Buscar

PNAN resenha

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIFTC
RESENHA DE ARTIGO
 Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) : avaliação da implantação de programas em municípios baianos
AUXILIADORA COELHO
04/04/2021
Juazeiro - BA.
LMS Souza e SMC Santos. Política Nacional de Alimentação e Nutrição: avaliação da
implantação de programas em municípios baianos. Salvador: Demetra ; 2017; 137-155. 
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) criado em 1999 e atualizada em 2011, é vinculada ao Ministério da Saúde e ao SUS e engloba um conjunto de programas de caráter interdisciplinar e intersetoriais que buscam integrar as diversas ações para o enfrentamento dos agravos nutricionais e as questões relativas a Segurança Alimentar e Nutricional(SAN) e do Direito Humano à Alimentação Adequada. Desse modo, propõe uma série de programas e ações em diferentes vertentes, que vão da promoção da saúde ao cuidado integral aos agravos nutricionais instalados.
Tem por pressupostos os direitos à saúde e à alimentação e é orientada pelos princípios doutrinários e organizativos do SUS (universalidade, integralidade, equidade, descentralização, regionalização e hierarquização e participação popular), aos quais se somam os princípios: alimentação como elemento de humanização das práticas de saúde; respeito à diversidade e à cultura alimentar; fortalecimento da autonomia dos indivíduos; determinação social e a natureza interdisciplinar e intersetorial da alimentação e nutrição; e Segurança Alimentar e Nutricional com soberania.
Para alcance de seu propósito, a PNAN traz um conjunto de diretrizes que norteiam a organização e oferta dos cuidados relativos à alimentação e nutrição no SUS, que devem contribuir para a conformação de uma rede integrada, resolutiva e humanizada de cuidados, sendo elas: Organização da Atenção Nutricional; Promoção da Alimentação Adequada e Saudável; Vigilância Alimentar e Nutricional; Gestão das Ações de Alimentação e Nutrição; Participação e Controle Social; Qualificação da Força de Trabalho; Controle e Regulação dos Alimentos; Pesquisa, Inovação e Conhecimento em Alimentação e Nutrição. 
 Dentro da diretriz : Organização da Atenção Nutricional , é utilizada para monitoramento da situação alimentar e nutricional da população o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) e outros sistemas de informação em saúde para identificar indivíduos ou grupos que apresentem agravos e riscos para saúde, relacionados ao estado nutricional e ao consumo alimentar. Para este diagnóstico, o SISVAN contém o registro de informações referentes a: disponibilidade de alimentos, consumo alimentar, prática do aleitamento materno e complementado ,estado nutricional por antropometria, doenças relacionadas a nutrição (DCNT, desnutrição, anemia, dentre outras).
	 A SAN é, ao mesmo tempo, uma diretriz e um princípio da PNAN, pois se trata de um elemento transversal em suas ações. Visto que uma das motivações para a criação da PNAN foi assegurar a Segurança Alimentar e Nutricional. Da mesma forma, objetivando o alcance da intersetoralidade, a PNAN deve interagir com a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN) e outras políticas de desenvolvimento econômico e social, ocupando papel importante na estratégia de desenvolvimento das políticas de SAN, principalmente em aspectos relacionados ao diagnóstico e vigilância da situação alimentar e nutricional e à promoção da alimentação adequada e saudável. Assim, essa perspectiva sugere fortemente a conjunção de esforços e articulação entre ambos os programas para a promoção da saúde e de SAN.
A atenção básica à saúde é o local primordial para o desenvolvimento das ações e programas do PNAN, organizados e implantados juntamente com o SUS e de forma descentralizada. Dessa forma, a implementação da política é de responsabilidade das três esferas do governo- federal, estadual e municipal, sendo no contexto local que a proposta se efetiva.
 Foi avaliada a implantação dos programas e ações da PNAN, sendo eles: Programa Nacional de suplementação de Ferro e Ácido Fólico; Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A; ANDI: Atenção Nutricional a Desnutrição Infantil; EAAB: Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil; SISVAN: Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional; EAN: Educação Alimentar e Nutricional; PBF: Acompanhamento das condicionalidades de saúde do Programa Bolsa Família; PSE: Programa Saúde na Escola; NutriSUS: Estratégia de fortificação da alimentação infantil com micronutrientes em pó; ANAE: Atenção às Necessidades Alimentares Especiais; Lc: Linha de Cuidado para pessoas com doenças crônicas- obesidade.
Dessa forma, este artigo objetiva-se avaliar a implantação de programas da PNAN em municípios baianos e relacioná-los a indicadores sócio demográficos. Portanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa-quantitativa em 55 munícipios do total de 417 municípios baianos, através de entrevistas semiestruturadas com informantes-chave e questionário estruturado on-line com gestores locais. Cada programa/ação foi investigado a partir das seguintes variáveis: presença/ausência dos programas, financiamento local das ações, local de realização (se realizado em todas as unidades de saúde), prática de planejamento e avaliação das ações. Assim, as ações do âmbito municipal foram então avaliadas quanto ao grau de implantação e os resultados foram associados com indicadores sócios demográficos, com uso de testes estatísticos.
Os programas de maior tempo de existência apresentaram maior porcentual de implantação satisfatória nos municípios com relação às ações/programas mais recentes, o que indica um movimento positivo de consolidação das ações. No entanto, considerando este mesmo critério, ações de maior tempo deveriam indicar um maior porcentual de implantação completa, o que não foi observado. Já as propostas de menor tempo de criação tiveram altos valores de não implantação, indicando baixa adesão às novas iniciativas. Isso ocorre devido à descentralização das políticas públicas, o qual a nível federal está tudo devidamente esquematizado, mas não há garantia prática do seu cumprimento a nível local, devido a autonomia dos Municípios no que se refere a Implantação das ações da PNAN. Assim, é notório o distanciamento entre uma proposta central de política e sua expressão em instâncias locais – onde são executadas –, a exemplo das linhas de cuidado para atenção aos casos de desnutrição e obesidade.
Levando em conta os elementos utilizados para classificar a implantação, o planejamento e a avaliação apresentaram-se como entraves, como práticas pouco incorporadas. No Brasil, tem-se que o planejamento e a avaliação ainda são escassos na administração pública. O planejamento, quando acontece, ainda é visto como etapa burocrática distante da realidade, e a avaliação, como instrumento de apoio à gestão na melhoria do processo decisório, são pouco utilizadas.
Foi constatado também no que tange as ações de alimentação e nutrição, que os municípios têm priorizado ações para condições já instaladas de distúrbios nutricionais em detrimento daquelas que promovam um estilo de vida e alimentação saudável, ou seja, são priorizadas o tratamento de agravos a promoção e prevenção de saúde.
A associação positiva encontrada entre maior IDHM e maior porcentual médio de excesso de peso, com a existência dos programas NutriSUS e de Atenção às Necessidades Alimentares Especiais nos municípios, pode estar relacionada a uma melhor condição econômica dos municípios, na medida em que são ações que demandam investimento local. O NutriSUS prevê a criação de creches em tempo integral, bem como ações de atenção às necessidades, prevê a compra ou o financiamento de alimentos para públicos especiais, a exemplo dos portadores de intolerâncias alimentares.
Houve também a maior presença do acompanhamento da condicionalidade de saúde do programa Bolsa Família em municípios com maior cobertura da ESF, confirmado que a atenção básica é o espaço onde esta ação acontece. 
A associação entre a baixa presençado Programa de Atenção Nutricional à Desnutrição Infantil (ANDI) e os municípios com ISAN grave pode indicar um baixo investimento em políticas sociais e/ou incapacidade econômica, o que tem repercutido na situação de ISAN dos municípios, bem como na própria prevalência de desnutrição entre crianças, indicador e resultado da ISAN. Tem-se que a medida de Segurança Alimentar esteve diretamente relacionada com as condições socioeconômicas das famílias.
O Programa Nacional de Suplementação de Ferro esteve relacionado ao maior porcentual médio de crianças com magreza. Ao contrário do que possa parecer, tal resultado pode estar associado a maior implantação do programa em municípios onde há maior vulnerabilidade social. Já sobre as ações de Educação Alimentar e Nutricional essa associação foi contrária, estando menos presente quanto maior for o porcentual médio de crianças com magreza. Destaca-se que a EAN é um meio com vistas ao alcance da Segurança Alimentar e Nutricional, abarcando ações que visam reduzir as diversas manifestações de insegurança alimentar.32 Nesse sentido, a ausência dessas ações, junto a outros determinantes, pode estar relacionada com o maior porcentual de crianças com magreza.
Considerando a experiência brasileira de descentralização, a ausência de indução e de incentivos da esfera federal pode ser um fator relacionado ao insucesso das ações a serem implantadas. Pelos resultados obtidos neste estudo, e considerando os municípios participantes da pesquisa, permanecem sendo priorizadas as ações de controle de agravos em função de ações que visam à intervenção nos fatores causais e relacionados aos agravos nutricionais. Deste modo, é desafio desenvolver, fomentar e articular ações para cuidado, em um cenário de extrema desigualdade social.
 Dentre as limitações desta pesquisa cientifica, temos o tamanho da amostragem de apenas 55 do total de 417 municípios, pois depende da disponibilidade de gestores na geração de informações. Além disso, ainda há poucas pesquisas sobre a implantação e execução dos programas da PNAN, não sendo possível fazer comparações de resultados com estudos semelhantes.
 Em relação à eficácia da intersetorialidade, é necessário que a articulação dos diferentes setores ocorra em todo o ciclo de planejamento, desde a definição de objetivos comuns, estratégias de ação, definição de metas e recursos para alcança-las, assim como das formas de monitoramento e avaliação. 
 Fazendo um panorama das ações da PNAN aponta avanços e desafios a sua efetivação.
Entre os avanços, cita-se a configuração e o desenvolvimento da vigilância alimentar e nutricional; a produção regular de informações sobre estado nutricional, por meio de pesquisas de base populacional; a construção da agenda de promoção da alimentação saudável; e a capacitação de recursos humanos. Podem ser destacadas como principais desafios a institucionalidade da área, a organização do processo de trabalho, o financiamento e o controle social.
 Por fim, a PNAN é resultante de experiências bem sucedidas e não tão bem sucedidas, pois garantir a efetivação da implantação de todos os programas da PNAN é fortalecer direitos sociais. Para o alcance dessa finalidade, devem ser planejadas estratégias de difusão de iniciativas mais recentes da política, em especial as que propõem formatos não tradicionais de trabalho, a exemplo das linhas de cuidado, ações de Educação Alimentar e Nutricional e formação profissional em redes, e repensados os limites de ações já implantadas há mais tempo.
 REFERÊNCIAS
LMS Souza e SMC Santos. Política Nacional de Alimentação e Nutrição: avaliação da
implantação de programas em municípios baianos. Salvador: Demetra; 2017; 137-155.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimentacao_nutricao.pdf
4

Continue navegando