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Jurisprudência
Apelação Cível n. 0301810-67.2015.8.24.0033, de Itajaí
Relator: Desembargador João Batista Góes Ulysséa
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRÂNSITO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DO AUTOR.
PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA. PROVA TESTEMUNHAL. DESNECESSIDADE. DOCUMENTAÇÃO SUFICIENTE. EXEGESE DO ART. 370 DO CPC DE 2015 (ART. 130 DO CPC/1973). PRELIMINAR AFASTADA. 
Não retrata cerceamento de defesa a sentença antecipada, quando a prova testemunhal, pela qual protesta o Demandado, mostrar-se desnecessária à resolução da lide.
IMPUTAÇÃO DE CULPA À RÉ PELO SINISTRO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DO ACIDENTE. BOLETIM DE OCORRÊNCIA APÓS DEZ DIAS DO ALEGADO ACIDENTE. ÔNUS DO AUTOR (CPC, ART. 373, I). REQUISITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL NÃO COMPROVADOS (CC, ART. 186). SENTENÇA MANTIDA. 
A caracterização da responsabilidade civil subjetiva depende da coexistência dos requisitos dispostos no art. 186 do Código Civil, a saber: o ato culposo ou doloso praticado pelo ofensor, a lesão causada à vítima e o nexo de causalidade entre ambos. À míngua de prova de um dos pressupostos, cuja comprovação a Lei Adjetiva Civil imputa ao demandante (CPC, art. 373, I), a pretensão indenizatória não prospera. 
RECURSO DESPROVIDO.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n. 0301810-67.2015.8.24.0033, da comarca de Itajaí (4ª Vara Cível) em que é Apelante Rozinaldo da Silva Luís e Apelados Cristalflex Indústria de Espumas e Colchões Ltda e outro.
A Segunda Câmara de Direito Civil decidiu, por votação unânime, negar provimento ao recurso. Custas legais.
O julgamento, realizado em 12 de novembro de 2020, foi presidido pelo Exmo. Sr. Desembargador Rubens Schulz, com voto, e dele participou a Exma. Sra. Desembargadora Rosane Portella Wolff.
Florianópolis, 12 de novembro de 2020.
[assinado digitalmente]
Desembargador João Batista Góes Ulysséa
Relator
RELATÓRIO
Rozinaldo da Silva Luis ajuizou ação de reparação de danos materiais e morais em acidente de veículo contra Cristalflex Indústria de Espumas e Colchões Ltda e Liberty Paulista Seguros S/A, alegando que, no dia 9-9-2013, estava transitando com o veículo VW/Masca Gravia, placa MCN-0823, da empresa Viação Praiana Ltda, pela avenida Dalmo Vieira, em frente à loja Cristalflex, na cidade de Balneário Camboriú, quando foi surpreendido pelo veículo Agrale 1300, placa MII-2205, supostamente de propriedade da referida empresa que, ao sair da garagem desta, inesperadamente ingressou sobre o leito viário e obstruiu a sua passagem, que trafegava na referida via. 
Aduziu que sofreu graves lesões pelo corpo com o acidente, com redução de sua capacidade laborativa, já que na época exercia a atividade de motorista, com renda mensal de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), além de fazer jus ao ressarcimento por danos morais sofridos. Por consequência, requereu a condenação da Ré ao pagamento de indenização por danos morais, pensão vitalícia e danos estéticos, com os benefícios da justiça gratuita e a juntada de documentos (fls. 11-27).
Foi deferida a gratuidade judiciária, como inexitosa a conciliação em audiência, como deferido o redirecionamento da demanda contra Cristalflex Indústria de Espumas e Colchões Ltda, pois o veículo teria sido adquirido por esta antes do acidente.
Devidamente citada (fl. 48), a empresa Ré apresentou contestação (fls. 56-81), requerendo, preliminarmente, a denunciação à lide da seguradora Liberty Paulista Seguros S/A. E, no mérito, sustentou a ausência de provas acerca do acidente, das lesões e da alegada redução da capacidade laborativa, uma vez que o Autor ainda laborava para a empresa Viação Praiana Ltda, como postulou a improcedência dos pedidos e a juntada de documentos (fls. 82-147).
A denunciada Liberty Paulista Seguros S/A, por sua vez, apresentou contestação (fls. 151-193) salientando o contrato de seguro tipo auto com cobertura de responsabilidade civil firmado com a denunciante, por danos materiais, corporais e morais, como requerendo, em caso de condenação, a dedução de eventual seguro obrigatório DPVAT recebido pelo Autor. Ao final, requereu a improcedência do pedido inaugural, diante da ausência de provas acerca do evento danoso.
Réplica às fls. 264-265.
Foi proferida sentença (fls. 266-269), julgando improcedentes os pedidos formulados na inicial, condenando o Autor nas custas processuais e honorários advocatícios ao patrono da Ré Cristalflex, estes fixados em R$ 800,00 (oitocentos reais), à luz do art. 85, § 8º, do Código de Processo Civil, suspensa a exigibilidade em razão da gratuidade da justiça. Diante da improcedência dos pedidos deduzidos em face da Ré denunciante Cristalflex Indústria de Espumas e Colchões Ltda, condenou-a ao pagamento de honorários advocatícios aos procuradores da denunciada Liberty Paulista Seguros S/A, estes em R$ 400,00 (quatrocentos reais), com fulcro no artigo 85, § 8º, c/c art. 129, parágrafo único, do Código de Processo Civil de 2015, ante o inestimável o proveito econômico da demanda.
Irresignado, o Autor interpôs apelação (fls. 273-278), postulando o provimento do recurso, com a reforma da sentença, sob o argumento de que: (a) o julgamento antecipado da lide causou o cerceamento de defesa, uma vez que imprescindível a oitiva de testemunhas, como todas as provas em direito admitidas; (b) o boletim de ocorrência juntado comprova que o condutor do veículo segurado, ao realizar manobra para adentar na via, obstruiu a sua trajetória, que trafegava em sua mão de direção, causando o acidente e, assim, a obrigação ressarcitória; e (c) não resta dúvida da responsabilidade do condutor do veículo segurado, já que causador de graves lesões corporais ao Recorrente, de modo que faz jus à indenização por danos materiais, morais e estéticos.
Foram apresentadas contrarrazões (fls. 282-290 e 295-301).
Esse é o relatório.
VOTO
Objetiva o Recorrente a reforma da sentença que julgou improcedentes os pedidos formulados na ação de reparação de danos materiais e morais em acidente de veículo contra Cristalflex Indústria de Espumas e Colchões Ltda e da Liberty Paulista Seguros S/A.
Em preliminar, sustenta o Apelante a nulidade da sentença por cerceamento de defesa, porque o feito foi julgado antecipadamente, embora necessária a prova testemunhal a fim de comprovar a ocorrência do acidente veicular.
A prefacial deve ser afastada. As provas necessárias à instrução do processo são determinadas pelo Juiz, rejeitando as diligências inúteis ou meramente protelatórias, mesmo porque poderá apreciar livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, conforme os artigos 370 e 371 do Código de Processo Civil. 
Nessa esteira, conclui-se que a formação do conjunto probatório fica a cargo do livre arbítrio do Magistrado que, com base nos fatos narrados na demanda, determinará as provas que entenda necessárias à solução do conflito, destacando-se a lição de Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery:
Deferimento de prova. A questão ou não de deferimento de uma determinada prova (testemunha referida) depende de avaliação do juiz, dentro do quadro probatório existente, da necessidade dessa prova. Por isso a possibilidade de indeferimento das diligências inúteis e protelatórias, prevista na parte final do CPC 130 (STJ, Ag 56995-0-SP. Rel. Min. Assis Toledo, j. 5.4.1995, DJU 10.4.1995, p. 9322) (Código de processo civil comentado e legislação extravagante, 11ª edição revista, atualizada e ampliada, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, p. 408).
Na hipótese, desnecessária a produção de prova testemunhal, porque a documental apresentada pelas partes, além das informações prestadas no decorrer da demanda foram suficientes à solução do litígio, de modo que inviável a desconstituição da sentença com o retorno dos autos à origem para reabertura da instrução. Com efeito, convencido que o conjunto probatório é suficiente à elucidação da matéria, pode o Juiz dispensar a produção de outras provas, já que se encontracomo destinatária final delas, julgando antecipadamente o feito, na forma do art. 355, inciso I, do Código de Processo Civil:
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. ATROPELAMENTO COM MORTE. PLEITO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS MOVIDO PELA GENITORA DO FALECIDO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA AUTORA. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA POR CERCEAMENTO DE DEFESA. ALEGADA NECESSIDADE DE PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHAL (DEPOIMENTO PESSOAL DO RÉU). INOCORRÊNCIA. ELEMENTOS SUFICIENTES AO PLENO CONVENCIMENTO DO JULGADOR (ART. 370, CPC/2015). PRELIMINAR REJEITADA. "É curial que a produção de provas é dirigida ao juiz da causa, e, portanto, para a formação de seu convencimento. Logo, se este se sentir habilitado para julgar o processo, calcado nos elementos probantes já existente nos autos, pode, sintonizado com os princípios da persuasão racional e celeridade processual, desconsiderar o pleito de produção de tais provas (depoimento pessoal e oitiva de testemunhas), sem cometer qualquer ilegalidade ou cerceamento de defesa" (TJSC, AC n. 0004823-84.2011.8.24.0067, de São José, rel. Des. Marcus Tulio Sartorato, Terceira Câmara de Direito Civil, j. 09-07-2019). [...] RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n. 0307259-22.2014.8.24.0039, de Lages, rel. Haidée Denise Grin, Sétima Câmara de Direito Civil, j. 10-10-2019).
Rejeita-se, portanto, o alegado cerceamento de defesa.
No mérito, sustenta o Recorrente que ficou demonstrada a responsabilidade da Ré pelo acidente de trânsito que ocasionou danos materiais, morais e estéticos, como procedente a indenização pleiteada.
Cumpre esclarecer que o Apelante ajuizou a demanda sustentando que, no dia 9-9-2013, estava transitando com o veículo VW/Masca Gravia, placa MCN-0823, da empresa Viação Praiana Ltda, pela Avenida Estado Dalmo Vieira, em frente à loja Cristalflex, na cidade de Balneário Camboriú, quando foi surpreendido pelo veículo Agrale 1300, placa MII-2205, supostamente de propriedade da referida empresa que, ao sair de sua garagem, inesperadamente ingressou sobre o leito viário e obstruiu a sua passagem, que trafegava na referida via e, por esses motivos, respaldando a condenação da Ré por danos materiais, morais e estéticos.
Por sua vez, a Ré sustentou provas do acidente, das lesões ou até mesmo da redução da capacidade laborativa, visto que o autor ainda laboraria para a empresa Viação Praiana Ltda, pleiteando a improcedência da demanda.
Para a caracterização da responsabilidade civil decorrente de ato ilícito, necessária a ação ou omissão voluntária, de forma negligente, imperita ou imprudente, que cause dano a outrem, nos termos dos arts. 186 e 927, do Código Civil. E, tratando-se de responsabilidade civil subjetiva, imprescindível a presença dos seguintes requisitos: o dano, a culpa e o nexo de causalidade. 
O art. 186 do Código Civil, estabelece que: 
Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
No caso, embora as partes discutam a culpa pelo acidente automobilístico, pertinente a lição de Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery: 
É ação (ato comissivo) ou omissão (ato omissivo) de que resulta o advento de consequências que prejudicam outrem, consequências essas imprevistas, mas previsíveis. Culpam autem esse, quod cum a diligente provideri poterit, non est provisum (D 31, 9.2). Culpa é "omissão de diligência" (Carvalho de Mendonça, Pareceres, v. I, Falências, p. 160) (Código civil comentado, 8ª edição revista, ampliada e atualizada, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 390).
Na hipótese, de acordo com os documentos juntados, o Requerente não se desincumbiu do ônus de comprovar a culpa da Ré pelo acidente de circulação que ocasionou os danos alegados na petição inicial. Isso porque, infere-se do boletim de ocorrência juntado às fls. 15-16, que este foi produzido de forma unilateral pelo Autor, 10 (dez) dias após o suposto acidente, nos seguintes termos (fl. 16): 
"Relata o comunicante que na data supracitada estava a serviço da empresa Viação Praiana e conduzia o ônibus VW/Masca Gravia placas MCN0823 quando o caminhão Agrale/13000 placas MII2205 saiu da garagem de uma empresa e invadiu a pista em que vinha o comunicante, que neste momento o comunicante não conseguiu evitar que o ônibus colidisse contra o caminhão, ressalta-se que no momento do acidente o comunicante estava com pinos no ombro a uma cirurgia que havia feito a 4 anos atrás, e que decorrente da colisão os pinos soltaram"
Além disso, infere-se dos documentos médicos juntados às fls. 18-22, que o Autor somente se submeteu à consulta e exames laboratoriais em 14-9-2013, ou seja, 5 (cinco) dias após o suposto acidente, não inexistindo documento dando conta que o mesmo precisou de atendimento célere logo após o suposto sinistro, em razão dos pinos do seu braço que se soltaram.
Também não se vislumbra a redução da capacidade laborativa do Requerente, nem que este tenha suportado despesas com os procedimentos médicos realizados, uma vez que possuía plano de saúde particular (fl. 23).
Assim, impertinente a presunção iuris tantum de veracidade do boletim de ocorrência, quando sua elaboração levou em conta somente a versão apresentada pela vítima. 
A propósito, já se posicionou a jurisprudência deste Sodalício: 
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. SEGURO DPVAT. PEDIDO DE COMPLEMENTAÇÃO DO VALOR INDENIZATÓRIO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. NEXO DE CAUSALIDADE. DÚVIDA SOBRE O ENVOLVIMENTO DE VEÍCULO AUTOMOTOR NO INCIDENTE. BOLETIM DE OCORRÊNCIA. DESCRIÇÃO BASEADA NOS RELATOS DA PARTE. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE COMPROMETIDA. DEMAIS PROVAS QUE NÃO PERMITEM CONCLUSÃO SEGURA SOBRE A DINÂMICA DO EVENTO. PLEITO QUE SERIA REJEITADO MESMO QUE ESTIVESSE CONFIGURADO ACIDENTE DE TRÂNSITO. PAGAMENTO ADMINISTRATIVO CONFORME COM A SEQUELA RESULTANTE DO SINISTRO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. Embora o boletim de ocorrência tenha presunção de veracidade, esse postulado não é absoluto, mormente quando ele não é lavrado por autoridade policial presente no local dos fatos, pois esse documento perde ainda mais sua credibilidade quando confeccionado com base na versão unilateral da vítima. Nessa hipótese, não pode ser considerado como prova inconteste sobre a dinâmica do evento danoso para caracterização de acidente automobilístico gerador de indenização do Seguro DPVAT, especialmente quando outras provas existentes nos autos inferem dúvida sobre o envolvimento de veículo automotor no sinistro. [...] (Apelação Cível n. 0303788-14.2016.8.24.0011, de Brusque, rel. Des. Jairo Fernandes Gonçalves, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 12-12-2017, grifou-se).
Diante do escasso conjunto probatório acerca da responsabilidade do Réu, pelo acidente de trânsito em questão, como do próprio acidente em si, não se desincumbiu o Autor do ônus previsto no art. 373, I, do CPC, razão pela qual não merece amparo a pretensão indenizatória. 
Nesse sentido, colhe-se desta Corte de Justiça: 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA AUTORA. AUSÊNCIA DE PROVAS SOBRE A EFETIVA OCORRÊNCIA DO EPISÓDIO E SOBRE O ENVOLVIMENTO DO RÉU NO EVENTO DANOSO. BOLETIM DE OCORRÊNCIA POLICIAL CONFECCIONADO A PARTIR DE DECLARAÇÃO UNILATERAL DO ASSOCIADO DA ACIONANTE. INEXISTÊNCIA DE OUTROS ELEMENTOS PROBATÓRIOS QUE SUSTENTEM AS ALEGAÇÕES AUTORAIS. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DO DOCUMENTO PÚBLICO AFASTADA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO ALEGADO NÃO COMPROVADO. ÔNUS DO QUAL NÃO SE DESINCUMBIU A AUTORA. ART. 373, I, DO CPC. PRETENSÃO CONDENATÓRIA RECHAÇADA. SENTENÇA MANTIDA. 01. "Embora o boletim de ocorrência tenha presunção de veracidade, esse postulado não é absoluto, mormente quando ele não é lavrado por autoridade policial presente no local dos fatos, pois esse documento perde ainda mais sua credibilidade quando confeccionado com base na versão unilateral da vítima" (TJSC, Apelação Cível n.0303788-14.2016.8.24.0011, de Brusque, rel. Des. Jairo Fernandes Gonçalves, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 12-12-2017). 02. Se o conjunto probatório não demonstrar, extreme de dúvida, ter sido o réu o agente causador do acidente, não há falar em responsabilização civil diante da ausência de pressuposto essencial à reparação do dano. ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS RECURSAIS. INTELIGÊNCIA DO ART. 85, § 11, DO CPC. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (Apelação Cível n. 0300468-89.2015.8.24.0075, de Tubarão, rel. Des. Haidée Denise Grin, Sétima Câmara de Direito Civil, j. 4-6-2020).
Ante o exposto, nega-se provimento ao recurso para manter a sentença de improcedência e, por consequência, majora-se os honorários advocatícios em 25% dos fixados em sentença, nos termos do art. 85, § 11º, do Código de Processo Civil, suspendendo sua exigibilidade em razão do Apelante ser beneficiário da justiça gratuita (fl. 24).
Esse é o voto.
Tribunal de Justiça de Santa Catarina TJ-SC – Apelação: APL 0500899-57.2013.8.24.0125	Itapema 0500899-57.2013.8.24.0125
DANO MORAL, DIFAMAÇÃO NÃO COMPROVADA. CONVERSA PRIVADA ENTRE OS DEMANDADOS E TERCEIRA PESSOA POR MEIO DE REDE SOCIAL (FACEBOOK) QUE NÃO TEM O CONDÃO DE DERRUIR A IMAGEM DO AUTOR, NA CONDIÇÃO DE PADRE, NA COMUNIDADE. AUSÊNCIA DE LESÃO AOS DIREITOS DE PERSONALIDADE DO RECORRENTE. ATO ILÍCITO INEXISTENTE. AUSÊNCIA DE PROVAS. DEMANDANTE QUE, ADEMAIS, DEU RELEVO E REPERCUSSÃO AO FATO DESCRITO E COMPROVADO. Dano moral não configurado. O pedido do autor vem calcado em suposta difamação perpetrada pelos demandados, por meio de diálogo provado, em rede social na qual não houve a citação do nome do autor e sem publicidade. Portanto, não comprovada a repercussão negativa dos fatos. Ademais, ainda que as testemunhas tenham mencionado ter ciência, por meio de terceiros, acerca dos “comentários” dos demandados, tais alusões, a toda evidencia, não se mostram seguros e suficientes a derruir a imagem da demandante perante a comunidade local, notadamente porque o autor, na condição de padre, se envolveu em situação pública moralmente questionável. O dano moral que ampara o pleito de compensação pecuniária é aquele que decorre da dor, vexame, sofrimento ou humilhação que refogem da normalidade e interferem no psicológico do indivíduo causando-lhe aflições e angústia. Não estão alçados a essa categoria, por consequência, o dissabor, o aborrecimento, a mágoa, a irritação ou mesmo a sensibilidade exacerbada. IMPROCEDÊNCIA MATIDA. APELO NÃO PROVIDO.
(TJ-SC – APL: 05008995720138240125 Itapema 0500899-57.2013.8.24.0125, Relator: Gilberto Gomes de Oliveira, Data de Julgamento: 06/09/2016, Terceira Câmara de Direito Civil)
REFERÊNCIA
	Pesquisa feita nos sites do jus brasil e TJ SC.
Segue os links utilizados:
http://busca.tjsc.jus.br/jurisprudencia/html.do?q=prova%20testemunhal&only_ementa=&frase=&id=AABAg7AAIAAObHxAAF&categoria=acordao_5
https://tj-sc.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/944586589/apelacao-apl-5008995720138240125-itapema-0500899-5720138240125

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