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SUMÁRIO 1. Introdução ..................................................................... 3 2. Quadro Clínico ............................................................. 9 3. Tratamento .................................................................10 Referências bibliográficas .........................................21 3FIBRILAÇÃO ATRIAL 1. INTRODUÇÃO A fibrilação atrial (FA) é uma arrit- mia supraventricular caracterizada eletrocardiograficamente por osci- lações basais de baixa amplitude (ondas fibrilatórias ou f dos átrios fibrilantes) e ritmo ventricular irregu- larmente irregular. As ondas f, de 300 a 600 batimentos/min, são variáveis em amplitude, forma e tempo (Figu- ra 1). Em alguns pacientes, as ondas f possuem amplitudes muito peque- nas e não são perceptíveis no eletro- cardiograma (ECG), e o diagnóstico de FA é baseado no ritmo ventricular irregularmente irregular (Figura 2). SE LIGA! O ritmo ventricular durante a FA pode parecer mais regular quan- do a frequência é extremamente rápida (>170 bpm), exigindo uma análise mais cuidadosa para a observação da irre- gularidade do ritmo ventricular (Figura 3). Quando há bloqueio atrioventricular (AV) total associado à FA (Figura 4), se o ritmo de escape for regular, teremos uma FA com resposta ventricular regu- lar! Nestes casos, o diagnóstico de FA é baseado na presença de ondas f. Epidemiologia A FA é o distúrbio do ritmo cardíaco sustentado mais comum, além de ser a arritmia mais presente no depar- tamento de emergência. Por conta do envelhecimento da população e de uma melhor sobrevida de distúr- bios como o infarto agudo do miocár- dio, prediz-se que a prevalência será maior ainda no futuro. O risco para o desenvolvimento de fi- brilação atrial durante a vida é de cer- ca de 25% em homens e mulheres com 40 anos ou mais. A presença de FA aumenta de forma independente o risco de mortalidade e morbidade por acidente vascular cerebral, bem como tromboembolismo, insuficiên- cia cardíaca congestiva e redução da qualidade de vida, resultando em um alto custo para o tratamento e mane- jo. No Reino Unido, estudos mostraram uma prevalência de FA de 0,7 a 2% em pacientes com 65 anos ou mais, com um aumento da prevalência em homens e naqueles com 75 anos ou mais. Dados norte-americanos mos- tram prevalência de 1% de FA em adultos, com 70% dos casos ocorren- do em idosos. 4FIBRILAÇÃO ATRIAL Figura 1. Fibrilação Atrial Fonte: ECG Mave Waven. Harvard. 2001. Figura 2. ECG demonstrando uma Fibrilação Atrial Fonte: ECG Mave Waven. Harvard. 2001. Figura 3. Fibrilação Atrial com frequência atrial > 170bpm Fonte: ECG Mave Waven. Harvard. 2001. 5FIBRILAÇÃO ATRIAL Figura 4. Fibrilação Atrial associada à um bloqueio atrioventricular total Fonte: Zipes (2018) Classificação A fibrilação atrial que termina espon- taneamente dentro de 7 dias é de- nominada paroxística, e a FA pre- sente continuamente por mais de 7 dias é denominada persistente. A FA que persiste por mais de um ano é denominada persistente de longa data, enquanto a FA de longa data refratária à cardioversão é denomi- nada permanente. No entanto, “FA permanente” não é necessariamente permanente no sentido literal, por- que pode ser eliminado com sucesso pela ablação cirúrgica ou por cateter. A FA que por decisão do paciente ou do médico optou-se por não ser re- alizada tentativa de controle do seu ritmo também é considerada “perma- nente”. FA na ausência de estenose mitral reumática, uma prótese valvar cardíaca mecânica ou bioprotética ou valvoplastia prévia é denominada FA não-valvar. Alguns pacientes com FA paroxística ocasionalmente podem ter episódios persistentes e vice-versa. A forma predominante de FA determina como deve ser categorizada. Um fator de confusão na classificação da FA é a cardioversão e a terapia com drogas antiarrítmica (DAA). Por exemplo, se um paciente é submetido a cardio- versão transtorácica 24 horas após o início da FA, não se sabe se a FA per- sistiria por mais de 7 dias. Além disso, a terapia com DAA pode transformar FA persistente em FA paroxística. Ad- mite-se geralmente que a classifica- ção da FA não deve ser alterada com base nos efeitos da cardioversão elé- trica ou da terapia com DAA. A fibrilação atrial isolada refere-se à FA que ocorre em pacientes com me- nos de 60 anos que não apresentam hipertensão ou qualquer evidência de doença cardíaca estrutural. Essa designação é clinicamente relevan- 6FIBRILAÇÃO ATRIAL te porque pacientes com FA isolada apresentam menor risco de complica- ções tromboembólicas, eliminando a necessidade de anticoagulação. Eles também podem ser mais propensos a ter causas familiares ou genéticas. Além disso, a ausência de doença cardíaca estrutural permite o uso se- guro de drogas de controle de ritmo, como a flecainida, em pacientes com FA isolada. A FA paroxística também pode ser classificada clinicamente com base no cenário autonômico em que ocorre com mais frequência. Aproximada- mente 25% dos pacientes com FA paroxística têm FA vagotônica, duran- te a qual a FA é iniciada no cenário de tônus vagal alto, geralmente à noite, quando o paciente está relaxando ou durante o sono. Drogas que exercem um efeito vagotônico (por exemplo, digital) podem agravar a FA vagotô- nica, e drogas com efeito vagolítico (por exemplo, disopiramida) podem ser particularmente apropriadas para terapia profilática. A FA adrenérgica ocorre em aproximadamente 10% a 15% dos pacientes com FA paroxísti- ca no cenário de tônus simpático alto, como durante o esforço extenuan- te. Em pacientes com FA adrenérgi- ca, os betabloqueadores não apenas fornecem controle da taxa, mas tam- bém podem impedir o aparecimento da FA. A maioria dos pacientes tem uma forma mista ou aleatória de FA paroxística, sem padrão consistente de início. Em alguns, o álcool pode ser um precipitante. Fisiopatogenia Os mecanismos responsáveis pela FA são complexos. Os eventos de disparo podem diferir dos mecanis- mos de manutenção. Além disso, os fenótipos clínicos de paroxístico, per- sistente e persistente de longa data têm características eletrofisiológicas diferentes devido à remodelação e diferentes moduladores clínicos que afetam o substrato eletrofisiológico, como a insuficiência cardíaca, o esti- ramento dos miócitos atriais, presen- ça de isquemia, influências simpáti- co-vagais, inflamação e fibrose. A fisiopatologia da FA é multifatorial, sendo os principais responsáveis: al- terações atriais anatômicas (dilatação e fibrose) secundárias às cardiopa- tias, remodelamento eletroanatômi- co secundário à própria FA (“FA gera FA”), gatilhos locais (principalmente em veias pulmonares). Tais alterações geram múltiplos microcircuitos de re- entrada, o que resulta na estimulação atrial caótica por inúmeros focos ec- tópicos (Figura 5). Em muitos estudos, o átrio esquerdo contém o local de disparo de frequ- ência dominante, com um gradiente da esquerda para a direita. Focos de descargas rápidas das veias pulmo- nares são os gatilhos mais comuns da FA e também podem desempenhar 7FIBRILAÇÃO ATRIAL um papel perpetuador, mais frequen- temente na FA paroxística do que na FA persistente. É por isso que o iso- lamento das veias pulmonares é par- ticularmente eficaz para a eliminação da FA paroxística. Na FA persistente, alterações no substrato atrial, incluin- do fibrose intersticial podem dar ori- gem à múltiplas áreas atriais reentra- da. Portanto, o isolamento das veias pulmonares por si só muitas vezes é insuficiente para eliminar a FA persis- tente. Figura 5. Mecanismo eletrofisiológico da FA Causas da fibrilação atrial A maioria dos pacientes com FA apresenta hipertensão (geralmente com hipertrofia ventricular esquer- da) ou alguma outra forma de doença cardíaca estrutural. Além da cardio- patia hipertensiva, as anormalidades cardíacas mais comuns associadas à FA são cardiopatia isquêmica, do- ença valvar mitral,cardiomiopatia hipertrófica e cardiomiopatia dilata- da. As causas menos comuns de FA são cardiomiopatias restritivas, como amiloidose, pericardite constritiva e tumores cardíacos. A hipertensão pulmonar grave geralmente está as- sociada à FA. A apneia obstrutiva do sono e a obe- sidade estão associadas uma à ou- tra, e ambas aumentam independen- temente o risco de FA. Os possíveis mecanismos da FA em pacientes com apneia do sono incluem hipóxia, au- mento do tônus autonômico e hiper- tensão. Os dados disponíveis suge- rem que a dilatação atrial e o aumento de fatores inflamatórios sistêmicos são responsáveis pela relação entre obesidade e FA. A obesidade tam- bém está associada ao aumento dos depósitos de gordura epicárdica. Os mecanismos mais prováveis pelos quais a gordura epicárdica predispõe à FA são a condução lenta ou aniso- trópica causada pela infiltração de adipócitos no músculo atrial, fibrose atrial causada por adipocinas secre- tadas pela gordura epicárdica e se- creção local de fatores pró-inflamató- rios (por exemplo, IL-6, IL-8, TNF-α). A FA pode ter causas temporárias ou reversíveis. As causas temporárias mais comuns são ingestão excessiva de álcool (“holiday heart”), cirurgia 8FIBRILAÇÃO ATRIAL cardíaca ou torácica aberta, infarto do miocárdio, pericardite, miocardite e embolia pulmonar. A causa corrigível mais comum é o hipertireoidismo. Às vezes, a FA é causada por taquicar- dia. Pacientes com FA induzida por taquicardia geralmente apresentam taquicardia reentrada nodal AV ou taquicardia relacionada à síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW) que degenera em FA. A FA em um paciente com histórico de palpita- ções rápidas e regulares antes do início de palpitações irregulares ou com um padrão eletrocardiográfico WPW (Figura 6) deve sugerir FA in- duzida por taquicardia. O tratamento da taquicardia que desencadeia a FA frequentemente impede recorrências de FA. Figura 6. Padrão de Wolff-Parkinson-White Fonte: ECG Wave-Maven – Harvard. 2001. SAIBA MAIS! Os pacientes possuidores de via acessória de condução atrioventricular, além do sistema de condução fisiológico, podem manifestar em seu eletrocardiograma basal uma pré-excitação ventricular, manifestada no eletrocardiograma como um empastamento inicial do complexo QRS (onda delta) (Figura 6). Isto ocorre, pois a condução anterógrada pela via acessória pode começar a despolarizar os miócitos ventriculares antes do tempo esperado, ou seja, antes da progressão do estímulo pelo sistema de condução normal do coração. Como resultado, além da onda delta, observa-se um intervalo PR encurtado. Este acho eletrocardiográfico é chama- do de padrão de Wolff-Parkinson-White (WPW). Quando é observado o padrão de WPW associada a uma arritmia, tem-se a Síndrome de Wolff-Parkinson-White (perceba que Padrão de WPW é diferente da Síndrome de WPW). As principais arritmias associadas à Síndrome de WPW são taquicardia por reentrada atrio- ventricular e a FA, esta última sendo a mais perigosa. Diante de uma FA associada ao WPW, é proscrito o uso de drogas que atuam lentificando a condução pelo nodo atrioventricular (AV) (como a adenosina, digoxina, bloqueador de canais de cálcio, betabloqueadores). Tal conduta interromperia a condução pelo nodo AV, de modo que todo o estímulo fibrilatório atrial chegaria aos ventrículos diretamente pela via acessória, o que gera um risco proibitivo de induzir uma fibrilação ventricular. 9FIBRILAÇÃO ATRIAL 2. QUADRO CLÍNICO Os sintomas da FA variam de ne- nhum a grave e funcionalmente inca- pacitante. Os sintomas mais comuns são palpitações, fadiga, dispneia, in- tolerância ao esforço e tontura. A po- liúria pode ocorrer devido à liberação do peptídeo natriurético atrial. Muitos pacientes com FA paroxística sinto- mática também apresentam episó- dios assintomáticos, e alguns pacien- tes com FA persistente apresentam sintomas apenas de forma intermi- tente, dificultando a avaliação precisa da frequência e duração da FA com base nos sintomas. Estima-se que 25% dos pacientes com FA são as- sintomáticos, mais frequentemente pacientes idosos e pacientes com FA persistente. Às vezes, esses pacien- tes são classificados erroneamente como tendo FA “assintomática”, ape- sar de apresentarem sintomas de fa- diga ou intolerância ao esforço. Como a fadiga é um sintoma inespecífico, pode não ser claramente causada por FA persistente. Uma “cardioversão diagnóstica” pode ser útil, mantendo o ritmo sinusal por pelo menos alguns dias para determi- nar se um paciente se sente melhor no ritmo sinusal. Isso pode fornecer uma base para buscar uma estratégia de controle de ritmo versus controle de frequência. A síncope, um sintoma incomum de FA, pode ser causada por uma longa pausa sinusal no término da FA em um paciente com a síndro- me do seio doente (Síndrome Stroke- -Adams). A síncope também pode ocorrer durante a FA com uma rápi- da taxa ventricular devido à síncope neurocardiogênica (vasodepressora) desencadeada pela taquicardia ou por causa de uma queda acentuada da pressão arterial causada por uma redução no débito cardíaco. Pacientes com FA assintomáticos ou minimamente sintomáticos não costumam procurar atendimento médico e podem apresentar uma complicação tromboembólica, como acidente vascular cerebral ou o início insidioso de sintomas de insuficiên- cia cardíaca, eventualmente apre- sentando insuficiência cardíaca con- gestiva florida. A característica marcante da FA no exame físico é um pulso irregu- larmente irregular. Intervalos R-R curtos durante a FA não permitem tempo adequado para o enchimen- to diastólico do ventrículo esquerdo, resultando em um baixo volume sis- tólico e na ausência de pulso periféri- co palpável. Isso resulta em um “dé- ficit de pulso”, durante o qual o pulso periférico não é tão rápido quanto a frequência cardíaca real. Outras ma- nifestações de FA no exame físico são pulsações venosas jugulares ir- regulares e intensidade variável do primeiro som cardíaco, além da aus- culta de bulhas arrítmicas. 10FIBRILAÇÃO ATRIAL 3. TRATAMENTO Tratamento no departamento de emergência No departamento de emergência, o médico frequentemente se depa- ra com pacientes com FA de início recente (< 48 horas) ou FA perma- nente que apresentam alguma piora no quadro clínico. Geralmente esses pacientes procuram ou são referen- ciados para assistência hospitalar de urgência por conta de sintomas mais intensos, instabilidade clíni- ca (isquemia cardíaca, hipotensão, síncope ou sinais e sintomas de IC) ou evidência de pré-excitação ven- tricular (síndrome de Wolff-Parkin- son-White). O tripé de atuação no tratamento da FA é a redução da FC (controle da frequência), o controle do ritmo (reversão da arritmia) e a anticoagu- lação de acordo com sua indicação. No seu manejo inicial, o controle de frequência (a não ser naqueles pa- cientes que necessitem de cardio- versão imediata por instabilidade clínica), a avaliação da necessidade do uso de anticoagulantes e a pes- quisa por causas reversíveis de FA devem ser feitas em todos os pa- cientes. O próximo passo é a decisão de qual estratégia será utilizada no tratamen- to dos pacientes: 1. Controle de frequência cardíaca (FC) ou 2. Controle de ritmo (cardioversão associada à terapia antiarrítmica). Controle de FC implica no uso de medi- cações para manter a resposta ventri- cular adequada associado a anticoagu- lação plena por tempo indeterminado (continuamente). Controle de ritmo é a estratégia de reversão da FA ao rit- mo sinusal, além de evitar a recidiva da arritmia. Diversos estudos de boa qualidade foram publicados e demons- traram que nenhuma das duas estra- tégias é superior a outra, devendo a decisão sobre qual adotar ser individu- alizada para cada paciente (Tabela 1). CONTROLE Instabilidade clínica ocasionada pela FA FA associada a pré-excitação (SWFW) ou em pa- cientes jovens com ablação da arritmia programada Cardiomiopatiainduzida pela taquicardia Primeiro episódio de FA ou quando a sua etiologia é reversível Falha na estratégia de controle de FC ou quando o paciente persiste sintomático CONTROLE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA Idosos oligo ou assintomáticos com múltiplas comorbidades Pacientes com doenças de prognóstico ruim, em que os riscos da cardioversão são maiores que os benefí- cios relacionados a manutenção do ritmo sinusal Baixa chance de reversão da FA ou alta proba- bilidade de recidiva da arritmia, tais como: FA de longa data ou aumento significativo de átrio esquerdo no paciente com cardiopatias Tabela 1. Fatores analisados para escolha da estratégia terapêutica do paciente com FA Fonte: Martins (2017) 11FIBRILAÇÃO ATRIAL Controle de Frequência Cardíaca: Paciente com FA e taquicardia, es- tável hemodinamicamente, pode se beneficiar da estratégia inicial de con- trole da FC, com a finalidade de ten- tar melhorar os sintomas e o quadro clínico, até melhor definição da estra- tégia a ser adotada (se será realiza- da a reversão para ritmo sinusal, ou se assumirá a FA como permanente, e será realizada a anticoagulação e o controle de FC cronicamente). Existe pouca evidência sobre qual é a melhor medicação para controle de frequência cardíaca. As considera- ções para a escolha de longo prazo de agentes bloqueadores do nodo AV para controle da frequência ven- tricular devem incluir estilo de vida e as comorbidades do paciente. Parti- cularmente, é importante saber se o paciente apresenta disfunção ven- tricular esquerda associada quando se indica a terapia com controle de frequência ventricular. Em pacientes com fração de ejeção >40%, tanto os betabloqueadores como os blo- queadores dos canais de cálcio são escolhas adequadas. O esmolol é opção interessante, pois tem meia- -vida muito curta, e se a hemodinâ- mica do paciente responder adver- samente, basta suspender a infusão. Assim: • Esmolol: dose de ataque (opcio- nal), 0,5 mg/kg em 1 minuto. Dose de manutenção: 50 μg/kg/min até um máximo de 200 μg/kg/min. A meia- vida média em adultos é de 9 minutos. • Metoprolol: dose de ataque: 2,5 a 10 mg EV em bolus, repetir con- forme necessidade. Dose oral é de 100 a 200 mg ao dia. • Outras opções: • Verapamil: bolus EV 0,075-0,15 mg/kg (por volta de 5 a 10 mg) em 2 minutos e dose de manutenção de 5 mg/h. • Diltiazem: bolus EV 0,25 mg/kg em 2 minutos e dose de manutenção de 5-15 mg/hora. Dose oral de ma- nutenção de 120 a 360 mg ao dia. Em pacientes sem resposta adequa- da que mantêm a taquicardia, pode- -se considerar o uso associado de digoxina, segundo as diretrizes do consenso europeu de manejo de fibri- lação atrial, mas geralmente se reser- va o seu uso adjuvante para pacientes com disfunção cardíaca. O objetivo é atingir uma FC < 110 bpm. Em pacientes com FE < 40%, a droga inicial recomendada é usualmente a amiodarona, embora exista o risco de conversão para o ritmo sinusal (risco pequeno), sendo outra opção a digo- xina, que pode ser adicionada se con- trole de FC inadequado com a amio- darona. As doses são: • Amiodarona: dose de ataque 150 mg EV em 10 minutos. Dose de 12FIBRILAÇÃO ATRIAL manutenção: 0,5 a 1 mg/min. A dose necessária chega a 1,2 a 1,8 g nas primeiras 24 horas. • Digoxina: bolus EV 0,25-0,5 mg até um máximo de 1 mg ( dose máxima por peso: 8-12 μg/kg). SE LIGA! Na FA com pré-excitação (sín- drome de Wolff-Parkinson-White), nun- ca usar digoxina, betabloqueadores e bloqueadores de canal de cálcio. Essas medicações bloqueiam mais a condução pelo nó AV do que pelo feixe acessório, trazendo o risco de condução de fre- quência muito alta pelo feixe acessório e evolução para fibrilação ventricular. Nesses casos, deve-se proceder com cardioversão elétrica de urgência. Controle do Ritmo: Em pacientes com FA inédita, deve-se tentar pelo menos uma vez a conversão para ritmo sinusal. São exceções aqueles pacientes muito idosos e assintomáti- cos, ou aqueles com múltiplas comor- bidades. Em pacientes com indicação de controle agudo de ritmo, uma das primeiras considerações é se o pa- ciente apresenta ou não instabilidade hemodinâmica. Pacientes com insta- bilidade hemodinâmica têm indicação urgente de cardioversão usualmente elétrica. No caso de pacientes estáveis, porém com disfunção cardíaca significativa, a amiodarona é a medicação de es- colha em doses similares às utilizadas para controle da FC. Em pacientes com disfunção cardíaca moderada a leve ou síndrome coronariana aguda, uma opção possível é o Vernakalant, que é uma nova classe de fármacos antiarrítmicos com propriedades se- letivas atriais por bloqueio de corrente de potássio que é expressa principal- mente nos átrios. que foi aprovado na Europa para rápida conversão de FA. Em pacientes sem doença cardía- ca estrutural, a estratégia “pill in the pocket” com medicações orais é uma boa opção. Entre possíveis opções, temos: • Propafenona: dose para cardiover- são: 450 mg (< 70 kg) e 600 mg (≥ 70 kg). Não repetir por pelo me- nos 24 horas. Por causa dos efei- tos pró-arrítmicos, no primeiro uso, manter sob monitorização por pelo menos 6 horas. Pode provocar taquicardia ventricular, fibrilação ventricular, assistolia e torsades des pointes. • Fleicainida: dose de 100 a 150 mg duas vezes ao dia por via oral. Outra opção é o comprimido de liberação lenta em dose de 200 mg ao dia. Pode ser decidida em pacientes sem doença cardíaca estrutural a cardio- versão química endovenosa. Nesses casos, são opções fleicainida, ibutili- de, propafenona e Vernakalant. A cardioversão elétrica (CVE) sincro- nizada direta é um modo rápido e efe- tivo de converter o ritmo de FA para 13FIBRILAÇÃO ATRIAL ritmo sinusal. O procedimento pode ser realizado com segurança com se- dação, usualmente com midazolam ou propofol. O uso de cardioversores bifásicos é um pouco mais eficaz que os cardioversores monofásicos. O uso prévio de outros antiarrítmicos antes da cardioversão elétrica aumenta a chance de sucesso. Pode -se consi- derar bolus de magnésio (1-2 g) an- tes de cardioversão. Deve-se lembrar que: • Quanto mais tempo em ritmo de FA, maior a chance de falha da car- dioversão ou de recorrência. • O risco de embolização sistêmica é baixo quando a duração da FA é menor que 48 horas e sem cardio- patia estrutural. • Nos casos de FA por mais de 48 horas ou indeterminada, pode-se aguardar período de anticoagula- ção de 3 semanas ou excluir a pre- sença de trombo com ecocardio- grafia transesofágica. • Aparelho bifásico: recomendação de energia de choques sucessiva de 120 J → 200 J → 200 J. • Aparelho monofásico: 200 J → 300 J → 360 J. FA de duração < 48h Na FA de duração menor que 48h e estável, opta-se inicialmente pelo controle da FC com bloqueadores dos canais de cálcio (BCC) ou betablo- queadores. Costuma-se optar pela CVE para esses pacientes, devido ao baixo risco tromboembólico de uma FA de início muito recente. Após car- dioversão, é necessário anticoagular o paciente por um período mínimo de 4 semanas (RNI 2,0 - 3,0), reavalian- do posteriormente a necessidade de anticoagulação crônica pelos critérios de risco tromboembólico, como vere- mos a seguir. FA de duração > 48h Na FA de duração maior que 48h (ou de duração indeterminada) e está- vel, também se opta pelo controle da FC com BCC ou betabloqueadores e a anticoagulação com heparinização (HNI) + anticoagulação oral imediata (warfarina ou novos anticoagulan- tes orais). A CVE nesses pacientes, contudo, é considerada de alto risco tromboembólico e só deve ser efe- tuada após 3 semanas de anticoa- gulação plena com RNI terapêutico (entre 2,0 e 3,0) ou após ser sub- metido ao Ecocardiograma Transe- sofágico, sem evidência de trombos intracavitários. Após cardioversão, é necessário anticoagular o paciente por um período mínimo de 4 sema- nas (RNI 2,0 - 3,0), reavaliando pos- teriormente a necessidade de anti- coagulação crônica pelos critérios de riscotromboembólico. 14FIBRILAÇÃO ATRIAL Tratamento no âmbito ambulatorial Vários estudos randomizados com- pararam uma estratégia de controle de taxa com uma estratégia de con- trole de ritmo em pacientes com FA. No geral, esses estudos demonstra- ram uma taxa significativamente me- nor de reinternação com uma estra- tégia de controle de taxa, mas não houve diferenças significativas em outros desfechos importantes, como mortalidade por todas as causas, aci- dentes vasculares cerebrais, eventos hemorrágicos, piora da insuficiência cardíaca ou qualidade de vida. Controle de Ritmo: O objetivo mais realista da terapia com drogas antiar- rítmicas (DAA) em pacientes com FA persistente é atrasar o início do pró- ximo episódio por pelo menos vários meses, não por vários anos. Muitas vezes, é apropriado continuar a tera- pia com um DAA específico em uma dosagem constante se as recorrên- cias de FA forem limitadas a aproxi- madamente um episódio por ano. Em pacientes com FA paroxística sintomática, a agressi- vidade com a qual uma estratégia de controle de ritmo é seguida deve ser ditada pela frequ- ência e gravidade dos sintomas e quão bem é tolerada a terapia com DAA. É mais provável que a terapia medicamentosa seja considerada bem-sucedida quando os pacientes são lembrados de que o objetivo da terapia não é a supressão completa da FA, mas uma redução cli- nicamente significativa na frequência, duração e gravidade dos episódios. Uma estratégia farmacológica de controle de ritmo não requer neces- sariamente terapia diária com DAA. A terapia medicamentosa episódi- ca (a abordagem “pill in the pocket” explicada anteriormente) é útil para pacientes cujos episódios de FA são relativamente pouco frequentes. A terapia medicamentosa episódica é uma opção razoável para pacientes que estão claramente cientes do iní- cio e do término dos episódios de FA e que apresentam FA isolada ou ape- nas uma doença cardíaca estrutural mínima. Um regime típico de DAA nesta estratégia pill in the pocket” consiste em um fármaco de classe Ic (flecainida ou propafenona) mais um betabloqueador de ação curta (por exemplo, propranolol) ou bloqueador dos canais de cálcio (por exemplo, verapamil) para controle da FC. Muitos pacien- tes com episódios pou- co frequentes preferem essa abordagem, pois elimina os inconvenien- tes, os custos e os pos- síveis efeitos colaterais da terapia profilática di- ária. 15FIBRILAÇÃO ATRIAL No entanto, pacientes que são incapa- citados por sintomas graves durante a FA podem preferir terapia profilática diária, mesmo que os episódios se- jam pouco frequentes. Os resultados de estudos publicados sobre a eficá- cia dos DAA para FA sugerem que todos os medicamentos disponíveis, exceto a amiodarona, têm eficácia se- melhante e estão associados a uma redução de 50% a 60% nas chan- ces de FA recorrente durante 1 ano de tratamento. O único medicamento que se destaca por ter maior eficácia que os outros é a amiodarona. Em es- tudos que compararam diretamente a amiodarona com sotalol ou drogas de classe I, a amiodarona foi 60% a 70% mais eficaz na supressão da FA. No entanto, devido ao risco de toxi- cidade de órgãos, a amiodarona não é terapia medicamentosa de primeira linha apropriada para muitos pacien- tes com FA. Como a eficácia de outros agentes de controle de ritmo que não a amioda- rona está na mesma faixa geral, a se- leção de um DAA para prevenir a FA geralmente é ditada pelas questões de segurança e efeitos colaterais, de modo que as melhores opções de te- rapia medicamentosa para suprimir a FA dependem das comorbidades do paciente. Controle de Frequência Cardíaca: A FC alvo durante o controle de taxa da FA permanente varia com a idade e deve ser semelhante à FC que um pa- ciente teria em um determinado nível de esforço durante o ritmo sinusal. O controle da frequência cardíaca deve ser avaliado tanto em repouso quan- to durante o esforço. Em repouso, a frequência ventricular ideal durante a FA está na faixa de 60 a 80 bpm. Durante esforço leve a moderado (por exemplo, caminhada rápida), a taxa alvo deve ser de 90 a 115 bpm. Du- rante exercícios extenuantes, a taxa ideal está na faixa de 120 a 160 bpm. A avaliação ideal do grau de controle da frequência cardíaca é fornecida por um registro ambulatório de Holter de 24 horas ou por um teste de esforço. Os agentes orais disponíveis para o controle da frequência cardíaca a longo prazo em pacientes com FA são digitálicos, betabloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio e amiodarona. Os agentes de primei- ra linha para o controle da FC são os betabloqueadores e os bloqueadores dos canais de cálcio verapamil e dil- tiazem. Uma combinação é freqeen- temente usada para melhorar a efi- cácia ou limitar os efeitos colaterais, permitindo o uso de doses menores dos medicamentos individuais. Os digitálicos podem controlar ade- quadamente a frequência em repou- so, mas geralmente não fornecem controle adequado da frequência du- rante o esforço. No entanto, seu uso para o controle da FC de FA é con- troverso, porque foi demonstrado que o digital aumenta o risco de mortali- 16FIBRILAÇÃO ATRIAL dade por todas as causas, principal- mente entre pacientes com FA. A amiodarona é muito menos fre- quentemente usada para controle da taxa do que os outros agentes dro- motrópicos negativos, devido ao risco de toxicidade de órgãos associado à terapia a longo prazo. A amiodarona pode ser uma escolha apropriada para o controle da FC se os outros agentes não forem tolerados ou forem inefica- zes. Por exemplo, a amiodarona seria uma escolha apropriada para um pa- ciente com FA persistente, insuficiên- cia cardíaca e doença reativa das vias aéreas que não pode tolerar um blo- queador dos canais de cálcio ou um betabloqueador e que tenha uma FC elevada, apesar do tratamento com digitálicos. Anticoagulação A contração fibrilatória dos átrios é ineficaz em ejetar o sangue; desta forma, a estase sanguínea nos átrios de um paciente com FA propicia a formação de trombos. Uma das mais importantes decisões no paciente com FA é a necessidade de anticoa- gulação, pois a complicação mais co- mum e relevante da arritmia é o trom- boembolismo cerebral. Muitos pacientes com FA sintomá- tica também apresentam episódios assintomáticos. Portanto, a terapia antitrombótica diária para prevenir eventos tromboembólicos é apropria- da para todos os pacientes em trata- mento de FA recorrente, seja persis- tente ou paroxística, independente se for empregada uma estratégia de controle de ritmo ou controle de FC. A escolha de se não realizar nenhu- ma terapia anticoagulante, uso de anticoagulante oral, uso de aspirina ou aspirina mais clopidogrel deve ser determinada pela análise dos fatores de risco. Embora a FA aumente o risco de AVC em cinco vezes, esse risco não é ho- mogêneo e muda cumulativamente com a presença de outros fatores de risco para AVC. Conforme os escores de risco, pode-se dividir os pacientes em risco baixo, moderado e alto para tromboembolismo. Esses escores de risco são importantes no manejo do paciente. A Tabela 2 exibe o escore de risco CHA2DS2-VASc. LETRA DESCRIÇÃO PONTUAÇÃO C Insuficiência Cardíaca 1 H Hipertensão 1 A Idade ≥ 75 anos 2 D Diabetes 1 S2 AVC ou AIT prévio 2 V Doença vascular coro- nariana ou periférica 1 A Idade 65-74 anos 1 Sc Sexo feminino 1 Tabela 2. Escore de risco para AVC CHA2DS2-VASc Fonte: Velasco (2019) O escore é considerado de alto risco caso a pontuação seja de 2 ou mais 17FIBRILAÇÃO ATRIAL pontos; intermediário se 1 ponto, e de baixo risco se zero ponto. O escore serve para tomar a decisão tanto no âmbito ambulatorial como no depar- tamento de emergência (DE). No DE, um fator importante em rela- ção à decisão de anticoagular é o tem- po da arritmia. Se FA > 48 horas, reco- menda-se pelo menos três semanas de anticoagulação após cardioversão. Se FA < 48 horas, avalia-se o risco usandoo escore CHA2DS2-VASc com as seguintes recomendações: • Um escore CHA2DS2-VASc ≥ 2 re- presenta indicação de anticoagular por pelo menos quatro semanas. • CHA2DS2-VASc de 0: não antico- agular. • CHA2DS2- VASc de 1: usar o jul- gamento clínico e considerar um antiagregante (aspirina). O julga- mento clínico é importante e deve ser contrabalanceado com o risco de sangramento. No contexto ambulatorial, para pa- cientes com FA persistente ou paro- xística, (exceto com estenose mitral moderada a grave ou uma válvu- la cardíaca mecânica) e um escore CHA2DS2-VASc de 0 em homens ou 1 em mulheres, é razoável omitir a terapia anticoagulante. Para pa- cientes com FA (exceto com esteno- se mitral moderada a grave ou vál- vula cardíaca mecânica) e um escore CHA2DS2-VASc de 1 em homens e 2 em mulheres, pode-se considerar a prescrição de um anticoagulante oral para reduzir o risco de acidente vascular cerebral tromboembólico. Para pacientes com FA e um escore CHA2DS2-VASc elevado, de 2 ou maior em homens ou 3 ou maior em mulheres, são recomendados antico- agulantes orais. Atualmente, os anticoagulantes orais diretos (DOACs) (dabigatrana, rivaro- xabana, apixabana, edoxabana), são considerados como de primeira esco- lha. Eles não devem ser utilizados nas seguintes situações: • Pacientes que não possuem boa adesão à apixabana e debigatrana (por serem tomados duas vezes ao dia); • Pacientes que não podem custear a terapêutica com os DOACs; • Portadores de doença renal crôni- ca com taxa de filtração glomerular < 30ml/min (apixabana é aprovada nos EUA para este uso); • Uso de drogas antiepiléticas indu- toras de enzimas ou inibidores da protease; • Pacientes com FA valvar (uso de valvas cardíacas mecânicas, este- nose mitral moderada ou grave); • Pacientes que já vêm em uso de warfarina com RNI controlado em mais de 65% das vezes em 01 ano. 18FIBRILAÇÃO ATRIAL Se a anticoagulação for realizada com antagonista da vitamina K - warfarina -, o alvo de RNI é entre 2 e 3. O efeito da warfarina é afetado por muitos fa- tores, como genética, dieta, drogas e álcool; o que pode, portanto, restringir o número de pacientes elegíveis que podem ter sucesso com esse trata- mento. O tempo na faixa terapêutica de RNI é um determinante importan- te de proteção contra AVC isquêmico e o risco de hemorragia grave é baixo quando o paciente faz bom controle da anticoagulação (tempo em inter- valo terapêutico ≥ 70%). Risco de sangramento: Uma outra consideração importante no pacien- te é seu risco de sangramento. Para essa avaliação, um instrumento útil é o escore HAS-BLED (Tabela 3). Os pacientes com escore maior que 3 apresentam alto risco de sangramen- to, mas isso não significa que tenham contraindicação a anticoagulação, pois estes mesmos pacientes pos- suem também, na maioria das vezes, maior risco para eventos embólicos. Em um estudo, pacientes com uma pontuação alta no escore HASBLED ou com antecedente de sangramento cerebral tiveram um benefício clínico maior com a warfarina do que pa- cientes com escore HASBLED menor, uma vez que aqueles com maior ris- co de hemorragia também estão em risco elevado de AVC, e teriam uma maior redução absoluta no risco de AVC com a warfarina, que supera o pequeno aumento absoluto em gran- des eventos hemorrágicos. A importância do escore de risco de sangramento HASBLED, entretan- to, é grande, pois faz médicos e pa- cientes avaliarem os fatores de risco para hemorragia corrigíveis, como uso de aspirina concomitante ou hi- pertensão mal controlada, que pode ser modificada para reduzir o risco de sangramento. Assim, o escore é uma importante ferramenta para enten- der o risco de sangramento, mas não contraindica a anticoagulação. H ipertensão sem controle (PAS ≥ 160mmHg) A lteração da função renal (Cr ≥ 2,6) ou hética (↑BD ou TGO/TGP) S troke (AVC prévio) B leeding predisposition (antecedente ou pre- disposição) L ábil RNI (pacientes em uso de warfarina) E derly (idoso ≥ 65 anos) D rogas ou uso de álcool Tabela 3. Escore de risco para sangramentos HASB- LED Fonte: Adaptado de Velasco (2019) Ablação por cateter da FA A ablação por cateter elimina de ma- neira confiável e permanente vários ti- pos de arritmias, como taquicardia re- entrada nodal atrioventricular (TRN) e taquicardias mediadas pela via aces- sória (TRAV). Taxas de sucesso supe- riores a 95% são atingíveis quando o substrato da arritmia é bem definido, 19FIBRILAÇÃO ATRIAL localizado e estável temporalmente. Por outro lado, o substrato da arritmia da FA não é bem conhecido, geral- mente é amplo, é variável entre os pa- cientes e pode ser progressivo. Além disso, vários fatores que promovem a FA não podem ser abordados sim- plesmente pela ablação por cateter, incluindo comorbidades (por exemplo, hipertensão, obesidade, apneia obs- trutiva do sono), remodelação estru- tural dos átrios, fatores inflamatórios e fatores genéticos. Portanto, embora as recorrências tardias da TRN ou da via acessória sejam muito raras, a FA pode recorrer em 2 ou 3 anos após um procedimento de ablação inicial- mente bem-sucedido. Seleção de pacientes: Dadas as li- mitações da ablação por cateter da FA, geralmente é apropriado tratar o paciente com pelo menos um medi- camento para controle do ritmo antes de considerar a ablação por cateter. Isso é particularmente verdadeiro se a FA for persistente porque a eficácia da ablação por cateter é menor para FA persistente do que para FA paro- xística. Os candidatos mais adequa- dos para a ablação por cateter têm FA sintomática que afeta a qualida- de de vida e não responde adequa- damente à terapia medicamentosa. O candidato ideal tem FA isolada ou apenas uma doença cardíaca estru- tural mínima. A recomendação para a ablação por cateter deve depender da gravidade dos sintomas, respos- tas prévias à terapia medicamento- sa ou cardioversão transtorácica e probabilidade estimada de sucesso. É menos provável que a ablação por cateter seja bem-sucedida quando o átrio esquerdo estiver extremamente dilatado ou se a FA persistir por mais de 3 ou 4 anos. A ablação por cateter da FA geral- mente é contraindicada em pacientes com trombo atrial esquerdo ou que não podem tolerar anticoagulação por pelo menos 6 a 8 semanas após a ablação. A ablação por cateter ge- ralmente também é inadequada em indivíduos assintomáticos com uma pontuação CHA2DS2-VASc maior que 1, cuja única motivação para se submeter ao procedimento é eliminar a necessidade de anticoagulação. Embora geralmente reservada para pacientes que não responderam ade- quadamente ao tratamento com DAA, a ablação por cateter da FA também pode ser uma terapia de primeira linha apropriada em pacientes com menos de 35 anos com FA sintomática, pa- cientes com disfunção do nó sinusal nos quais a terapia com DAA prova- velmente criará a necessidade para o uso de marcapasso permanente e pacientes que expressam forte pre- ferência pela ablação por cateter em vez de terapia medicamentosa. 20FIBRILAÇÃO ATRIAL MAPA MENTAL FIBRILAÇÃO ATRIAL Ritmo irregular Tremor na linha de base ou linha reta Ausência de Onda P FA Complicação Tratamento Permanente Reversão não será + tentada Persistente > 7 dias para reverter Paroxística Reverter em até 7 dias Classificação Arritmia sustentada + frequente Idosos Jovens: drogas em excesso; hipertireoidismo Estenose Mitral Epidemiologia Assintomático Palpitações Exame físico Anisocardiosfigmia. Sem contração atrial efetiva --> Ausência de sinais que dependem da contração: Onda A do pulso venoso. Reforço pré- sistólico do sopro ruflar. B4 Quadro Clínico Diminui o risco de trombo em AE Cardioversão Eletrica Sincronizada (CVES) Controle do Rtimo antiarritmico Controle de FC Inicio FA < 48 Horas; ECO – TE sem trombo. Anticoagulado: pelo menos 3 sem --> CVES: 4 Sem Ablação PropafenonaAmiodarona BB Verapamil Diltiazem Digoxina Taquicardiomiopatia TEV sistêmicoControlar a FC Isquemia mesentérica Embolia Arterial em MMII AVE isquêmico 21FIBRILAÇÃO ATRIAL REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Manning WJ et al. Atrial fibrillation: Anticoagulant therapy to prevent thromboembolism. Up- ToDate, 2019. Martins HS. Medicina de emergências. 12. ed. Barueri, SP: Manole, 2017 Velasco IT, Brandão-Neto RA, Souza HP et al. Medicina de emergências. 13ª ed. Barueri, SP: Manole, 2019 Zipes DP, Libby P, Bonow RO et al. Braunwald’s Heart Disease: A Textbook of Cardiovascu- lar Medicine 11th. Elsevier, 2018. 22FIBRILAÇÃO ATRIAL
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