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Fundamentos historicos,teoricos e mtodologicos do serviço social 3 n7

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- -1
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS 
E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL 
III
AS CONTRIBUIÇÕES DE JOSÉ PAULO 
NETTO PARA A ANÁLISE DO MOVIMENTO 
DE RECONCEITUAÇÃO DO SERVIÇO 
SOCIAL BRASILEIRO
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Apresentar as principais críticas de José Paulo Netto aos diferentes Momentos do Movimento de
Reconceituação.
2. Compreender como a obra de José Paulo Netto soma-se às demais contribuições para a consolidação do
referencial teórico marxista no Serviço Social brasileiro.
1 O golpe de 1964 e o significado da autocracia burguesa 
no Brasil
A emergência da ditadura brasileira inscreveu-se num cenário internacional, em que uma sucessão de golpes de
Estado constituía-se numa moldura para uma substancial alteração na divisão internacional capitalista, sob a
hegemonia norte-americana, patrocinando uma contra-revolução preventiva em escala planetária, com as
seguintes finalidades:
• Adequar os padrões de desenvolvimento nacionais e de grupos de países ao novo quadro do inter-
relacionamento econômico capitalista, marcado por uma internacionalização do capital;
• Golpear e imobilizar os movimentos revolucionários que resistiam a esta reinserção mais subalterna no 
sistema capitalista;
• Dinamizar em todos os continentes as tendências que podiam ser facilitadoras da contra - revolução e 
do socialismo.
•
•
•
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Os resultados da contra-revolução preventiva triunfaram a partir da segunda metade da década de 60:
• Afirmação de um padrão de desenvolvimento econômico associado subalternamente aos interesses
imperialistas (norte-americanos), uma integração mais dependente ao sistema capitalista;
• A articulação de estruturas políticas garantidoras da exclusão dos protagonistas comprometidos com o
projetos nacional-populares e democráticos;
• Um discurso oficial com uma prática policial-militar anti-comunista.
Outro aspecto a considerar é que as forças populares foram excluídas dos processos de decisão política, por
dispositivos sinuosos ou de coerção aberta. A característica do Estado Brasileiro desde 1930, é que ele consegue
desestruturar a sociedade civil, seja pela incorporação desfiguradora, seja pela repressão daquelas que
expressam os interesses das classes subalternas, servindo de instrumento eficiente contra a ascensão da
sociedade civil como mobilizadora e portadora de vontades coletivas e projetos societários alternativos.
O desenvolvimento tardio do capitalismo no Brasil torna-o heteronômico e excludente; os processos diretivos da
sociedade são decididos pelo alto, por núcleos encastelados na estrutura do Estado. Nos anos 70, a dinâmica
interna do capitalismo no Brasil, alcança um novo patamar: a industrialização restrita passa a ceder o lugar, a
partir de 1956, à industrialização pesada, implicando num novo padrão de acumulação.
O surgimento de amplas camadas trabalhadoras urbanas e rurais no cenário político, misturando-se aos
segmentos pequeno-burgueses (camadas intelectuais) e parcelas da Igreja Católica e das Forças Armadas, era
um fato novo no país, que representou uma ameaça pré-revolucionária, especialmente por suas articulações com
o movimento operário e sindical.
Nas condições brasileiras de então, as requisições contra a exploração imperialista e latifundiária, acrescidas das
reivindicações de participação cívico-política ampliada, apontavam para uma ampla reestruturação do padrão de
desenvolvimento econômico e uma profunda democratização da sociedade e do Estado, que poderia forjar uma
nova hegemonia e a implementação de políticas democráticas e populares, compondo um novo bloco de forças
político-sociais capaz de assumir e redimensionar o Estado.
Estava em jogo não a luta por capitalismo ou socialismo, mas a reprodução do desenvolvimento associado,
dependente e excludente, ou um processo profundo de reformas democráticas e nacionais, anti-imperialistas e
anti-latifundiaristas, numa perspectiva de revolução social. Nesse sentido, o movimento cívico-militar de abril de
64 configurou-se como um pacto contra-revolucionário, portanto reacionário, inaugurando o que Florestan
Fernandes qualificou como um padrão de dominação burguesa. A resultante é um Estado que estrutura um
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sistema de poder muito definido, que reúne os monopólios imperialistas e a oligarquia financeira nativa.
Analisando o período ditatorial, José Paulo identifica esse período como sendo o de “modernização
conservadora” promovida pelo Estado.
Nas condições brasileiras, a supressão da democracia política haveria de responder, por um lado, à necessidade
de reverter o processo de democratização que estava em curso no país antes de 64, e neutralizar seus
protagonistas, e por outro, atender às exigências de adequar ou criar as instâncias estatais e os dispositivos
institucionais requeridos pelas novas circunstâncias, que demarcavam aquele padrão de desenvolvimento.
2 Ciclo autocrático burguês
O ciclo autocrático burguês se desenvolveu em três períodos:
• Abril de 1964 a dezembro de 1968
Cobrindo o governo Castelo Branco e parte do governo Costa e Silva, cuja tarefa inicial foi depor o
governo de João Goulart e reprimir o movimento operário e camponês, e as forças populares de
esquerda. A implementação do Plano de Ação Econômica do governo- PAEG- 1964-1966 com medidas
racionalizadoras face à desaceleração do crescimento, atingiu a pequena burguesia urbana, além dos
trabalhadores, que tiveram o fim da estabilidade no emprego e uma política salarial depressiva, com
perdas muito visíveis a partir de 1967.
Essas medidas alargaram o fosso entre a classe trabalhadora e o governo, criando um clima de
enfraquecimento do pacto contra-revolucionário, com o surgimento de partidos de oposição. A Frente
Ampla, composta pelo movimento operário e sindical retomou ações significativas, e o movimento
estudantil, expressão privilegiada da pequena burguesia assumiu ruidosamente nas ruas a constestação
à nova ordem.
• Dezembro de 1968 a 1974
Envolvendo basicamente o fim do governo Costa e Silva, o governo da Junta Militar e todo o governo
Médici. Esta nova fase é marcada pelo Ato institucional nº 5. Se entre 1964 e 1968 a ditadura assumiu o
Estado numa ditadura reacionária, com discurso contraditório fazendo alusões à democracia, a nova fase
caracteriza-se por um regime político de características fascistas, de componente mais reacionário do
pacto contra-revolucionário, que corporifica os interesses do grande capital monopolista imperialista e
nativo. A estrutura do Estado é inteiramente redimensionada e refuncionalizada para servir e induzir à
concentração e centralização, a partir do monopólio do aparato estatal. A repressão à oposição torna-se
•
•
- -5
intensa e vai ser operacionalizada de forma policial-militar: o “terrorismo de Estado” é a contra-face da
racionalização e modernização conservadora.
A legitimação do Estado se dará com base no discurso sobre a eficácia do regime do governo na
promoção do desenvolvimento econômico: é o tempo de crescimento acelerado, batizado de “milagre
brasileiro”, conferindo um enorme poder de definição macroscópica de políticas sociais abrangentes, e
um poder para efetivamente implementá-las. Estas políticas sociais tornam-se não apenas repressivas,
mas positivas, com a intenção de obter o consenso da população, cujo marco é o I Plano Nacional de
Desenvolvimento.
O terrorismo de Estado conduziu as forças democráticas a uma residual política de resistência, à
clandestinidade. É somente a partir de 1973 que o “milagre” começa a se esgotar que ressurge a
resistência do movimento popular. Num período em que as lutas do proletariado industrial são
constrangidas, a ditadura militar fascista utiliza num processo eleitoral com um caráter plebiscitário em
relação ao regime. A massa do povo com acesso ao voto surpreende em 1974, não legitimando o
autocratismo burguês em sua configuração militar-fascista, abrindo a fase derradeira da ditadura, com o
processo quedenominou-se “processo de distensão” e auto-reforma do Estado, implementado no
governo do general Figueiredo.
• 1974 a 1979
O período Geisel e Figueiredo. O objetivo inicial foi uma liberalização controlada e limitada, numa
combinação estável de formas parlamentares limitadas com mecanismos decisórios ditatoriais, através
do enquadramento do vasto aparelho policial-militar repressivo, impedindo seu acionamento por
segmentos corporativos localizados (facções do partido militar), subordinando-o a um comando único e
inquestionável, e por outro lado, aniquilar todas as forças político-organizativas que poderiam se
insurgir no processo de manutenção da ordem estabelecida, como a reinserção política da classe
operária a partir das greves do ABC paulista.
Em seu último momento evolutivo, a autocracia burguesa é obrigada a combinar concessões e gestos tendentes à
negociação com medidas repressivas. Por força da ação do movimento operário e popular, que passa à ofensiva,
deslocam-se do bloco de sustentação do regime, até setores monopolistas. Em todo o ciclo autocrático-burguês, o
referencial político ideológico da Doutrina de Segurança Nacional foi o parâmetro recorrente, criado pela, para e
na autocracia burguesa, tornando esse Estado incompatível com um processo de democratização.
•
- -6
No campo da oposição democrática não se criaram núcleos sólidos capazes de apresentar uma proposta social e
politica viáveis, aptas a transcender os quadros da ordem burguesa. Não é por acaso que a crise da ditadura
alonga-se por mais de uma década, e configurou um processo de transição singular e atípico: uma situação
política democrática nos primeiros anos da década de 80, coexistindo com um aparato estatal inteiramente
incompatível com sua manutenção, ampliação e consolidação, gerando um impasse entre estado e regime
político.
3 A renovação do serviço social sob a autocracia burguesa
Do ponto de vista profissional, durante a ditadura, alteram-se muitas demandas práticas ao Serviço Social e sua
inserção nas estruturas organizacionais e institucionais, que alteram as condições do exercício profissional, a
reprodução da categoria profissional. A formação de seus quadros técnicos viu-se profundamente
redimensionada, bem como os padrões de organização da categoria, seus referenciais teórico-culturais e
ideológicos sofreram alterações significativas.
Até o final da década de 60, e entrando pelos anos 70, no discurso e na ação governamental há um claro
componente de validação e reforço do que caracterizamos como Serviço Social tradicional, entendido como
prática empirista, reiterativa, paliativa e burocratizada dos profissionais, paramentada por uma ética liberal-
burguesa, e cuja teleologia consiste na correção de resultados psicossociais considerados negativos ou
indesejáveis à ordenação capitalista.
3.1 O processo de renovação do serviço social
Já na segunda metade dos anos setenta, em visível relação com a consolidação do mercado de trabalho e a
cristalização da condição de assalariamento do profissional, emergem formas de organização da categoria que
transcendem os moldes tradicionais: o Conselho Federal de Assistentes Sociais (CFAS) e seus Conselhos
 Nos anos oitenta verifica-se a revitalização de inúmeros sindicatos e a criação da Regionais (CRAS). Associação
Saiba mais
clique no link e leia o texto: http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon187/docs
/04FH_aula07_doc01.pdf
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon187/docs/04FH_aula07_doc01.pdf
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon187/docs/04FH_aula07_doc01.pdf
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 de 1983, que vem no desdobramento da Nacional de Assistentes Sociais (ANAS) Comissão Executiva
, articulada em 1979.Nacional das Entidades Sindicais de Assistentes sociais (CENEAS)
A ruptura com o Serviço Social tradicional tem suas bases na laicização do Serviço Social, que as novas condições
postas pela autocracia burguesa conduziram a um ponto culminante. Fazem parte desse processo de laicização, a
diferenciação de classes sociais e posicionamentos político-ideológicos no seio da categoria profissional, e a
consequente disputa pela hegemonia do processo profissional em todas as instâncias (projetos de formação,
paradigmas de intervenção, órgãos de representação, etc). Tal laicização é um dos elementos caracterizadores da
renovação do Serviço Social sob a autocracia burguesa.
Ao refuncionalizar a contextualidade da prática profissional e redimensionar as condições de formação dos
quadros profissionais, o regime autocrático-burguês deflagrou tendências que continham forças capazes de
apontar para o cancelamento da sua legitimação, ao inscrever a possibilidade de se gestarem alternativas às
práticas e as concepções profissionais que ela demandava.
4 As direções da renovação do serviço social no Brasil
É importante ressaltar que é no movimento de Reconceituação e seus desdobramentos, que se definem de forma
mais clara e se confrontam diversas tendências voltadas à fundamentação teórico metodológica do Serviço
Social. No Brasil, o Movimento de Reconceituação em seus primeiros momentos, num contexto de ditadura
militar e de impossibilidade de contestação política, vai priorizar um projeto tecnocrático-modernizador, do qual
Araxá e Teresópolis são as melhores expressões.
Saiba mais
clique no link e leia o texto “Traços do processo de renovação do serviço social” 
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon187/docs/04FH_aula07_doc02.pdf
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon187/docs/04FH_aula07_doc02.pdf
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Já o tronco latino-americano do movimento, sobretudo no Cone Sul, assume claramente uma perspectiva crítica
de contestação política e a proposta de transformação social. Posição que dificilmente poderá levar à prática,
frente à existência de governos militares ditatoriais e pela ausência de suportes teóricos claros. Ao final da
década de 70, o pensamento de autores latino–americanos orienta a incipiente produção brasileira, divulgada
pelo CBCISS. Essa situação vai se modificando aos poucos com o desenvolvimento do debate e da produção
intelectual do Serviço Social brasileiro, que resulta na explicitação de algumas vertentes que emergiram no bojo
do Movimento de Reconceituação, e veremos cada uma a seguir.
4.1 A vertente Modernizadora
Caracterizada pela incorporação de abordagens funcionalistas, estruturalistas e mais tarde sistêmicas (matriz
positivista), voltadas a uma modernização conservadora e à melhoria do sistema pela mediação do
desenvolvimento social e do enfrentamento da marginalidade e da pobreza na perspectiva de integração da
sociedade. Os recursos para alcançar estes objetivos são buscados na modernização tecnológica e em processos e
relacionamentos interpessoais. Estas opções configuram um projeto renovador tecnocrático fundado na busca
da eficiência e da eficácia, e devem nortear a produção do conhecimento e a intervenção profissional.
O auge de sua formulação se dará em meados dos anos 60, com os textos dos Seminários de Araxá (1967) e
Teresópolis (1970). O núcleo temático dessa perspectiva é a tematização do Serviço Social como interveniente,
dinamizador e integrador do processo de desenvolvimento. A construção dessa perspectiva recebe apoio do
CBCISS. Os profissionais ligados à esse órgão promovem cursos de Aperfeiçoamento para Docentes de Serviço
Social articulados pela ABESS.
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O profissional que serve de referência como intelectual de ponta dessa perspectiva é José Lucena Dantas.
Segundo ele, a prática profissional precisava se desenvolver com cientificidade, O método profissional se
constitui a partir de duas categorias básicas: o diagnóstico e a intervenção planejada, tendo como foco a
instrumentalidade técnico-profissional. O objeto de intervenção do assistente social são as situações problemas
advindas do processo de desenvolvimento.
Segundo Netto, a concepção científica da prática profissional defendida por Lucena é “efetivamente reduzida ao
estabelecimentode conexões superficiais entre dados empíricos da vida social e à intervenção metódica sobre
eles; uma pauta interventiva cujo andamento pode ser objeto de acompanhamento, vigilância e avaliação por
parte das hierarquias institucional-organizacionais de corte tecnoburocrático."
O Documento de Teresópolis (1970) tem como principais características o triunfo da perspectiva
modernizadora, como pauta interventiva, como consequente instrumentação da programática
desenvolvimentista, com base nos textos de Suely Gomes da Costa, José Lucena Dantas e Tecla Machado Soeiro.
Destaca-se a preocupação de Dantas com a Metodologia do Serviço Social, e à problematização da inserção do
Serviço Social nas fronteiras dos complexos institucional-organizacionais que promoviam o processo da
modernização conservadora. Em nenhum outro documento se alcançou um nível similar de discriminação,
classificação e categorização de situações problemas e de procedimentos técnicos para enfrentá-las.
O processo de desenvolvimento é visualizado como elenco de mudanças que, levantando barreiras aos projetos
de eversão das estruturas socioeconômicas nacionais e de ruptura com as formas dadas de inserção na economia
capitalista mundial, demanda aportes técnicos elaborados e complexos, além da sincronia de governos e
populações, com uma crescente valorização da contribuição profissional dos agentes especializados em
problemas econômicos e sociais.
As formulações de Araxá e Teresópolis eram contemporâneas de preocupações e vivências expressivas que
compunham os debates teóricos, culturais e políticos do contexto brasileiro. Nos documentos produzidos nos
encontros de Sumaré ( 1978) e Alto da Boa Vista ( 1984), é perceptível um movimento de abertura a referências
distintas do caldo conservador, provocando o deslocamento da perspectiva modernizadora. O Seminário de
Sumaré deveria enfrentar três temas básicos: a relação do Serviço Social com a cientificidade, a fenomenologia e
a dialética. Destacam-se como intelectuais desse grupo: Creuza Capalbo, Martins de Souza, Leandro Konder, Silva
Oliveira, Telma Donzelli, Velez Rodriguez, C. Ziviani, Goldstein.
4.2 A vertente da Reatualização do Conservadorismo
Perspectiva assumida por profissionais que resistem ao processo de laicização da profissão, e que repudia a
visão positivista trazida pela perspectiva modernizadora, e a influência do pensamento crítico dialético. É nos
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marcos desses seminários do Sumaré e do Alto da Boa Vista, que se constitui a formulação da reatualização do
conservadorismo, expressa na tese de Anna Augusta de Almeida(1978).
Destaca-se a dimensão da subjetividade, com uma demanda fortemente psicologizante de ajuda psicossocial. Há
nessa argumentação uma dissolução das determinações de classe nos processos societários, promovendo o
regresso ao que há mais tradicional e consagrado na herança conservadora da profissão. Desloca o foco da
“explicação dos fatos” para a “compreensão do sujeito” como ser no mundo e sobre o mundo.
A perspectiva Fenomenológica emerge como metodologia dialógica, apropriando-se também da visão de pessoa
e comunidade de E. Mounier(1936) dirige-se ao vivido humano, aos sujeitos em suas vivências, colocando para o
Serviço Social a tarefa de “ auxiliar na abertura desse sujeito singular, em relação aos outros , ao mundo de
pessoas” ( ALMEIDA, 1980, p. 114). Essa tendência que no Serviço Social brasileiro vai priorizar as concepções
de pessoa, diálogo e transformação social (dos sujeitos) é analisada por Netto como uma forma de reatualização
do conservadorismo presente no pensamento inicial da profissão.
Saiba mais
Saiba mais: clique no link e leia o texto “A Vertente de Intenção de Ruptura”:
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon187/docs/04FH_aula07_doc03.pdf
E Assista aos filmes “O que é isso companheiro”, ”O ano que meus pais saíram de férias”, “ Pra
frente Brasil”, que contam histórias da ditadura.
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon187/docs/04FH_aula07_doc03.pdf
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O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• O período de redemocratização da sociedade brasileira.
• O significado do III Congresso Nacional de Serviço Social para a ruptura com o conservadorismo no 
Serviço Social brasileiro.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• A análise crítica sobre o período da ditadura na década de 60 a 80, a partir do referencial marxista.
• O Movimento de Reconceituação do Serviço Social nas suas diferentes vertentes: a perspectiva 
modernizadora; a perspectiva de reatualização do conservadorismo; a perspectiva de intenção de ruptura.
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	Olá!
	1 O golpe de 1964 e o significado da autocracia burguesa no Brasil
	2 Ciclo autocrático burguês
	Abril de 1964 a dezembro de 1968
	Dezembro de 1968 a 1974
	1974 a 1979
	3 A renovação do serviço social sob a autocracia burguesa
	3.1 O processo de renovação do serviço social
	4 As direções da renovação do serviço social no Brasil
	4.1 A vertente Modernizadora
	4.2 A vertente da Reatualização do Conservadorismo
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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