Buscar

Artigo Científico - Alienação Parental

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A ALIENAÇÃO PARENTAL COMO VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DA DIGNIDADE HUMANA
Bárbara Lisovski Tidre[footnoteRef:1] [1: Acadêmica do Curso de Direito na UNIVEL – Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel
] 
RESUMO: Sendo a família o núcleo da sociedade, há uma intensa preocupação acerca dos conflitos desencadeados nas relações familiares. Considerando-se a evolução histórica e a conquista de igualdade do poder familiar, a Alienação Parental surge como forma de se denegrir a imagem do outro para alcançar maior destaque. O presente artigo traz as principais causas e consequências advindas da prática alienadora, assim como as possíveis soluções a serem tomadas, no intuito de preservar a saúde física e psicológica dos envolvidos. Nota-se que a prática gera distúrbios nas crianças e pode, até mesmo, gerar responsabilidade civil ao alienador. A pesquisa bibliográfica e exploratória foram os meios mais eficazes na construção e desenvolvimento do assunto, haja vista a abundância de conteúdo no meio físico e digital. Sendo assim, o Poder Judiciário busca os melhores métodos para se resolver os problemas, podendo se observar que a guarda compartilhada tem sido, até o momento, o método mais eficaz em casos de Alienação Parental.
PALAVRAS-CHAVE: Alienação Parental; Família; Abuso afetivo.
1. INTRODUÇÃO
Considerando-se a constante e rápida evolução da sociedade, no que tange a sua estrutura, o conceito de família tem-se modificado e, cada vez mais, os pais e mães conquistam a liberdade e isonomia hierárquica, possibilitando aos dois a aplicação de sua autoridade e influência perante os filhos. 
Nesse diapasão, a facilidade concedida aos casais em iniciarem um processo de separação ou divórcio acarreta alguns complicadores, principalmente no momento de fixação da guarda dos filhos. Nesse instante, um dos genitores pode iniciar o exercício de destruição da imagem do outro genitor, a fim de que a criança o repudie, caracterizando-se então a Alienação Parental. (GOMES, 2010).
Muitas são as técnicas utilizadas pelos alienantes para coagir os filhos a repudiarem um dos pais, sendo que, na maioria das vezes a criança serve como instrumento vingativo para o pai ou mãe descarregarem seus sentimentos, antes reprimidos, de ódio e egoísmo. Sendo assim, a análise jurídica e psicológica é de extrema importância para compreensão das causas e consequências da Alienação Parental.
Tendo em vista a gradativa inserção do tema nas discussões sociais, a coletividade sente-se intrigada e busca o entendimento dos motivos que levam as pessoas a cometerem a Alienação Parental. Ao buscar essas explicações, as pessoas colaboram para um diagnóstico precoce e podem possibilitar um tratamento mais eficaz.
Para a Justiça brasileira, o assunto ainda é muito delicado, haja vista as especificidades de cada caso e a necessidade da análise das possíveis soluções que surtirão efeito perante os fatos. Assim como social e juridicamente, para este pesquisador o tema é altamente relevante, considerando-se todos os malefícios advindos da Alienação e o interesse em encontrar as melhores soluções jurídicas para os casos.
Analisando-se os embates entre juristas, psicólogos e outros profissionais da área, desponta-se a seguinte questão: Avaliando os aspectos jurídicos e psicológicos, quais as causas, efeitos e soluções plausíveis nos casos onde se diagnostica a Alienação Parental?
Nesse seguimento, o objetivo do presente artigo é analisar jurídica e psicologicamente as causas, consequências e soluções em casos de Alienação Parental, sopesando o contexto familiar no qual a criança alienada está inserida, apontando os principais comportamentos nos infantes afetados e detectando as soluções mais eficazes para os casos. Para tanto, utilizar-se-á a pesquisa bibliográfica, embasada em livros e artigos contidos em revistas científicas e plataformas digitais. Além disso, a pesquisa exploratória será empregada no intuito de aprofundar o tema de forma mais condizente com a realidade.
2. CONCEITO DE FAMÍLIA
Percebe-se que, com a evolução da sociedade, a definição de família foi sendo modificada, não trazendo mais os aspectos de patriarcalismo, dando à todos os componentes da família a isonomia dos direitos e de classificação hierárquica. (GOMES, 2010).
É notória a mudança da concepção de família ao longo dos anos, principalmente após a participação feminina no mercado de trabalho e após a descoberta da pílula contraceptiva, determinando aos maridos e às mulheres papéis hierarquicamente igualitários dentro do núcleo familiar. (SCOTT; CEZNE, 2011). 
No mesmo sentido, “[...], entendemos que o modelo de família nuclear, na atualidade, sofreu modificações em decorrência dos métodos contraceptivos. A sexualidade feminina deixou de estar atrelada à maternidade”. (GOMES, 2010, p. 76).
Com a evolução da sociedade, a família caracterizada apenas pela consanguinidade abriu espaço para aquelas reguladas por vínculos solidários e afetivos. (LELIS; VANDERLEY, 2014). Nesse aspecto:
Diniz (2002, p. 13, apud GOMES, 2010, p. 74) apresenta os caracteres da família: o caráter biológico é um agrupamento natural, já que a pessoa nasce e cresce numa família e permanece nela até constituir a própria família; o caráter psicológico, constituído pelo amor familiar, elemento espiritual que une os integrantes; o caráter político (art. 226 da Constituição Federal do Brasil), segundo o qual a família é a célula da sociedade e o Estado nasce dela; o caráter religioso, em que a família influenciada pelo cristianismo ou outra doutrina determina a ética e a moral e o caráter econômico, condições de obtenção e realização material, intelectual e espiritual; o caráter jurídico, pois a família é regulada por normas e princípios jurídicos que compõem o direito de família. 
Foi-se o tempo em que o casamento poderia ser considerado sinônimo de família, haja vista que as relações sexuais podem ocorrer fora do matrimônio, caracterizando jurídica e socialmente a união estável. (GOMES, 2010).
No Brasil, observa-se que, o papel da mulher na sociedade sempre fora de menor hierarquia, como mostra o Código Civil de 1916, afirmando ser o marido o chefe da relação matrimonial. (FERNANDES, 2013).
Conforme a evolução da sociedade, a legislação também teve de progredir. Além de atribuir isonomia aos homens e mulheres, a Constituição Federal em seu artigo 226, § 4º, reconhece que para caracterizar-se como família, basta a presença de um dos genitores e os descendentes. (FERNANDES, 2013).
No decorrer do tempo, os homens passaram a valorizar o convívio com os filhos, fato que desencadeou a busca pela guarda ou contato rotineiro por parte do genitor. Diante disso, a Justiça passou a analisar os fatos dando ênfase nos benefícios que a convivência com o pai pode trazer à criança. (LELIS; VANDERLEY, 2014).
3. OS CONFLITOS NAS RELAÇÕES FAMILIARES
Em casos de separação conjugal, não deveria haver a característica de distanciamento parental, mas apenas a transformação da estrutura familiar, que antes era nuclear e agora tornou-se binuclear. (NUSKE; GRIGORIEFF, 2015).
Um dos complicadores no momento de fixação da guarda dos filhos nos processos de separação judicial, divórcio e dissolução da sociedade de fato é a alienação que os pais podem exercer sobre a criança, utilizando os menores como troféus ou acessórios no intuito de conseguir o que desejam. Nesse momento, um dos genitores começa a destruir a figura do outro genitor, na intenção de obter vantagens judicialmente. (GOMES, 2010).
Quando um dos genitores não concorda com a separação conjugal, o mesmo passa a procurar mecanismos de vingança contra o outro genitor. Nesse sentido, busca prejudicar o outro utilizando-se da destruição da imagem daquele perante o filho. (NUSKE; GRIGORIEFF, 2015).
Muitos sentimentos de ódio e mágoa acumulam-se durante o matrimônio e, com o advento do divórcio, essas emoções podem ser exteriorizadas e transmitidas aos filhos de forma nefária. Corroborando com os fatos, Oliveira e Pereira afirmam que a interação do casal antes da separaçãocontribui para determinar as ações alienadoras. (2014).
Considerando-se a inerente inocência e ingenuidade da criança, que não tem habilidade para distinguir o que é verídico ou não, o alienante aproveita-se dessas características para implantar seus discursos de ódio e propagar falsas verdades sobre o outro genitor. (NUSKE; GRIGORIEFF, 2015). Ainda sobre isso,
[...] o afastamento da criança vem ditado pelo inconformismo do cônjuge com a separação; em outras situações funda-se na insatisfação do genitor alienante, ora com as condições econômicas advindas do fim do vínculo conjugal, ora com as razões que conduziram ao desfazimento do matrimônio, principalmente quando este se dá em decorrência de adultério e, mais frequentemente, quando o ex-cônjuge prossegue a relação com o parceiro da relação extra-matrimonial. (FONSECA, 2009, p. 52).
Contudo, pode-se afirmar que a separação conjugal não é o fator determinante do desencadeamento da Alienação Parental porque, muitas vezes, esse rompimento apenas faz aflorar sentimentos que estavam reprimidos por um dos genitores. Ou seja, os sentimentos já existiam, apenas não eram exteriorizados. (NUSKE; GRIGORIEFF, 2015). 
O fato não é compreendido pelos divorciandos é que, mesmo estando em processo de separação ou já separados, é dever de ambos transmitir os valores familiares fundamentais para proporcionar um desenvolvimento físico e psicológico saudáveis aos filhos. (LELIS; VANDERLEY, 2014).
Haja vista que na maioria dos casos de separação a guarda dos filhos permanece com a mãe, têm-se mais habitualmente diagnósticos de alienantes atribuídos ao sexo feminino. Considerando os sentimentos de rancor acumulados pela mãe em relação ao pai, as mulheres buscam instrumentos de vingança contra o homem, praticando então a Alienação Parental. (FERNANDES, 2013).
Quando a alienação é provocada pelo pai, frequentemente a mesma é praticada em virtude de vingar-se pelo fim do matrimônio, ou pelas causas do término, além do desejo de centralização do poder familiar patriarcal ou, até mesmo, por motivos financeiros, de modo em que possa ser uma maneira evitar o pagamento da pensão alimentícia. (FONSECA, 2009).
Em muitos casos, a alienação não é praticada por nenhum dos genitores, mas sim pelo atual consorte de um dos pais. Isso ocorre pelo fato de que, os padrastos ou madrastas, comumente, querem ocupar o papel de pai ou mãe do enteado. (OLIVEIRA; PEREIRA, 2014).
Existem episódios extremos onde o alienante não obtém sucesso em sua alienação, podendo partir, até mesmo, para o assassinato do outro genitor ou dos próprios filhos. (FONSECA, 2009).
4. CARACTERÍSTICAS DA ALIENAÇÃO PARENTAL
Embora altamente repreendido, o bloqueio ou impedimento de visitas do genitor realizado pelo guardião dos filhos, nos casos de separação, ocorre com frequência. Muitas são as técnicas utilizadas a fim de coagir os filhos a repudiarem a pessoa do outro genitor, sendo que, na maioria dos casos, a criança serve de instrumento vingativo para o pai ou mãe descarregarem seus sentimentos de egoísmo e ódio. (FONSECA, 2009). 
Dessa forma, a alienação parental se caracteriza pela implantação por parte de um dos genitores de sentimentos de ódio e repúdio da criança para com o outro genitor, moldando suas ações inconscientemente e formando um elo entre si e o filho. (OLIVEIRA; PEREIRA, 2014). 
Diversas vezes, o alienante utiliza-se da chantagem emocional para convencer e persuadir os filhos à rejeitarem o convívio com o outro genitor, utilizando maneiras em que a criança se sinta culpada em deixar o alienante sozinho, ou afirmando que, caso a criança mantenha contato com o pai ou mãe que não possui sua guarda, o infante estaria traindo a relação entre si e a(o) guardiã(ão). (FONSECA, 2009).
Contribuindo com o tema, Oliveira e Pereira dizem que “ao destruir a relação do filho com o outro, o detentor da guarda assume controle total, tornando-se unos e inseparáveis”. (2014, p. 37). 
Um dos métodos mais comuns utilizados pelos alienantes é a afirmação de o não-guardião ter cometido abuso sexual contra o filho. (OLIVEIRA; PEREIRA, 2014). Nesse diapasão, 
Não raro o genitor alienador imputa ao genitor alienado a prática de crime, geralmente contra os costumes, como forma de impedir que os filhos tenham contato com o genitor, logo, como meio de defesa, justifica a gravação da conversa. Há situações em que a vítima, não tendo sido vítima de crime sexual, mas, em razão da alienação parental, passa a acreditar que o crime realmente existiu e desenvolve todos os sintomas e traumas inerentes ao abuso sexual. (GOMES, 2010, p. 82).
Auxiliando no entendimento do tema tem-se que, ao descumprir os deveres básicos de genitores, os pais desestabilizam a saúde física, emocional e psicológica dos filhos e de todos os que estão no contexto familiar. (NUSKE, GREGORIEFF, 2015, p. 80).
É considerado o precursor na abordagem da Alienação Parental o psiquiatra norte americano Richard Gardner, que diagnosticou a Síndrome da Alienação Parental em 1980, após efetuar experiências clínicas. (LELIS; VANDERLEY, 2014).
No início, os estudiosos definiam as atitudes do guardião para afastar o outro como sendo uma “lavagem cerebral”. Contudo, tendo avançado os estudos acerca do tema, passou-se a utilizar o termo “Síndrome da Alienação Parental” (SAP) para indicar o fenômeno. (OLIVEIRA; PEREIRA, 2014).
Os estudos feitos por Gardner nos anos 80 demonstraram que muitas crianças inseridas nos contextos de separação judicial transpareciam sentimentos de repúdio em relação a um dos pais. (SILVA, 2011).
Ao contrário do que imaginava no princípio, Gardner pôde analisar que ambos os genitores, e não apenas as mães possuíam probabilidade idêntica de serem os alienantes. Além disso, afirmou que a Alienação Parental transcendia as falsas acusações de abuso sexual. (LELIS; VANDERLEY, 2014).
Além da Síndrome da Alienação Parental (SAP), muitas outras patologias relacionadas surgiram, entre elas a SAID – Síndrome das Alegações Sexuais – caracterizada pelas falsas alegações de abuso sexual por parte do genitor alienado. (SILVA, 2011).
Dessa maneira, pode-se afirmar que o ato de alienação também se atribui ao não-guardião, pois o mesmo pode ansiar pela guarda do filho, utilizando mecanismos de infâmia à imagem do atual guardião, para que o filho decida ser tutelado por ele. (OLIVEIRA; PEREIRA, 2014). Para compreender algumas das principais características analisadas em fatos de Alienação Parental, têm-se que:
[...],é possível reconhecê-la de pronto no comportamento do genitor que denigre a imagem do outro; apresenta o(a) companheiro (a) à criança como seu “novo” pai ou mãe; faz comentários desagradáveis sobre presentes, obriga a criança a optar por um dos pais; externa seu desagrado diante as manifestações de carinho para com o outro; emite falsas acusações de abuso sexual, podendo ocorrer aqui a “implantação de falsas memórias”, onde a criança é levada a creditar em fatos inverídicos. (SILVA, 2011, p. 327).
Além dos atributos citados, outra característica dos alienantes é a falta de ocupação. Nesses casos, o ócio possibilita a armação dos planos contra o não-guardião, a fim de excluí-lo do convívio do filho. (OLIVEIRA; PEREIRA, 2014).
Ao ser caracterizada a alienação, a criança e o genitor alienado têm seu direito garantido de serem indenizados diante do abuso sofrido. (LELIS; VANDERLEY, 2014).
5. CONSEQUÊNCIAS DA ALIENAÇÃO PARENTAL
A Síndrome da Alienação Parental (SAP) não pode ser confundida com a Alienação Parental, tendo em vista que a primeira é a patologia causada na criança pela alienação, que causa várias consequências emocionais e comportamentais aos alienados, enquanto a segunda é o ato específico praticado pelo genitor alienante, visando o prejuízo da relação entre os filhos e o outro genitor. (FONSECA, 2009).
Em outras palavras, Silva também contribui expondo a falta de possibilidade de se confundir Alienação Parental com Síndrome da Alienação Parental, já que a primeira é a ação difamatória do alienante em face da criança, enquantoa segunda são as consequências físicas, psicológicas e sociais arremetidas na criança em decorrência da alienação. (2011).
Quando apenas a Alienação Parental (referente à conduta do alienador) é diagnosticada, a reversão é realizada com mais facilidade. Contudo, quando a Síndrome Da Alienação Parental (consequências geradas aos filhos) é instalada, há uma maior dificuldade no tratamento. (LELIS; VANDERLEY, 2014).
Além de todos os sintomas físicos que podem ser causados, as crianças ficam a mercê das consequências psicológicas que afetam seu desenvolvimento social e escolar. (OLIVEIRA; PEREIRA, 2014). Para comprovar, em 2006, uma pesquisa realizada nos Estados Unidos com 40 adultos vítimas da Alienação Parental, demonstrou que os mesmos apresentavam características de transtornos psicológicos. (LELIS; VANDERLEY, 2014).
Foi analisado por meio de estudos que, os adultos que haviam sido vítimas da alienação parental quando crianças, ao perceberem o fato ocorrido, desencadearam um complexo psicológico por terem colaborado, mesmo que de forma inconsciente, com a prática injusta com um dos pais. (FONSECA, 2009).
Contribuindo com o tema, “[...], é sob a forma de ansiedade, baixa tolerância à frustração, alcoolismo, uso de drogas e, em casos extremos, ideias e comportamentos suicidas que o sujeito poderá expressar a dor advinda da alienação parental. ” (NUSKE; GRIGORIEFF, 2015, p. 82).
Os alienados, ao serem coagidos ao afastamento de um dos pais, vivem com um sentimento de solidão que, mesmo não sendo demonstrado, acarreta uma tristeza e a solidão profunda. “Ademais, a criança teme em expressar a sua afeição pelo seu genitor, com receio de que isso a leve a ser rejeitada pelo alienador”. (LELIS; VANDERLEY, 2014, p. 80).
Alguns dos efeitos físicos causados são distúrbios no sono, distúrbios alimentares, diminuição da autoestima, mudanças de comportamento repentinas, entre outros. Ainda, podem-se citar alguns efeitos sociais causados pela Alienação Parental, dentre eles, dificuldades escolares, discussões familiares frequentes, fuga, delinquência e prostituição. (GOMES 2010).
A Síndrome da Alienação Parental é dividida em estágios, sendo eles, leve, moderado e grave. Para facilitar a compreensão, 
No estágio leve, a alienação é superficial, havendo um desajuste da criança no momento em que os pais se encontram, pois ela é o alvo da disputa. No estágio moderado, a criança se apresenta mais conflituosa e tende a se mostrar insensível com o genitor alienado. No estágio grave, a criança apresenta-se mais hostil e perturbada, a ponto de ajudar o genitor alienante a denegrir a imagem do genitor alienado. (FERNANDES, 2013, s.p.).
Juridicamente falando, como todos os cidadãos, as crianças têm o direito de criar seus próprios valores, não sendo incumbida aos pais a imposição dos mesmos. Para tanto, deve-se permitir que a própria criança pense por si mesma, sem influência dos sentimentos de um dos genitores. (OLIVEIRA; PEREIRA, 2014).
É unanimidade para os profissionais da área que o diálogo familiar e as demonstrações de afeto, nos casos de separação, são fatores essenciais para o entendimento e desenvolvimento das crianças. Dessa forma, os filhos devem sentir-se protegidos e amados por ambos os pais, apesar da reestruturação familiar que estão sofrendo. (NUSKE; GRIGORIEFF, 2015).
As memórias acerca da convivência com os dois pais sempre permanecerão com a criança, entretanto o sentimento de ausência de um dos genitores podem acarretar consequências irreversíveis à psique do infante. (OLIVEIRA; PEREIRA, 2014).
6. ASPECTOS JURÍDICOS
Sendo a família a base estrutural de uma sociedade, o Estado deve garantir valores morais, éticos, sociais e também a preservação da personalidade, principalmente no que diz respeito aos filhos. (GOMES, 2010).
Caso o guardião prejudique a convivência do filho com o outro genitor, este estará violando o direito da personalidade da criança, haja vista a frustração da mesma ao não poder conviver com um dos pais. (LELIS; VANDERLEY, 2014).
Dentre os princípios constitucionais aplicáveis ao direito de família, diante da conduta alienatória, são violados: o princípio da dignidade da pessoa humana, o princípio da dignidade solidariedade, o princípio da dignidade liberdade, o princípio da dignidade convivência familiar e melhor interesse da criança. (LELIS; VANDERLEY, 2014, p. 82).
Todos os profissionais que atuam nos processos de guarda devem estar atentos aos sinais expressados pelas crianças no momento em que escolhem com qual genitor querem permanecer, pois essa escolha pode estar repleta de condutas danosas feitas pelo alienador a fim de denegrir a imagem do outro genitor. (GOMES, 2010).
É imprescindível que os juízes adotem as medidas necessária para que os infantes tenham sua segurança garantida, analisando todos os elementos que possam caracterizar a alienação parental, utilizando-se de recursos, como os estudos psicossociais, para só então deliberarem acerca do caso. (FONSECA, 2009).
Importante salientar que, os casos com indícios de Alienação Parental devem ser analisados de forma particular, ou seja, precisam ser estudados de acordo com o contexto familiar e com as características pessoais dos envolvidos. (NUSKE; GRIGORIEFF, 2015).
Cabe aos juízes e aos membros do Ministério Público a análise do contexto familiar, a fim de averiguar a integridade psicológica da criança, tendo como objetivo assegurar a convivência com os dois genitores ou, se for o caso, auxiliar na aproximação de pais e filhos. (GOMES, 2010).
O Poder Judiciário desempenha papel essencial ao impedimento da Alienação Parental, juntamente com outros profissionais, entre eles psicólogos e assistentes sociais, que facilitem a compreensão e o diagnóstico correto nos casos específicos. (FERNANDES, 2013).
Assim, a existência da Lei 12.318/10 veio assegurar a proteção da criança nas situações de alienação parental, exemplificando os atos e impondo medidas protetivas. Tal legislação tem a intenção de manter a convivência familiar sadia e o desenvolvimento da criança, sempre atentando ao melhor interesse da criança e do adolescente. (NUSKE; GRIGORIEFF, 2015, p. 85).
Quando comprovada a Alienação, cabe ao Juiz a aplicação da Lei 12.318/10, repreendendo e punindo todos os atos praticados no intuito de alienar a criança. (FERNANDES, 2013).
Embora na teoria as leis assegurem a inibição ou afastamento da Alienação Parental, na prática existe dificuldade em aplicar as soluções para o problema, porque o tema ainda não é muito aprofundado pelos peritos e pelos magistrados. (GOMES, 2010). 
A grande problemática envolvida é que, não basta apenas a ouvida dos fatos por parte do alienante e alienado, mas sim um conjunto de estudos e acompanhamentos em todo o contexto familiar. Caso contrário, haverá dificuldade ou ineficácia em encontrar os melhores instrumentos para combater a alienação parental. (OLIVEIRA; PEREIRA, 2014).
Por parte do Poder Judiciário, tem-se a priorização na tramitação dos processos que caracterizem Alienação Parental, cabendo à este, medidas de coibição dos atos alienantes e proporcionando o convívio do alienado com ambos os genitores. (NUSKE; GRIGORIEFF, 2015).
Além de conceituar a Alienação Parental, a Lei 12.318/10 define os métodos processuais para serem aplicados em casos enquadrados nos artigos especificados. (SILVA, 2011). É dever do Poder Judiciário e do Ministério Público agirem de forma eficaz, aplicando a lei da Alienação Parental, a fim de proporcionar aos afetados o bem-estar e garantir seus direitos. (OLIVEIRA; PEREIRA, 2014).
Como comparação, “Na justiça estrangeira, tal como na brasileira, busca-se encontrar nos julgamentos judiciais o melhor interesse da criança e, uma vez provada alienação parental, atitudes diversas são adotadas como forma de coibi-la”. (GOMES, 2010. p. 85). Importante ressaltar que todas as providências tomadas pelo Judiciário serão tomadas de acordo com a gravidade dos fatos. (FERNANDES, 2013).
Muitas são as maneiras que os magistrados podem-se utilizar para coibir aalienação parental. Dentre as mais comuns e eficazes estão: realização de terapia familiar, alteração de guarda, exigência do correto cumprimento de visitas, ou, dependendo da gravidade do caso, determinar a prisão do alienante. (FONSECA, 2009).
“Muito embora, no Direito Brasileiro, a oposição de impedimento ao exercício do direito de visitas não seja considerada crime [...], [...], o apenamento pode vir alicerçado no descumprimento de ordem judicial, delito contemplado no art. 330 do Código Penal.” (FONSECA, 2009, p. 58).
Insta salientar que o abuso do poder familiar gera responsabilidade civil, afetando a criança e o genitor alienado. Isso ocorre porque, o alienado, mesmo ansiando pela participação na vida do filho, tem seu direito lesado. (LELIS; VANDERLEY, 2014).
O Dano Moral pode ser aplicado diante do abuso afetivo, que transgrede os direitos fundamentais, prejudicando a convivência familiar e a relação afetiva entre um dos genitores e o filho. (LELIS; VANDERLEY, 2014).
Considerando-se todo o sofrimento causado ao genitor alienado e à criança, não restam dúvidas que a indenização por dano moral é cabível em casos de Alienação Parental, por consequência das ações ilícitas praticadas pelo alienante. (LELIS; VANDERLEY, 2014). As formas mais comuns de reversão da Alienação Parental são divididas em fases:
A primeira delas consiste da criança já em uma causa de transição, sem qualquer contato com o alienador e restabelecendo o contato com o genitor alienado, através de visitas longas em aumento em gradação e frequentas, conforme forem ambos se adaptando. A segunda fase implica que, após as visitas mais duradouras, a criança considere viver ali por definitivo com o alienado, sem convívio com o alienador. Na terceira fase, a criança passa a viver com o genitor alienado, ainda sem o mínimo contato com o genitor alienado, e na tentativa de contato, desse, se houver, deverá ser punida. Na quarta fase, há o contato telefônico do alienador com a criança, na condição de que o intuito seja não possibilitar a manipulação e sim o seu controle. Na fase quinta, a visita entre o alienador e o filho é na casa do alienado, sob vigilância, controlando a animosidade; Por fim, na última fase, se restabelecendo o alienador, volta a possuir o direito de visitas ao filho na casa do alienador, a princípio sob acompanhamento e controladas. (SILVA, 2011, p. 328-329).
Uma das soluções jurídicas mais eficazes para evitar-se a instalação da Síndrome da Alienação Parental, é a imposição da guarda compartilhada, onde os dois genitores presenciarão o desenvolvimento do filho de forma igualitária, diminuindo os riscos de afastamento de um dos pais. (SILVA, 2011).
Imperioso ressaltar que é estabelecido por Lei que o Poder Familiar seja compartilhado entre os pais, visando a melhor qualidade de vida e um desenvolvimento saudável da prole. (LELIS; VANDERLEY, 2014). Diante do exposto,
[...], a guarda compartilhada surge como forma de garantir o direito fundamental da criança à convivência familiar, tendo em vista que prevê o compartilhamento das responsabilidades inerentes ao filho, e assim buscando a participação de ambos os genitores na vida deste. (NUSKE; GRIGORIEFF, 2015, p. 84).
O ambiente escolar também deve estar adequado para a presença da criança, devendo à Instituição de Ensino as tomadas de medidas facilitadoras ao progresso do infante. (NUSKE; GRIGORIEFF, 2015). 
7. CONCLUSÃO
Como já exposto anteriormente, a família é o âmago da sociedade, sendo imprescindível uma relação harmônica entre os familiares. Essa consonância visa a preservação da saúde física e emocional de todos os componentes, sendo fundamental para a construção de um ambiente saudável para as crianças. 
O que ocorre, inúmeras vezes, é totalmente contrário ao conceito de preservação familiar. Em muitos casos onde há a separação do casal, um dos cônjuges busca métodos de destruição da imagem do outro, implantando falsas verdades na mente dos filhos. 
Tudo isso ocorre porque, em grande parte dos casos de separação, existem sentimentos reprimidos de mágoa e ódio advindos da relação. Diante disso, o genitor descontente com os fatos desencadeia um perfil de alienador, coagindo os filhos a odiarem o outro genitor. 
Considerando-se todo o exposto, o Poder Judiciário é incumbido a interferir nas ações alienadoras, a fim de preservar os direitos de personalidade dos filhos e do alienado. Cabe aos magistrados e profissionais envolvidos a análise específica dos casos, a fim de encontrar a melhor solução para os conflitos. 
Nota-se que, até o presente momento, a guarda compartilhada tem sido o meio mais eficaz de se reverter os casos de Alienação Parental, haja vista a possibilidade de convivência dos filhos com ambos os pais. Contudo, há casos mais graves onde se proíbe a aproximação entre o alienador e os filhos. 
O que intriga muitos estudiosos é a capacidade inescrupulosa dos alienadores em prejudicar o crescimento saudável de seus filhos. O que ocorre constantemente é o sentimento egoísta da mãe/pai em ter apenas para si a atenção da prole. Com isso, fazem-se necessários mais estudos psicológicos acerca dos reais distúrbios emocionais presentes no perfil alienador. 
Por fim, os casos de Alienação Parental, por serem muito peculiares, tendem a provocar curiosidade na sociedade. Sendo assim, fica clara a necessidade de mais esclarecimentos acerca do problema. Com isso, pode-se contribuir para um diagnostico mais preciso e precoce dos fatos, o que é fundamental para a preservação da convivência entre pais e filhos. 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERNANDES, Nathália Nayara Soares. A Síndrome da Alienação Parental diante do Divórcio dos Pais: Uma perspectiva à luz da Lei 12.318/10. Revista Direito & Dialogicidade, [S.L], v. 4, n. 1, s.p., jul. 2013.
FONSECA, Priscila Maria Pereira Corrêa da. Síndrome da Alienação Parental. Revista do CAO Cível, Belém, PA. ano 11. n. 15. p. 49-60. dez. 2009. 
GOMES, Acir de Matos. Alienação Parental: uma violência complexa com efeitos devastadores. Revista Jurídica da Universidade de Franca, Franca, SP: Unifran, v. 20, cap. 4, p. 69-87, 2010.
LELIS, Acácia Gardênia Santos; VANDERLEY, Hortência Maria Machado. O Abuso afetivo decorrente da Alienação Parental e a responsabilização pelo dano moral. Interfaces Científicas, Aracaju, v. 3, n. 1, p. 73-86, out. 2014.
NUSKE, João Pedro Fahrion; GRIGORIEFF, Alexandra Garcia. Alienação parental: complexidades despertadas no âmbito familiar. Pensando fam., Porto Alegre, v. 19, n. 1, p. 77-87, jun. 2015
OLIVEIRA, Rodrigo Rios Faria de; PEREIRA, Leni De Souza. A Síndrome da alienação parental na disputa da guarda. Revista científica da FAEX, Vila Rica, MG. ano 3. p. 31-45, 2014.
SCOTT, Juliano; CEZNE, Graziela. A prática do advogado familiarista: contribuições da psicologia. XV Simpósio e Ensino, Pesquisa e Extensão: UNIFRA, Santa Maria, p. 1-10, 2011.
SILVA, Gabriela Cristina Da. Lei 12.318/08/10: Instrumento de proteção de direitos da criança ou adolescentes frente aos perigos da alienação parental. Revista da ESMESC, Itajaí, v. 18, n. 24, p. 321-337, 2011.

Continue navegando