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Estudo Dirigido - Linguagem

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - CURSO DE PSICOLOGIA 
ESTUDO DIRIGIDO 02 – LINGUAGEM
De fato, uma das principais características dos seres humanos é a capacidade de formulação linguística. Seja ela falada ou escrita, a linguagem é uma das mais complexas características do cérebro humano e foi o que distinguiu os cérebros primatas de cérebros humanos. Com isso, muitos estudos foram realizados na tentativa de compreender o modo como nosso cérebro opera desde os campos fonéticos até o processamento do discurso e, assim, foi possível estabelecer com precisão as regiões do cérebro que são fundamentais desde a percepção e o reconhecimento da linguagem falada, a representação e o processamento das palavras até a compreensão dos discursos. Além disso, pode-se afirmar que a linguagem pode ser analisada diante parâmetros fonológicos, morfológicos, sintáticos, semânticos e pragmáticos e também fatores biológicos, cognitivos, psicossociais e ambientais. 
Diante dos estudos realizados, a linguagem é um exemplo de função cerebral superior e destaca-se sua conexão da memória semântica que é de extrema importância para a compreensão e produção da linguagem com o chamado Léxico Mental. Essa estrutura conceitua-se por ser um estoque representativo semântico extremamente eficiente, organizado de acordo com as relações entre as palavras que surgiram de estudos de priming semânticos. Diante disso, o léxico inclui: informação semântica (significado), sintática (combinação das palavras para formar uma sentença) e a forma (padrão sonoro). É válido lembrar que, o léxico não possui um conteúdo fixo e, portanto, as palavras utilizadas com mais frequência são acessadas com mais facilidade. Sabendo, então, da existência e funcionamento desse léxico, é possível estabelecer o modo como as palavras são armazenadas no cérebro, permitindo ao indivíduo a sua extração rápida visando a compreensão do discurso. 
Visto isso, é preciso esclarecer também como se procede esse funcionamento e quais as regiões cerebrais responsáveis por esse processamento que visa a compreensão da linguagem (falada ou escrita). De forma geral, é preciso contextualizar que todas as áreas cerebrais participam do processamento da linguagem e isso ocorre porque o planejamento de uma sentença linguística demanda inerentemente inúmeros recursos. Dentre as áreas específicas envolvidas no processo da linguagem, tem-se a “Área de Broca”, localizada na terceira circunvolunção do hemisfério frontal esquerdo, antes do córtex motor e acima da fissura transversal. Essa área, descoberta por Paul Broca em 1861 através do estudo de um paciente com perda na capacidade de produção de palavras, relaciona-se com a expressão da linguagem, da fala inteligível, portanto, um indivíduo com afasia - lesão de um estado normal do tecido nervoso - nessa área, pode apresentar: produção de palavras não fluente, agramatismo (transtorno da sintaxe), capacidade de compreensão preservada, alterações na linguagem escrita e algumas dificuldades motoras de expressão. Uma segunda área específica, é a “Área de Wernicke”, localizada na região póstero-superior temporal do hemisfério esquerdo, incluindo o giro supramarginal e a junção temporo-occipital. Tal área foi descoberta por Wernicke em 1874, através da formulação de uma hipótese de conexão entre as áreas de processamento de imagens sensoriais acústica das palavras e as áreas de processamento de imagens motoras de palavras. Com isso, pode-se afirmar que essa área é responsável pelo processamento dos sinais auditivos para a linguagem e pela compreensão da linguagem escrita ou falada. Portanto, a afasia nessa região é considerada uma afasia sensitiva, de percepção ou semântica, onde um indivíduo pode apresentar: uma articulação e produção de palavras consideravelmente normal, alterações significativas da compreensão e ter leitura e escrita deficitária. 
Seguindo a discussão sobre afasias, tem-se ainda a Demência semântica progressiva, que é uma lesão progressiva dos lóbulos temporais (enfoque ao lado esquerdo) e é responsável por prejudicar o sistema conceitual, e também, Gregory e Duke, que mostraram que lesões em regiões do córtex occpito-temporal podem provocar alexia pura (perda da capacidade de leitura, mesmo que outros aspectos estejam normais). Com base nisso, Elisabeth Warrington (1970) com seus estudos, evidenciou a existência de correspondência entre os locais das lesões e o tipo de déficit semântico. Além dessas áreas específicas, não se pode deixar de mencionar a importância dos arcabouços sensitivos (auditivos e visuais) para os sinais de entrada (alfabeto fonético e alfabeto ortográfico) e a saída (a articulação de palavras envolvendo a Área de Broca e os gestos motores silábicos do aparelho fonador) da linguagem que também são fundamentais dentro desse sistema, bem como as áreas responsáveis pelo processamento cerebral desses sinais, como por exemplo o Giro de Heschl - localizado no plano supratemporal, superior e medial ao giro temporal superior - onde contém o córtex auditivo primário e o Giro temporal médio, responsável pela leitura de palavras. 
Diante de todas as informações expostas acerca da linguagem e seu funcionamento, foi possível formatar uma série de modelos psicolinguísticos que explicam como se dá a aquisição das línguas e a aprendizagem dos sistemas escritos. A princípio, tem-se o Modelo Computacional de McClellabd e David (1981), que explicitou três níveis de representação (características das letras nas palavras, outro para as letras e representação das palavras). Posterior a isso, o Modelo do Pandemônio de Selfridge (1959), que explicou o reconhecimento de letras. Por fim, tem-se também o Modelo do coorte de Warslen-Wilson (1980) de reconhecimento da linguagem falada. Com isso, os modelos psicolinguísticos precisam dar conta de como somos capazes de produzir e compreender tão rapidamente a linguagem, mas independente de como estejam representados, todos concordam sobre a importância do armazenamento mental dos significados das palavras para isso. 
REFERÊNCIAS:
Lima, S. I., Cury, E. M. G. Cérebro, linguagem e afasias. UERJ (2007).
Oliveira, A. M. R., Oliveira, H. As neurociências ao serviço da linguagem., Instituto Politécnico de Visu Portugal.
Cabral, L. S., Modelos psicolinguísticos de produção da linguagem verbal oral., http://dx.doi.org/10.22409/gragoata.2018n46a1083
Gazzaniga., Ivry., Mangun., (1998). Neurociência cognitiva: a biologia da mente. Cap.8., Aprendizado e memória.

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