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ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 SOI II - anatomia 1. introdução à neuroanatomia humana As propriedades primitivas encontrados em todos os seres são: irritabilidade, condutibilidade e contratilidade. Ou seja, o ser percebe algo, passa a mensagem para ser interpretada e logo após, reage. O estimulo que vai conduzir o impulso elétrico da periferia para o centro é chamado de aferente (sensitivo), e o que conduz o impulso do centro para a periferia é o eferente (efetua ações). Apenas músculos ou glândulas conseguem efetuar a resposta no corpo humano, podendo ser voluntario, no caso de alguns músculos, ou involuntário, no caso de outros músculos e todas as glândulas. © Células do sistema nervoso A principal célula do sistema nervoso são os neurônios, e eles podem se apresentar de formas diferentes: bipolar, multipolar (neurônio motor eferente) ou pseudounipolar (aferente). Os neurônios mantem contato uns com os outros, ou com um musculo, glândula, tecido, e o espaço de junção dessas células é denominado sinapse, que podem ser químicas ou elétricas. Além dos neurônios, as outras células do sistema nervoso central são denominadas células da glia, e algumas delas são oligodendrócitos, que envolve os axônios formando a bainha de mielina, astrócitos que promovem o distanciamento dos neurônios e células ependimarias que produzem o liquido cefalorraquidiano que banha todo o SNC e cumpre um papel de barreira química ou mecânica importante. O funcionamento do sistema nervoso está baseado em dois mecanismos: ® Estimulo reação: reação reflexa – reagimos ao estimulo sem interferência da nossa vontade ® Estimulo interpretação reação: reação interpretada – reagimos ao estimulo utilizando diversos músculos O sistema nervoso pode ser dividido da seguinte maneira: O sistema nervoso central pode ser dividido estruturalmente, em cérebro e medula espinhal, ou funcionalmente, em sistema nervoso somático e sistema nervoso visceral. O primeiro é responsável pelas ações voluntarias do corpo e o segundo é responsável pelo funcionamento involuntário do corpo, sendo que sua parte eferente também é chamada de autônomo (simpático e parassimpático). A ultima maneira de dividir o SNC é uma divisão segmentar, dividindo em SN segmentar (tronco encefálico e medula espinhal) e SN supra-segmentar (cérebro e cerebelo). © Anatomia do nervo No esquema acima é possível perceber a formação do nervo espinhal desde a medula. Ele possui uma raiz motora (ventral) e uma raiz sensitiva (dorsal). Analisando anatomicamente, as raízes não são iguais, pois na raiz dorsal do nervo periférico é possível perceber a presença de gânglios, uma região mais abaulada pela presença de corpos de neurônios. O nervo espinhal é capaz de conduzir impulsos aferentes e eferentes. É um sistema altamente vascularizado (veias – azul | artéria em vermelho). © Fibras do SNC No sistema nervoso central, tem-se as fibras sensitivas (aferentes), ou seja, os estímulos que chegam nele, que podem vir de articulações, pele, musculo ou também das próprias vísceras. As funções sensitivas somáticas são mais precisas que as viscerais, por isso conseguimos localizar onde um mosquito pousou em nossa pele, mas não conseguimos sabe onde se encontra uma úlcera, apenas sentimos desconforto na região. Ou seja, a sensibilidade visceral é menos específica que a somática. Já as fibras eferentes, ou seja, as fibras de respostas, partem do SNC para os músculos esqueléticos, que são as fibras somáticas (somatomotoras). Já as fibras que vão para as glândulas, músculo liso e cardíaco, são as fibras visceromotoras. Ou seja, do ponto de vista de respostas, podem haver respostas voluntárias e involuntárias. O neurônio pseudounipolar faz associação com um outro neurônio, que leva a informação até os órgãos superiores do SNC. o conjunto de corpos de neurônios que se localizam fora do SNC é chamado de gânglio. Resumindo então, o que acontece é que a informação aferente chega a uma área cortical, é interpretada e, assim, é enviada uma resposta eferente uma vez que houve uma interação entre as áreas sensitiva e motora. As informações podem ir para regiões superiores ou apenas passar pela medula e ir direto para o músculo, no caso dos reflexos, que são a nível medular. ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 2. anatomia do crânio O crânio é o esqueleto da cabeça, fazendo parte do esqueleto axial (crânio e coluna vertebral). Os ossos do crânio nos adultos são ligados por articulações fibrosas que não oferecem movimento, apenas formam o envoltório para proteger o encéfalo. Já nas crianças, se articulam por meio de articulações cartilaginosas, que tem uma certa elasticidade sendo importante na hora do nascimento. A divisão dos ossos é feita seguinte maneira: a parte que protege o encéfalo é chamada de neurocrânio e a parte que envolve a face é o viscerocrânio. Os ossos do crânio não são compactos e entre as duas corticais ósseas é possível perceber uma parte esponjosa/areada que é chamada de díploe. A díploe nada mais é do que a medula encontrada nos ossos do braço, por exemplo, onde podem ser encontradas trabéculas ósseas. © Vista anterior O osso frontal é o osso único que forma a nossa “testa”. O nariz é formado por: osso nasal (articulam com o osso frontal); septo nasal (formado por dois ossos) e conchas nasais (superior, media e inferior). Maxila é o osso em que se encontram os dentes superiores. O osso zigomático é o que está lateralmente formando a “maçã” do rosto. © Vista superior A sutura coronal liga o osso frontal aos parietais, a sutura sagital liga os dois parietais e a sutura lambdoide liga os parietais ao occipital. O osso occipital é o que forma a “nuca”. © Vista posterior Observa-se com mais destaque o osso occipital e a sutura lambdoide. Possível perceber a porção petrosa do osso temporal. © Vista lateral Observa-se com destaque o osso esfenoide, que parte fica posterior ao zigomático, e compõe o fundo da orbita. O osso temporal possui um processo zigomático, e o osso FRONTAL PARIETAL OCCIPITAL ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 zigomático possui um processo temporal, locais em que eles se relacionam. © Vista superior com calota craniana aberta Pode-se perceber o osso esfenoide com duas asas (maior e menor). A região central do esfenoide (aspecto de cela de cavalo) é a sela túrcica, onde fica a glândula hipófise. O occipital se estende até a base do crânio e tem-se o maior forame chamado de forame magno, por onde passa a medula espinhal. © Mandíbula O osso da mandíbula possui o formato de uma ferradura. Se articula com o osso temporal a articulação temporo- mandibular (ATM), que é a articulação do côndilo da mandíbula com o osso temporal/fossa condilar do osso temporal. Processo coronóide se situa na parte interna do zigomático. © Órbita É uma abertura aproximadamente ovalada na parte anterior do crânio. Pode ser definida como uma pirâmide de quatro lados onde o ápice (canal óptico e as fissuras orbital superior e inferior) encontra-se no fundo. Parede superior da órbita é formada pelo osso frontal; borda superior pela crista supra orbital do osso frontal e borda inferior pelo maxilar e zigomático. O fundo é mais lateral, sendo a asa maior do osso esfenoide onde se localizam as fissuras orbitais superior e inferior. © Pontos craniométricos Pontos craniométricos são pontos anatômicos utilizados como referência para craniometria, e classificam-se em pontos pares e ímpares. BREGMA – onde a sutura coronal se encontra coma sutura sagital; VÉRTIX - ponto mais alto do crânio; NASIO – ponto de articulação entre os dois ossos nasais com o osso frontal; PTÉRIO – encontro de quatro ossos (parietal, frontal, temporal, esfenoide); ASTÉRIO – encontro do parietal + temporal + occipital; INIO – parte mais posterior da nuca; GÔNIO – ângulo da mandíbulae POGÔNIO – região mentual. Fazendo uma correlação clinica, as fraturas da base do crânio de Le Fort consistem na dissociação do neurocrânio com maxila, e pode ser do tipo I, II ou III. Um sinal típico desse tipo de fartura é o sinal do guaxinim em que os olhos ficam inchados e roxos, e o sinal de Bettle em que a parte posterior da orelha fica roxa. A anosmia também é um sinal de fratura de base do crânio, em que ocorre perda do olfato, já que nessa região se encontra o nervo olfatório. A rinorreia é quando se tem uma fratura da lâmina clivosa do osso etmoide e o liquor que passa na periferia do encéfalo pode extravasar e escorrer pelo nariz. FRONTAL ETMÓIDE ® ESFENÓIDE TEMPORAL OCCIPITAL PARIETAL ® ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 3. anatomia do olho O olho se localiza no interior da órbita, e a parte da pele que cobre os olhos é chamada de pálpebra, que possui cílios. Na comissura palpebral medial encontra-se o lago lacrimal, e o ducto nasolacrimal é responsável por retirar o excesso de lagrimas do olho. O olho é divido em campos nasal (medial) e temporal (lateral). Nos campos nasais, as informações navegam para o mesmo lado do lobo cerebral, enquanto no campo temporal, os impulsos são emitidos para o lado oposto. A mucosa que reveste a face interna da pálpebra é chamada de conjuntiva tarsal. Ela produz uma mucina (filme lacrimal) que é responsável por facilitar o livre movimento do olho, e também funciona como barreira contra o microrganismo. A conjuntivite é justamente a inflamação dessa conjuntiva, por isso a sensação de “areia” nos olhos, já que o mecanismo de deslizamento está comprometido. As pálpebras se fixam nas bordas pelo corpo ciliar através do ligamento palpebral lateral, e a glândula lacrimal se organiza no teto da órbita lateralmente. © Bulbo ocular O bulbo ocular está separado em 3 camadas: túnica fibrosa (camada externa), túnica vascular (camada média) e túnica interna/neural. A primeira possui a esclera, parte que da a coloração branca ao bulbo, e a córnea, camada transparente que cobre a íris e a pupila, e é onde ocorre maior parte da refração da luz. Na segunda encontra-se o corpo ciliar, que através de seu processo ciliar é produzido o humor aquoso, responsável pela nutrição da córnea e manutenção da pressão intraocular. Também na túnica fibrosa encontra-se o esfíncter da pupila, que faz com que ela se mexa. Por ultimo, a túnica interna contem a retina, que capta a luz. O bulbo também possui 3 câmaras: anterior, posterior e postrema. A câmara anterior é o espaço entre a córnea e a íris, a câmara posterior é o espaço entre a íris e a lente e a câmara postrema é onde encontra-se o humor vítreo, que mantem a anatomia propícia da camada neural, permitindo um bom posicionamento da lente. Se ocorre aumento da pressão intraocular, ocorre o glaucoma, que pode trazer deformidades a córnea e é um dos maiores motivos de cegueira. © Definição de cada parte A córnea é a porção mais anterior, contínua com a esclera e a fóvea é a porção mais posterior. A camada média (representada pela linha em vermelho) é chamada de corioide, por onde passam os vasos que vago irrigar a estrutura ocular. Já a íris confere pigmentação dos olhos, a pupila é o esfíncter onde se tem a abertura do olho ou sua contração e a retina é a camada mais interna (representado na cor amarela). É da retina que os axônios saem para formar os nervos (camada neural), e o nervo óptico é o segundo par de nervo craniano. A fóvea consiste em um sulco, que apresenta a maior acuidade visual, já que é rica em fotorreceptores. © Ponto cego O ponto cego é a zona desprovida de fibras fotorreceptoras, possuindo apenas milhares de fibras que irão compor o nervo óptico, chamado de disco óptico. © Músculos intrínsecos Os músculos intrínsecos são responsáveis pelos movimentos de miose e midríase da pupila. A miose é a redução do diâmetro da pupila, em que ocorre ação parassimpática de resposta rápida pelo excesso de luminosidade e ativação do músculo constritor da pupila, com fibras circulares. A midríase é a dilatação da pupila, que ocorre por resposta lenta mediada pelo sistema nervoso simpático. Também chamada de acomodação, ocorre ativação de musculo dilatador da pupila, com fibras radiais. © Músculos extrínsecos Já os músculos extrínsecos são o reto superior, reto inferior, obliquo inferior, obliquo superior, reto medial e reto lateral. ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 4. anatomia da orelha A orelha é dividida em externa, onde encontra-se o pavilhão auricular e o meato acústico externo; em media, que possui a cavidade timpânica, os ossículos e a membrana timpânica; e a orelha interna, que possui a parte petrosa do osso temporal, e em seu interior os labirintos ósseo e membranoso. © Orelha externa A borda principal da orelha externa é a hélice, e a borda anterior a hélice é a antélice. Toda a região interna é chamada de concha, e sua anatomia facilita a entrada de som no meato acústico externo. Também encontramos o trago, o antítrago e o lóbulo. © Orelha média A principal função dessa parte da orelha é transmitir o som da membrana do tímpano para a orelha interna. A estrutura que faz a comunicação entre a nasofaringe e a orelha media é chamada de tuba auditiva, que é importante na regulação da pressão da orelha media. A otite em crianças é muito comum justamente pela relação anatômica de a tuba auditiva ser mais horizontalizada, facilitando infecções. A orelha media possui a câmara timpânica, em que nela temos o nervo corda do tímpano que vai se unir com o facial até as glândulas submandibulares. A janela oval tem contato com estribo e a redonda com a cóclea, na orelha interna. A câmara tem contato com o processo mastoide, e os músculos que mexem a membrana e os ossículos são tensor do tímpano e estapédio. A câmara está representada na imagem a seguir. © Orelha interna A orelha interna é constituída pela parte petrosa do osso temporal, onde tem o labirinto ósseo e o membranoso. O labirinto ósseo possui a cóclea, e o membranoso os canais semicirculares e vestíbulos. A endolinfa passa pelo interior dos canais semicirculares da cóclea, o que gera um sinal elétrico para o nervo vestibular, que gera informações sobre o equilíbrio. Ou seja, as principais estruturas da orelha interna, canais semicirculares e cóclea são responsáveis pelo equilíbrio e pela audição, respectivamente. © Processo de audição Som penetra no meato e encontra uma barreira que é a membrana timpânica. Delimita orelha média e interna. Glândulas produzem cera para ser barreira mecânica e amenizar os sons para membrana timpânica. A membrana timpânica vibra e estimula os ossículos (martelo, bigorna, estribo). Ou seja, onda sonora→ onda mecânica→ no interior para cóclea onda liquida→ irrita as terminações nervosas da cóclea e transforma em onda elétrica. Os nervos do crânio passam no meato acústico interno e param nos canais semicirculares. ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 5. envoltórios e cavidades encefálicas São as meninges, consideradas as membranas que vão envolver o encéfalo e a medula espinhal © Dura mater Meninge mais externa, espessa, densa e bilaminar (recobre tanto o cérebro, encéfalo quanto a medula espinhal), também conhecida como paquimeninge. Possui duas camadas: camada periosteal (próxima ao osso) e camada meníngea (interna – próxima ao tecido neural propriamente dito). Também possui invaginações – reflexões/espessamentos específicos da dura mater, e esses são: foice do cérebro, foice do cerebelo, tenda do cerebelo (por cima do cerebelo) e diafragma da sela (membrana fina que recobre a célula túrcica, alojando o diencéfalo). As separações da dura mater são: ® Seio sagital superior e lacunas laterais Mais superior na foice do cérebro.® Seio sagital inferior Na parte interior da foice do cérebro, desemboca no seio reto e chega na confluência dos seios. ® Seio reto ® Seio transverso Chega também na confluência dos seios e vai em direção ao seio sigmoide que depois distribui para o coração. ® Seio sigmoide ® Seio occipital ® Seios petrosos superiores e inferiores ® Seio cavernoso ® Confluência dos seios (um ponto onde alguns seios se confluem/unem) A artéria meníngea média (adentra o crânio pelo forame espinhoso) é a principal que vasculariza a Dura mater. As artérias da dura vascularizam mais a calvária do que a própria dura mater. Os ramos meníngeos dos três ramos do nervo trigêmeo (III par de nervo craniano) inervam a dura. © Aracnoide e Pia Mater As duas camadas foram a leptomeninge. A Aracnoide é uma camada avascular não aderida à camada meníngea da dura mater. Já a Pia Mater é altamente vascularizada, extremamente fina, transparente e difícil manipulação. Espaços meníngeos: ® Extradural ou epidural – espaço patológico. Não é continuo com o espaço epidural medular e torna- se um espaço real, por exemplo, na hemorragia arterial ® Subdural – também patológico, resultado de trauma com hemorragia venosa ® Subaracnóideo – espaço verdadeiro, onde circula o liquor cefálio raquidiano (LCR), as trabéculas aracnoides ocupam esse espaço No hematoma epidural observa-se um sangramento por fora da dura mater e esse sangramento empurra o tecido ósseo, desviando a linha média. Percebe-se que há um extravasamento externo pelas têmporas. Já no hematoma Subdural, o sangue ele se esparra por esse espaço, ficando circunscrito no local do trauma, e acontece na camada entre Dura Mater e Aracnoide. ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 O sistema ventricular é o conjunto de cavidades no interior do encéfalo onde é produzido e circula o liquor. É remanescente do tubo neural e possui ventrículos laterais, os maiores, que produzem o liquor e lançam no terceiro ventrículo. É importante dizer que o LCR protege o encéfalo contra qualquer trauma, servindo como amortecedor hidrostático. Na imagem, é possível observar o contorno do ventrículo lateral esquerdo. Ele apresenta um corno frontal, corno anterior, corno lateral ou temporal e um corpo posterior ou occipital. Os ventrículos laterais, seja ele direito ou esquerdo, são os maiores ventrículos. Eles vão produzir o liquor e lançá-lo no terceiro ventrículo. Bem medialmente existe o terceiro ventrículo, que apresenta um formato irregular, que recebe o liquor pelos forâmenes interventriculares. Tem a capacidade de produzir o liquor e o lança através do aqueduto do mesencéfalo em direção ao quarto ventrículo, que apresenta um formato de um losango (perto do cerebelo). Esse liquor a partir do quarto ventrículo, e é lançado no espaço subaracnóidea por aberturas medianas (forame mediano) e laterais (forame lateral). O LCR é incolor, ocupando o espaço subaracnóideo, e um indivíduo adulto contém cerca de 120 a 150 ml de líquido cerebrospinal. Dos ventrículos laterais, o líquido cerebrospinal flui para o 3º pelos forames interventriculares, e posteriormente passa para o 4º ventrículo pelo aqueduto do mesencéfalo. No 4º ventrículo, o líquido cerebrospinal flui para o espaço subaracnóideo medular, por meio de três aberturas: uma abertura mediana e duas laterais. A absorção do líquido cerebrospinal ocorre nas granulações aracnóideas. © Hidrocefalia A hidrocefalia é o desequilíbrio entre a produção e reabsorção de LCR, levando a uma dilatação do sistema ventricular. Pode ser causado por uma obstrução do fluxo normal do LCR, e a derivação ventrículo-peritoneal é um dos possíveis tratamentos. 6. anatomia do cérebro O cérebro pode ser divido em telencéfalo e diencéfalo. O Telencéfalo é composto pelos hemisférios cerebrais e lobos: frontal; parietal; occipital; temporal; ínsula e límbico. Já o Diencéfalo é composto pelo Tálamo (Metatálamo), Hipotálamo, Epitálamo e Subtálamo. Além disso também podemos encontrar os núcleos da base e o centro semioval (fibras). © Telencéfalo Formado por duas massas laterais, denominadas de hemisférios cerebrais assimétricos, direito e esquerdo. São separados parcialmente pela fissura longitudinal do cérebro. Funcionalmente, o hemisfério esquerdo está relacionado com a lógica e raciocínio, enquanto que o direito com percepção, abstração e musicalidade. No telencéfalo encontramos circunvoluções denominadas de giros, que aumentam a superfície para os neurônios, e ao mesmo tempo diminui o tamanho do telencéfalo. Os giros do telencéfalo são separados por sulcos. ® Lobos do telencéfalo O telencéfalo é dividido em partes denominadas lobos. São cinco lobos anatômicos do telencéfalo e um lobo considerado funcional. Dos cinco lobos anatômicos, quatro deles se relacionam com os ossos do crânio, recebendo a mesma denominação. Esses ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 lobos do telencéfalo são: frontal, parietal, temporal, occipital e insular. O lobo insular não se relaciona com os ossos do crânio, e sua visualização se dá quando afastamos o giro temporal superior e o giro frontal inferior. O lobo funcional do telencéfalo é o lobo límbico, que abrange parte dos lobos frontal, parietal e temporal. O lobo límbico é constituído por estruturas nervosas que formam um limbo na face medial do telencéfalo (nos lobos frontal, parietal e temporal). É formado por estruturas corticais e subcorticais, o giro do cíngulo, giro parahipocampal e o hipocampo, e é considerado o lobo do comportamento emocional. ® Faces do telencéfalo 1. Face súpero-lateral Na face súpero-lateral identificamos os quatro lobos do telencéfalo (frontal, parietal, temporal e occipital). Dois grandes sulcos são visíveis: sulco central e sulco lateral. 2. Face inferior A face inferior do telencéfalo se apoia na base do crânio (com exceção do polo occipital). Os lobos frontal, temporal e occipital são visualizados nessa face. 3. Face medial A face medial do telencéfalo é estudada nos cortes sagitais medianos do encéfalo. Evidencia os lobos frontal, parietal e occipital, além de estruturas não corticais, a substância branca, sendo: corpo caloso, fórnice, comissura anterior, lâmina terminal e o septo pelúcido. Nessa face, também fica evidente as estruturas corticais do lobo límbico, localizadas nos lobos frontal e parietal (no lobo temporal estão localizadas na face inferior). ® Sulcos do telencéfalo 1. Central – divide os lobos frontal e parietal (termina na metade do sulco lateral) 2. Lateral – divide os lobos frontal, parietal e temporal 3. Pré central – anteriormente ao sulco central 4. Pós central – posterior ao sulco central 5. Frontal superior 6. Frontal inferior 7. Temporal superior 8. Temporal inferior 9. Intraperietal 10. Parieto-occipital – separa o lobo parietal do occipital 11. Calcariano – bordas desse sulco é onde ocorre a projeção da visão ® Giros do telencéfalo 1. Pós central – anteriormente ao sulco pré central 2. Pós central – posteriormente ao sulco pós central 3. Frontal superior 4. Frontal médio 5. Frontal inferior – apresenta 3 porções ou partes (parte orbital, triangular e opercular) 6. Temporal superior 7. Temporal médio 8. Temporal inferior 9. Occipital (marca o lobo occipital) 10. Parietal superior 11. Parietal inferior 12. Supramarginal 13. Angular 14. Giro do cíngulo 15. Giro parahipocampal 16. Úncus O Hipocampo é uma formação profunda, localizada no lobo temporal, e está relacionado à memória recente. É formado pelo córtex mais antigo, por isso é a primeira área cortical a surgir. ® Classificação funcional do telencéfalo Projeções primarias recebem fibras diretamente de áreas sensitivas ou motoras, ou seja, aferentes e eferentes. Já as áreas que não recebem fibras diretas, são chamadas de Gnósicas ou secundárias.Cada região do telencéfalo é responsável por diferentes funções mostradas a seguir: 1. Linguagem: 80% no hemisfério esquerdo 2. Palavra escrita: giro frontal médio 3. Palavra ouvida: giro temporal superior 4. Palavra lida: giro angular 5. Palavra falada: giro da broca (porção triangular e opercular do giro frontal médio) 6. Esquema corporal: área cortical de associação – giro supramar ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 © Diencéfalo O diencéfalo está localizado medialmente, entre os hemisférios cerebrais. É constituído pelo: tálamo, hipotálamo, epitálamo, metatálamo e subtálamo, e relaciona-se com o IIIº ventrículo. ® Tálamo São duas massas ovaladas, localizadas lateralmente ao IIIº ventrículo. O tálamo é constituído, internamente, por vários núcleos. A maior parte dos núcleos talâmicos está relacionada com estímulos sensitivos tornando o tálamo um relé para as vias sensitivas, por isso, o tálamo está associado ao controle somático, visceral e o sistema emocional. Os núcleos talâmicos são corpos de neurônios envolvidos por substância branca dentro do sistema nervoso central. ® Hipotálamo Está localizado inferiormente ao tálamo, separado deste pelo sulco hipotalâmico. O hipotálamo está envolvido com diversas funções orgânicas, como: controle da parte autônoma do sistema nervoso, sede, fome, saciedade, regulação da temperatura, controle endócrino, sono, vigília, regulação da diurese e sensações relacionadas ao prazer e raiva. ® Epitálamo Localizado superiormente ao mesencéfalo e, separado desde pela comissura posterior. Apresenta formações endócrinas e não endócrinas. A principal formação endócrina é a glândula pineal (localizada inferiormente o esplênio do corpo caloso). A glândula pineal atua sobre as gônadas (testículos ou ovários), e produção cíclica de melatonina. ® Subtálamo O subtálamo é a menor formação diencéfalica, sua principal formação é o núcleo subtalâmico, relacionado com o controle do movimento somático. Ele não estabelece relações com o III ventrículo. © Núcleos da base São corpos de neurônios, bem delimitados e com funções específicas, localizados no interior do centro medular branco do cérebro. Estão envolvidos diretamente com o sistema motor, através de uma função moduladora dos movimentos, participando sobremaneira nos processos de planejamento e controle dos movimentos. Os núcleos caudado e lentiforme formam o corpo estriado (relacionado com o planejamento motor, apresentando conexões com o mesencéfalo e o diencéfalo). 1. Núcleo caudado: em forma de arco, se relaciona com o ventrículo lateral. Sua porção anterior é dilatada constituindo a cabeça do núcleo caudado. 2. Núcleo lentiforme: formado medialmente pelo globo pálido e, lateralmente pelo putâmen. 3. Claustro: é uma fina lâmina de substância cinzenta, localizada entre as cápsulas externa e extrema. 4. Corpo amigdalóide: localiza-se próximo à cauda do núcleo caudado, no lobo temporal. Tem amplas conexões com o sistema límbico, relacionando-se com o comportamento sexual e agressividade. ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 5. Núcleo basal: formado por neurônios colinérgicos, localiza-se anteriormente ao globo pálido. Conecta-se ao sistema límbico e ao córtex cerebral, apresentando funções correlacionadas com a memória. 6. Núcleo acumbens: localizado entre a cabeça do núcleo caudado e o putâmen. Funcionalmente, o corpo estriado é dividido em: estriado (formado pelo núcleo caudado e putâmen), e o pálido (constituído pelo globo pálido). A maior parte das fibras parte do estriado para o pálido, e desse último, partem fibras eferentes do corpo estriado. 7. vascularização do snc O sistema nervoso central é formado por estruturas nobres, frágeis e altamente especializadas. Possui um fluxo de sangue elevado, e manutenção de um fluxo contínuo e intenso na região encefálica, uma vez que o cérebro consome muita glicose e O2 (combustíveis do cérebro). O encéfalo é vascularizado por duas artérias extremamente importantes, que são responsáveis por suprir o fluxo sanguíneo, carótida interna e artéria vertebral. Ambas são bilaterais. 1. Carótida interna: se origina do sistema carotídeo; ascende em direção ao cérebro. 2. Vertebral: ramo direto da artéria subclávia, ascende em direção ao encéfalo através de estruturas que são os forames transversários, aproveitando o empilhamento das vértebras, fornece um caminho para a passagem da artéria vertebral. Ambas as artérias formam dois sistemas de vascularização do SNC que acabam se ajudando, anastomosando. A carótida interna da origem ao sistema carotídeo, enquanto a artéria vertebral dará origem ao sistema vértebro basilar. São complementares entre si e responsáveis pela vascularização do SNC. © Sistema carotídeo Inicia-se com a entrada da artéria carótida interna (imagem à direita) que penetra do crânio através do acidente ósseo canal carótico, localizado no osso temporal. Numa vista interna da base (esquerda) essa região do canal carótico fica entre essas duas bolinhas brancas (marcada pelo círculo verde). Após essa entrada, essa artéria descreve um trajeto formando na sua conformidade anatômica um duplo S, sendo essa curvatura de dupla camada S, chamada de Sifão Carotídeo (duplo S). Esse sifão vai servir como um amenizador da pressão sanguínea, fazendo com que o sangue atinja todos os vasos sanguíneos cerebrais. Após esse trajeto, essa artéria carótida interna vai se dividir em ramos terminais: 1. artérias cerebrais médias 2. artérias cerebrais anteriores 3. artérias cerebrais comunicantes posteriores. © Sistema vértebro-basilar As artérias vertebrais ascendem pela região do pescoço pelos forames transversários e adentram ao crânio através do forame magno. O Sulco bulbo pontinho, local de interseção da ponte com o bulbo, é onde as artérias vertebrais esquerda e direita se unem, dando origem à artéria basilar. ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 A artéria basilar ascende pelo tronco encefálico e irá se bifurcar em: ® artéria cerebral posterior esquerda ® artéria cerebral posterior direita. Ramos diretos da artéria basilar: ® artérias cerebelares superiores ® artéria cerebelar inferior anterior ® artérias pontinas ou da ponte Ramo direto da artéria vertebral: ® artéria cerebelar inferior posterior © Polígono de Willis Na base do crânio estas artérias formam um polígono anastomótico, o Polígono de Willis, de onde saem as principais artérias para vascularização cerebral. As artérias vertebrais se anastomosam originado a artéria basilar, alojada na goteira basilar. Ela se divide em duas artérias cerebrais posteriores que irrigam a parte posterior da face inferior de cada um dos hemisférios cerebrais. © Vascularização da medula espinal A artéria vertebral, no ramo direto da artéria subclávia, ascende em direção ao encéfalo através de estruturas que são os forames transversários, aproveitando o empilhamento das vértebras, fornece um caminho para a passagem da artéria vertebral. Dois ramos artérias que saem das artérias vertebrais vão dar origem a artéria espinal anterior (vascularização anterior). Ramos artérias que saem das artérias vertebrais vão se posicionar posteriormente e darão origem a duas artérias espinais posteriores (esquerda e direita). © Correlações clínicas - acidente vascular encefálico ou cerebral É a interrupção de fluxo contínuo de sangue para uma determinada área do cérebro, causando sintomas diversos. Fatores de risco são obesidade, DM II, HAS, sedentarismo, tabagismo, etilismo. Sexo masculino aumenta 30% a possibilidade do acontecimento do AVC ou AVE. No AVC isquêmico, um coágulo (ex. placa de ateroma) bloqueia o fluxo sanguíneo para uma área do cérebro. Já no AVC hemorrágico, o sangramento ocorre dentro ou ao redor do cérebro (ex. aneurisma que se rompeu, alta pressãonos vasos sanguíneos). 8. anatomia do tronco encefálico O tronco encefálico é constituído por três partes: mesencéfalo, ponte e o bulbo (de superior para inferior). Uma grande quantidade de informações aferentes e eferentes atravessa o tronco encefálico, e dez dos doze pares de nervos cranianos possuem seus núcleos nele. Funções básicas para a sobrevivência são mantidas pelo tronco encefálico, como a respiração. Toda a parte ventral do tronco cefálico é chamada de base e a posterior de tegmento. © Mesencéfalo É a parte superior do tronco encefálico. É atravessado pelo aqueduto do mesencéfalo, que conecta o IIIº ventrículo com o IVº ventrículo. O mesencéfalo fica interposto ao diencéfalo (superiormente), e a ponte (inferiormente). É separado do diencéfalo por uma linha imaginária traçada a partir da comissura posterior (limite superior do mesencéfalo). Inferiormente, o sulco pontino superior separa o mesencéfalo da ponte. No mesencéfalo tem-se uma estrutura chamada de véu medular que fecha a parte posterior do 4º ventrículo, formando um teto. A partir desse véu a superior, tem-se o mesencéfalo. O mesencéfalo é constituído pelos pedúnculos cerebrais e colículos superiores e inferiores. O pedúnculo cerebral são duas massas brancas, formadas por axônios mielínicos, provenientes do giro pré-central, com trajeto descendente pela coroa radiada e ramo posterior da cápsula interna, formando os pedúnculos cerebrais. Os colículos superiores e inferiores juntos são denominados de lâmina quadrigêmea. ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 © Ponte É a parte média do tronco encefálico, localizada entre o mesencéfalo e o bulbo. O limite superior da ponte é o sulco pontino superior, e inferiormente é limitada pelo sulco bulbopontino (emergência dos nervos cranianos: abducente, facial e vestíbulococlear). A ponte apresenta uma base e um tegmento. Na ponte tem o sulco basilar que repousa sob a parte ventral, o ramo da artéria basilar. Forma uma estrutura (mais lateral) que apresenta intima relação com as fibras aferentes e eferentes com o cerebelo chamado da Pedúnculo cerebelar médio, podendo ser chamado de braço da ponte. Se caracteriza por grande quantidade de fibras na parede transversal. © Bulbo O bulbo é a parte inferior do tronco encefálico, que continua inferiormente com a medula espinal. Nas regiões laterais do bulbo estão localizadas as olivas bulbares (formadas por neurônios do núcleo olivar inferior, relacionadas com o movimento). Anteriormente as olivas bulbares emergem as fibras dos nervos hipoglossos. Na região anterior do bulbo, estão localizadas as pirâmides bulbares (formadas por fibras nervosas mielínicas provenientes dos giros pré-centrais). As fibras nervosas das pirâmides bulbares cruzam o plano mediano, constituindo a decussação das pirâmides. Na passagem pela base uma via descendente que é responsável pelo movimento voluntário (controle da musculatura estriada esquelética), chega no bulbo e cruza de lado (decussação). 75/80% das fibras cruzam ali, e as lesões na altura superior a pirâmide, caso tenha um acidente vascular de um lado, se manifesta do outro. A área posterior ao tronco cefálico apresenta uma dilatação e essa área de losango formada é o 4º ventrículo, tendo a presença de estrias medulares, que delimitam o que é bulbo e ponte (posteriormente). © Vascularização Na parte ventral as artérias vertebrais se unem para formar a artéria basilar (alojada no sulco basilar) 1. Artéria Cerebelar póstero inferior – bulbo 2. Artéria Cerebelar ântero interior – bulbo e ponte 3. Artéria Cerebelar superior – mesencéfalo As veias cerebelares (veia do verme) desembocam na veia cerebral magna que chegam no ponto de confluência (seio transversal). © Estrutura interna A maioria dos núcleos se localizam na parte posterior. O que está em vermelho são os núcleos motores e em azul são os sensitivos, que dão origem aos pares de nervos cranianos. Tem nervos que são apenas motores, outros apenas sensitivos e alguns que são mistos. Bem no meio do mesencéfalo tem o aqueduto cerebral que divide no tronco encefálico, posteriormente o tecto e anteriormente o pedúnculo cerebral. Quem separa a base do tegmento é uma substância negra. O núcleo rubro que é responsável pela motricidade somática. © Correlações clínicas A doença de Parkinson é por conta da depleção de dopamina produzida pela substância negra, e apresenta características como tremor, rigidez, marcha de pequenos passos. O traumatismo crânio encefálico é o sangramento entre a lâmina óssea e a dura máter, que causa hematoma extra dural. Começa a comprimir as estruturas encefálicas, desvio do tronco encefálico e compromete as vias que vão cruzar, sinal de Babinski (lesão do neurônio motor) e também sinal de sangue no canto do olho. ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 9. anatomia dos nervos cranianos Nervos cranianos são os que fazem conexão com o encéfalo. Os 12 pares de nervos cranianos recebem uma nomenclatura específica, sendo numerados em algarismos romanos, de acordo com a sua origem aparente, no sentido rostrocaudal. Eles estão ligados com o córtex do cérebro, com exceção do Nervo olfatório (I) e Nervo Óptico (II), pois não estabelecem relações com o tronco encefálico. Os nervos cranianos podem ser classificados em motores (só com eferentes), sensitivos (só com aferentes) e mistos (aferentes e eferentes). Nervo olfatório (I) e Nervo Óptico (II) são as únicas exceções, pois não estabelecem relações com o tronco encefálico. © Nervo olfatório (I) - sensitivos É o único nervo que está no interior da mucosa. Faz sinapse na região do bulbo olfatório que conduz os impulsos para o telencéfalo (área olfativa). É um nervo aferente, ou seja, exclusivamente sensitivo, só leva os impulsos nervosos. O bulbo olfatório repousa sobre a lâmina crivosa (porosa, parece uma peneira) do osso etmoide. © Nervo óptico (II) - sensitivos Nervo exclusivamente sensitivo que leva imagem ao córtex (permite que o córtex interprete a imagem). O nervo óptico possui origem aparente no crânio e se encontra no quiasma óptico que é uma estrutura diencefálica. Os tratos ópticos (após o quiasma) se deslocam até o tálamo e chegam depois nas bordas do sulco calcarino, formando a projeção no lobo occipital. © Nervo oculomotor (III) - mistos Origem aparente no encéfalo, na fossa interpeduncular. Exclusivamente motor e tem o papel de inervar os músculos extrínsecos do olho. Ele sai da fossa interpeduncular, passa pela fissura orbital superior, ganha a órbita e vai inervar os músculos extrínsecos do olho © Nervo troclear (IV) – motores Único que emerge posteriormente ao tronco encefálico, mais precisamente no véu medular superior. Vai da porção logo abaixo do tecto, ganha a fissura orbital superior e vai inervar o músculo oblíquo superior. Passa na alça tendínea chamada de tróclea. © Nervo trigêmeo IV) - mistos Recebe esse nome porque tem três partes formando gânglios: V1 (oftalmo), V2 (maxilar) e V3 (mandibular). É um nervo misto, onde a sua maior parte é sensitiva (oftalmo, maxilar e mandibular), e a única parte motora é a mandibular, e é responsável pela sensibilidade geral da face. A parte mandibular também tem uma função motora capaz de inervar os músculos da mastigação. Esse nervo passa pela Fissura orbital superior (oftalmo); forame redondo (maxilar) e forame oval (mandibular). ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 © Nervo abducente (VI) – motores Emerge no sulco bulbo pontino, mais medial, e inerva apenas o músculo reto lateral. Sai do núcleo, emerge no bulbo, ganha a fissura orbital superior e inerva o músculo reto lateral. © Nervo facial (VII) - misto Sai do sulco bulbo pontino, penetra pelo meato acústico interno, passa no interior do osso temporal (canal facial) e ganha o forame estilomastóide (saindo do crânio).Tem-se dois troncos (superior e inferior) que darão origem a 5 ramos: Ramo frontal; Ramo zigomático; Ramo maxilar; Ramo mandibular e Ramo cervical do trigêmeo. Passa por dentro da parótida, mas não participa da inervação da glândula parótida. ® Aplicação clínica A face é dividida em quatro quadrantes. Tem-se dois tipos de paralisias faciais: periférica e central. Os quadrantes inferiores são inervados apenas pelas fibras do lado oposto do córtex. Já os quadrantes superiores são inervados pelas fibras do mesmo lado e do lado oposto. Quando você tem uma paralisia do quadrante inferior, sabe-se que a lesão é do lado oposto, logo é uma paralisia facial central. Essa paralisia se caracteriza pelo desvio da comissura labial (pro lado que não tem paralisia). A paralisia facial periférica paralisa todo o nervo, ou seja, metade da face fica paralisada (sempre no mesmo lado da lesão) Ocorre desvio da boca, e o olho não fecha. Também é conhecida como Paralisia de Bell. Resumindo, a paralisia facial central ocorre sempre no quadrante inferior, do lado oposto da lesão. Por outro lado, a paralisia facial periférica ocorre em metade da face, do mesmo lado da lesão. © Nervo vestibulococlear (VIII) - sensitivo Possui origem aparente do sulco bulbo pontino. É constituído pelo nervo vestibular e o nervo coclear. A parte vestibular é responsável pelo equilíbrio, enquanto a parte coclear pela audição. Ele sai do sulco bulbo pontino e penetra no meato acústico interno. © Nervo glossofaríngeo (IX) – misto Inerva tanto a língua quanto a faringe e também a glândula parótida. Sua parte motora inerva os músculos constritores da faringe e palato, e sua parte sensitiva é o principal componente da gustação. Posteriormente a oliva tem ponto de emergência de três pares cranianos (9º / 10º / 11º nervos). No caso de lesão, a úvula sempre se desloca para o lado saudável, então você encontra lesão no glossofaríngeo, chamada de “paralisia lateral com desvio da úvula”. © Nervo vago (X) – misto Inerva boa parte das vísceras abdominais e musculatura da faríngea e é o principal componente do sistema autônomo parassimpático. ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 © Nervo acessório (XI) – motor Sai do sulco pós olivar e vai inervar dois músculos: esternocleidomastóideo e trapézio. © Nervo hipoglosso (XII) - motor Passa inferiormente à língua e inerva músculos motores da língua. Emerge anterior a oliva (pré olivar) e passa pelo canal do hipoglosso, superior aos côndilos occipitais. Sempre que tiver uma lesão no nervo hipoglosso a língua desvia para o lado da lesão (nesse caso da imagem acima, ele desvia da esquerda para a direita), quando o paciente faz a protrusão da língua. 10. anatomia do cerebelo Cerebelo significa pequeno cérebro. O cerebelo e cérebro juntos formam o sistema suprassegmentar. Em sua borda é encontrada uma massa cinzenta (córtex) e em seu interior uma massa branca, além da presença de algumas ilhas neurais (núcleos). Nesse corte axial do crânio podem ser percebidas algumas estruturas: fossa anterior (lobo frontal); fossa média: lobo temporal e fossa posterior, com a fossa cerebelar que abriga o cerebelo. Essa fossa possui íntima relação com o osso occipital abrigando o forame magno. Já nesse corte sagital mediano, pode-se perceber que o cerebelo é recoberto por uma reflexão da dura mater chamada de tenda do cerebelo e por dentro dela encontra-se um seio (drenagem venosa), chamado de seio reto. A esquerda da imagem é possível ver o cerebelo na vista anterior e na direita vista superior. Anatomicamente o cerebelo é dividido em dois hemisférios cerebelares (direito e esquerdo), e uma porção mediana, que divide os dois hemisférios, denominada de vermis. Além da divisão em hemisférios, ele também pode ser dividido em lobos: 1. Lobo anterior (vermelho) 2. Lobo posterior (verde) - maior dos lobos 3. Lobo Floculonodular (azul) Na vista anterior é possível destacar o quarto ventrículo (marrom - fossa) e pode-se ver acima um rosa claro que são os pedúnculos cerebelar médio, inferior, superior e o véu medular superior. Na vista superior é possível ver com clareza uma fissura que separa o lobo anterior do posterior que é a fissura prima. A fissura póstero lateral ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 separa o lobo floculonodular do posterior, e as depressões são as fissuras e as elevações as folhas. A tonsila do cerebelo é uma porção dilatada, mais evidente na face inferior do cerebelo, projetando-se medialmente sobre a face dorsal do bulbo. Esta relação é importante, pois em certos casos de hipertensão craniana as tonsilas podem comprimir o bulbo com graves consequências. Isto decorre, por exemplo, de acidente nas punções lombares, quando a retirada do liquor diminui subitamente a pressão no espaço subaracnóideo da medula, ou menos na presença de massas expansivas intracranianas. Nestes casos, estando aumentada a pressão intracraniana, as tonsilas podem ser deslocadas caudalmente, penetrando no forame magno e comprimindo o bulbo. Cada parte do vermis pode ser dividida, e é importante dar destaque para o nódulo, que realiza funções primitivas do cerebelo como controle da postura e equilíbrio. Essa imagem posterior do tronco encefálico evidencia bem, na região central, a área de um losango que compreende o IVº ventrículo. Na secção oblíqua do cerebelo, a presença de substância cinzenta dentro da árvore da vida é o núcleo, sendo este o maior núcleo chamado de núcleo denteado, que é importante para o controle do movimento. Ele se conecta com o tronco encefálico por meio do pedúnculo cerebelar superior. Outros núcleos importantes são: 1. Núcleo fastigial direito e esquerdo (centrais) 2. Núcleos globosos (lateralmente aos fastigiais) 3. Núcleos interpósitos - emboliforme (lateralmente aos globosos) Os núcleos do cerebelo exercem influencia no controle motor dos músculos estriados esqueléticos, o núcleo fastigial controla os músculos axiais e proximais dos membros (postura e equilíbrio), os núcleos interpósito e denteado controlam os músculos distais. Os pedúnculos cerebelares (superior, médio e inferior) conectam o cerebelo ao tronco encefálico. Na imagem preta é possível destacar os pedúnculos 1. Pedúnculo cerebelar superior (conectando com o mesencéfalo) - azul 2. Pedúnculo cerebelar inferior (importante via eferente para o cerebelo) - amarelo 3. Pedúnculo cerebelar médio (se deslocada ponte até o cerebelo) -verde © Funções do cerebelo O cerebelo possui função cognitiva afetiva, vestibular (equilíbrio) e motora. O lobo floculonodular é responsável pela função vestibular, enquanto o lobo anterior pela função motora e o lobo posterior (neo-cerebelo) pela função cognitiva afetiva. © Vascularização A artéria vertebral penetra a dura mater, entrando no forame magno emitindo o primeiro ramo, a artéria cerebelar inferior posterior (região posterior e inferior do cerebelo). As artérias vertebrais se unem formando a artéria basilar e o primeiro ramo que se direciona para o cerebelo é a artéria cerebelar inferior anterior, mais superiormente emite a artéria cerebelar superior (principal artéria que supre o cerebelo – inclusive os núcleos). A veia superior do verme e inferior do verme que vão fazer a drenagem por um sistema espinal ou através do seio petroso inferior. Já a veia basilar e cerebral magna é a que ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 desemboca no seio reto, drenando para a confluência dos seios. © Aspectos anatomoclínicos e cirúrgicos do cerebelo Os seguintes testes são relacionados com a semiologia do cerebelo. 1. Equilíbrio/marcha (arquicerebelo – cerebelo vestibular) Testes: solicitar que o paciente ande em linha reta ou ande na ponta dos pés. Constituído pelo lobo floculonodular do cerebelo e recebe conexões vestibulares. Desta forma, o cerebelo recebe impulsosdos canais semicirculares (localizados na parte vestibular da orelha interna) e permitem ao cerebelo coordenar a atividade muscular de modo a manter o equilíbrio. 2. Tônus muscular (paleocerebelo – cerebelo espinal) Formado pelo lobo anterior do cerebelo, além da pirâmide e úvula do vérmis. O paleocerebelo recebe informações de receptores especiais denominados fusos musculares e órgãos neurotendinosos, que originam impulsos nervosos denominados proprioceptivos, os quais, após um trajeto pela medula espinal e bulbo, chegam ao cerebelo, levando informação sobre o grau de contração dos músculos. Estas informações são importantes para a regulação do tônus muscular e postura. 3. Coordenação motora (neocerebelo – cerebelo cortical) Constituido pelo declive, folium, túber (e seus respectivos lobos correspondentes nos hemisférios), além dos lóbulos biventre e tonsilas (o que corresponde à maior parte dos hemisférios cerebelares). O neocerebelo relaciona-se com o controle de movimentos em geral (execução orientada ao alvo das ações motoras), em vista de usar conexões com o córtex motor e tálamo. Desta forma, o neocerebelo permite que se desenvolva a capacidade de utilizar os membros para movimentos delicados, finos e assimétricos, os quais requerem uma coordenação nervosa muito elaborada. © Imagens Essa é uma imagem clássica de tomografia computadorizada, em que o osso brilha intensamente. É possível perceber que há um sangramento na região do cerebelo. Na imagem acima é possível perceber uma isquemia cerebelar. 11. anatomia da medula espinal A medula espinal é a parte do tubo neural que sofreu menos alterações durante o desenvolvimento. É também a parte alongada do sistema nervoso central localizada no interior da coluna vertebral, de aproximadamente 45cm de comprimento, contínua com o bulbo, que se estende até a margem inferior de L1. A medula espinal faz parte do sistema nervoso central, logo apresenta as três camadas de envoltório, dura mater, aracnoide e pia mater. A meninge que está em contato direto com a medula espinal é a pia-máter, essa meninge forma no término da medula espinal um prolongamento, denominado de filamento terminal. As outras meninges são a dura-máter (externa) e a aracnóide-máter (entre a dura máter e pia-máter). A dura-máter e a aracnóide- máter se projetam mais inferiormente em relação à medula espinal. Algumas características gerais da medula são: 1. No recém-nascido, a medula espinal se estende até a altura do disco intervertebral L2 L3 2. Seu início é abaixo do bulbo, na altura do forame magno. 3. Sua forma é cilíndrica, achatada ântero- posteriormente. 4. Em duas regiões, a medula espinal apresenta dilatações, na região cervical (entre os segmentos C4 e T1), dilatação denominada de intumescência cervical e; na região lombossacral (entre os segmentos L2 e S3), denominada ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 de intumescência lombossacral. As intumescências contêm um maior número de neurônios, destinados a inervação dos membros (plexos) 5. A medula termina no nível de L1. Para coleta de LCR, a altura utilizada é entre L4 ou L5 © Anatomia macroscópica Origina 31 pares de nervos espinhais: 1. 8 cervicais 2. 12 torácicos 3. 5 lombares 5. 5 sacrais 6. 1 coccígeo Em verde na imagem está a porção cervical, em azul a torácica e em roxo a lombar. O final da medula está marcado em vermelho. É importante saber que os níveis da medula não coincidem com a altura das vértebras. O corno posterior da medula é responsável pela informação sensitiva, enquanto o corno anterior, pela motora. Na medula espinal a substância branca está localizada externamente, enquanto que, a substância cinzenta é interna. A substância branca é constituída por fibras nervosas mielínicas que possuem direção ascendente ou descendente. Está separada por funículos, pelos sulcos da superfície da medula. Nos funículos encontram-se os principais tratos ou fascículos (vias) de condução de estímulos. No interior do canal medular tem-se um espaço de gordura. O espaço azul mostrado na imagem é preenchido por liquor. Já o forame intervertebral é por onde emergem as raízes nervosas. © Vascularização O suprimento arterial é da seguinte maneira: 1. Vertical ® Artéria espinal anterior ® Artérias espinhais posteriores 2. Artérias segmentares ® Ramos das artérias vertebrais (cervical), das artérias intercostais posteriores (tórax) ou das artérias lombares (lombar) ® Artérias radiculares posterior e anterior ® Artéria medular segmentar ® Artéria radicular magna (Adamkiewcz) Já a drenagem venosa é da seguinte maneira: 1. Vertical ® Veia espinhal anterior ® Veia espinhal posterior ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 ® Veias espinhais ântero laterais ® Veias espinhais póstero laterais 2. Veias radiculares 3. Pleno venoso vertebral interno 4. Plexo venoso vertebral externo – leva o sangue para a veia cava superior © Terminologia (vias medulares) Funículo é uma classificação anatômica, relacionada a grande conjunto de fibras com origens diversas. Já fascículo, outra classificação anatômica, está relacionada a um grupo de fibras que fica no interior de um funículo. Trato é uma classificação funcional, um grupo de fibras que compartilham mesma origem, destino, trajeto e função. Possui nome da origem e destino. Já via é o conjunto de tratos e núcleos que compartilham uma mesma função. Pode ser: 1. Aferente: via ascendente, sensitiva 2. Eferente: via descendente, motora © Principais vias medulares 1. Ascendentes No funículo posterior temos: o Fascículos grácil e cuneiforme vermelho (propriocepção consciente, sensibilidade vibratória, tato epicrítico - detalhado) o Fascículo grácil – carreia sob os membros inferiores (medial) o Fascículo cuneiforme – carreia sob os membros superiores (lateral) Nos funículos lateral/anterior temos: o Trato espinotalâmico lateral azul (TETL) – sensibilidades térmicas e dolorosa o Trato espinotalâmico anterior amarelo (TETA) – tato protopático (percebe-se que tem algo em contato, mas não consegue definir exatamente o que é) o Trato espinocerebelares anterior e posterior (TEC) – propriocepção inconsciente 2. Descendentes No funículo lateral temos: o Trato rubroespinal – controle da musculatura distal dos membros o Trato corticoespinal lateral (piramidal) – motor Ipsilateral No funículo anterior temos: o Trato vestibuloespinal – controla da musculatura axial e proximal dos membros o Trato raticuloespinal – controle da musculatura axial, postura da cabeça o Trato corticoespinal anterior (piramidal) – motor contralateral Entre todas essas, as mais importantes são: 1. TETA e TETL Decussam na medula, um ou dois níveis acima da entrada pela raiz dorsal e fascículo de Lissauer 2. Cordão posterior Decussa no bulbo, formando o leminisco medial após os núcleos grácil e cuneiforme 3. Trato piramidal 75-90% das fibras decussam no bulbo e descem pelo TCEL, o resto desde pelo TCEA e decussa na medula ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2 ANA DA JUSTA BARTOLO M2 – 2020.2
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