemplo temos os aquedutos, gasodutos e minerodutos que apesar de trabalharem com importantes insumos, vêm sendo utilizados em larga escala em diversos países devido à confiabilidade e ao custo de manu- tenção compensador. Os estudos mais recentes buscam analisar a vida útil e formas de ampliá-la, reduzindo ainda mais os custos de manutenção corretiva. As prioridades das operações dependem, principalmente, das demandas dos clientes internos e externos. Mesmo quando decide-se pela contratação de um operador de trans- portes, o gestor deve saber quais prioridades devem ser atendidas, para municiar o operador com essas informações. No seu cotidiano, no trabalho e nas operações em que está envol- vido, você sabe quais são as prioridades a serem atendidas? Após a análise dos modais e suas prioridades nas operações de transporte, vamos aprofundar mais o tema e conhecer mais sobre o trade-off. 19 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte 3.7 Trade-off ou Renúncia estratégica A renúncia estratégica mostra que não podemos atender às diversas prioridades competitivas através da utili- zação de um modal, e até mesmo da combinação de modais (multimodalidade ou intermodalidade). Sendo assim, é necessária a correta análise dos projetos de transportes, a fim de identificarmos o quê aquele processo demanda naquele determinado momento. O trade-off significa que, estrategicamente, abriremos mão de uma ou mais prioridades competitivsa ao buscarmos atender a outras. Nas operações de transportes e decisões relacionadas aos modais essa é considerada uma prática recorrente. No Quadro 3.4 vamos verificar quais as renúncias mais comuns relacionadas às prioridades competitivas que estu- damos até aqui e decisões sobre modais: Quadro 3.4 - Trade-offs Modal Prioridades Renúncias Rodoviário Flexibilidade e Velocidade Custo Ferroviário Custo e Confiabilidade Velocidade Hidroviário Custo e Flexibilidade Qualidade, Velocidade e Confiabilidade Aéreo Qualidade, Velocidade e Confiabilidade Custo Dutoviário Custo, Qualidade e Confiabilidade Flexibilidade Legenda: O quadro apresenta um demonstrativo das renúncias estratégicas de cada modal de transporte. Fonte: Corrêa e Corrêa (2007) - Adaptado pelo autor (2016). Com a explanação do demonstrativo das renúncias estratégicas de cada modal de transporte é possível analisar e realizar a melhor escolha para o transporte do produto desejado. Outro ponto importante e que precisamos considerar em nossos estudos sobre gestão de transportes é a questão das privatizações e concessões. É isso que vamos ver no tópico seguinte. 3.8 Privatização e Concessão A onda de privatizações e concessões que vemos nos últimos anos possui uma explicação bastante simples, pois resulta de uma busca pela melhoria da estrutura voltada aos modais de transportes, sucateada e, literalmente, abandonada até a década de 1990 no Brasil.Nesse período, em busca da modernização de sua infraestrutura, o governo brasileiro inicia o Programa Nacional de Desestatização (PND). 20 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte Desestatização: O termo é muito discutido quanto ao seu sentido. No entanto, podemos verificar, no caso aplicado às estruturas voltadas para os modais de transporte, que a deses- tatização aqui buscada é uma “retirada” do Estado da função de gestor e investidor dessas estruturas, passando tal tarefa à iniciativa privada, com o aceite de uma troca baseada na cobrança de uma tarifa a ser quitada pelos usuários dessa estrutura. Glossário É necessário abordar rapidamente um pouco de história da administração pública para conseguirmos explicar o que ocorreu nas últimas décadas. Após passar por períodos de aumento do tamanho do Estado, ao contrário do que faziam as nações desenvolvidas no mesmo momento, o Brasil viu-se com uma estrutura muito grande para gerir, investir e melhorar, e em contrapartida, a arrecadação e o acesso a financiamentos já não era tão favorável. Diante do cenário apresentado, o Estado viu-se obrigado a descentralizar parte de sua gestão para empresas competentes e com recursos disponíveis, em troca de tarifas cobradas pelas mesmas empresas. Tal processo de privatização teve importante marco entre os anos de 1996 e 1998, com a extinção de órgãos como o Depar- tamento Nacional de Estradas e Rodagem (DNER) e da Companhia Brasileira de Transporte Urbano (CBTU) e sua substituição por Agências Reguladoras, como Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ). As Agências citadas deixaram de ter um papel executor, como os antigos órgãos, e passaram a ter um papel fisca- lizador sobre as concessionárias. Mas afinal, qual a diferença entre Privatização e Concessão? Vamos lá, primeiro precisamos saber que, apesar de vermos na mídia as duas expressões sendo utilizadas como sinônimos, elas não o são. Partindo desse prévio, mas essencial conhecimento, podemos seguir com nossas explicações. A privatização acontece quando os ativos de um determinado órgão que pertencia à administração pública, junto com a sua titularidade, são vendidos a uma empresa privada. Ou seja, uma atividade que antes era de obri- gação do Estado é transferida para a iniciativa privada junto com os ativos dela. Quer um exemplo? Os serviços de telefonia. Atualmente o Estado não presta mais serviços de telefonia, apenas regulamenta, por meio da Agência Nacional de Telefonia (ANATEL), os serviços prestados pelas empresas privadas do setor. Indicamos a leitura do artigo “Privatização e políticas regulatórias na área de transportes: os casos do Brasil e da Argentina” de Peci e Cavalcanti (2004) para que você tenha uma noção muito interessante dos processos de privatização e as políticas que balizaram tal evento, em um estudo comparativo entre Brasil e Argentina. Acesse o link e boa leitura http://www. scielo.br/pdf/osoc/v11n29/01.pdf 21 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte Já quando falamos em concessão, o Estado não vende ou transfere os ativos, mas apenas transfere a execução da atividade, permanecendo com o Estado a titularidade. Mediante a cobrança de tarifas, por exemplo, as organiza- ções da iniciativa privada assumem a manutenção da estrutura necessária àquela atividade. Quer um exemplo? As rodovias. As rodovias não deixaram de pertencer ao Estado Brasileiro, mas apenas a prestação do serviço de manutenção é executada por concessionárias, mediante o pagamento de uma tarifa, que no caso, é o pedágio. O Programa de Concessões Rodoviárias, por exemplo, gerou importantes investimentos e ampliação das rodovias brasileiras, reformas, modernização, duplicações, entre outros benefícios. Já o sistema ferroviário nacional foi privatizado. Tivemos dois momentos de suma importância que prepararam o sistema para esse processo. Inicialmente houve a separação entre transporte de pessoas e transporte de cargas, com a criação da Companhia Brasileira de Transporte Urbano (CBTU), e posteriormente um programa de demissão voluntária dentro da Rede Ferroviária Federal S. A. (RFFSA), enxugando seu quadro de funcionários de 160 mil nos anos 1950, para menos de 40 mil em 1995, pouco antes da privatização. Figura 3.11 - Pátio estação ferroviário de Itu SP). Empresa ALL. Legenda: Locomotiva em processo de manobra na estação ferroviária de Itu - SP. Fonte: Por Amauri Aparecido Zar. https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=46270035 O sistema aquaviário brasileiro também passou por uma série de reformas em seu modelo de gestão, até chegarmos ao momento atual. Até a década de 1990, a situação era muito semelhante à dos demais modais, com a gestão a cargo do Estado e uma dificuldade muito grande para fazê-lo. A partir de 1993, com a sanção da Lei de Modernização dos Portos (Lei n. 8.630/1993), viabilizou-se a entrada da iniciativa privada nas atividades desenvolvidas pelo sistema portuário. O modelo adotado foi o de concessão, com algumas características como existência de pessoas jurídicas pré-qualificadas, responsáveis pelas operações na área dos portos. Diante do cenário apresentado no parágrafo anterior, a dúvida relacionada à eficácia do modelo adotado, devido à demora para carregamento e descarregamento dos navios, incapacidade de recebimento de navios de grande porte, entre outras, é sanada pela explicação de que a estrutura em torno dos portos, responsabilidade pela infraestrutura, investimentos em acessos rodoviários e aquaviários, ainda é do setor público. Essa situação gera um déficit estrutural entre o que temos fora dos portos, em seu acesso e o que temos dentro dos portos, para a manutenção de cargas. 22 Gestão de Transportes | Unidade de Estudo 3 – Fatores determinantes na escolha dos serviços de transporte Vale ainda comentar que os modelos adotados em outros países nem sempre fogem do controle da “mão pública”, com a exceção dos Estados Unidos que, por ser um estado confederado, atribui aos estados uma autonomia decisória, com alto grau de descentralização. A eficiência do modelo canadense, por exemplo, faz com que o governo, apesar de administrar os portos através de uma autoridade portuária federal, não necessite investir com recursos próprios, pois os portos geram recursos e captam recursos no mercado com facilidade. Já o Reino Unido possui quase a totalidade de seus portos privatizados e concorrendo entre si, havendo, por parte do governo, apenas a regulação e fiscalização. São diversas informações apresentadas neste material, não é mesmo? Aproveite todas essas informações e visite o Fórum Desafio para discutir, refletir e potencializar ainda mais seu aprendizado sobre o tema. 23 Considerações finais A Unidade 3 teve como objetivo demonstrar, que, após ter o conhecimento dos modais mais utilizados, as decisões dos gestores precisam basear-se em características da demanda da organização. Sendo assim, vimos: • A importância das características do projeto de transporte; • As prioridades competitivas que afetam uma operação; • As características das operações e suas variadas formas de combinar modais de transporte; • Quais as prioridades atendidas pelos diferentes modais de trans- porte, e como isso deve ser “colocado na balança” pelo gestor, a fim de extrair os fatores mais positivos dos modais, em relação à operação na qual está envolvido; • As diferenças existentes entre os prestadores de serviços voltados para a gestão de transportes, permitindo ao aluno uma visão prática, que irá ajudá-lo em decisões organizacionais; • Explicamos também, as características dos diferentes modelos de privatização e concessão aplicado no Brasil, e pudemos fazer uma comparação com exemplo em outros países, permitindo observar que o modelo aqui adotado já foi adotadopor outros países, no entanto a forma de aplicação e a burocracia podem afetar a performance do modelo. Referências bibliográficas 24 AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTE FERROVIÁRIO. Balanço do Trans- porte Ferroviário de Cargas 2014. ALVARENGA, Antônio Carlos; NOVAES, Antônio Galvão. Logística aplicada: suprimento e distribuição física. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 2010. 194 p. BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2011. 388 p. BRASIL. Lei n. 8.630, de 25 de fevereiro de 1993. Dispõe sobre o regime jurídico da exploração dos portos organizados e das instalações portuá- rias e dá outras providências. (LEI DOS PORTOS). Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8630.htm>. Acesso em: 2016. BRASIL. Lei n. 9.611, de 19 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre o Trans- porte Multimodal de Cargas e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9611.htm>. Acesso em: 2016. CAIXETA-FILHO, José Vicente; MARTINS, Ricardo Silveira (Org.). 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