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MARÍLIA ARAÚJO – P2 MEDICINA Hemodinâmica Cardíaca • Estudo do movimento do sangue pelo coração INTRODUÇÃO • O sangue se movimenta de modo que passa 2 vezes pelo coração (circulação dupla e fechada) • Pela aorta, saem cerca de 5 litros de sangue por minuto (fluxo/débito cardíaco) FUNÇÃO DOS VASOS SANGUÍNEOS • Conduzir o sangue até a periferia ou trazê-lo da periferia para o coração, permitindo a troca de substâncias diversas, integrando os tecidos e os nutrientes • Recolhe dos tecidos excretas/catabólitos • Tem a propriedade de levar hormônios pela circulação a todas as porções do corpo que sejam órgãos-alvo • Leva anticorpos e demais células de defesa para o organismo • Homeostasia existe graças à circulação sanguínea • Artérias são destituídas de válvulas, possuem paredes mais espessas, tem fibras elásticas, é pulsátil, tem diâmetro interno menor, estão em maior número, seguem mais internamente (próximas ao osso) • Os capilares estabelecem as trocas propriamente ditas • No leito arterial, temos apenas ¼ do volume que se tem no leito venoso. Cerca de 60% de todo o sangue está nas veias e 15% está nas artérias ÁREA DE SECÇÃO TRANSVERSAL • O leito venoso apresenta uma área de secção transversa 4x maior que o leito arterial, o que justifica uma maior quantidade de sangue no leito venoso do que no arterial • A pressão na aorta é maior do que nas arteríolas • A pressão nas vênulas, pequenas veias e veias é praticamente constante (de aproximadamente zero). O sangue circula pela inércia e pela contração muscular PRESSÃO NOS VASOS SANGUÍNEOS • De todo o leito arterial, as arteríolas possuem o maior diâmetro, por isso há um decaimento de pressão significativo. São elas que regulam a pressão sanguínea e o fluxo sanguíneo PREMISSAS DA FUNÇÃO CIRCULATÓRIA • A intensidade do fluxo sanguíneo para cada tecido é regulada pelas necessidades teciduais Na medida em que um tecido entra em hiperfunção, ele começa a gerar catabólitos que proporcionam um maior fluxo sanguíneo. Se um indivíduo começa a utilizar-se de muita energia, fazendo muita respiração, ele vai consumir muito oxigênio, entrando em quadro de hipóxia. A partir daí, muito CO2 será produzido (hipercapnia) e os vasos sanguíneos respondem vasodilatando → aumento da temperatura, aumento de diâmetro, diminuição da resistência nos vasos, aumento do fluxo sanguíneo MARÍLIA ARAÚJO – P2 MEDICINA • O débito cardíaco é controlado pela somatória dos fluxos teciduais Se o tecido precisa de muito sangue e ele vasodilata, ao vasodilatar, mais sangue é sequestrado para esse tecido. O total de sangue que chega é representado pela soma de todos os fluxos • O controle da pressão arterial geralmente não depende diretamente do fluxo sanguíneo local nem do débito cardíaco A pressão arterial depende principalmente da resistência periférica total. Em quadros hipertensivos, a RPT está tão alta, que o coração contrai fortemente para conseguir vencer essa resistência. É preciso usar de medicamentos que promovam uma rápida vasodilatação RELAÇÃO • 3 variáveis importantes; pressão, fluxo e resistência • A Lei de Ohm diz que o fluxo é igual à variação de pressão dividida pela resistência FLUXO SANGUÍNEO • O fluxo sanguíneo é o que também chamamos de débito cardíaco, que corresponde a 5 litros por minuto • Esse fluxo flui por um perfil parabólico e linhas de corrente: A quantidade de líquido que está mais próxima das paredes flui mais lentamente, e a que está mais no centro, flui mais rapidamente O motivo é que as moléculas do líquido se chocam com a parede do vaso. A segunda camada de moléculas se choca com a primeira, que já está em movimento e segue mais rapidamente, e assim sucessivamente. Na camada central, a velocidade atinge o máximo Isso ocorre na maioria dos vasos sanguíneos, onde a pressão é moderada e baixa. Porém quando a pressão sanguínea é mais alta, o fluxo não segue de modo tão organizado, exercendo força em todas as direções. Isso ocorre em vasos arteriais de elevada pressão, a exemplo da aorta, nas bifurcações de ilíacas, de carótidas e, também, diante de um aumento da pressão arterial (hipertensão). No caso desse aumento exagerado de pressão, esse vaso pode romper e provocar um AVE (acidente vascular encefálico) Lei de Poiseuille: AP = variação da pressão r = raio n = viscosidade l = comprimento do vaso Variação da pressão influenciando o fluxo: um indivíduo hipertenso tem o fluxo prejudicado, pois o que aumenta primeiro é a pressão diastólica, e a sistólica aumenta pra vencer a diastólica (o aumento da sistólica é que vai provocar o acidente vascular). O medicamento para tratar promove uma vasodilatação periférica, diminuindo a resistência periférica total, para que o sangue não tenha tanta resistência nas arteríolas e flua adequadamente. A pressão diastólica e a sistólica vão diminuindo. Variação do raio influenciando o fluxo: se o raio é duplicado, o fluxo aumenta em 16x. Ao usar um medicamento que dilata MARÍLIA ARAÚJO – P2 MEDICINA o vaso sanguíneo, o fluxo será aumentado. Ex: inibidor da bomba de cálcio. Variação da viscosidade influenciando o fluxo: viscosidade mede a dificuldade de escoamento de um líquido em uma superfície. A anemia por diminuição de hematócrito (glóbulos vermelhos), por conta de um câncer de medula óssea por exemplo, diminui a viscosidade e aumenta o fluxo. OBS: Se o indivíduo possuir grumos de sangue (plaquetas e glóbulos vermelhos se unindo e formando coágulos) pode haver um problema no fluxo de sangue e obstruir os vasos, então a região que receberia o sangue, acaba não recebendo, o que representa um quadro típico de embolia pulmonar Variação do comprimento do vaso influenciando o fluxo: quanto maior o comprimento do vaso, pior o fluxo. No organismo, muitas vezes se tem um arranjo em série dos leitos vasculares. Esse arranjo faz com que o vaso fique muito longo, dificultando o fluxo. No coração, a vascularização é, majoritariamente, em paralelo. A partir da circulação coronariana, partem muitos ramos perpendiculares no sentido do átrio, e esses ramos estão se bifurcando em paralelo, otimizando o fluxo OBS: A circulação colateral em idosos é melhor do que em jovens. Por isso que o prognóstico em casos de infartos em mais jovens não é tão favorável PRESSÃO ARTERIAL • A pressão arterial se refere à força que o sangue exerce na parede do vaso • A pressão sistólica é a máxima pressão alcançada durante a sístole. Enquanto a pressão diastólica (PD) é a menor pressão alcançada durante a diástole • A pressão média (PM) é igual à pressão diastólica mais um terço da pressão de pulso, em que a pressão de pulso (PP) é a diferença entre a pressão sistólica e a diastólica • A pressão arterial média pode também ser vista como o débito cardíaco vezes a resistência periférica total • O débito cardíaco, que é a quantidade de sangue ejetado em um minuto, depende da frequência cardíaca e do volume sistólico. Aumentando um dos dois, o débito cardíaco é aumentado, assim como a pressão arterial RETORNO VENOSO • O retorno venoso depende do gradiente de pressão, da bomba respiratória e da bomba muscular Gradiente de pressão: quanto maior for a diferença entre dois pontos, melhor será o fluxo e maior será o retorno venoso. Um paciente com insuficiência cardíaca congestiva, por exemplo, não consegue ejetar o sangue adequadamente. Ao final da sístole, o volume sistólico final passa a ser maior que o padrão (50 ml) e não expulsa os 70 ml ideais. O volume diastólico também aumenta. Depois de um certo tempo, esse coração fica tão congesto, que o sangue que vem pelaveia cava tem dificuldade de entrar no átrio direito, representando um quadro de aumento da pré-carga (pressão existente no coração que se opõe à chegada de sangue), que leva a um aumento da pressão → prejuízo no gradiente de pressão e no retorno venoso MARÍLIA ARAÚJO – P2 MEDICINA Bomba respiratória: para inspirar, a pressão do tórax deve ser negativada, para favorecer o retorno venoso. Na expiração, ocorre um aumento de pressão (positiva) sobre a veia cava, prejudicando o retorno venoso. Prender a respiração durante exercícios físicos faz com que a pressão dentro do tórax aumente, o que diminui a chegada de sangue ao coração Bomba muscular: quem traz o sangue de volta para o coração são os músculos, sobretudo o gastrocnêmio AFERIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL • Aferir a pressão arterial significa verificar a pressão do sangue que está passando pelas artérias. É medida principalmente na artéria braquial • Em torno de um segmento do corpo, coloca-se um manguito e aumenta-se sua pressão (ultrapassamento da pressão sistólica) até que se interrompa o fluxo sanguíneo. Quando se libera o ar do manguito, a pressão que está sendo exercida vai diminuindo. Assim que a pressão fica inferior a 120 mmHg, o sangue transpõe essa barreira, mas somente durante a sístole, pois durante a diástole o vaso volta a fechar. O ar do manguito continua saindo, a pressão que está sendo imposta no braço vai diminuindo até ficar inferior a 80 mmHg, que é quando o sangue já flui tanto na sístole quanto na diástole • Antes da pressão sistólica nada é auscultado. Quando se atinge a pressão sistólica passa a se escutar o som do sangue apenas durante a sístole. Ao longo de uma maior diminuição da pressão, quando a pressão fica abaixo da diastólica, praticamente não se ausculta esse som • O ponteiro oscila quando se atinge a máxima e para de oscilar quando se atinge a mínima • Emergência hipertensiva: quando a pressão sistólica fica acima de 220 mmHg. O indivíduo está em instabilidade hemodinâmica, na iminência de fazer um edema agudo de pulmão e/ou um AVC. Nenhum serviço de saúde pode negar atendimento ou vaga em UTI a esse paciente, pois é uma situação de vida ou morte. O paciente pode ser transferido após estabilização RESISTÊNCIA VASCULAR • Diâmetro do vaso sanguíneo (r): quanto maior o diâmetro do vaso, menor a resistência MARÍLIA ARAÚJO – P2 MEDICINA • Comprimento do vaso sanguíneo (l): quanto maior o comprimento do vaso, maior a resistência • Viscosidade do sangue (n): quanto maior a viscosidade, maior a resistência Anemia – diminuição da viscosidade e da resistência Policitemia – aumento da viscosidade e da resistência
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