Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Centro Universitário Padre Anchieta – Matéria: Direito Civil V Ana Gabriela Domanski, 7º semestre, turma B. RA: 1701583 1) A herança é indivisível e tratada como um todo unitário. O isso significa? R: É baseada no princípio Saisine (francês). Isso significa que, no momento da morte do indivíduo a herança é transmitida imediatamente aos herdeiros, porém, como ainda não houve partilha, a herança é transmitida como um todo, um núcleo unitário, até que se instaure a partilha definitiva. 2) No que se refere à responsabilidade dos herdeiros, a lei dispõe no artigo 1792 que eles não respondem por encargos superiores às forças da herança. Explique esse princípio adotado pelo Código Civil. R: Conforme o artigo 1.792 os herdeiros respondem os encargos no limite da sua herança, ou seja, o que for superior a força da herança (patrimônio positivo que o falecido deixou), não será de responsabilidade dos herdeiros. Para provar os limites da herança deve-se fazer o inventário, mesmo se o que fora deixado for negativo, pois se caso não o fizer o próprio patrimônio dos herdeiros estará em questão na obrigação que o de cujus deixará. 3) Conceitue cessão de direitos hereditários e diga como a mesma é disciplinada pelo nosso sistema legal. R: A cessão de direitos hereditários só pode ocorrer após a abertura da sucessão, ou seja, após a morte do autor da herança, pois a herança da pessoa em vida não pode ser objeto de contrato. A cessão de direitos hereditários deverá ser feita de forma pública através de escritura. 4) O direito à sucessão aberta é bem móvel ou imóvel? Quais as consequências resultantes? R: Primeiramente é indivisível e bem imóvel, (mesmo que na herança possua bens móveis), sendo regido pelas regras do condomínio (art. 1.791), e esse tratamento só poderá ser modificado quando o juiz homologar a partilha (art. 2.023 CC). 5) O coerdeiro tem direito de preferência na aquisição da cota hereditária, no caso de cessão da mesma? Explique. R: Se algum herdeiro querer vender seu direito hereditário, primeiramente terá que oferecer aos outros herdeiros e somente, com a anuência destes, poderá vender ao terceiro. Caso vender o direito ao terceiro sem o consentimento de todos os herdeiros, esses podem reclamar conforme o artigo 1.794 CC no prazo decadencial de 180 dias. 6) Quando o inventário deve ser iniciado? Qual o foro competente para tanto? R: (art. 611. CPC) O processo de inventário deve ser instaurado dentro de 02 meses, a contar da abertura da sucessão. Caso seja requerido fora do prazo, a ordem de preferência de nomeação do inventariante pode ser alterada e poderá haver imposição de multa sobre o imposto a recolher (Súm. 542 do STF). Pelo art. 983, o prazo de 12 meses para conclusão pode ser prorrogado, por requerimento da parte ou ofício. Ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro, o foro, do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário (art. 96 CPC). O inventário deve ser aberto no último domicílio do falecido (art. 1785 CPC, art. 96 CC). Se o domicílio for incerto, é competente o local dos bens. Se não tinha domicílio certo e os bens imóveis encontram‐se em diversas comarcas, o foro competente é o do local de qualquer um dos bens do espólio (art. 48 §uni CPC). 7) Quem é o inventariante e como o mesmo é nomeado? Quais as suas atribuições principais? R: O inventariante legal é o indicado pela lei, a ordem de prioridade está descrita no art. 617 CPC (por proximidade, para dar uma continuidade mais harmônica às relações jurídicas deixadas), ao despachar a inicial, o juiz já nomeia o inventariante. O inventariante legal é o indicado pela lei. É um serviço público prestado, por isso é fiscalizado pelo juiz e somente nomeado na falta do inventariante legal. O inventariante representa e administra o espólio, desde a assinatura do compromisso até a homologação da partilha (art. 1.991 CC). A ele atribui-se, a função de listar e descrever os bens do espólio, declarar os nomes de todos os herdeiros e legatários, usar dos meios judiciais para proteger os bens, e em caso de turbação ou esbulho, trazer ao acervo hereditário os frutos percebidos desde a abertura da sucessão, sejam eles naturais, civis ou industriais, pagar as dívidas do espólio, arrendar e alienar bens da herança, desde que em acordo com os demais herdeiros e mediante autorização judicial. 8) Qual é a natureza jurídica da inventariança? R: A natureza jurídica da inventariança é um múnus público. Em outras palavras é um encargo público, submetido a fiscalização do juiz. O inventariante é um auxiliar da justiça, que tem os poderes de guarda, administração e assistência do acervo hereditário. 9) Quando ocorre a administração provisória da herança e a quem a mesma incumbe? R: A administração provisória da herança ocorre até que o inventariante preste compromisso (art. 613 CPC). Ou seja, ocorre durante o lapso temporal entre a abertura do inventário e a assinatura/expedição do termo/certidão. O administrador provisório é toda e qualquer pessoa que esteja na posse e administração dos bens da herança, ele que deve requerer a abertura do inventário. A administração da herança caberá, sucessivamente: ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão, ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho; ao testamenteiro; a pessoa de confiança do juiz (art. 1797 do CC). 10) Quem são as pessoas legitimadas a suceder? Qual é a regra geral acerca da legitimação para suceder e quais são as exceções? R: Com base no art. 1.829 - A sucessão legítima se dá na ordem seguinte: descendentes em concorrência com o cônjuge sobrevivente; ascendentes, em concorrência com o cônjuge; ao cônjuge sobrevivente; aos colaterais. A regra geral do direito sucessório diz que somente as pessoas vivas ou já concebidas ao tempo da abertura da sucessão podem ser herdeiras ou legatárias. No art. 1799, depõe-se sobre a sucessão testamentário que são: os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas ao ser aberta a sucessão; as pessoas jurídicas cuja organização for determinada pelo testador sob forma de fundação (estas pessoas só receberão a herança mediante disposição de última vontade). Exceção: art. 1799, I, permite que os filhos não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, e vivas ao abrir-se a sucessão, venham a recolher a herança. O testador, passa por cima dos genitores (no caso filhos e cônjuges do falecido), contemplando os filhos que estes tiverem, e se tiverem. 11) Como se estabelece a legitimação para suceder por testamento? R: Herdeiros legítimos são os descendentes, os ascendentes, o cônjuge sobrevivente e os colaterais (até o quarto grau). Em último recurso, caso nenhum outro herdeiro legítimo possa receber, o CC dispõe no art. 1799 aqueles que ainda podem ser chamados, sendo eles: os filhos ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; as pessoas jurídicas; as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob forma de fundação. Nascendo com vida o herdeiro esperado, lhe será deferida a sucessão com frutos e rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador. Se, passados 02 anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos - Só herdam através de testamento. Sua existência legal começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro. Pretensão do testador de criar uma fundação . 12) Como a nossa lei trata da sucessão da prole eventual? O que acontece se o herdeiro aguardado e concebido nascer morto? Explique. R: (art. 1799) O testador pode conceder herança, em último recurso,para a prole eventual dos indicados no testamento. A prole eventual, são os filhos ainda não nascidos, após a abertura da sucessão, sendo assim, acontece a substituição fideicomissária. Se o herdeiro aguardado e concebido nascer morto, não haverá aquisição de direitos, como se nunca tivesse existido, ou seja, nem recebe nem transmite direitos. 13) A inseminação artificial ‘post mortem’ confere algum direito sucessório ao filho? Explique. R: Até o presente momento, não, por ter sido a concepção efetivada após a morte do de cujus, não havendo, portanto, que se falar em direitos sucessórios ao ser nascido. Pela atual legislação somente são legitimados a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. Todavia, poderá o mesmo, por força do artigo 1799, I, CC ser legatário, desde que o testador assim disponha e se respeitado o prazo estipulado em lei. 14) O nosso Código Civil, em seu artigo 1801, indica as pessoas que não podem ser nomeadas herdeiros testamentários nem legatários. Discorra sobre as hipóteses legais, explicando cada uma delas. R: I- ‘’A pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou seus ascendentes e irmãos”. Está impedida por motivo de suspeição, pois tal pessoa poderia ser tentada a abusar da confiança depositada pelo testador. II- ”As testemunhas do testamento”. Proibidos em razão da segurança e veracidade de testemunhar. III- “O concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos”. Visa proteger o âmbito familiar e coibir o adultério. Porém referido inciso faz uma ressalva quando não haver culpa do concubino do testador casado e este estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos. IV– ‘’O tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento”. Para impedir qualquer tipo de abuso. 15) A lei considera nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder. Pergunta-se: Qual é o tratamento dado à simulação de contratos e interposição de pessoas, que tentam burlar a regra geral? Explique detalhadamente. R: Presumindo que após o aceite da herança, o todo se torna um contrato jurídico e na hipótese das disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder, o tratamento é como se nulo fosse revogando todos atos praticados. Vício do consentimento por erro, dolo ou coação. 16) Conceitue aceitação de herança. R: Ato pelo qual “(...) o herdeiro confirma a transmissão da herança”. (TARTUCE; 2011, p.1205). A aceitação da herança ocorre quando o herdeiro aceita receber a herança deixada pelo falecido, a aceitação pode ser de forma expressa ou tácita. 17) Quais são as espécies de aceitação de herança quanto à sua forma? Explique cada uma delas. R: Aceitação expressa: declaração escrita do herdeiro, por meio de instrumento público ou particular. Aceitação tácita: aquele demonstra na condição de herdeiro e começa a administrar como se dono fosse. atos próprios da qualidade de herdeiros. Aceitação presumida: quando o herdeiro declara se aceita ou não a herança. (após aberta a sucessão, o interessado requerer ao juiz que o herdeiro se manifestar, sob pena de haver a herança por aceita). (TARTUCE; 2011) 18) Quais são as espécies de aceitação de herança quanto ao agente? Explique cada uma delas. R: Direta: próprio herdeiro que de forma expressa, tácita ou presumida demonstra interesse em se tornar herdeiro. Já a Indireta alguém pelo herdeiro manifesta o aceite nas hipóteses que é aceita pelos sucessores, pelo tutor ou curador, mandatário ou gestor de negócios ou gestor de negócios. 19) Quais são as características básicas da aceitação da herança? R: Irrevogável, sendo definitiva produz todos os efeitos jurídicos, sendo passível de anulação. Irretratável: após a aceitação tácita, não poderá se retratar. Indivisibilidade, por não se admite herdar apenas uma parte dos bens, herda-se uma universalidade que se transmite por inteiro. Sujeito a termo a condição, ou seja não pode herdar sob a imposição de condições, caso ocorra, torna-se nula. 20) É possível a retratação da aceitação? Explique. R: Não. A herança não é passível de retratação após manifesta a aceitação por parte do herdeiro, esta torna-se definitiva. Portanto, trata-se de um ato irrevogável (art. 1812 CC). 21) A aceitação pode ser anulada? Explique. R: A aceitação é anulável nos casos em que há a apuração de que o aceitante não é o real herdeiro dos bens que lhe foram transmitidos, e também quando há herdeiro necessário com direito à totalidade dos bens em razão do testamento. Após declarada a ineficácia da aceitação, a herança passará aos seus legítimos herdeiros. 22) Conceitue renúncia da herança. R: A renúncia da herança é um ato jurídico unilateral, em que o herdeiro expressamente manifesta sua recusa aos bens e direitos decorrentes da herança, renunciando assim, sua titularidade em face do que lhe foi deixado. 23) Quais são as espécies de renúncia? Discorra brevemente sobre cada uma delas. R: Existem duas espécies de herança abdicativa e translativa. A renúncia abdicativa tem assento quando o declarante, de maneira simples, manifesta a não aceitação da herança ou do legado, que será devolvido ao monte hereditário, objetivando estabelecer a partilha entre os herdeiros legítimos. A renúncia translativa é aquela em que o herdeiro recebe a herança e promove a sua transferência à pessoa certa. Entende-se que essa espécie não é renúncia, mas sim uma cessão de direitos, pois necessita da aceitação do beneficiado para se aperfeiçoar. 24) Existem dois pressupostos (ou restrições legais) ao direito de renunciar. Diga quais são e fale sobre os mesmos. R:· Capacidade jurídica plena do renunciante (não basta a capacidade genérica, sendo necessária também a de alienar) Ex: a renúncia efetivada pelo incapaz não terá validade; A anuência do cônjuge; exceto se o regime de bens for o da separação absoluta. 25) Quais são os efeitos jurídicos da renúncia? R:A renúncia acarreta na exclusão, da sucessão, do herdeiro renunciante, que será tratado como se jamais houvesse sido chamado e também no acréscimo da parte do renunciante à dos outros herdeiros da mesma classe. Depois de renunciado, fica proibido o direito de representação. 26) Qual é a diferença entre ineficácia e invalidade da renúncia? Explique. R: A ineficácia pode ocorrer pela suspensão temporária dos seus efeitos pelo juiz, a pedido dos credores prejudicados, que não precisa ajuizar ação revocatória, nem anulatória, a fim de se pagarem. Já a invalidade absoluta, quando não houver sido feita por escritura pública ou termo judicial; e relativa quando proveniente de erro, dolo ou coação. 27) A renúncia é retratável ou irretratável? Explique. R: A herança é irretratável pois os efeitos retroagem até a data da abertura da sucessão e transmite os bens para os demais herdeiros, assim torna-se um ato perfeito não sendo possível alterar depois. Além disso, admitir a renúncia não traria segurança e estabilidade jurídica para os demais herdeiros.
Compartilhar