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1 Iana Barbosa Martins – MED 31 SOI II A composição iônica observada até hoje no meio intracelular da maioria dos seres vivos são as elevadas concentrações de potássio e magnésio, e baixas as de sódio e cálcio. A regulação da dependência com relação aos minerais do meio ambiente passou a se fazer através de órgãos como o intestino, os rins e o osso, bem como de hormônios, como o paratormônio (PTH) e a vitamina D [1,25(OH)2D3]. O osso é um tecido dinâmico, complexo, influenciado por fatores fisiológicos, nutricionais e físicos, como estresse mecânico e atividades físicas. Serve de reserva metabólica de cálcio e fósforo no organismo, os quais podem ser mobilizados durante alterações da homeostase. O osso é constituído aproximadamente por 70% de minerais, 20% de matriz orgânica e cerca de 10% de água, o que o diferencia de outros tecidos conjuntivos menos rígidos. A matriz mineral ou inorgânica é formada predominantemente por Ca e P, na forma de cristais de hidroxiapatita, Ca3(PO4)2, constituindo aproximadamente 60 a 70% do peso do osso e sendo responsável pelas propriedades de rigidez e resistência à compressão. Outros minerais também são encontrados, como 13% de carbonato de Ca (CaCO3), e 2% de fosfato de magnésio, Mg(PO4)2 Tecido multifuncional, metabolicamente muito ativo, constituído por uma população heterogênea de células, em diferentes estágios de diferenciação celular. Está em equilíbrio dinâmico, com regulação da mobilização e deposição mineral. Tecido que sofre um processo contínuo de renovação e remodelação. Esta atividade é consequência da atividade de dois tipos celulares principais, característicos do tecido ósseo: os osteoblastos e os osteoclastos. Um terceiro tipo celular, os osteócitos, derivados dos osteoblastos, são metabolicamente menos ativos, e sua função menos conhecida. O processo de remodelação óssea desenvolve-se com base em dois processos antagônicos, mas acoplados: a formação e a reabsorção ósseas. O acoplamento dos dois processos permite a renovação e remodelação ósseas e é mantido a longo prazo por um complexo sistema de controle que inclui: hormônios, fatores físicos e fatores humorais locais. Uma série de condições como idade, doenças ósteo- metabólicas, mobilidade diminuída, ação de algumas drogas, etc., podem alterar este equilíbrio entre formação e reabsorção, levando ao predomínio de um sobre o outro. Nutrientes presentes em menores quantidades nas dietas e minerais são fundamentais para o funcionamento das rotas metabólicas. O esqueleto contém 99% do Ca do organismo e funciona como uma reserva desse íon, cuja concentração no sangue (calcemia) deve ser mantida constante, para o funcionamento normal do organismo. O Ca do plasma sanguíneo e o dos ossos interagem entre si: o Ca absorvido da alimentação e que faria aumentar a concentração sanguínea deste íon é depositado rapidamente no tecido ósseo, e, inversamente, o Ca dos ossos é mobilizado quando diminui sua concentração no sangue. Há dois mecanismos de mobilização do Ca depositado nos ossos. 1º Transferência dos íons dos cristais de hidroxiapatita para o líquido intersticial, do qual o cálcio passa para o sangue. Mecanismo favorecido pela grande superfície dos cristais de hidroxiapatita e tem lugar principalmente no osso esponjoso. As lamelas ósseas mais jovens, pouco calcificadas, que existem mesmo no osso adulto, devido à remodelação contínua, são as que recebem e cedem o Ca++, com maior facilidade. Essas lamelas são mais importantes na manutenção da calcemia do que as lamelas antigas, muito calcificadas e cujos papéis principais são de suporte e proteção. 2º De ação mais lenta, decorre da ação do paratormônio (PTH), sobre o tecido ósseo, causando um aumento no número de osteoclastos e reabsorção da matriz óssea, com liberação de fosfato de Ca e aumento da calcemia. 2 Iana Barbosa Martins – MED 31 SOI II A concentração de (PO4) 3- não aumenta no sangue, porque o próprio paratormônio acelera a excreção renal dos íons fosfato. O paratormônio atua sobre receptores localizados nos osteoblastos, que em resposta a esse sinal, deixam de sintetizar colágeno e iniciam a secreção do fator estimulador de osteoclastos. A calcitonina, produzido pelas células parafoliculares da tireóide, inibe a reabsorção da matriz e, portanto, a mobilização de Ca. A calcitonina tem um efeito inibidor sobre os osteoclastos. PARATORMONIO Um efeito muito mais conhecido e evidente do PTH consiste na ativação dos osteoclastos. No entanto, os osteoclastos não têm receptores proteicos em suas membranas para o PTH. Em vez disso, acredita-se que os osteoblastos e os osteócitos ativados emitam “sinais” secundários para os osteoclastos. Um sinal secundário importante é o RANKL, que ativa receptores nas células préosteoclastas e as transforma em osteoclastos maduros, que começam sua tarefa habitual de engolfamento do osso em semanas ou meses. A ativação do sistema osteoclástico ocorre em dois estágios: 1. Ativação imediata dos osteoclastos já formados. 2. Formação de novos osteoclastos. Alguns dias de excesso de PTH costumam levar ao desenvolvimento satisfatório do sistema osteoclástico, mas esse crescimento pode continuar durante meses sob a influência de intensa estimulação por tal hormônio. CALCITRIOL A formação da vitamina D: 1. inicia na pele, com a conversão do 7–de– hidrocolesterol em vitamina D3 (colecalciferol) pela radiação ultravioleta. 2. Na sequência, sofre nova hidroxilação, sendo transformada em 25–OH–D (calcidiol) no fígado. 3. Por último, em 1,25OHD3 (calcitriol) no rim. A enzima responsável por essa última conversão (25–OH–D–1–α–hidroxilase) tem sua transcrição ativada pelo paratormônio (PTH), que é secretado pela paratireoide em resposta à diminuição dos níveis séricos de cálcio e também de níveis séricos muito baixos de fosfato. O calcitriol estimula a absorção intestinal de cálcio e fosfatos e, em conjunto com o PTH, estimula a produção e secreção de uma citocina conhecida como RANKL (ativador do receptor do fator nuclear κ-B), que exerce papel fundamental na osteoclastogênese e ativação dos osteoclastos gigantes que induzem a reabsorção óssea. CALCITONINA A calcitonina diminui a concentração sanguínea do cálcio iônico com rapidez, começando dentro de minutos após a entrada desse hormônio peptídico, pelo menos por dois modos: 1. O efeito imediato consiste na redução das atividades absortivas dos osteoclastos e possivelmente do efeito osteolítico da membrana osteocítica por todo o osso, desviando o equilíbrio em favor da deposição de cálcio nos sais cálcicos ósseos intercambiáveis. Esse efeito é particularmente significativo em animais jovens, em decorrência do rápido intercâmbio de cálcio absorvido e depositado. 2. O segundo e mais prolongado efeito da calcitonina baseia-se na diminuição da formação de novos osteoclastos. Além disso, como a ressorção osteoclástica do osso leva, secundariamente, à atividade osteoblástica, o declínio da quantidade de osteoclastos é seguido pela queda do número de osteoblastos. Por essa razão, o resultado efetivo é a redução nas atividades osteoclástica e osteoblástica, por longo período, e, portanto, efeito pouco prolongado na concentração plasmática do cálcio iônico. Ou seja, o efeito no cálcio do plasma é basicamente transitório, durando, no máximo, algumas horas ou alguns dias. A osteogênese é um processo de formação óssea por osteoblastos de origem mesenquimal, seguido de mineralização da matriz extracelular (ossificação). Às vezes referida como osteogênese, a ossificação é o desenvolvimento do osso dentro do sistema ósseo. 3 Iana Barbosa Martins – MED 31 SOI II Tem início no desenvolvimento fetal a partir do 4º mês e continua depois do parto e é completada na adolescência. Essencialmente, a calcificação envolve a formação de cristaisde cálcio e sais dentro das células e tecidos. Isso significa que a calcificação ocorre como uma parte do processo de ossificação. No entanto, não leva em conta todo o processo e, portanto, não pode ser considerado sinônimo de osteogênese. O processo toma duas formas gerais, uma para o osso compacto, que constitui cerca de 80% do esqueleto, e a outra para o osso esponjoso, incluindo partes do crânio, das omoplatas e das extremidades dos ossos longos. A maioria dos ossos curtos tem um único centro de ossificação perto do meio do osso. Os ossos longos dos braços e pernas normalmente têm três, um no centro do osso e um em cada extremidade. São dois processos básicos de formação de tecido ósseo: a ossificação endocondral e a intramembranosa. No embrião, a formação óssea começa no mesênquima. Desenvolvimento endocondral/intracartilaginosa: no caso de um modelo de cartilagem servir de precursor do tecido ósseo que será formado. Ossos curtos e longos predomina desenvolvimento endocondral. Desenvolvimento intramembranosa: se o osso for formado sem a intervenção de um precursor cartilaginoso. Ossos chatos predominam desenvolvimento intramebranoso. Ambos ossificação endocondral e intramembranosa produzem osso imaturo, que sofre um processo de reabsorção óssea e deposição chamada remodelação óssea para produzir osso maduro. Os osteoblastos secretam o osteoide nesta membrana para formar uma rede esponjosa de processos ósseos chamados trabéculas. A nova formação óssea irradia para fora dos centros de ossificação na membrana. Este processo é chamado de ossificação intermembranosa. Existem vários centros de ossificação no crânio. Ao nascer, a formação óssea é incompleta e os pontos moles podem ser sentidos entre esses centros. As linhas onde o novo osso dos centros adjacentes encontra suturas cranianas visíveis na superfície do crânio adulto. A ossificação intramembranosa forma ossos chatos e irregulares. 1. Nesse processo, as células mesenquimais diferenciam-se diretamente em osteoblastos, células especializadas que secretam matriz óssea. 2. À medida que os osteoblastos ficam alojados dentro da matriz secretada por eles, ficam progressivamente mais distantes uns dos outros, embora permaneçam conectados através de processos citoplasmáticos finos. 3. Os osteoblastos diferenciam-se em osteócitos e seus processos estão contidos dentro de canalículos à medida que a matriz se torna calcificada. 4. À medida que o tecido ósseo se desenvolve, os osteoblastos criam uma rede de trabéculas e espículas. 5. Concomitantemente, mais células mesenquimatosas vizinhas diferenciam-se em células osteoprogenitoras e entram em contato com espículas ósseas recém-formadas. Essas células se tornarão osteoblastos, 4 Iana Barbosa Martins – MED 31 SOI II secretarão mais matriz e continuarão a gerar osso. Este processo é referido como crescimento aposicional. Esse processo em que a maior parte do esqueleto se desenvolve primeiro como um padrão ou modelo cartilagíneo, e então a cartilagem deste modelo é gradualmente substituída por osso. Células do tecido conjuntivo especializadas chamadas osteoblastos secretam um material de matriz chamado osteóide, uma substância gelatinosa composta de colágeno, uma proteína fibrosa e mucopolissacarídeo, uma cola orgânica. Logo após o osteóide ser depositado, sais inorgânicos são depositados nele para formar o material endurecido, reconhecido como osso mineralizado - calcificação. As células da cartilagem morrem e são substituídas por osteoblastos agrupados em centros de ossificação. CENTRO PRIMÁRIO 1. Forma-se um modelo de cartilagem do osso. 2. As células mesenquimatosas condensam e diferenciam-se em condrócitos, formando o modelo de cartilagem hialina. 3. A hipertrofia dos condrócitos e a matriz extracelular que os rodeia tornam-se calcificadas. 4. Os vasos sanguíneos invadem o centro do modelo de cartilagem e fazem com que o pericôndrio se diferencie em periósteo. Quando isso ocorre, as células condrogênicas convertem- se em células osteoprogenitoras. 5. As células osteoprogenitoras convertem-se, então, em osteoblastos. 6. A matriz óssea secretada pelos osteoblastos forma um colar perióstico. O colar perióstico impede que os nutrientes atinjam os condrócitos hipertrofiados, levando-os a degenerar. 7. Osteoclastos, células que destroem osso, chegam e formam buracos no colar perióstico, permitindo a passagem de botões osteogênicos. Os botões osteogênicos consistem em vasos sanguíneos, células osteoprogenitoras e células hemopoiéticas. 8. As células osteoprogenitoras trazidas para o osso em desenvolvimento através dos botões osteogênicos dividem-se, formando mais células osteoprogenitoras. Algumas dessas células se diferenciarão em osteoblastos que continuarão a formar matriz óssea na superfície da cartilagem calcificada. 9. À medida que a matriz óssea se calcifica, forma- se o complexo ósseo calcificado de cartilagem calcificada. 10. O colar perióstico continua a crescer em ambos os sentidos, em direção às epífises, e os osteoclastos reabsorvem o complexo ósseo calcificado de cartilagem calcificada para alargar a cavidade medular. CENTRO SECUNDÁRIO Encontrados nas epífises de ossos longos. Este processo é semelhante ao do centro primário de ossificação, mas ocorre sem um colar perióstico. Em vez disso, as células osteoprogenitoras entram na cartilagem epifisária, diferenciam-se em osteoblastos e secretam matriz na estrutura da cartilagem. Os ossos longos aumentam de comprimento nos centros secundários de ossificação. CRESCIMENTO EM COMPRIMENTO O crescimento ósseo em comprimento ocorre nas epífises. Sob um microscópio, podem ser vistas cinco zonas de ossificação nas epífises. • Zona de cartilagem de reserva - Esta zona, mais distante da diáfise, é caracterizada por condrócitos mitoticamente ativos dispostos aleatoriamente. • Zona de proliferação - Os condrócitos estão proliferando e formam grupos isógenos em fileiras orientadas paralelamente ao eixo mais longo do osso. • Zona de hipertrofia - Aqui, as células movem-se em direção à diáfise, hipertrofiam, amadurecem e coletam glicogênio dentro do seu citoplasma. À medida que migram, os condrócitos sofrem apoptose. • Zona de calcificação - Os ións de cálcio trazidos para a epífise através dos vasos sanguíneos calcificam a matriz da cartilagem ao redor dos condrócitos que estão morrendo. Embora seja calcificada, esta zona ainda não é tecido ósseo. • Zona de ossificação - Nesta zona, células osteoprogenitoras chegam e tornam-se osteoblastos. Os https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/histologia-da-cartilagem-hialina 5 Iana Barbosa Martins – MED 31 SOI II osteoblastos secretam matriz óssea na cartilagem calcificada. O tecido ósseo é formado aqui à medida que a matriz se torna calcificada. 6 Iana Barbosa Martins – MED 31 SOI II Os sais minerais cristalizam primeiro nos espaços microscópicos entre as fibras de colágeno. Após o preenchimento dos espaços, cristais minerais se acumulam ao redor das fibras de colágeno. A combinação dos cristais com as fibras é responsável pelas características do osso. Os sais minerais inorgânicos cristalizados dão solidez e as fibras de colágeno flexibilidade e juntamente com outras moléculas orgânicas, elas conferem resistência à tração (resistência ao estiramento ou separação). Magnésio, zinco, cobre e manganês merecem destaque dentre os minerais que participam ativamente da calcificação. A principal interação entre os minerais para uma boa formação óssea está entre o cálcio e o magnésio. 99% do cálcio corporal está nos ossos, 60% do magnésio também está na massa óssea. A relação entre Ca e Mg vai alémda composição óssea, já que uma deficiência de ingestão de magnésio leva à má absorção do cálcio ingerido. O zinco participa da formação óssea, segundo estudos, estimulando osteoblastos (célula que leva cálcio para o osso) e inibindo a formação de células osteoclásticas (que retiram cálcio do osso para o sangue). O manganês e o cobre promovem a formação de cartilagem e tecido conjuntivo. ONDE PODEM SER ECONTRADOS Cálcio pode ser encontrado no leite e derivados, sardinha e folhas escuras (espinafre e couve), o magnésio é obtido em vegetais folhosos, legumes, frutos do mar, nozes, cereais e também nos derivados do leite. “O zinco pode ser encontrado em alimentos como o fígado e a carne vermelha; o manganês em amêndoas, amendoins, aveia, arroz integral; e o cobre na semente de linhaça, fígado, castanha de caju. A quantidade de densidade mineral óssea (DMO) adquirida durante a infância e a adolescência pode ser determinante para reduzir o risco de osteoporose no futuro. Esse fato está relacionado com o pico de massa óssea, que pode ser alcançado ao final da adolescência, sendo que a DMO do colo do fêmur pode chegar ao seu máximo antes que os outros sítios ósseos1,2. Portanto, a identificação de mecanismos que otimizem o ganho de DMO durante a adolescência pode ser a melhor resposta para a prevenção da osteoporose. A densitometria óssea é uma modalidade de Diagnóstico por Imagem que determina a Densidade Mineral Óssea de uma ou mais regiões anatômicas do paciente permitindo o diagnóstico de doenças ósseas metabólicas e endócrinas que envolvem alterações na auto-regulação dos sais inorgânicos, cálcio e fósforo, no corpo humano. A osteoporose é um exemplo de doença metabólica, independentemente de sua causa, passível de detecção por este método diagnóstico que permite ainda a avaliação da resposta a um dado tratamento. https://cuidadospelavida.com.br/saude-e-tratamento/doencas-dos-ossos/falta-calcio-alimentacao-ossos https://cuidadospelavida.com.br/saude-e-tratamento/doencas-dos-ossos/calcio-importancia-durante-fases-da-vida
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