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Material Ética I

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ÉTICA GERAL 
E JURÍDICA
Taísa Lúcia Salvi
Revisão técnica:
Gustavo da Silva Santanna
Bacharel em Direito
Especialista em Direito Ambiental Nacional 
e Internacional e em Direito Público
Mestre em Direito
Professor em cursos de graduação e pós-graduação em Direito 
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB -10/2147
E83 Ética geral e jurídica [recurso eletrônico ] / Willian Gustavo 
Rodrigues... et al.; [revisão técnica: Gustavo da Silva
Santanna]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.
ISBN 978-85-9502-456-4
1. Direito. 2. Ética. I. Rodrigues, Willian Gustavo.
CDU 17:34
Estatuto da Advocacia e 
Ordem dos Advogados 
do Brasil (OAB)
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar o que é a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a ativi-
dade de advocacia.
  Reconhecer os direitos dos advogados, do advogado empregado e 
o que é uma sociedade de advogados.
  Explicar como ocorre a inscrição como advogado e os casos de in-
compatibilidade e impedimento.
Introdução
O Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é o compilado 
de regras e normas do ordenamento jurídico brasileiro que estabe-
lece os direitos e deveres dos advogados e dos estagiários de Direito 
no exercício da profissão. A OAB é a instituição destinada a reunir e 
representar a classe profissional dos advogados em todo o território 
nacional.
Neste capítulo, você vai ler sobre as normas que regem uma das 
profissões mais antigas que se tem conhecimento, sendo considerada 
uma das atividades essenciais para a administração da justiça, con-
forme observa-se no art. 133 da Constituição da República Federativa 
do Brasil.
Conceitos fundamentais
Inicialmente, cumpre referir que a primeira divulgação da fundação da 
cultura jurídica em nosso País independente remete a dois fatores impor-
tantes (CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO 
BRASIL, ([200-?]): 
  a fundação, em 11 de agosto de 1827, por ato do Imperador Dom Pedro I, 
dos cursos de ciências jurídicas e sociais, constituindo-se um na cidade 
de São Paulo e outro na cidade de Olinda;
  a fundação do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) em 1843, sendo 
o seu estatuto redigido com a finalidade primordial da constituição da 
Ordem dos Advogados.
Todavia, foi quase um século depois da aprovação, pelo governo, dos 
estatutos votados pelo IAB que a OAB se efetivou, por força do art. 17 do 
Decreto nº. 19.408, de 18 de novembro de 1930 (durante a Revolução de 1930).
O primeiro regulamento da Ordem dos Advogados foi aprovado pelo 
Decreto nº. 20.784, de 14 de dezembro de 1931, sendo prevista, no art. 4º, a 
criação do Conselho Federal para o exercício das atribuições da Ordem em 
todo o território nacional.
REGULAMENTO A QUE SE REFERE O DECRETO N. 20.784, DE 
14 DE DEZEMBRO DE 1931
CAPÍTULO I
da ordem, seus fins e organização
Art. 1º A Ordem dos Advogados Brasileiros, creada pelo art. 17 do 
decreto n. 19.408, de 18 de novembro de 1930, é o órgão de seleção, 
defesa e disciplina da classe dos advogados em toda a República. 
Art. 2º A Ordem constitue serviço público federal, ficando, por isso, 
seus bens e serviços e o exercício de seus cargos, isentos de todo e 
qualquer imposto ou contribuição. 
Art. 3º A Ordem compreende uma secção central, com séde no Distrito 
Federal, e uma secção em cada Estado e no Territorio do Acre, com 
séde na Capital respectiva. 
Art. 4º A Ordem exercerá suas atribuições, em todo o territorio nacional, 
pelo Conselho Federal e pelo presidente e secretario geral; em cada 
secção, pela assembléa geral, pelo conselho e pela diretoria; em cada 
sub-secção, pela diretoria e pela assembléa geral. 
Rio de Janeiro, 14 de dezembro de 1931.
Oswaldo Aranha (BRASIL, 1931, documento on-line).
Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)108
Em março de 1933, elegeu-se presidente Levi Fernandes Carneiro e, para 
secretaria geral, Attílio Vivácqua. O Regimento Interno do Conselho Federal, 
fixando a sua organização administrativa, foi aprovado em 13 de março de 1933.
Carneiro e Vivácqua foram reeleitos sucessivamente, permanecendo à frente 
do Conselho Federal por três mandatos consecutivos, consolidando a Ordem dos 
Advogados, organizando a instituição, solucionando os problemas de interpreta-
ção do Estatuto, atuando em prol da criação das seções estaduais e elaborando 
o Código de Ética. O primeiro Código de Ética Profissional dos Advogados 
foi aprovado em sessão do Conselho Federal do dia 25 de julho de 1934, dando 
cumprimento ao disposto no inciso III, do art. 84, do Regimento da OAB.
No decorrer da Segunda Guerra, após a ocorrência do afundamento de 
cinco navios brasileiros, entre 5 e 17 de agosto de 1942, provocados por sub-
marinos alemães, a OAB exigiu do governo providências urgentes para o 
pronto desagravo da soberania nacional. 
Ao longo da história do Brasil, como você pode ver, a Ordem dos Advo-
gados teve um papel importante lutando por diretos e garantias individuais, 
não se calando frente a acontecimentos políticos temerários e se mostrando 
como entidade indispensável ao cultivo de uma sociedade totalmente livre.
A OAB é a instituição máxima que estabelece as regras e normas para o exercício da 
advocacia no Brasil.
A Lei nº. 8.906, de 4 de julho de 1994, dispõe sobre o Estatuto da Advocacia 
e a OAB, estabelecendo que a Ordem tem por finalidade (BRASIL, 1994):
  defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático de 
Direito, os direitos humanos e a justiça social; 
  pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça 
e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas;
  promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a 
disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil.
Em que pese a OAB seja prevista, no art. 44 da Lei nº. 8.906/1994, como 
serviço público, dotada de personalidade jurídica e forma federativa, hoje 
109Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
ela é tida como uma instituição sui generis, uma vez que se pauta em caráter 
excepcional de serviço de feito único, apresentando autonomia e independência, 
particularidades e peculiaridades que não podem se caracterizar como uma 
mera entidade ou órgão de fiscalização profissional; ou seja, ela é desseme-
lhante dos demais conselhos profissionais (BRASIL, 1994).
Nesse sentido, trazemos a lume a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal 
(STF) no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº. 3.026/DF, em 
que foi Relator o Ministro Eros Grau, in verbis:
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 
1º DO ARTIGO 79 DA LEI N. 8.906, 2ª PARTE. “SERVIDORES” 
DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. PRECEITO QUE 
POSSIBILITA A OPÇÃO PELO REGIME CELESTISTA. COM-
PENSAÇÃO PELA ESCOLHA DO REGIME JURÍDICO NO MO-
MENTO DA APOSENTADORIA. INDENIZAÇÃO. IMPOSIÇÃO 
DOS DITAMES INERENTES À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
DIRETA E INDIRETA. CONCURSO PÚBLICO (ART. 37, II DA 
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). INEXIGÊNCIA DE CONCURSO 
PÚBLICO PARA A ADMISSÃO DOS CONTRATADOS PELA OAB. 
AUTARQUIAS ESPECIAIS E AGÊNCIAS. CARÁTER JURÍDICO 
DA OAB. ENTIDADE PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO 
INDEPENDENTE. CATEGORIA ÍMPAR NO ELENCO DAS PER-
SONALIDADES JURÍDICAS EXISTENTES NO DIREITO BRA-
SILEIRO. AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA DA ENTIDADE. 
PRINCÍPIO DA MORALIDADE. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 37, 
CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. NÃO OCORRÊNCIA. 
1. A Lei n. 8.906, artigo 79, § 1º, possibilitou aos “servidores” da 
OAB, cujo regime outrora era estatutário, a opção pelo regime cele-
tista. Compensação pela escolha: indenização a ser paga à época da 
aposentadoria. 2. Não procede a alegação de que a OAB sujeita-se 
aos ditames impostos à Administração Pública Direta e Indireta. 3. 
A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. 
A Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar 
no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito 
brasileiro. 4. A OAB não está incluídana categoria na qual se 
inserem essas que se tem referido como “autarquias especiais” 
para pretender-se afirmar equivocada independência das hoje 
chamadas “agências”. 5. Por não consubstanciar uma entidade 
da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da 
Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)110
A OAB é composta dos seguintes órgãos:
  Conselho Federal;
  Conselhos Seccionais;
  Subseções;
  Caixas de Assistência dos Advogados.
Veremos cada um em detalhes a seguir.
Conselho Federal
O Conselho Federal é o órgão supremo da instituição, dotado de personali-
dade jurídica própria, com sede na capital do País, Brasília/DF. Compõe-se 
dos conselheiros federais, integrantes das delegações de cada unidade 
federativa e dos seus ex-presidentes, na qualidade de membros honorários 
vitalícios. A sua estrutura e o seu funcionamento são defi nidos no Regula-
Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada. 
Essa não vinculação é formal e materialmente necessária. 6. A OAB 
ocupa-se de atividades atinentes aos advogados, que exercem 
função constitucionalmente privilegiada, na medida em que são 
indispensáveis à administração da Justiça [artigo 133 da CB/88]. É 
entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, interesses e seleção 
de advogados. Não há ordem de relação ou dependência entre 
a OAB e qualquer órgão público. 7. A Ordem dos Advogados do 
Brasil, cujas características são autonomia e independência, não 
pode ser tida como congênere dos demais órgãos de fiscalização 
profissional. A OAB não está voltada exclusivamente a finalidades 
corporativas. Possui finalidade institucional. 8. Embora decorra 
de determinação legal, o regime estatutário imposto aos empregados 
da OAB não é compatível com a entidade, que é autônoma e inde-
pendente. 9. Improcede o pedido do requerente no sentido de que se 
dê interpretação conforme o artigo 37, inciso II, da Constituição do 
Brasil ao caput do artigo 79 da Lei n. 8.906, que determina a apli-
cação do regime trabalhista aos servidores da OAB. 10. Incabível a 
exigência de concurso público para admissão dos contratados sob o 
regime trabalhista pela OAB. 11. Princípio da moralidade. Ética da 
legalidade e moralidade. Confinamento do princípio da moralidade 
ao âmbito da ética da legalidade, que não pode ser ultrapassada, sob 
pena de dissolução do próprio sistema. Desvio de poder ou de fina-
lidade. 12. Julgo improcedente o pedido (BRASIL, 2006, documento 
on-line, grifo nosso).
111Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
mento Geral da Ordem. Compete ao Conselho Federal (art. 54) (BRASIL, 
1994, documento on-line):
  dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;
  representar, em juízo ou fora dele, os interesses coletivos ou individuais 
dos advogados;
  velar por dignidade, independência, prerrogativas e valorização da 
advocacia;
  representar, com exclusividade, os advogados brasileiros nos órgãos e 
eventos internacionais da advocacia;
  editar e alterar o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina e 
os provimentos que julgar necessários (a referida intervenção depende 
de prévia aprovação por dois terços das delegações, garantido o amplo 
direito de defesa do Conselho Seccional respectivo, nomeando-se di-
retoria provisória para o prazo que se fixar);
  adotar medidas para assegurar o regular o funcionamento dos Conselhos 
Seccionais;
  intervir nos Conselhos Seccionais, onde e quando constatar grave vio-
lação da Lei nº. 8.906/1994 ou do Regulamento Geral;
  cassar ou modificar, de ofício ou mediante representação, qualquer 
ato, de órgão ou autoridade da OAB, contrário à Lei nº. 8.906/1994, ao 
Regulamento Geral, ao Código de Ética e Disciplina, e aos Provimentos, 
ouvida a autoridade ou o órgão em causa;
  julgar, em grau de recurso, as questões decididas pelos Conselhos Seccio-
nais, nos casos previstos na Lei nº. 8.906/1994 e no Regulamento Geral;
  dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e sobre os respectivos 
símbolos privativos;
  apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as contas da 
sua diretoria;
  homologar ou mandar suprir relatório anual, o balanço e as contas dos 
Conselhos Seccionais;
  elaborar as listas constitucionalmente previstas, para o preenchimento 
dos cargos nos tribunais judiciários de âmbito nacional ou interestadual, 
com advogados que estejam em pleno exercício da profissão, vedada a 
inclusão de nome de membro do próprio Conselho ou de outro órgão 
da OAB;
  ajuizar ADI de normas legais e atos normativos, ação civil pública, 
mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e demais ações 
cuja legitimação lhe seja outorgada por lei;
Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)112
  colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos jurídicos e opinar, previa-
mente, nos pedidos apresentados aos órgãos competentes para criação, 
reconhecimento ou credenciamento desses cursos;
  autorizar, pela maioria absoluta das delegações, a oneração ou alienação 
dos seus bens imóveis;
  participar de concursos públicos, nos casos previstos na Constituição 
e na lei, em todas as suas fases, quando tiverem abrangência nacional 
ou interestadual;
  resolver os casos omissos na Lei nº. 8.906/1994.
Conselhos Seccionais
Os Conselhos Seccionais são dotados de personalidade jurídica própria e 
têm jurisdição sobre os respectivos territórios dos estados-membros, do 
Distrito Federal e dos territórios. Compõem-se de conselheiros em nú-
mero proporcional ao de seus inscritos, segundo critérios estabelecidos no 
Regulamento Geral, exercendo e observando, no respectivo território, as 
competências, vedações e funções atribuídas ao Conselho Federal, no que 
couber e no âmbito de sua competência material e territorial, bem como as 
normas gerais estabelecidas nesta Lei, no Regulamento Geral, no Código 
de Ética e Disciplina e nos provimentos. Compete aos Conselhos Seccionais 
(art. 58) (BRASIL, 1994):
  editar o seu regimento interno e as suas resoluções;
  criar as Subseções e a Caixa de Assistência dos Advogados;
  julgar, em grau de recurso, as questões decididas por seu presidente, 
por sua diretoria, pelo Tribunal de Ética e Disciplina, pelas diretorias 
das Subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados;
  fiscalizar a aplicação da receita, apreciar o relatório anual e deliberar 
sobre o balanço e as contas da sua diretoria, das diretorias das Subseções 
e da Caixa de Assistência dos Advogados;
  fixar a tabela de honorários, válida para todo o território estadual;
  realizar o Exame de Ordem;
  decidir os pedidos de inscrição nos quadros de advogados e estagiários;
  manter cadastro dos seus inscritos;
  fixar, alterar e receber contribuições obrigatórias, preços de serviços 
e multas;
  participar da elaboração dos concursos públicos, em todas as suas fases, 
nos casos previstos na Constituição e nas leis, no âmbito do seu território;
113Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
  determinar, com exclusividade, critérios para o traje dos advogados, 
no exercício profissional;
  aprovar e modificar o seu orçamento anual;
  definir a composição e o funcionamento do Tribunal de Ética e Disci-
plina e escolher os seus membros;
  eleger as listas, constitucionalmente previstas, para preenchimento 
dos cargos nos tribunais judiciários, no âmbito da sua competência e 
na forma do Provimento do Conselho Federal, vedada a inclusão de 
membros do próprio Conselho e de qualquer órgão da OAB;
  intervir nas Subseções e na Caixa de Assistência dos Advogados;
  desempenhar outras atribuições previstas no Regulamento Geral.
Subseções 
As Subseções são as partes autônomas do Conselho Seccional, na forma do 
Estatuto da Advocacia e a OAB e do seu ato constitutivo. Compete às Subseções 
no âmbito do seu território (art. 61) (BRASIL, 1994):
  dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;
  velar pela dignidade, independência e valorizaçãoda advocacia e fazer 
valer as prerrogativas do advogado;
  representar a OAB perante os poderes constituídos;
  desempenhar as atribuições previstas no Regulamento Geral ou por 
delegação de competência do Conselho Seccional.
Caixas de Assistência dos Advogados 
As Caixas de Assistência dos Advogados são dotadas de personalidade jurídica 
própria e são criadas pelos Conselhos Seccionais, quando estes contarem com 
mais de 1.500 inscritos, destinando-se a prestar assistência aos inscritos no 
Conselho Seccional a que se vincule.
Dentro da OAB, existem ainda as Comissões, que podem ter caráter ex-
cepcional ou permanente, as quais são criadas com o objetivo de auxiliar os 
respectivos Conselhos, sejam eles no âmbito federal, seccional ou subseccional, 
nas matérias da sua competência. Estas possuem o encargo de desenvolver 
trabalhos, sejam eles no âmbito de estudos ou na elaboração de pareceres, 
coadjuvando, dessa forma, para uma discussão sobre diversas matérias entre 
Estado, advogados e sociedade.
Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)114
A expressão advogado — originária do latim advocatus (particípio passado de advo-
care, que significa “chamar junto de si”, formado por ad, que significa “a”, mais vocare, 
“chamar, apelar para”) — em uma interpretação livre pode ser entendida como “o que 
foi chamado a prestar assistência”. 
No exercício da profissão, o advogado está no cumprimento do dever de 
prestar assistência àquele que a constituiu, conferindo-lhe defesa judicial acerca 
dos interesses de seu cliente, garantindo a efetividade do sistema jurídico e 
de seus mandamentos nucleares. Em outras palavras, como afirma Eduardo 
Bittar (2015, p. 427), “[…] o advogado é mensageiro e representante jurídico 
da vontade dos cidadãos” perante qualquer órgão do Estado em atos judiciais 
ou em atos extrajudiciais. O exercício da advocacia é exercido exclusivamente 
por bacharel em Direito, devidamente inscrito na OAB. 
Mas o advogado não é apenas um fervoroso protetor da letra fria da lei, 
dado que, quando esta segmenta, implica ou prejudica, o profissional busca, 
por meio da justiça, o amparo para a sua atuação técnica.
Direitos dos advogados e do advogado 
empregado, e a sociedade de advogados
Tendo em vista o disposto no art. 133 da Carta Magna de 1988, o advogado 
é indispensável à administração da justiça, sendo defensor do Estado Demo-
crático de Direito, da cidadania, da moralidade pública, da justiça e da paz 
social, incumbindo a ele tratar a todos com cordialidade, discrição, respeito 
e independência, requerendo idêntico tratamento, constantemente guardado 
pelas prerrogativas a que tem direito (BRASIL, 1988).
Embora a Carta Magna endosse o livre exercício de qualquer trabalho, 
ofício ou profissão, o exercício da advocacia é privativo do bacharel em Di-
reito, regularmente inscrito na OAB, em observância às regras indispensáveis 
estabelecidas pela legislação infraconstitucional. Outrossim, os atos praticados 
por pessoas não inscritas na OAB são nulos, sem prejuízo das sanções penais, 
civis e administrativas.
A advocacia, na qualidade de atividade basilar à justiça, deve ser exercida 
com responsabilidade e independência, tendo o conhecimento de que seu es-
115Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
critório e sua profissão são invioláveis, desde que não incida em despropósito, 
tendo seus direitos enquanto profissional assegurados no art. 7º, I a XXI, e no 
art. 7º-A, I a IV, ambos do Estatuto da Advocacia e a OAB (BRASIL, 1994). 
Assim, são direitos dos advogados (BRASIL, 1994):
  exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional, o que 
lhe garante chegar em qualquer órgão do Estado, em qualquer parte do 
território nacional, e atuar como advogado;
  a inviolabilidade do seu escritório ou local de trabalho, bem como dos 
seus instrumentos de trabalho, da sua correspondência escrita, eletrônica, 
telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia;
  comunicar-se com os seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo 
sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhi-
dos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados 
incomunicáveis;
  ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, 
por motivo ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto 
respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação 
expressa à seccional da OAB (ver decisão do STF na ADI nº. 1.127);
  não ser recolhido ou preso, antes de sentença transitada em julgado, 
senão em sala de Estado-Maior, com instalações e comodidades condig-
nas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar 
(ver decisão do STF na ADI nº. 1.127);
  ingressar livremente nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além 
dos cancelos que separam a parte reservada aos magistrados;
  ingressar livremente nas salas e dependências de audiências, secre-
tarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro, e, 
no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e 
independentemente da presença dos seus titulares;
  ingressar livremente em qualquer edifício ou recinto em que funcione 
repartição judicial ou outro serviço público onde o advogado deva 
praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade 
profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde 
que se ache presente qualquer servidor ou empregado;
  ingressar livremente em qualquer assembleia ou reunião de que participe 
ou possa participar o seu cliente, ou perante a qual este deve comparecer, 
desde que munido de poderes especiais;
  permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados 
no inciso anterior, independentemente de licença;
Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)116
  dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, 
independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, 
observando-se a ordem de chegada;
  usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante 
intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em 
relação a fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento, 
bem como para replicar acusação ou censura que lhe forem feitas;
  reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal 
ou autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento 
ou regimento;
  falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação 
coletiva da Administração Pública ou do Poder Legislativo;
  examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou 
da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em 
andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a 
sigilo, assegurada a obtenção de cópias, podendo tomar apontamentos;
  examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investi-
gação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações 
de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos 
à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio 
físico ou digital (ver decisão do STF na ADI nº. 1.127);
  ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer na-
tureza, em cartório ou na repartição competente, ou retirá-los pelos 
prazos legais;
  retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo 
de 10 dias;
  ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da pro-
fissão ou em razão dela;
  usar os símbolos privativos da profissão de advogado;
  recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou 
deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou 
foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, 
bem como sobre fato que constitua sigilo profissional;
  retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judi-
cial, após 30 minutos do horáriodesignado e ao qual ainda não tenha 
comparecido a autoridade que deva presidir a ele, mediante comunicação 
protocolizada em juízo;
  assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob 
pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento 
117Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probató-
rios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, 
inclusive, no curso da respectiva apuração, apresentar razões e quesitos;
  permitir à gestante a entrada em tribunais sem ser submetida a detectores 
de metais e aparelhos de raios X;
  reservar à gestante vaga em garagens dos fóruns dos tribunais;
  promover à gestante, lactante, adotante ou que der à luz acesso à 
creche, onde houver, ou a local adequado ao atendimento das neces-
sidades do bebê;
  dar à gestante, lactante, adotante ou que der à luz preferência na ordem 
das sustentações orais e das audiências a serem realizadas a cada dia, 
mediante comprovação de sua condição;
  promover à gestante, adotante ou que der à luz suspensão de prazos 
processuais quando for a única patrona da causa, desde que haja noti-
ficação por escrito ao cliente.
Esses direitos e prerrogativas são cruciais ao pleno exercício da advocacia, e 
a sua violação resulta em violação ao Judiciário como poder político do Estado.
O raciocínio do advogado deve se mensurar pelas exiguidades sociais e pelas circuns-
tâncias do exercício da cidadania no País. Esse é primeiro múnus ético profissional que 
se devota à advocacia, a qual é, ao mesmo tempo, uma obrigação com a categoria, 
com os demais profissionais, com o constituinte e com a comunidade. Por tal razão, 
não é outorgada a confusão entre a advocacia e as atividades outras.
A Lei nº. 8.906/1994 estabelece como compromisso ético do advogado o 
dever de proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que contribua 
para o prestígio da classe e da advocacia, devendo manter independência 
em qualquer circunstância no exercício da profissão. O advogado não deve 
ter receio de desagradar o magistrado ou qualquer autoridade, nem em se 
tornar impopular durante o exercício da advocacia, sendo responsável pelos 
atos que praticar com dolo ou culpa no exercício profissional. E, em caso 
de lide temerária, será solidariamente responsável com seu cliente, desde 
que coligado com este para lesar a parte contrária, o que será apurado em 
ação própria.
Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)118
O advogado tem o dever de fidelidade aos trabalhos que defende, então, 
se a ética pessoal do profissional e a sua ética profissional conflitarem, deve 
prevalecer a segunda. Contudo, se a consciência do profissional conflitar de 
forma intolerável com os interesses da causa a ser patrocinada, ao ponto de 
se comprometer a ética do advogado, então o profissional não deve aceitar o 
trabalho ou renunciá-lo. Porém, o advogado tem imunidade profissional, não 
constituindo injúria e/ou difamação, punível qualquer manifestação da sua 
parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das 
sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.
O profissional da advocacia usufrui de absoluta liberdade enquanto no 
exercício dos deveres profissionais, não havendo hierarquia nem subordinação 
entre estes, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos se 
tratarem com consideração e respeito recíprocos, devendo-lhe ser dispensado, 
no exercício da profissão, tratamento compatível com a dignidade da advocacia 
e condições adequadas a seu desempenho.
O sonho de grande parte dos advogados é ter o seu próprio escritório, 
mas, inicialmente, ao saírem da universidade, os jovens profissionais aca-
bam trabalhando para sociedade de advogados e empresas. Em que pese a 
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ser, de modo geral, aplicável a 
todos os trabalhadores, o Estatuto da OAB, com as alterações realizadas pela 
Lei nº. 13.247, de 12 de janeiro de 2016, dedicou o Capítulo V à proteção do 
exercício da advocacia pelo advogado empregado. Desse modo, a relação de 
emprego, na qualidade de advogado, não retira a isenção técnica nem reduz 
a independência profissional inerentes à advocacia. O advogado empregado 
não está obrigado à prestação de serviços profissionais de interesse pessoal 
dos empregadores fora da relação de emprego.
A jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da profissão, 
não pode exceder a duração diária de 4 horas contínuas e a de 20 horas sema-
nais, salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva. 
Segundo o Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, considera-
-se de dedicação exclusiva o regime de trabalho expressamente previsto em 
contrato individual. Havendo dedicação exclusiva, serão remuneradas como 
extraordinárias as horas trabalhadas que excederem a jornada normal de 8 
horas diárias.
O salário-mínimo profissional do advogado será fixado em sentença 
normativa, salvo se ajustado em acordo ou convenção coletiva de trabalho. 
Segundo o Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, compete 
ao sindicato de advogados — e, na sua falta, a federação ou confederação de 
advogados —a representação destes nas convenções coletivas celebradas com 
119Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
as entidades sindicais representativas dos empregadores, nos acordos coletivos 
celebrados com a empresa empregadora e nos dissídios coletivos perante a 
Justiça do Trabalho, aplicáveis às relações de trabalho. 
Nas causas em que for parte o empregador ou pessoa por este representada, 
os honorários de sucumbência são devidos aos advogados empregados. Os 
honorários de sucumbência, percebidos por advogado empregado de sociedade 
de advogados, são partilhados entre ele e a empregadora, na forma estabelecida 
em acordo.
É importante mencionarmos que, mesmo havendo essa regulamentação, ocorrem 
inúmeras contratações informais, que acabam violando os direitos garantidos aos 
advogados empregados. É o caso de empregadores que contratam o profissional 
como advogado associado, pagando a este valores insignificantes, livrando-se dos 
custos trabalhistas e fiscais desses empregados.
A sociedade de advogados pode ser o meio para alcançar outros propósitos 
que o profissional sozinho não alcançaria, em que ocorreram dificuldade e 
facilidade, quando haverá ônus e bônus. Em um aspecto geral, a sociedade 
vence na oferta e na força de trabalho e, consequentemente, na rentabilidade.
A soma de esforços entre os sócios que podem atuar em diferentes ramos 
do Direito permite um crescimento mais rápido dentro do mercado advocatício, 
o que pode encurtar o tempo de retorno financeiro aos profissionais.
O Estatuto da Advocacia e a OAB estabelece que os advogados podem 
reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advocacia ou 
constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta 
lei e no Regulamento Geral. A sociedade unipessoal é composta por apenas 
um advogado, que não possua impedimentos para o exercício da profissão, 
permitindo, assim, que o profissional possa optar pelo Simples Nacional.
Assim, como não são permitidas às outras sociedades de advogados as 
características de uma sociedade empresarial, também não é permitida à 
sociedade unipessoal a adoção de nomenclatura fantasia, nem que realize 
atividades estranhas à advocacia. Desse modo, a nomenclatura da sociedade 
unipessoal é obrigatoriamente composta pelo nome do advogado, seguido de 
“Sociedade Individual de Advocacia”.
Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)120
A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia adquirem 
personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no 
Conselho Seccional da OAB, em cuja base territorial tiver sede. Além disso, 
aplica-se a ambas o Código de Ética e Disciplina,no que couber.
Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, 
constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia ou integrar, si-
multaneamente, uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal 
de advocacia, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo 
Conselho Seccional.
Além da sociedade, o sócio e o titular da sociedade individual de advocacia 
respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos clientes por 
ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade 
disciplinar em que possam incorrer.
A regulamentação dos direitos do advogado empregado e das sociedades de advoga-
dos está contida nos arts. 18 a 21 e 15 a 17, respectivamente, do Estatuto da Advocacia 
e a OAB, bem como nos arts. 11 a 14 e 37 a 43, respectivamente, do Regulamento Geral 
do Estatuto da Advocacia e da OAB.
Inscrição como advogado e casos de 
incompatibilidade e impedimento
A Constituição Federal de 1988, art. 5º, XIII, estabelece que “[...] é livre o 
exercício de qualquer trabalho, ofício ou profi ssão, atendidas as qualifi cações 
profi ssionais que a lei estabelece” (BRASIL, 1988, documento on-line). Assim, 
o constituinte originário limitou as restrições à liberdade de ofício às exigên-
cias de qualifi cação profi ssional. Isso porque o trabalho, além da proporção 
subjetiva, da mesma forma, denota valor que ultrapassa os interesses do próprio 
indivíduo. Em determinados casos, o trabalho desempenhado pelo profi ssional 
resulta em uma admissão de riscos, os quais podem ser individuais ou coletivos.
Por isso, quando o risco da atividade é suportado pela coletividade, limita-se 
o acesso à profissão e o seu respectivo exercício, em razão do interesse da coleti-
vidade. Por causa disso, a norma constitucional referida ressalva as qualificações 
legais exigidas em lei. Ela é a salvaguarda de que as profissões que representam 
121Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
riscos à coletividade serão limitadas e exercidas somente por aqueles indivíduos 
conhecedores da técnica essencial a trabalho, no presente caso, da advocacia. 
Assim, a Lei nº. 8.906/1994 estabelece que o órgão de classe se encontra 
obrigado a avaliar o estudante e candidato a advogado em seus conhecimentos 
acerca da ética, pois há previsão normativa da qual consta essa exigência.
Dessa forma, após a colação de grau, em instituição regularmente creden-
ciada, o bacharel em Direito que almeja exercer a advocacia se submeterá ao 
Exame da Ordem. Restam dispensados dessa avaliação os postulantes oriundos 
da magistratura e do Ministério Público e os bacharéis alcançados pelo art. 
7º, da Resolução nº. 02/1994, da Diretoria do Conselho Federal da OAB. Da 
mesma forma, ficam dispensados da referida avaliação os advogados públicos 
aprovados em concurso público de provas e títulos realizados com a efetiva 
participação da OAB até a data da publicação do Provimento nº. 174/2016, do 
Conselho Federal da OAB.
O Exame da Ordem é prestado por bacharel em Direito, ainda que pendente a sua 
colação de grau, podendo também o ser por estudantes de Direito dos últimos dois 
semestres ou do último ano do curso.
Outrossim, o Exame da Ordem é prestado por portador de diploma estrangeiro 
que tenha sido revalidado na forma prevista no art. 48, § 2º, da Lei nº. 9.394, de 20 de 
setembro de 1996.
Após a aprovação no Exame da Ordem, o candidato a advogado deve 
observar os requisitos previstos no Capítulo III do Regulamento Geral da 
Advocacia e da OAB, bem como o disposto no art. 8º, da Lei nº. 8.906/1994. 
Segundo o referido artigo, são necessários para a inscrição como advogado 
junto à OAB:
Capacidade civil — absoluta ou plena.
Diploma ou certidão de graduação em Direito, obtido em instituição de 
ensino ofi cialmente autorizada e credenciada — todavia, não é possível 
a apresentação do diploma de conclusão de curso; conforme se observa 
no art. 23 do Regulamento Geral da Advocacia e da OAB, é permitida a 
Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)122
apresentação da certidão de graduação em Direito, acompanhada de cópia 
autenticada do respectivo histórico escolar. Já o portador de diploma es-
trangeiro deve apresentá-lo revalidado na forma do art. 48, § 2º, da Lei nº. 
9.394 (BRASIL, 1996).
Título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro — a exigência 
quanto à comprovação de quitação de obrigações com o serviço militar é 
apenas para os homens. O estrangeiro ou brasileiro, quando não graduado 
em Direito no Brasil, deve fazer prova do título de graduação, obtido em 
instituição estrangeira, devidamente revalidado, além de atender aos demais 
requisitos previstos neste artigo.
Também é necessário não exercer atividade incompatível com a advocacia, 
ter idoneidade moral e prestar compromisso perante o conselho.
Segundo o Estatuto da Advocacia e a OAB, existem três tipos de inscrição 
para o advogado, conforme se observa no art. 10 do referido diploma legal 
(BRASIL, 1994):
Inscrição principal do advogado — é a primeira inscrição a ser feita nos 
quadros da Ordem, frente ao Conselho Seccional em cujo território pretende 
estabelecer o seu domicílio profi ssional. Considera-se domicílio profi ssional a 
sede principal da atividade de advocacia, prevalecendo, na dúvida, o domicílio 
da pessoa física do advogado. Contudo, nada impede que o profi ssional atue 
de forma eventual em outros Estados do País.
Inscrição suplementar do advogado — deve ser solicitada junto ao Con-
selhos Seccionais em cujos territórios passar a exercer habitualmente a 
profi ssão, considerando-se habitualidade a intervenção judicial que exceder 
cinco causas judiciais por ano. Outra situação característica dessa inscrição 
é quando um escritório de advocacia abre uma fi lial em outro Estado do 
País, conforme se observa do § 5º, do art. 15 da Lei nº. 8.906/1994, todos 
os sócios, inclusive o titular da sociedade unipessoal de advogados, são 
obrigados à inscrição suplementar, devendo a constituição da fi lial ser 
averbada junto ao registro da sociedade junto ao Conselho Seccional da 
região onde funcionará.
Inscrição por transferência — nos casos de mudança efetiva do domicílio 
profi ssional do advogado para outra unidade federativa, este deve solicitar 
a transferência de sua inscrição para o Conselho Seccional correspondente.
123Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
Para a inscrição como estagiário junto à OAB, o estudante deve observar o 
disposto no Capítulo IV do Regulamento Geral da Advocacia e da OAB, bem 
como preencher os requisitos previstos no art. 9º, que são (BRASIL, 1994):
  capacidade civil;
  título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;
  não exercer atividade incompatível com a advocacia;
  idoneidade moral;
  prestar compromisso perante o conselho;
  ter sido admitido em estágio profissional de advocacia.
A inscrição do estagiário deve ser feita no Conselho Seccional em cujo 
território se localize seu curso jurídico. Em caso de exercício de atividade 
incompatível com a advocacia, o estudante pode frequentar o estágio ministrado 
pela sua respectiva instituição de ensino jurídico, para fins de aprendizagem, 
sendo proibida sua inscrição junto à OAB.
O estágio profissional de advocacia, com duração de 2 anos, realizado nos 
últimos anos do curso jurídico, pode ser mantido pelas respectivas instituições 
de ensino superior pelos Conselhos da OAB, ou por setores, órgãos jurídicos 
e escritórios de advocacia credenciados pela OAB, sendo obrigatório o estudo 
deste Estatuto e do Código de Ética e Disciplina.
O estagiário de Direito, devidamente inscrito na OAB, pode realizar, em 
conjunto com advogado ou defensor público, a postulação junto a órgão do 
Poder Judiciário e aos juizados especiais, bem como exercer as atividades de 
consultoria, assessoria e direção jurídicas. Ele ainda pode:
  praticar isoladamente, sob a responsabilidade do advogado, a retirada 
e devoluçãode autos em cartório, assinando a respectiva carga; 
  obter junto aos escrivães e chefes de secretarias certidões de peças ou 
autos de processos em curso ou findo;
  assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais ou 
administrativos.
Para o exercício de atos extrajudiciais, o estagiário pode comparecer iso-
ladamente, quando receber autorização ou substabelecimento do advogado.
Os casos de incompatibilidade e impedimento do exercício da advocacia 
estão previstos nos arts. 27 a 30 da Lei nº. 8.906/1994. A grande distinção 
entre aquela e esta é que a primeira determina a proibição total do exercício 
Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)124
da advocacia, mesmo que em causa própria, enquanto a segunda se refere a 
uma proibição parcial do exercício da advocacia.
  Incompatibilidade = proibição total de advogar.
  Impedimento = proibição parcial de advogar.
O Estatuto da Advocacia e a OAB estabelece que a advocacia é incompatível 
com as seguintes atividades:
  chefe do Poder Executivo e membros da mesa do Poder Legislativo e 
seus substitutos legais;
  membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos 
tribunais e conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de 
paz, de juízes classistas, bem como de todos os que exerçam função 
de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da Administração 
Pública direta e indireta (ver ADI nº. 1127-8);
  ocupantes de cargos ou funções de direção em órgãos da Administra-
ção Pública direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas 
controladas ou concessionárias de serviço público — não se incluindo, 
nesse caso, os que não detenham poder de decisão relevante sobre 
interesses de terceiro, a juízo do conselho competente da OAB, bem 
como a administração acadêmica diretamente relacionada ao magis-
tério jurídico;
  ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a 
qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais 
e de registro;
  ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente à 
atividade policial de qualquer natureza;
  militares de qualquer natureza, na ativa;
  ocupantes de cargos ou função que tenha competência de lançamento, 
arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais;
  ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras, 
inclusive privadas.
125Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do cargo ou da função deixe 
de exercê-lo temporariamente.
 No que tange ao impedimento do exercício da advocacia, dispõe o art. 30 
do Estatuto da Advocacia e a OAB os seguintes profissionais (BRASIL, 1994):
  os servidores da administração direta, indireta e fundacional, contra a 
Fazenda Pública, que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade 
empregadora, com a exceção dos docentes dos cursos jurídicos;
  os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra 
ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, 
sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades para-
estatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de serviço 
público.
Em outras palavras, podemos dizer que são impedidos de advogar:
  os servidores da administração direta, indireta e fundacional, desde 
que não retenham comando de resolução importante sobre interesses de 
terceiros em contraposição à Fazenda Pública ou entidade empregadora 
que os pague; 
  vereadores, deputados estaduais, deputados distritais, deputados federais 
e senadores, desde que não sejam componentes da mesa de suas casas 
legislativas, em desacordo ou em prol das pessoas jurídicas de direito 
público; 
  empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, 
entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias 
prestativas de serviço público.
Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)126
Nesse sentido, trazemos a lume uma ementa da decisão do Tribunal de Ética acerca 
do tema impedimento e incompatibilidade, in verbis:
E-4.625/2016 — EMENTA 01 — IMPEDIMENTO E INCOMPATIBILI-
DADE — UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA QUANTO À AD-
MISSIBILIDADE DE CONSULTA — COMPETÊNCIA DA COMISSÃO DE 
SELEÇÃO E INSCRIÇÃO QUANTO AOS REQUISITOS LEGAIS — COM-
PETÊNCIA DO TRIBUNAL DEONTOLÓGICO QUANTO AOS ASPECTOS 
ÉTICOS – EXAME EM TESE — ATIVIDADES COMPLEMENTARES — 
PREVISÃO NA LEGISLAÇÃO INTERNA — ARTIGO 47 DO CÓDIGO DE 
ÉTICA — BALIZAMENTO ÉTICO E ESTATUTÁRIO. Cada qual dos órgãos 
da OAB possui sua atividade preponderante, mas são verdadeiros vasos 
comunicantes, havendo entre eles intensa e viva troca de informações, 
um complementando o outro. O Tribunal de Ética, nos moldes do ar-
tigo 47 do CED, possui também competência residual e delegada. Na 
espécie, a própria Comissão de Seleção remete ao Sodalício a Consulta 
sobre impedimentos e incompatibilidade para resposta em tese, pois 
a atuação daquela depende da efetiva comprovação do exercício da 
função pública mediante requerimento com apresentação da Portaria de 
nomeação. Assim, quanto à admissibilidade da consulta, estabelece-se, 
nos seguintes termos: Uniformização de Jurisprudência nº. 1/2016 “O 
Tribunal de Ética da OAB/SP é competente para conhecer e orientar 
sobre questões de impedimentos e incompatibilidades, desde que em 
tese e que o advogado consulente não tenha submetido a pretensão 
à Comissão de Seleção e Inscrição. Entretanto descabe conhecer de 
consultas sobre matéria sub judice, de representação disciplinar, de 
comportamentos de terceiros, de direito positivo ou ainda, a juízo do 
Plenário, que alguma circunstância pareça ardilosa. A critério do Plená-
rio ou da Presidência, as consultas mais relevantes poderão ser enviadas 
à Comissão de Seleção e Inscrição para conhecimento e deliberação, 
se o caso”. Exegese dos artigos 27 a 30 do Estatuto da OAB, artigos 
47, 49, 50 do Código de Ética, Regimento Interno da OAB/SP, artigos 
2º, 136, § 3º, 63, “a” e “c”, Regimento Interno do TED, artigos 3º e 4º 
entre outros dispositivos. V.U., em 26/4/2016, do parecer e ementa do 
Rel. Dr. Fabio Kalil Vilela Leite — Rev. Dra. Cristiana Correa Conde 
Faldini — Presidente Dr. Pedro Paulo Wendel Gasparini (SÃO PAULO, 
2016, documento on-line).
127Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
BITTAR, E. C. B. Curso de ética: ética geral e profissional. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
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SergioAntonio Fabris, 2012.
BRASIL. Lei nº. 13.247, de 12 de janeiro de 2016. Altera a Lei no 8.906, de 4 de julho de 
1994 - Estatuto da Advocacia. 2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/L13247.htm>. Acesso em: 3 maio 2018.
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https://augustocezarpe.jusbrasil.com.br/artigos/314070306/a-ordem-
CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. Provimento Nº. 
156/2013. Altera o art. 2º, o § 3º do art. 7º, o caput do art. 8º, acrescido do parágrafo 
único, o caput do art. 9º, acrescido do § 3º, o caput do art. 10, acrescido dos §§ 1º e 
2º, e os §§ 3º e 4º do art. 11, acrescido do § 5º, do Provimento n. 144/2011, que “Dispõe 
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legislacao/provimentos/156-2013>. Acesso em: 3 maio 2018.
CRUZ, C. As incompatibilidades e os impedimentos à luz da Lei nº. 8.906/94: Estatuto 
da Advocacia e da OAB. 2015. Disponível em: <https://disputatio.jusbrasil.com.br/
artigos/175215694/as-incompatibilidades-e-impedimentos-a-luz-da-lei-n-8906-
-94-estatuto-da-advocacia-e-da-oab>. Acesso em: 3 maio 2018.
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ginaveis/74/files/assets/basic-html/page1.html>. Acesso em: 3 maio 2018.
129Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
http://www.oab.org.br/leisnormas/
https://disputatio.jusbrasil.com.br/
https://aplicacao.aasp.org.br/aasp/servicos/revista_advogado/pa-
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