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Dengue: Definição, Características e Comportamento Epidemiológico

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1 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II 
DENGUE 
Definição e características 
Características 
• Arbovirose vírus transmitidos por artrópodes. 
• O DENV é um representante do grupo B dos 
arbovírus do gênero Flavivirus, pertencente 
à família Flaviviridae. 
• O termo “Vírus da dengue” refere-se a um grupo 
de quatro vírus DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. 
Os sorotipos Den 2 e Den 3 estão associados com 
doença grave, em particular quando ocorrem como 
infecção secundária. 
• A suscetibilidade ao vírus da dengue é universal. 
• Imunidade sorotipo-específica duradoura nos 
acometidos. 
Imunidade simultânea (para os quatro sorotipos) é 
efêmera, em torno de 3 a 5 meses. 
• Na infecção secundária com outro sorotipo, há 
formação de anticorpos parcialmente neutralizante 
e resposta imune celular, o que favorece o aumento 
carga viral, da permeabilidade vascular e da 
coagulopatia, sinais característicos da forma 
hemorrágica da dengue. 
• Fatores de risco individuais determinam a gravidade 
da doença (gravidade do extravasamento 
plasmático) e incluem idade, etnicidade e, 
possivelmente, comorbidades e infecção secundária 
(prévia). 
As epidemias são associadas com alteração do sorotipo 
predominante. 
• O período de incubação varia de 4 a 10 dias, sendo 
em média de 5 a 6 dias. 
• Os vetores são mosquitos do gênero Aedes. 
A espécie Aedes Aegypti é a mais importante na 
transmissão da doença, pode transmitir o vírus da 
febre amarela, Chikungunya e Zika. 
• A transmissão se dá pela picada da fêmea do A. 
aegypti. 
• Após a inoculação viral, ocorre a viremia, com 
disseminação viral e início dos sintomas. 
 
Definição 
Doença febril aguda, de etiologia viral (febre de quebra 
ossos ou febre da dengue) com clinica complexa e 
diversa. 
É uma das mais importantes arboviroses com caráter 
endêmico e a principal que afeta o homem, ocorrendo 
em mais de 100 países com crescente incidência. 
Não fatal, autolimitada, podendo ocorrer em infecções 
primárias e secundárias. 
Condições do meio ambiente dos países tropicais e 
subtropicais favorecerem o desenvolvimento do vetor. 
Devido a gravidade da doença, todo caso suspeito deve 
ser notificado à Vigilância Epidemiológica, para adoção 
de medidas de redução da circulação viral, promovendo 
controle e prevenção. 
 
Quadro clínico 
• Os pacientes costumam desenvolver febre alta 
súbita: a fase febril aguda dura cerca de 2-7 dias e 
pode ser acompanhada de rubor facial, eritema 
cutâneo, dor generalizada pelo corpo, mialgia, 
atralgia e dor de cabeça (retro orbitária). 
Alguns pacientes podem apresentar hiperemia 
conjuntival (olhos vermelhos). 
• Anoerexia, náuseas e vômitos são comuns. 
• O período sintomático não ultrapassa 10 dias. 
• Maioria das pessoas se recupera após clinica 
leve/moderada, pequena parte evolui para quadro 
grave, podendo levar óbito. 
Pode ser difícil distinguir, clinicamente, a Dengue 
de outras doenças febris nesta fase inicial. 
As características clínicas do início da infecção são 
indistinguíveis entre os casos graves e não-graves de 
dengue. Portanto, o monitoramento dos sinais de 
alerta é crucial para reconhecer a progressão para a 
fase crítica. 
 
Grupo de risco / gravidade 
• Infecção secundária 
• Idade 
• Doenças crônicas: asma brônquica, anemia 
falciforme, DM. 
• Crianças 
Mais dificuldade de compensar o extravasamento 
capilar e, por isso, maior tendência a desenvolver o 
choque hipovolêmico. 
 
Etiologia 
• O agente etiológico é um vírus RNA, arbovírus 
pertencente ao gênero Flavivírus e à família 
Flaviviridae. 
São conhecidos quatro sorotipos: DENV 1, DENV 2, 
DENV 3 e DENV 4. 
• Cada sorotipo possui genoma de RNA fita simples 
com três proteínas estruturais, “C”, do 
nucleocapsídeo, “M”, associado à membrana e “E”, 
do envelope viral; além de sete proteínas não 
estruturais, NS1, NS2a, NS2b, NS3, NS4a, NS4b e 
NS5. 
O material genético é envolto pela proteína do 
capsídeo e mais externamente pela membrana 
bilipídica da célula hospedeira com a inclusão de 
180 cópias de duas glicoproteínas virais. 
 
2 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II 
 
 
 
Comportamento epidemiológico 
Situa-se entre períodos endêmicos, alternados por 
epidemias de magnitude variada, dependente da 
presença e quantidade do inseto vetor, suscetibilidade 
da população aos sorotipos dos vírus circulantes, a 
quantidade/qualidade de criadouros peri e 
intradomicialiares de mosquito, clima favorável à 
proliferação do artrópode, capacidade de ação efetiva 
das autoridades sanitárias do local e grau de 
conhecimento da população na destruição de possíveis 
focos/criadouros do inseto. Como há enormes carências 
nos países onde o dengue se encontra endêmico, é fácil 
compreendê-la como endemia alternada com surtos de 
ocorrência quase matematicamente cíclica. 
 
Ciclo evolutivo 
Ciclo evolutivo do vetor se completa em um período de 
10 a 13 dias. 
As espécies do inseto vetor são Aedes aegypti e o Aedes 
albopictus, e ele tem preferência para desenvolvimento 
por água parada e limpa 
A fêmea do A. aegypti é o mais eficiente transmissor do 
vírus: altamente antrofílica, pica sem se fazer notar, 
alimenta-se de sangue humano várias vezes antes de 
completar a oogênese e coabita com o homem sua 
residência. 
A transmissão do vírus dengue ao homem é efetivada 
por ocasião de seu repasto sanguíneo, pois a fêmea 
regurgita logo após ingerir alguma quantidade de 
sangue. 
Os mosquitos que não estão portando o vírus poderão 
adquiri-lo picando indivíduos em período de viremia e 
necessitam entre 8 a 12 dias (período de incubação 
extrínseco) para estar aptos a transmitir, daí 
permanecendo por toda sua vida (em torno de 45-60 
dias). 
Sabe-se que a fêmea prenha e infectada pode passar 
verticalmente o vírus à prole (transmissão 
transovariana), embora se desconheça o significado 
epidemiológico desse fato. 
 
Reprodução 
O mosquito se reproduz em recipientes artificiais 
construídos pelo homem no interior das residências ou 
peridomicílio. 
Objetos sólidos de plástico (copos, garrafas), vidro, 
borracha (pneus ao relento), alvenaria (cisternas, caixas 
de água), potes, tonéis, vasos de planta, etc. são os 
principais reservatórios para a proliferação dos 
mosquitos. 
Apenas 10% são criadouros naturais, como troncos de 
árvores e determinadas folhas (bromélias). 
1. As fêmeas depositam seus ovos nestes 
recipientes, contendo água, de preferência 
pouco poluída e à sombra. 
2. Quando maduros e umedecidos, os ovos 
rompem-se liberando as larvas que nadam 
ativamente, passam por quatro estágios 
larvários em 5 a 7 dias, até a transformação em 
ninfas, que precisam de mais 2 a 3 dias para 
atingir a fase adulta, alada. 
3. Por ocasião da oviposição, se o recipiente 
estiver vazio, os ovos podem resistir por mais 
de 350 dias até que a água venha a se fazer 
presente. 
O repasto sanguícola da fêmea adulta é 
preferencialmente realizado no início da manhã (das 5 
às 7 horas) e no final da tarde/princípio da noite (das 17 
às 19 horas). 
 
 
Fisiopatologia e patogenicidade 
1. Após a introdução do inóculo viral durante o 
repasto da fêmea do inseto vetor, os vírus 
multiplicam-se nos linfonodos regionais e em 
seguida caem na circulação sistêmica – período 
de viremia – com um cortejo sintomático 
variável e duração média de 3 a 8 dias. 
2. O clearance viral ocorre após este intervalo de 
tempo, seguindo-se a convalescença por alguns 
dias ou até semanas. 
 
Febre Clássica da Dengue 
 
Sem maiores consequências e sem risco de morte, a 
maioria exibe quadro clínico de dengue clássico (febre 
dengue), enquanto apenas 0,3 a 4% evoluem para a 
FHD, com gravidade maior e, na dependência do 
manejo terapêutico, podem atingir êxito letal. 
 
Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) 
Durante o período febril, observam-se redução 
variáveis de atividade de diferentes fatores de 
coagulação como fibrinogênio, fator V, fator VII, fator 
VIII, fator IX, fator X além da antitrombina e da a2-
plasmatina. Tais alteraçõesjustificam os 
prolongamentos discretos do tempo de protrombina e 
tromboplastina parcial ativada. 
A FHD é resultado de complexos mecanismos entre o 
vírus, a resposta imune do hospedeiro, aspectos 
epidemiológicos e comorbidades. Dentre os fatores 
próprios do vírus, o sorotipo, a variação genotípica e o 
inóculo viral parecem influir no seu determinismo. 
 
 
3 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II 
A teoria proposta por Halsted é a mais aceita e é 
baseada na amplificação imune dependente de 
anticorpo que pode ocorrer na infecção sequencial: 
1. A reinfecção por sorotipo diferente da primo-
infecção que tenha produção de anticorpos não 
neutralizantes, facilita o ingresso de maiores 
quantidades de vírus nas células parasitadas. 
2. Esses anticorpos heterotípicos, não inativam o 
vírus e permitem com eficiência o parasitismo 
celular (fagócitos mononucleares) através de 
receptores para a porção FC da imunoglobulina 
heterotípica, levando a uma infecção maciça. 
3. Com número maior e mais intenso de fagócitos 
parasitados, há exagerada produção de 
citocinas pró-inflamatórias que representam o 
substrato fisiopatológico da disfunção 
endotelial com extravasamento de líquido 
intravascular para o interstício (obrigatório para 
a fase hemorrágica). 
 
Síndrome do Choque da Dengue 
O extravasamento de líquido pode levar a síndrome do 
choque da dengue (SDC), podendo ser fatal devido a 
falência cardiorrespiratória hipovolêmica. 
1. Citocinas envolvidas nesse processo, como fator 
de necrose tumoral (FNT), a interleucina 1 (IL-
2), a interferência gama, IL-6, IL-8 e IL-10 estão 
aumentadas na FHD. 
2. As células endoteliais estimuladas apresentam 
incremento da expressão das moléculas de 
adesão, VCAM1 e ICAM 1. 
3. A ativação do complemento como resultado 
dos complexos imunes e a consequente 
produção de substâncias pro-inflamatórias, 
causadoras de variação da permeabilidade 
vascular, somam-se para resultado final do 
extravasamento plasmático. 
 
Os fenômenos hemorrágicos são comuns, mas não 
obrigatórios na FHD. Eles são devidos a vasculopatia, 
trombocitopenia, disfunção plaquetária, dentre outros. 
A plaquetopenia pode associar-se a alterações na 
megacariocitopoiese, decorrente da infecção de células 
hematopoiéticas e insuficiente crescimento da célula 
progenitora, resultando em disfunção plaquetária, 
sequestração periférica ou consumo aumentado. 
A hemorragia pode ser consequência de trombopenia, 
disfunção plaquetária ou coagulação intravascular 
disseminada (CID). 
O caráter epidemiológico como hiperendemicidade 
(mais de um sorotipo simultaneamente circulante em 
um dado local) e comorbidades, compõem o conjunto 
de fatores que levam à FHD. 
Em percentual reduzido, ainda não bem estabelecido, 
pode haver gravidade por envolvimento de órgãos 
como uma hepatite em graus variados de insuficiência 
hepática, geralmente com elevações consideráveis das 
aminotransferases, afinal trata-se de um Flavivirus, cujo 
protótipo é o da febre amarela; igualmente, há 
possibilidade de miocardite e encefalopatia 
importantes, mesmo na ausência de extravasamento 
plasmático ou choque. 
 
Quadro clínico 
A infecção pode ser assintomática ou causar doença 
cujo espectro inclui desde formas oligossintomáticas 
até quadros graves com choque, com ou sem 
hemorragia, podendo evoluir para o óbito. 
As manifestações clínicas da Dengue, podem ser 
classificadas em três fases: 
 
Fase febril 
• Duração de 2 a 7 dias. 
• Febre alta (39 a 40°C) de início abrupto, associada a 
cefaleia, hiporexia, mialgia, artralgia, prostração, 
astenia, dor retro-orbital, exantema, prurido 
cutâneo, náuseas e vômitos. 
• Pode ocorrer manifestações hemorrágicas leves, 
como petéquias, gengivorragia e epistaxe. 
 
Fase crítica 
• Duração de 1 a 2 dias. 
• Geralmente ocorre entre o 3° e o 7° dia da doença. 
• Período de efervescência da febre 
Aumento da permeabilidade capilar e extravasamento 
do plasma, com consequente aumento nos níveis de 
hematócrito. 
Aumento do hematócrito reflete a gravidade de 
extravasamento do plasma (gravidade de evolução da 
doença). 
• Leucopenia progressiva e diminuição abrupta na 
contagem de plaquetas. 
• Pode ser detectáveis ascite e derrame pleura. 
• Pode haver choque: 
Quando um volume crítico do plasma é perdido através 
do extravasamento. 
Ocorre entre os dias 4 e 5 de doença. 
Geralmente precedido de sinais de alerta (decorre do 
extravasamento, indicativo de dengue grave e choque 
hipovolêmico). 
Choque possui curta duração e pode levar à óbito de 12 
a 24h ou à recuperação rápida após tratamento 
adequado. 
Choque prolongado leva à hipoperfusão de órgãos com 
comprometimento progressivo resultando em acidose 
metabólica e coagulação intravascular disseminada 
(CIVD). 
• CIVD leva a hemorragias graves, com diminuição de 
hematócrito em choque grave. 
 
4 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II 
• Manifestações neurológicas (convulsões e 
irritabilidade) podem estar presentes. 
• Hepatites, encefalites, miocardites ou sangramento 
abundante (gastro e craniano) pode ocorrer. 
 
SINAIS DE ALARME PARA CHOQUE 
• Dor abdominal intensa (à palpação ou referida) e 
contínua. 
• Vômitos persistentes. 
• Acúmulo de líquidos (ascites, derrame pleural, 
derrame pericárdico). 
• Sangramento de mucosa ou outra hemorragia. 
• Hipotensão postural ou lipotimia. 
• Hepatomegalia maior que 2 cm abaixo do rebordo 
costal. 
• Aumento progressivo de hematócrito. 
• Letargia ou irritabilidade. 
 
SINAIS DE GRAVIDADE 
• Sangramento grave 
• Comprometimento de órgãos 
• Taquicardia 
• Extremidades distais frias 
• Taquipneia 
• Pulso fraco e filiforme 
• Enchimento capilar lento (> 2 segundos) 
• PA convergente (< 20mmHg) 
• Oligúria 
• Hipotensão arterial 
 
Fase de recuperação 
• Duração de 2 a 3 dias. 
• Ocorre após 24-48h da fase crítica. 
• Melhora progressiva da disfunção endotelial com 
reabsorção gradual do fluido extravasado. 
• Melhora do estado geral 
Retorno do apetite, diminuição de sintomas 
gastrointestinais, estabilização do estado 
hemodinâmico e retorno da diurese. 
• Alguns pacientes podem apresentar rash cutâneo, 
prurido generalizado, desconforto respiratório ou 
hipotermia e sintomas prolongados. 
 
Diagnóstico 
A infecção tem um espectro de 40% dos casos serem 
assintomáticos ou subclínicos. 
É uma doença com apresentação clínica variável e 
desfecho imprevisível. 
Considera-se caso suspeito uma pessoa que viva em 
área onde se registram casos de dengue, ou que tenha 
viajado nos últimos 14 dias para área com ocorrência de 
transmissão de dengue, com febre entre dois e sete 
dias, e duas ou mais das seguintes manifestações: 
• Náusea, vômitos; 
• Exantema; 
• Mialgias, artralgia; 
• Cefaleia, dor retro-orbital; 
• Petéquias; 
• Prova do laço positiva; 
• Leucopenia. 
 
Classificação 
O dengue sintomático deve ser classificado nos 
seguintes níveis de gravidade: 
 
Dengue sem sinal de alarme 
Relacionada com o início da doença com sintomatologia 
da síndrome febril de curta duração. 
Manifestações mais frequentes: 
• Febre, algias e exantema. 
• Elevação da temperatura abrupta: 
Altas temperaturas nas primeiras 48h e dura de 3 a 7 
dias. 
Podendo ser bifásica e reaparecer após 1 ou 2 dias 
afebris. 
• Defervescência rápida febre: 
Com valores hipotérmicos ou normais, quando acontece 
no período critico (3 e 7 dia) pode referir instabilidade 
hemodinâmica, com choque hipovolêmico. 
Aguardar pelo menos 48h de normalização da 
temperatura para assegurar o fim do período febril e a 
chegada da convalescência. 
• Dores 
Mialgias comprometendo grandes e pequenos grupos 
musculares são mais incomodas que as atralgias. 
Dor retro orbital é a mialgia mais importante. 
• Exantema 
Presente em mais da metade dos acometidos. 
Com aspecto maculopapular, às vezes urticariforme, 
pruriginoso ou não. 
As manifestações cutâneas podem representar 
processo alérgico aos medicamentos bastantes 
prescritos na 1 semana. 
• Astenia,anorexia, disgeusia, náusea, odinofagia, 
artralgias são comuns. 
 
Com sinal de alarme 
Essa forma clinica é registrada no período crítico da 
infecção entre o 3° e 7° dias. 
É considerada com a identificação de um ou mais dos 
sinais de alarme, com sinais, sintomas e achados 
laboratoriais que devem ser muito pesquisados pelos 
profissionais de saúde e identificados pelo próprio 
paciente ou familiares em todos os casos suspeitos de 
dengue. 
• Evolução para extravasamento plasmático. 
• Dor abdominal, localizada no andar superior. 
• Vômitos persistentes. 
 
5 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II 
• Sangramento espontâneo ou provocado pela prova 
do laço. 
• Hepatomegalia dolorosa. 
• Desconforto respiratório 
Possibilidade de derrame pleural. 
• Plaquetopenia associada com hemoconcentração 
Hematócrito acima de 10% do basal. 
 
Dengue grave 
Caracterizado por extravasamento plasmático, 
hemorragia volumosa e/ou disfunção de órgão com 
necessidade de acompanhamento em UTI. 
Embora a evolução para as formas graves pressuponha 
a passagem pelos sinais de alarme, isto não é 
obrigatório. 
A gravidade advém do grande extravasamento do 
plasma, choque hipovolêmico ou acumulo de liquido 
pleural com angustia respiratória, mas também pode 
ser consequência de sangramento volumoso e 
disfunção de órgão como fígado (hepatite), coração 
(miocardite) ou SCN (encefalite, encefalopatia, 
síndrome de Guillan-Barré). 
A instabilidade é normalmente precedida de 
convergência de PA (PAS igual ou menor de 20cm da 
PAD) e hipotensão postural. 
Quando o choque é instalado há: taquicardia, pulso 
fino, cianose, lipotimia, sudorese profunda, agitação ou 
letargia e diminuição da diurese. 
 
 
Os exames específicos que devem ser solicitados: 
Virológico 
• Antes do 5o dia dos sintomas. 
Pesquisa de vírus 
• Isolamento viral, identifica o sorotipo da doença 
circulante. 
• Nos 4 primeiros dias da doença. 
Imuno-histoquímica: 
• Demonstrar antígenos virais nos tecidos. 
Opção diagnóstica principalmente nos casos de morte 
com suspeita de dengue. 
(RT-PCR). 
• Pesquisa de genoma do vírus da dengue por reação 
em cadeia da polimerase de transcrição reversa. 
Pesquisa de antígeno NS1. 
• Pela técnica ELISA, alta especificidade (82 a 100%) 
mas moderada sensibilidade (34 a 72%), teste 
negativo não exclui dengue. 
• Solicitados preferencialmente nos 3 primeiros dias 
da doença 
• 1 dia é o melhor, pois permite resultado antes do 
período crítico da doença. 
Sorológico 
Identificam anticorpos específicos contra o vírus da 
dengue. 
• Teste de neutralização 
• Inibição da hemaglutinação 
• Imunoenzimáticos (ELISA) 
IgM – a partir do 6° dia de doença. 
IgG – após uma semana. 
 
Os exames inespecíficos a serem solicitados são: 
Hemograma 
• Eritrograma: 
Estudo de série vermelha, essencial para demonstrar no 
hematócrito (Ht) extravasamento plasmático, com a 
comprovação de seu aumento durante a evolução da 
doença. 
Crianças até 15 anos: Ht ≥ 45% (20% acima do limite 
normal de 38%) 
Adulto feminino: Ht ≥ 48% (20% acima do limite normal 
de 40%) 
Adulto masculino: Ht ≥ 54% (20% acima do limite 
normal de 45%) 
• Leucograma: 
Estudo da série branca, variável de acordo com a 
gravidade do quadro. 
Febre da dengue: costuma estar normal ou 
leucopenico. 
Linfocitose: diferencial, revela nas primeiras 24 
48h de doença. Mostra pequena neutrofilia. 
Ocorrencia de atipia linfocitária é discreta. 
Leucocitose com neutrofilia: casos graves de 
comprometimento visceral extenso podem simular 
bacteremia aguda. 
• Plaquetograma: 
Contagem de plaquetas é normal ou diminuída. 
Enzimas hepáticas: 
• Aminotransferases (transaminases): 
Normais, levemente aumentadas ou bastante elevadas, 
dependendo do grau de comprometimento do 
parênquima hepático. 
Proteínas plasmáticas 
• Hipoalguminemia: 
Reflexo do extravasamento do plasma para o terceiro 
espaço. 
Exames de imagem 
• Radiografia simples 
Derrames cavitários. 
• US abdominal 
Espessamento das paredes da vesícula biliar: indicio de 
derrame cavitário. 
 
Diagnóstico diferencial 
Influenza, rubéola e outras doenças exantemáticas, 
meningococcemia, febre amarela, leptospirose, malária, 
hepatite infecciosa, hantavirose. 
Tratamento 
 
6 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II 
Doença com amplo espectro clínico, com casos 
oligossintomáticos, forma clássica até FHD com ou sem 
choque. 
Evolução com rápida mudança, exige acompanhamento 
enquanto houver sinais e sintomas que e média duram 
1 semana. 
Observar o doente pelo menos 48h após o período 
febril, principalmente se a febre desaparece de forma 
brusca entre o 3° e 6° dia. 
A gravidade pode não estar relacionada com a FHD, mas 
com comprometimento de fígado, coração, pulmão, 
SNC ou SNP. 
Os critérios classificatórios de dengue em níveis de 
gravidade compreende parâmetros clínicos e 
laboratoriais usados em conjunto na diferenciação 
entre dengue com melhor e pior prognóstico, possível 
de manuseio em tempo real e readaptação, na 
dependência de variações evolutivas, além de contribuir 
para triagens e direcionamentos a respeito do local nos 
setores da saúde, onde cada um pode e deve ser 
atendido. 
Verdadeiro manejo clínico-evolutivo e terapêutico, 
dispõe detalhadamente critérios que, usados no tempo 
certo, contribuirão para minimizar a ainda alta 
letalidade brasileira do dengue. 
São catalogados grupos A, B, C e D de pacientes com 
características evolutivas e gerenciamento de 
tratamento que seguem. 
 
GRUPO A 
• Pacientes com suspeita clinico-epidemiológica com 
ausência de qualquer sinal de alarme. 
• Em especial após desfervescência da febre por mais 
de 48h. 
• Inexistência de manifestação hemorrágica 
espontânea, prova de laço negativa e sem 
comorbidade de risco ou condição clinica especial. 
Devem ser tratados ambulatoriamente com adequado 
volume de líquidos e orientado a paciente e familiares a 
reconhecer sinal de alarme, que no grupo A, continuará 
ausente. 
Caso apareça, o paciente é classificado em outro grupo 
com obrigatória de nova e rápida consulta médica. 
 
Hidratação 
• Adultos: 
Líquidos em torno de 80mL/kg/dia, sendo 1/3 com 
solução salina e o restante sob forma de água potável, 
soro de hidratação caseiro, suco de frutas, chás, etc. 
• Crianças: 
Líquidos por via oral, base de 60 a 80mL/kg/dia, sendo 
50-100mL (1/4 a ½ copo) de cada vez, durante todo o 
dia para menores de 2 anos e 100-200mL (1/2 copo) de 
cada vez em maiores de 2 anos. 
 
Medicação sintomática mais usada 
 
 
 
 
 
 
 
No caso de incomodo prurido cutâneo, geralmente 
fugaz, não ultrapassando 48 a 72h recomenda-se 
banhos frios, pasta d’água, talco mentolado, dentre 
outras medidas paliativas. A respostas com anti 
histamínicos é difícil. 
Para pacientes com risco de convulsão ou insuficientes 
cardíacos congestivos, sem resposta satisfatória aos 
antitérmicos, recomenda-se alternar paracetamol e 
dipirona, além de medidas físicas na dissipação do calor 
(envoltórios e/ou banhos). Devem-se evitar salicilatos e 
demais anti-inflamatórios, hormonais ou não. 
 
GRUPO B 
 
7 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II 
Mesmas características do grupo A (inclusive ausência 
de sinal de alarme), apenas com o acréscimo de 
sangramento 239 cutâneo espontâneo (petéquias) ou 
provocado pela prova do Capítulo 36 – Dengue, Febre 
Chikungunya e Febre Zika laço (prova do laço positiva). 
• Pacientes com suspeita clinico-epidemiológica com 
ausência de qualquer sinal de alarme. 
• Em especial após desfervescência da febre por mais 
de 48h. 
• Manifestação hemorrágica espontânea (petéquias), 
prova de laço positiva com presença ou não de 
comorbidades e condições clinicas especiais. 
 
Na primeira consulta no momento da classificação em 
grupo B, solicita-se hemograma: 
• Análise de hematócrito (basal) 
• Contagem de plaquetas periféricas. 
 
Avaliar presença de condições clinicas especiais ou 
comorbidades e solicitar exames complementares de 
acordo com a condição clinica associadaou 
comorbidades. 
• Lactentes; 
• Idosos acima de 60 anos; 
• Doenças cardiovasculares graves; 
• DM; 
• DPOC; 
• Doenças hematológicas crônicas; 
Principalmente anemia falciforme e púrpuras. 
• Hepatopatias e rinopatias crônicas; 
• Doenças ácido-péptica; 
• Doenças autoimunes. 
 
Hidratação e medicação sintomática 
• Hidratação conforme recomendado para os 
pacientes do grupo A. 
• Sintomáticos prescritos, se necessários, tal qual no 
grupo A. 
• Hematócrito normal: tratamento ambulatorial com 
hidratação oral (semelhante ao grupo A). 
• Hematócrito aumentado em 10% do valor basal ou 
dos parâmetros da OMS: 
— Crianças até 15 anos, acima de 42% (10% do Ht de 
38%): 
— Mulheres com mais de 15 anos, acima de 44% 
(10% do Ht de 40%); 
— Homens com mais de 15 anos, acima de 50% (10% 
do Ht de 45%). 
• Preconiza-se hidratação oral (quando possível) 
supervisionada com volumes de 80 mL/ kg/dia, 
sendo 1/3 nas primeiras 4 a 6 horas, de solução 
salina isotônica, para adultos; 
crianças, 50 a 100 mL/kg em 4 horas. 
• Na impossibilidade da via oral, opta-se pela via 
venosa com soro fisiológico ou Ringer-lactato na 
dose de 40 mL/kg em 4 horas. 
• Reavaliação clínica e nova determinação do Ht: 
com a normalização do Ht (imediatamente após 
as 4-6 horas de hidratação), regime ambulatorial 
com acompanhamento diário até fim do período 
crítico (em torno do 7o dia de doença). 
• Se observado aumento do Ht ou surgimento de 
sinal de alarme, paciente passa a enfermaria 
(apartamento). 
 
Alguns indivíduos pertencentes aos grupos A e B 
poderão desenvolver intensa plaquetopenia (inferior 
a 30.000/ mm3 ) em algum momento de sua 
evolução e, mesmo sem repercussão clínica 
importante, devem ser internados e ter as plaquetas 
recontadas a cada 12 horas. 
Na ocorrência de sangramentos importantes, é 
oportuno o parecer do colega hematologista para a 
possibilidade de reposição e/ou uso de corticoides. 
 
GRUPO C 
Mantidos os caracteres do grupo A, aqui o diferencial é 
a existência de algum “sinal de alarme”, enfatizando 
que as manifestações hemorrágicas estão presentes ou 
ausentes. 
• Pacientes com suspeita clinico-epidemiológica com 
presença de algum sinal de alarme. 
• Em especial após desfervescência da febre por mais 
de 48h. 
• Manifestação hemorrágica presentes ou ausentes, 
com comorbidades e apresentações clinicas 
especiais ou não. 
 
EM QUALQUER NÍVEL DE COMPLEXIDADE É 
OBRIGATÓRIA A IMEDIATA HIDRATAÇÃO VENOSA 
RÁPIDA E TRANSFERÊNCIA PARA UMA UNIDADE DE 
REFERENCIA. 
 
Exames complementares: 
• hemograma, albumina sérica, 
aminotransferases, radiografia de tórax (PA, 
perfil e incidência de Laurell), ultrassonografia 
de abdome, glicemia, creatinina e ureia, 
gasometria, ecocardiograma e 
eletrocardiograma. 
Objetivo de comprovar plaquetopenia, 
extravasamento plasmático, derrame cavitário, 
comprometimentos hepático e/ou renal, cardíaco, 
etc. 
 
Hidratação e medicação sintomática 
Geralmente se mantém o paciente internado por um 
período mínimo de 2 dias. 
A reposição volêmica acompanha os seguintes volumes, 
tempo de administração e repetições: 
 
8 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II 
 
 
 
 
 
 
GRUPO D 
Pacientes com suspeita clínico-epidemiológica de 
dengue (grupo A) mais a presença de sinal(is) de 
instabilidade hemodinâmica (pressão arterial 
convergente, cianose, extremidades frias, pulso rápido 
e fino, enchimento capilar lento, hipotensão arterial e 
choque) desconforto respiratório ou disfunção grave de 
órgão. 
As manifestações hemorrágicas podem ou não estar 
presentes. 
• Pacientes com suspeita clinico-epidemiológica com 
presença de sinais de instabilidade hemodinâmica, 
desconforto respiratório ou disfunção grave de 
órgão. 
Instabilidade hemodinâmica: pressão arterial 
convergente, cianose, extremidades frias, pulso rápido 
e fino, enchimento capilar lento, hipotensão arterial e 
choque. 
• Em especial após desfervescência da febre por mais 
de 48h. 
• Manifestação hemorrágica presente ou ausente 
com presença ou não de comorbidades e condições 
clinicas especiais. 
 
Atendidos em qualquer nível dos serviços de saúde, 
inicia-se imediatamente hidratação venosa e pronta 
transferência para unidade de referência, em unidade 
de terapia intensiva. 
 
Os exames solicitados para pacientes do grupo C são 
igualmente imprescindíveis. 
• hemograma, albumina sérica, 
aminotransferases, radiografia de tórax (PA, 
perfil e incidência de Laurell), ultrassonografia 
de abdome, glicemia, creatinina e ureia, 
gasometria, ecocardiograma e 
eletrocardiograma. 
Objetivo de comprovar plaquetopenia, extravasamento 
plasmático, derrame cavitário, comprometimentos 
hepático e/ou renal, cardíaco, etc. 
 
Hidratação e medicação sintomática 
A reposição volêmica obedece a hidratação IV, de 
expansão rápida, em 2 horas, com solução salina 
isotônica, sendo: 
• Adultos e crianças: 20 mL/kg em até 20 minutos 
• Reavaliação clínica a cada 20 minutos e repetição do 
Ht a cada hora. 
• Esta fase pode ser repetida por três vezes com 
resposta insuficiente. 
• Depois das tentativas, se houver indício de 
recuperação clínica com diminuição do Ht, retornar 
para a fase de expansão do grupo C. 
• Lembrar que o choque hipovolêmico do dengue pelo 
extravasamento de plasma raramente tem duração 
superior a 48 horas. 
• Na maioria dos casos e antes de 24 horas, com 
hidratação correta no tempo e no volume, começa a 
reverter com nítida melhora clínica e diminuição do 
hematócrito. Isto é fundamental para evitar a hiper-
hidratação e suas repercussões cardiocirculatórias. 
• Se depois das três fases de expansão rápida, a 
resposta for inadequada, o Ht permanecer em 
ascensão e o choque persistir, usar expansores 
plasmáticos: albumina 0,5 a 1 g/kg; solução de 
albumina a 5% = para cada 100 mL, usar 25 mL de 
albumina e 75 mL de soro fisiológico a 0,9%. 
Coloides sintéticos também são usados a 10 
mL/kg/hora. 
• Caso o choque persista mas com Ht em queda, 
investigar hemorragias e/ou coagulopatia de 
consumo. 
Comprovada hemorragia, administrar concentrado 
de hemácias (10 a 15 mL/kg/dia); quando 
identificada coagulopatia, discutir com 
hematologista o uso de plasma, vitamina K e 
crioprecipitado. 
• Sempre permanecer preocupado com a chance de 
hipervolume e insuficiência cardíaca congestiva, 
neste momento, diminuir líquidos, prescrever 
diuréticos e inotrópicos. 
 
Outros procedimentos importantes aplicados para os 
pacientes dos grupos C e D: 
 
9 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II 
• — oferta de oxigênio por cateter, máscara ou 
ventilação mecânica, de acordo com a tolerância e 
gravidade; — avaliação hemodinâmica com 
oximetria de pulso. Nas situações mais graves, 
monitoração invasiva pode ser mandatória (PVC, 
SvCO2 ); — a disfunção miocárdica às vezes exige 
inotrópicos, na fase de extravasamento ou na de 
reabsorção plasmática.

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