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EXERCÍCIOS DE REVISÃO DIREITO CIVIL IV - 2020 PROF.ª Ms. SAMIRA DOS SANTOS DAUD 1. Carla alugou de Pedro um imóvel residencial em Belo Horizonte/MG, por prazo indeterminado. Em razão de seu emprego, Carla teve que se mudar de Belo Horizonte para Brasília, mas pediu para que sua filha de 25 anos, Elisa, passasse a morar no apartamento sem comunicar ao locador (Pedro). Os boletos bancários relativos ao valor dos alugueres chegavam em nome de Carla e Elisa os pagava regularmente. Alguns meses após a mudança de Carla, Elisa casou-se e continuou morando no mesmo apartamento, agora com o marido, e tudo sem comunicar Pedro. Importante mencionar que em razão da cláusula 6a do contrato de locação celebrado entre Carla e Pedro, Carla procurava manter a presença de Elisa sob o desconhecimento de Pedro, tanto que procurava sempre estar presente nas reuniões de condomínio em que sabia que Pedro participaria. Segue o conteúdo da referida cláusula: Cláusula 6a. O LOCATÁRIO não poderá emprestar, sublocar ou ceder, total ou parcialmente, o imóvel sem o prévio consentimento por escrito do LOCADOR. Parágrafo único. E vedado também ao LOCATÁRIO a cessão total ou parcial do contrato sem o prévio consentimento escrito do LOCADOR. Considerando os fatos acima narrados e a disciplina jurídica da posse, classifique a posse de Elisa sobre o imóvel em questão. R: Carla possui posse justa pela precariedade da quebra contratual e direta. Já Elisa possui posse injusta pela clandestinidade, já que ela busca esconder de Pedro, seu vínculo com o imóvel; tem posse ad usocapione e má-fé porque sabe do vício e não pode exercer a posse. 2. Jorge teve seu imóvel invadido, sem violência, por Pedro em 2008, que passou a praticar atos de poder sobre a coisa abertamente e sem oposição alguma. Em janeiro de 2011, Jorge decide ajuizar ação possessória contra Pedro, combinada com reparação de perdas e danos. Considerando os dados acima, responda JUSTIFICADA E FUNDAMENTADAMENTE: Qual ação é a mais adequada para o caso? Caso a ação manejada seja outra, isso obstará a obtenção de tutela judicial? R: A ação mais adequada para o caso é a reintegração de posse, por se tratar de esbulho. Caso a ação seja manejada seja outra, isso obstará a obtenção da tutela judicial. No entanto, Pedro tem posse direta, injusta e de má fé, ad usocapione e a posse é velha. Posto isso, o esbulho é praticado por Pedro, pois perdeu totalmente a posse. Não tem direito a tutela judicial, então, não pode ser manejada outra ação, pois o que Jorge quer é a reintegração de posse do imóvel. 3. Amaranta vendeu a Rebecca imóvel em 30 de maio de 2010 através de escritura pública em que constava cláusula expressa que assegurava a transmissão da posse no ato da celebração do negócio. Rebecca registrou o imóvel no CRI em 06 de junho de 2010, mas não ocupou o imóvel, pois pretendia antes guardar dinheiro para realizar reformas no bem. Em janeiro de 2011 Amaranta invadiu, sem violência, o imóvel, fato que levou Rebecca a ajuizar ação de reintegração de posse alegando esbulho. Em defesa, Amaranta disse que Rebecca jamais havia sido imitida na posse, motivo pelo qual deveria o processo ser resolvido sem julgamento de mérito por carência de ação, já que Rebecca, ainda que proprietária, não é possuidora do bem. Com base na disciplina jurídica da transmissão da posse, responda JUSTIFICADA E FUNDAMENTADAMENTE: A) Houve transmissão da posse de Amaranta a Rebecca? Em caso afirmativo, trata-se de aquisição derivada ou originária da posse? Em caso negativo, explique o que seria necessário para que a transmissão fosse ultimada. R: Sim, assim como disposto no artigo 108, que diz o seguinte: “Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.” Dessa forma, a aquisição de posse é derivada, pois a forma de aquisição da coisa, pressupõe a existência de uma posse anterior e, consequentemente, a transmissão desta posse ao adquirente. B) O argumento de Amaranta merece prosperar? R: Não, porque a transmissão da posse ocorreu em favor de Rebeca por conta da cláusula expressa e Amaranta está alegando que Rebeca nunca teve a posse, mas o contrato previa expressamente a transmissão da posse, sendo assim, o argumento de Amaranta não deve prosperar. EXERCÍCIOS DE REVISÃO DIREITO CIVIL IV - 2020 PROF.ª Ms. SAMIRA DOS SANTOS DAUD 4. João cedeu um imóvel residencial para seu primo Pedro. A cessão se deu a título gratuito, caracterizando um comodato. Depois de algum tempo no imóvel, Pedro o cedeu a seu irmão Francisco, também a título gratuito, com a anuência de João. Passados dois anos, Francisco foi violentamente retirado do imóvel por Joaquim, que passou a ocupá-lo. Diante da situação descrita, responda JUSTIFICADA E FUNDAMENTADAMENTE: a. Como deve ser classificada a posse de João, Pedro, Francisco e Joaquim, no que diz respeito à distinção entre posse direta e indireta? R: João posse indireta pois ele cedeu a posse para Pedro, Pedro direta, mas no momento que ele passa a posse que ele recebeu de João para Francisco com autorização de João, Pedro perde a posse, Francisco posse direta, mas perde a posse por esbulho para Joaquim e Joaquim posse direta. b. A posse de Joaquim é justa ou injusta em relação a João, Pedro e Francisco? R: Injusta, pois ele usou da violência para obter o bem. 5. Rui herdou de seu tio um sítio (legado), no qual cultivou diversas espécies de hortaliças durante dois anos. Após esse período, foi citado para uma ação possessória movida por André, que acabou se mostrando verdadeiro proprietário do bem. Rui, contudo, desconhecia o vício que o impedia de adquirir o sítio. Responda JUSTIFICADA E FUNDAMENTADAMENTE: a) Rui é possuidor de boa ou de má-fé? A natureza de sua posse se altera em função da citação? R: Rui é possuidor de má-fé, pois houve o conhecimento do vício com a sua citação em ação possessória. b) Como fica a situação dos frutos na hipótese apresentada? Leve em consideração que existe uma colheita ainda pendente no ato da citação. R: Enquanto Rui era possuidor de boa-fé, antes de ser citado, pois não conhecia o vício, ele tem direito aos frutos colhidos, mas não tem direito aos frutos pendentes. Se no momento da citação tiver frutos pendentes, Rui perde o direito de todos os frutos, porque ele se tornou possuidor de má-fé porque ele passou a ter conhecimento do vício com a citação. 6. LAÉRCIO é dono de uma propriedade de porte médio em uma cidade no interior do Rio Grande do Sul. Esta propriedade é explorada por uma refinadora de açúcar, que há anos utiliza a propriedade de LAÉRCIO para exercer sua atividade produtiva. Há alguns meses, o MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS começou a praticar invasões nas terras vizinhas à propriedade de LAÉRCIO, e, há duas semanas, um número considerável de integrantes do Movimento acampou às margens da rodovia próxima ao imóvel ora referido. LAÉRCIO, que vinha acompanhando através da mídia as movimentações do Movimento pelos arredores de seu imóvel, com receio de que ele fosse invadido pelo Movimento, ajuizou ação de manutenção de posse com pedido liminar para garantir que sua posse sofresse nenhum abalo. Tomando por parâmetro os direitos reais, faça uma análise jurídica JUSTIFICADA E FUNDAMENTADA da situação acima descrita, abordando o desdobramento da relação possessória, a modalidade de agressão à posse de Armando (se o mesmo for possuidor), a legitimidade de Laércio para a propositura do mencionado interdito possessório e a propriedade da ação por ele interposta. Ao final, conclua se o pleito de Laércio merece ou não merece prosperar. R: Errado, pois deveria ser uma ação possessória interdito proibitória. Tendo Laércio, legitimidade porque ele não perdeu a posse. Sendo assim, é possuidorindireto, pois o proprietário concedeu o direito a Laércio de possuir e mesmo Laércio sendo possuidor indireto, ele pode agir no mesmo tempo que o direto. A refinadora também tem direito de agir.
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