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Lucas Melo – Medicina Ufes 103 PÓLIPOS INTESTINAIS E NEOPLASIA INTESTINAL Pólipos: São massas de tecido que se projetam na luz intestinal, eles podem ser sésseis ou pediculados (um possui a base larga e o outro a base estreita, respectivamente), isolados ou múltiplos e neoplásicos ou não neoplásicos. Os pólipos não neoplásicos podem ser hiperplásicos, hamartosos ou inflamatórios. Imagem 1 mostra um pólipo pediculado, e a imagem 2 mostra um pólipo séssil, ainda pode existir um pólipo filiforme, que tem um aspecto de dedo, ele não possui uma parte ovalada e mais expandida, é fino. E muitos pólipos no intestino começam como pólipos sésseis e se desenvolvem para pediculados por conta da peristalse, se existe um crescimento na luz, interpreta que é um bolo alimentar e a peristalse tenta fazer uma força de propulsão para arrastar ele, quanto maior for o volume do pólipo, maior será a possibilidade de virar pediculado, e isso pode causar torção, infarto e autoamputação desse pólipo, sendo eliminado nas fezes. Normalmente quando o pólipo apresenta pedículo ele não é invasivo e maligno, pois estes se infiltram na parede, não desenvolvendo pedículos. OBS: Os pólipos podem tem relação com a intussuscepção, que é quando o intestino invagina para dentro dele mesmo, isso ocorre, pois, o pólipo faz uma tração, que associada com a peristalse pode gerar a intussuscepção. Pólipos hiperplásicos: Pequenos, sésseis e múltiplos, mais comum em indivíduos na 6ª e 7ª década, e eles ocorrem pela diminuição do turnover das células epiteliais colônicas, diferente dos hamartomas, esses só são um distúrbio de proliferação das glândulas e não se encontram desorganizados, possuem aspecto microscópico serrilhado, com celulas caliciformes e absortivas. A cripta na base não tem mudança nenhuma, mas no ápice ela adquire um contorno serrilhado, isso é por uma alteração do epitélio. Pólipos hamartosos: É uma lesão com efeito de massa, tecido que prolifera são glândulas e músculo liso intestinal, com uma organização irregular. Massas formadas pelo tecido do próprio local em quantidade aumentada e desorganizada (tem maturação preservada), podendo ser isolados (esporádicos) ou associados a síndromes hereditárias. O pólipo juvenil aparece no reto em crianças menores de 5 anos, solitários, considerados como malformações, é pardo-avermelhado, pediculado e pode sofrer processo de torção, infarto ou autoamputação, quando são pólipos múltiplos em mais lugares do TGI pode configurar a sindrome da Polipose juvenil. Lucas Melo – Medicina Ufes 103 OBS: Síndrome de Peutz-Jegheurs é autossômica dominante, pólipos hamartosos múltiplos no TGI e possui hiperpigmentação melânica cutaneomucosa, pólipos volumosos, arboriformes, pediculados e lobulados. Microscopia mostrando pólipo juvenil, vemos glandulas intestinais, musculo liso, tecido conjuntivo, em todos os pólipos há necessidade de analisar se tem uma displasia. Na segunda imagem vemos a relação de mistura entre epitélio glandular mesclados com epitélio de musculatura lisa, clássico da sindrome de Peutz-Jegheurs. Pólipos inflamatórios (pseudopólipos): Lesões nodulares associadas a inflamação do cólon, é a projeção da mucosa normal, são ilhas de mucosa preservada perto das úlceras e elas se projetam na luz intestinal, comum serem encontrados em pessoas com doença inflamatória intestinal de longa duração. Na aula, o Musso disse que pode existir o pólipo inflamatório “verdadeiro” também, que é o próprio tecido inflamatório se projetando para a luz intestinal, o que é diferente do pseudopólipo, pode estar relacionado com doença de Crohn, doença isquêmica em indivíduos mais velhos, se for esse pólipo verdadeiro, a superfície dele pode estar ulcerada ou não, e se for antigo a superfície pode estar epitelizada. Microscopia mostrando um pólipo epitelizado por fora e com tecido de granulação por dentro (que demonstra a inflamação), ainda há a formação de novos vasos sanguíneos, e como está na mucosa colônica, pode levar algumas glândulas juntos, assim como mostra na imagem. Os pólipos neoplásicos também podem ser chamados de adenomas e são divididos em adenoma tubular, viloso (mais 50% da extensão é de estruturas papilíferas), tubuloviloso (quando o componente viloso varia entre 25-50%) e adenoma/pólipo séssil serrilhado, eles têm uma maior chance de evoluir para adenocarcinoma e eles são constituídos por células epiteliais com diferentes graus de diferenciação com atipias variáveis. O mais importante no exame de um adenoma é saber se ele tem focos de carcinoma intramucoso ou invasivo. Para que ocorram estes tipos de adenoma, é necessária a displasia do tecido. Adenoma tubular: Mais comum (75%) e pode ser solitário ou múltiplo (sindrome de Polipose familial), geralmente são pequenos, sesseis, e com o crescimento ficam pediculados e são constituídos por glandulas tubulares revestidas por epitélio colunar alto. Lucas Melo – Medicina Ufes 103 O aspecto da superfície do pólipo é mais liso, na microscopia vemos a cripta revestida por um epitélio secretor com exuberância de células caliciformes, no adenoma, esse epitélio fica mais basofílico, densidade nuclear aumenta muito, núcleos hipercrômicos, mas a característica glandular ainda está presente. Adenoma viloso: 10% dos pólipos neoplásicos e tem o pior prognóstico, alto risco de transformação maligna, normalmente em pessoas depois da 6ª década e fica nos 25 cm distais do intestino grosso, as suas projeções papilíferas são revestidas por epitelio colunar pseudoestratificado com diferentes níveis de displasia e é descoberto por conta de sangramento retal na maioria das vezes. Tem atipias de grau elevado na maioria das vezes com várias projeções digitiformes revestidas por um epitélio displásico. Essa displasia é pior, vemos isso pela posição dos núcleos em diferentes alturas, a quantidade de céls caliciformes diminui muito. Adenoma tubuloviloso: Mesma localização dos adenomas tubulares e contém estruturas tubulares e vilosas e pode ter transformação maligna. Adenoma/pólipo séssil serrilhado: Lesão séssil ou plana que fica no cólon proximal, ele é semelhante ao pólipo hiperplásico, mas a alteração arquitetural da glândula é mais profunda, penetrando por toda a glândula e a cripta é cisticamente dilatada com uma expansão junto a camada muscular da mucosa, e a lesão é precursora do câncer de cólon associado a microssatélites (imagem ao lado). Síndrome da Polipose familial: Doença genética autossômica dominante relacionada ao gene APC, possui numerosos pólipos recobrindo a mucosa do cólon, pode apresentar a forma clássica com 500 a 2500 Lucas Melo – Medicina Ufes 103 adenomas, ou a forma atenuada com menos de 500 adenomas (essa tem uma chance de malignização menor). Tratamento mais indicado para o indivíduo é a colectomia total, para não deixar o pólipo de transformar em câncer. Existem algumas variações dessa síndrome, umas associadas a tumores do SNC (Síndrome de Turcot) e outras associadas a tumores do tecido conjuntivo (Síndrome de Gardner), sendo que todas elas são raras. Quando falamos de tumores malignos do intestino grosso, temos que lembrar que 95% deles são adenocarcinomas, e em menor prevalência temos os linfomas, tumor carcinoide e tumores mesenquimais. Adenocarcinoma: Também chamado de carcinoma colorretal, sendo que a maioria dos casos é esporádico e existe uma forma familiar com Polipose e sem Polipose. A alimentação é o principal fator envolvido na carcinogênese colônica, associada a dieta pobre em fibras vegetais e rica em gorduras com alto consumo de carnes vermelhas e carboidratos refinados, um alto consumo de carnes vermelhas aumenta o colesterol, aumenta a síntese e excreção de sais biliares que podem ser convertidos em agentes carcinogênicos pelas bactérias do intestino, fatores relacionados acarência de antioxidantes (vitamina A, C e E) aumentam os radicais livres e a obesidade e sedentarismo também aumentam o risco. As mutações que levam a gênese desse câncer, normalmente se sobrepõem, e as condições que levam ao surgimento desse são multifatoriais, como já falado sobre a dieta e agora sobre mutações genéticas. A instabilidade de microssatélites está associada a um defeito nos genes de reparo do DNA, se não tem reparo, ele vai somando mutações que vai gerar o carcinoma. Uma das diferenças principais dos carcinomas para os adenomas, é que os carcinomas podem atingir todas as camadas da parede intestinal, enquanto os adenomas não. É mais frequente no reto e sigmóide e pode apresentar várias formas, como polipoide, ulceroinfiltrativa, anular-constritiva e difusa, sendo as 3 primeiras mais comuns. 1. Carcinoma colorretal hereditário não associado a Polipose: Em indivíduos mais jovens (abaixo de 50), cólon direito, adenocarcinomas pouco diferenciados mucinoso e pode ter câncer em outros órgãos. 2. Adenocarcinoma esporádico: está muito relacionado a pessoas com uma dieta inadequada e sindrome metabólica, esses pacientes são consequente mente obesos e/ou sedentários. Polipoide é mais comum no cólon direito, suas manifestações clinicas são tardias pela ampla luz do ceco e podem ser diagnosticados pelas suas metástases. Ulceroinfiltrativa é a mais comum, crescem na superfície e infiltra na parede, normalmente é estenosante e forma uma grande úlcera com fundo necrótico e bordas elevadas. Anular-constritiva tende a crescer acompanhando a circunferência do intestino e pode causar uma estenose por conta da desmoplasia provocada pelo tumor. O câncer intestinal pode ficar assintomático por muito tempo, no ceco e cólon direito podem causar sinais inespecíficos como fadiga, fraqueza e anemia ferropriva, e no cólon esquerdo podem causar obstrução intestinal progressiva, alteração do hábito intestinal, alterações das fezes e pode ter diarreia e perda de sangue nas fezes, sendo que, seguindo o TNM, os prognósticos dependem da invasão do tumor na parede e das metástases, os locais mais comuns delas são fígado (drenagem venosa do cólon é feita pelo sistema portal), linfonodos regionais, pulmões e ossos. Lucas Melo – Medicina Ufes 103 Nesse caso vemos uma lesão anular, que pode ser vista em toda a circunferência do órgão, com fundo ulcerado, o tecido penetra na parede e alterou até a espessura da parede e ficou um pouco mais branco por conta da fibrose, isso pode gerar uma manifestação clínica de fezes em fita, esse é mais comum no colo direito. Lesão vegetante, ela pode se aprofundar na parede muito mais que a anterior e a manifestação clinica dessa é mais precoce. Tumores do canal anal: Lembrar que a porção superior é de epitélio glandular, uma área de epitélio de transição, e um terço inferior de epitelio estratificado pavimentoso, os tumores dessa área são os carcinomas de células escamosas, relacionados com o HPV, que é o mais importante (75%) e tem preferência por idosos (mulheres) ou imunossuprimidos (HIV) e homossexuais masculinos são um grupo de risco. Se apresenta como uma úlcera ou fissura que se infiltra na parede da região. Vemos um contorno angulado dos ninhos celulares e o tecido conjuntivo infiltrado é fibroso e as angulações são visíveis nesse brotamento que dá ideia de invasão. Linfoma: Quando acontece na faixa pediátrica é a neoplasia mais comum no intestino de crianças, linfomas de alto grau e do tipo Hodgkin, e nos adultos os mais comuns são os não Hodgkin, que acometem mais idosos. As manifestações clínicas são melena e obstrução intestinal, como são linfomas de alto grau, crescem com uma rapidez e são diagnosticados como grandes massas palpáveis no abdome, com crescem rápido, mais rapidamente vão produzir clínica. É um tecido branco e brilhante, diferente do carcinoma que é branco e opaco, possui aspecto suculento, diferente do carcinoma que é seco. Várias células redondas pequenas com muito pouco citoplasma e todas as celulas Lucas Melo – Medicina Ufes 103 da lâmina própria estão muito semelhantes, mostrando ausência de diferenciação e dissocia as criptas, separando uma das outras e deixando as células como se fossem iguais. O linfoma quase nunca é tratado cirurgicamente, a maioria deles é tratada de forma quimioterápica.
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