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FEA – FUMEC Concreto Armado – Materiais 1 MATERIAIS Conteúdo revisado em julho de 2014, de acordo com a NBR6118:2014 FEA – FUMEC Concreto Armado – Materiais 2 MATERIAIS 1 . CONCRETO ARMADO Denomina-se concreto armado ao material composto formado pela associação do concreto com barras de aço conveniente colocadas em seu interior. O funcionamento conjunto desses dois materiais só é possível graças à aderência. Devido à aderência, as deformações das barras do aço são praticamente iguais ás deformações do concreto que as envolve. O concreto é um excelente material para resistir aos esforços de compressão e resisti pouco à tração ( cerca de 10% da resistência à compreensão ) . As barras de aço cumprem a função de absorver os esforços de tração na estrutura, podendo também aumentar a capacidade de carga das peças comprimidas. Comportamentos de uma viga de concreto armado simplesmente apoiada. linha elástica: y = f (x) L y q x Fissuras na região tracionada FEA – FUMEC Concreto Armado – Materiais 3 2 . CONCRETO O concreto é um material constituído por mistura pré-fixada de aglomerante com água e com agregados graúdos e miúdos. O conjunto cimento mais água é denominado de pasta; adicionando-se o agregado miúdo à pasta, obtém-se a argamassa. Adicionando-se a esta o agregado graúdo, tem-se o concreto. aglomerante agregados cimento água areia brita pasta argamassa concreto A pasta tem a função de envolver os agregados, preencher os vazios e proporcionar ao concreto a trabalhabilidade necessária no estado fresco. A função do agregado é resistir aos esforços solicitantes, ao desgaste e à ação dos intempéries. O concreto depende dos materiais, da qualidade da mistura e do seu correto manuseio. Após a mistura, o concreto deve ser transportado, lançado, adensado e curado conforme as recomendações das normas brasileiras. 3. PROPRIEDADES DO CONCRETO a) Peso específico: Concreto simples: 2400 kg/m³ = 24 kN/m³ Concreto armado: 2500 kg/m³ = 25 kN/m³ FEA – FUMEC Concreto Armado – Materiais 4 b) Deformações: Próprias: Retração e variação com a temperatura Devidas ao carregamento externo: deformação imediata e deformação lenta Retração: É o fenômeno que aparece no concreto durante e após a cura. Manifesta-se como diminuição de volume, devido à perda do excesso de água. É acentuado no início e tende para um valor final ao longo do tempo. Minimiza-se este efeito, protegendo o concreto através de saturação da superfície com água, areia molhada, sacos molhados, etc. Temperatura: Varia de acordo com as leis da física. Deformação imediata: É a deformação que aparece imediatamente após a colocação das cargas. É influenciada por vários parâmetros tais como: qualidade do concreto, velocidade de aplicação das cargas, idade do concreto. Etg Pode-se minimizar o efeito da temperatura criando juntas de dilatação geralmente em torno de 30 m. C/º100,1 5 FEA – FUMEC Concreto Armado – Materiais 5 O módulo de elasticidade pode ser avaliado pela fórmula empírica abaixo (NBR6118:2014, item 8.2.8), na qual Ecs é o módulo de elasticidade secante do concreto e Eci é o módulo de elasticidade inicial. ∝ ∙ ; sendo: ∝ 0,8 0,2 ∙ 80 1,0; ∝ ∙ 5600 para de 20 MPa a 50 MPa; 21,5 ∙ 10 ∙ ∙ 1,25 ⁄ para de 55 MPa a 90 MPa, sendo: ∝ = 1,2 para basalto e diabásio ∝ = 1,0 para granito e gnaisse ∝ = 0,9 para calcário ∝ = 0,7 para arenito OBS: e são dados em MPa. A Tabela 8.1 da NBR6118:2014, mostrada abaixo, apresenta valores de módulos de elasticidade que podem ser usados no projeto estrutural, para agregado graúdo em granito (ou gnaisse) Tabela 8.1 (NBR6118:2014) – Valores estimados de módulo de elasticidade em função da classe de resistência à compressão do concreto (considerando granito como agregado graúdo) Classe C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50 C60 C70 C80 C90 Eci (GPa) 25 28 31 33 35 38 40 42 43 45 47 Ecs (GPa) 21 24 27 29 32 34 37 40 42 45 47 ∝ 0,85 0,86 0,88 0,89 0,90 0,91 0,93 0,95 0,98 1,00 1,00 Deformação Lenta: Continuando com o carregamento, mesmo sem aumento da solicitação, ocorre um acréscimo de deformação. Com o tempo esta deformação tende a uma assíntota. c Lenta 2 x c Imediata tempo FEA – FUMEC Concreto Armado – Materiais 6 4. RESISTÊNCIA DO CONCRETO À COMPRESSÃO = fCK É a principal característica do concreto, e é bastante variável, mesmo com a mesma dosagem e os mesmos materiais empregados. Depende fundamentalmente do fator Água/Cimento: Mais Água Menor resistência e melhor trabalhabilidade Menos Água Maior resistência e pior trabalhabilidade A verificação da resistência é feita em corpos de prova e a idade normal para a ruptura é aos 28 dias, podendo também ser rompido com idades menores ( 3, 7 dias, etc ). Tabela Aproximada Idade do concreto 3 7 28 90 360 Cimento Normal 0,40 0,65 1,0 1,20 1,35 ARI 0,55 0,75 1,0 1,15 1,20 A resistência obtida com o rompimento em laboratório é chamada de fcj (j = dias). Ex: fc,28 = Ruptura aos 28 dias. fck = fcj – 1,65 sd onde, sd é o desvio–padrão em MPa, que depende da condição de preparo do concreto, conforme a NBR 12655:2006 : Condição A: sd = 4,0 MPa, aplicável às classes C10 até C80. O cimento e os agregados são medidos em massa (peso), a água é medida em massa ou volume com dispositivo dosador e corrigida em função da umidade dos agregados. Condição B: sd = 5,5 MPa, B1: Aplicável às classes C10 até C25. O cimento é medido em massa, a água é medida em volume mediante dispositivo dosador e os agregados medidos em massa combinada com volume. B2: Aplicável às classes C10 e C20. O cimento é medido em massa, a água em volume mediante dispositivo dosador e os agregados em volume. FEA – FUMEC Concreto Armado – Materiais 7 Condição C: sd = 7,0 MPa, Aplicável apenas aos concretos C10 e C15. O cimento é medido em massa, os agregados em volume, a água em volume. O valor de sd de concreteiras pode ser 2,0 MPa. Exemplo: Seja calcular o valor de fck, sendo fc,28 = 26,6 MPa, na condição A (sd = 4,0MPa) fck = fc,28 – 1,65 sd fck = 26,6 – 1,65 x 4 = 20 MPa Valores da classe de resistência do concreto para fins estruturais : C20 = 20 MPa; C25 = 25 MPa; C30 = 30 MPa; C35 = 35MPa; C40 = 40 MPa; C45 = 45 MPa; C50 = 50 MPa; C60 = 60 MPa; C70 = 70 MPa, C80 = 80 MPa, C90 = 90 MPa. A NBR 6118:2014, item 8.2.1, estabelece: “A classe C20, ou superior, se aplica a concreto com armadura passiva e a classe C25, ou superior, a concreto com armadura ativa. A classe C15 pode ser usada apenas em fundações e em obras provisórias, conforme a ABNT NBR 8953.” 5. AÇO Tipos de armaduras ( aços ) Passivas Segundo o valor característico da tensão de escoamento, os aços são divididos nas seguintes categorias (NBR 7480:1996) : CA-25 = fy = 25 kN/cm² = 2.500 kgf/cm² CA-50 = fy = 50 kN/cm² = 5.000 kgf/cm² CA-60 = fy = 60 kN/cm² = 6.000 kgf/cm² fy = Tensão de escoamento à tração kN/cm² Concreto Armado FEA – FUMEC Concreto Armado – Materiais 8 Diagrama tensão–deformação Es = módulo de elasticidade do aço. Es = 2.100.000kgf/cm² = 210.000 MPa = 21.000 kN/cm² Para cálculo nos estados limites de serviço e último pode-se utilizar o diagrama tensão– deformação simplificado mostrado acima, para os aços com ou sem patamar de escoamento. Características de alguns aços CA-25: Superfície externa lisa Apresenta-se no mercado com bitolas grandes. 6.3, 8.0, 10.0, 12.5, 16.0, 20.0, 25.0 mm É pouco usado em função do “alto custo”, comparado com os aços CA-50. CA-50: É o mais usado dos aços quando necessitamos de grandes áreas de armaduras, pois se apresenta no mercado com bitolas grossas, diferencia-se do CA-25, pois a superfície externa é não lisa (nervurada). 6.3, 8.0, 10.0, 12.5, 16.0, 20.0, 25.0, 32.0 mm É muito usado em vigas, pilares, muros de arrimos, etc. CA-60: É o mais usado dos aços quando necessitamos de pequenas áreas de armaduras, pois se apresenta no mercado com bitolas finas, superfície externa lisa ou nervurada. 4.2, 5.0, 6.0, 7.0, 8.0, 9.5 mm. É muito usado em lajes, estribos de vigas ou de pilares. Es s fyd yd FEA – FUMEC Concreto Armado – Materiais 9 Exemplo: Com base no diagrama tensão–deformação do aço CA-50, determinar a resistência de cálculo σsd para: a) sd = 2,07 ‰ b) sd = + 1,0 ‰ c) sd = + 3,0 ‰ Solução: s yd yd E f , fyd =Tensão de escoamento à tração de cálculo. Es = módulo de elasticidade do aço. Es = 2.100.000 kgf/cm² = 210.000 MPa = 21.000 kN/cm² 15,1 50 s y yd f f Coeficiente de minoração do aço = 1,15 0%07,200207,0 000.21 15,1/50 yd (por mil) Logo se εsd 2,07 ‰ prevalece a linha reta onde σ = .E a) εsd = 2,07 ‰ => σsd = kN/cm²48,43000.21 1000 07,2 Neste caso particular εsd = εyd, σsd = fyd b) εsd = +1,0‰ => σsd = 1‰ x 21.000 = 21 kN/cm² c) εsd = +3‰ => o valor de σsd fica limitado pelo valor fyd = 43,48 kN/cm², logo εsd = +3‰ => σsd = 43,48 43,5 kN/cm² Es s fyd yd FEA – FUMEC Concreto Armado – Materiais 10 6. AGRESSIVIDADE DO MEIO AMBIENTE A agressividade do meio ambiente está relacionada às ações físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de concreto. Tabela 6.1 (NBR 6118:2014) - Classes de agressividade ambiental Classe de Agressividade ambiental Agressividade Classificação geral do tipo de ambiente para efeito de projeto Risco de deterioração da estrutura I Fraca Rural Insignificante Submersa II Moderada Urbanaa,b Pequeno III Forte Marinhaa Grande Industriala,b IV Muito forte Industriala,c Elevado Respingos de maré a Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (uma classe acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura). b Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (uma classe acima) em obras em regiões de clima seco, com umidade média relativa do ar menor ou igual a 65 %, partes da estrutura protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos ou regiões onde raramente chove. c Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas. A durabilidade das estruturas de concreto depende também das caracteristicas do concreto. Nas especificações para o dimensionamento dos elementos estruturais, cabe destacar os requisitos relativos ao fator água/cimento e a resistência do concreto à compressão. Em função da classe de agressividade, a NBR 6118:2014 prescreve na tabela 7.1 valores de mínimos de resistência para o concreto e máximos para a relação a/c. Tabela 7.1 (NBR 6118:2014) – Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto Concreto Tipo Classe de agressividade I II III IV Relação água/cimento em massa CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45 CP ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45 Classe de concreto (ABNT NBR 8953) CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40 CP ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40 O concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir com os requisitos estabelecidos na ABNT NBR12655. FEA – FUMEC Concreto Armado – Materiais 11 7. COBRIMENTO DAS ARMADURAS Para garantir o cobrimento mínimo (Cmin) o projeto e a execução devem considerar o cobrimento nominal (Cnom) que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de execução (∆c). Assim, as armaduras devem respeitar os cobrimentos nominais, estabelecidos na tabela 7.2 da NBR 6118:2014 para ∆c = 10mm. Os cobrimentos nominais e mínimos estão sempre referidos à superfície de armadura externa, em geral à face externa do estribo. O cobrimento nominal de uma determinada barra deve ser no mínimo igual ao diâmetro da barra. Cnominal ≥Φ barra Tabela 7.2 (NBR 6118:2014) - Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e cobrimento nominal para ∆c = 10mm Tipo do concreto Componente ou Elemento Classe de agressividade ambiental I II III IVc Cobrimento nominal (mm) Concreto Armado Lajeb 20 25 35 45 Viga/pilar 25 30 40 50 Elementos estruturais em contato com o solod 30 40 50 Concreto Protendidoa Laje 25 30 40 50 Viga/pilar 30 35 45 55 a Cobrimento nominal da bainha ou dos fios, cabos e cordoalhas. O cobrimento da armadura passiva deve respeitar os cobrimentos para concreto armado. b Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso, com revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e acabamento, como pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos e outros, as exigências desta Tabela podem ser substituídas pelas de 7.4.7.5, respeitado um cobrimento nominal 15 mm. c Nas superfícies expostas a ambientes agressivos, como reservatórios, estações de tratamento de água e esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efl uentes e outras obras em ambientes química e intensamente agressivos, devem ser atendidos os cobrimentos da classe de agressividade IV d No trecho dos pilares em contato com o solo junto aos elementos de fundação, a armadura deve ter cobrimento nominal 45 mm. OBS: o item 7.4.7.5 especifica: Os cobrimentos nominais e mínimos estão sempre referidos à superfície da armadura externa, em geral à face externa do estribo. O cobrimento nominal de uma determinada barra deve sempre ser: a) cnom barra; b) cnom feixe = n = √ ; c) cnom 0,5 bainha.. FEA – FUMEC Concreto Armado – Materiais 12 Cobrimentos de algumas peças Lajes C= 20mm para Classe I C= 25mm para Classe II Vigas C = 25mm para Classe I C = 30mm para Classe II Pilar (mesmos valores de vigas) C = 25 mm para Classe I C = 30 mm para Classe II c c c
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