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Criminologia IV

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Escolas criminológicas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer as principais contribuições de Lombroso, Ferri e Garofalo 
para a Escola Positiva.
 � Descrever a Escola Intermediária de Lyon.
 � Definir as Escolas Intermediárias Ecléticas.
Introdução
Não há consenso com relação ao momento do surgimento da crimino-
logia. No âmbito de uma visão científica, existem critérios e informes 
diferentes que procuram situá-la em determinada linha de tempo e 
espaço. Em uma visão doutrinária mais conservadora, a criminologia 
positiva nasceu no final do século XIX com a chamada Escola Italiana 
ou Positivista, representada pelos célebres Lombroso, Ferri e Garófalo.
Neste capítulo, você vai estudar as escolas criminológicas e a con-
tribuição de cada uma delas para o desenvolvimento da ciência da 
criminologia. Você vai ter contato ainda com as contribuições céle-
bres dos renomados pesquisadores Lombroso, Ferri e Garófalo. Além 
disso, vai conhecer a Escola Intermediária de Lyon, que defendeu um 
pensamento diverso do das teses de Lombroso. Por fim, você vai se 
apropriar das escolas intermediárias ecléticas, conhecendo a Escola 
Positiva Crítica, a Jovem Escola de Política Criminal e a Escola de Defesa 
Social. 
As principais contribuições de Lombroso, Ferri e 
Garófalo para a Escola Positiva 
Foi na Revolução Francesa que se deu o apogeu do Iluminismo, por meio do 
pensamento liberal e humanista de seus grandes representantes: Voltaire, 
Montesquieu e Rousseau. Eles teceram inúmeras críticas à legislação cri-
minal que vigorava na Europa em meados do século XVIII, enfatizando a 
necessidade de individualização da pena, de redução das penas cruéis, de 
proporcionalidade, etc. 
Nessa linha histórica, merece imenso destaque a teoria penológica proposta 
por Cesare Beccaria, considerado o pai da Escola Clássica (PENTEADO 
FILHO, 2012). A criminologia positiva nasce com Gerry e Quetelet, no último 
terço do século XIX, com a chamada Escola Italiana ou Positivista, cujos 
principais representantes foram Lombroso, Ferri e Garófalo.
Lombroso por várias vezes foi considerado o pai da criminologia contem-
porânea. Seu ponto de partida foi uma reação às ideias da Escola Clássica, 
sobretudo no que diz respeito à utilização da metodologia lógico-dedutiva. A 
criminologia positivista contemporânea é claramente herdeira dessa tomada 
de posição. 
Nos anos de maior influência do positivismo, a metodologia racionalista 
da Escola Clássica — baseada no raciocínio consciencioso, mas desvinculado 
da observação empírica sistemática — parecia manifestamente insatisfatória 
para explicar e prevenir o crime. Para essas funções, a metafísica oferecia 
melhores resultados. Além disso, o conhecimento e a técnica humana não 
sofriam grande avanço pela via clássica. Por outro lado, a Escola Positivista, 
do ponto de vista etiológico, aceitava a inserção de fatores biológicos na 
criminalidade, a ponto de afirmar que a criminalidade dos pais pode ser 
herdada (FERRI, 2009).
Cesare Lombroso (1835–1909) — antropologia criminal
Cesare Lombroso foi médico, psiquiatra, antropólogo e político. Ele deixou 
uma obra riquíssima como legado. Dentro da criminologia, sua obra mais 
famosa, e um dos pilares da Escola Positivista Italiana, foi L’Uomo Delincuente 
(O Homem Delinquente).
Para Lombroso, não existe nenhum crime que encontre a sua raiz em 
múltiplas causas — incluindo, claro, variantes ambientais e sociais, tais como 
o clima, o abuso de bebidas alcoólicas, a educação ou a profissão. Lombroso 
afirma que existem diversos tipos de criminalidade e que cada um deles 
responde a um conjunto de causas específicas (apud FERRI, 2009).
O crime é caracterizado como um fato, ele ultrapassa o tempo e não é 
apenas uma abstração jurídica. Partindo dessa ideia, o crime é tido com um 
fenômeno natural e deve ser analisado a partir da origem de suas causas, para 
que a solução seja atacá-lo na própria raiz. Para isso, devem ser criados meca-
Escolas criminológicas2
nismos de prevenção eficazes. Na visão de Lombroso, a etiologia do crime é 
de caráter individual e tem como base o estudo do delinquente. Nesse sentido, 
se compreende a natureza humana como fator gerador do delito.
A partir da ideia de que há diferença entre os homens honestos e os cri-
minosos, Lombroso traçou um estudo com base na autópsia de criminosos. 
O cerne da teoria de Lombroso foi a existência do criminoso atávico, que 
já havia sido tratada por Charles Robert Darwin (1809–1882). O criminoso 
atávico seria um homem menos civilizado que os demais da sociedade, 
possuindo física e mentalmente as características primitivas do homem. 
Essa conclusão levou em consideração que o comportamento humano é 
biologicamente determinado.
Partindo dessas noções, Lombroso afirma que o atavismo, tanto físico 
quanto mental, é passível de identificação, bastando apenas analisar os sinais 
anatômicos, como você pode ver na Figura 1. É possível verificar, assim, aqueles 
indivíduos que estariam hereditariamente propensos a cometer delitos. Nesse 
sentido, se reduz o crime a um fenômeno natural, uma vez que o criminoso 
seria um indivíduo primitivo e doente. 
Figura 1. Desenho dos tipos lombrosianos.
Fonte: Carvalho et al. (1987).
3Escolas criminológicas
Para desenvolver sua teoria, Lombroso examinava o crânio do criminoso 
e encontrava, conforme ensinado por Garcia, Molina e Gomes (2002, p. 193):
[…] uma grande série de anomalias atávicas, sobretudo uma enorme fosseta 
occipital média e uma hipertrofia do lóbulo cerebeloso mediano (vermis), 
análoga à que se encontra nos vertebrados inferiores. E baseou o “atavismo” 
ou caráter regressivo do tipo criminoso no exame do comportamento de 
certos animais e plantas, no de tribos primitivas e selvagens de civilizações 
indígenas e, inclusive, em certas atitudes da psicologia infantil profunda. 
De acordo com o seu ponto de vista, o delinquente padece de uma série 
de estigmas degenerativos comportamentais, psicológicos e sociais (fronte 
esquiva e baixa, grande desenvolvimento dos arcos superciliais, assimetrias 
cranianas, fusão dos ossos atlas e occipital, grande desenvolvimento das maçãs 
do rosto, orelhas em forma de asas, tubérculos de Darwin, uso frequente de 
tatuagens, notável insensibilidade à dor, instabilidade afetiva, uso frequente 
de um determinado jargão, altos índices de reincidência, etc.).
Na teoria de Lombroso, o criminoso é dividido em seis categorias: cri-
minoso nato (atávico), louco moral (doente), epilético, ocasional, passional e 
louco. Havia ainda a descrição de uma relação entre criminalidade atávica, 
loucura moral e epilepsia. Para Lombroso segundo Garcia, Molina e Gomes 
(2002, p. 193):
[...] o criminoso nato é um ser inferior, atávico, que não evolucionou, igual 
a uma criança ou a um louco moral, que ainda necessita de uma abertura ao 
mundo dos valores; é um indivíduo que, ademais, sofre alguma forma de 
epilepsia, com suas correspondentes lesões cerebrais.
Assim, Lombroso tentou estabelecer uma divisão entre o homem “bom” 
e o “mau”, identificando no homem mau as patologias, para justificar a pena 
como meio de defesa da sociedade. Após esse estudo, ganhou força a linha 
de raciocínio que defendia que haveria certas afinidades entre o criminoso, 
os animais e principalmente o homem primitivo, que Lombroso considerava 
diferente, psicológica e fisicamente, do homem contemporâneo. A teoria da 
antropologia criminal de Lombroso foi há muito superada, pois os críticos 
da época acreditavam que ela não passava de descrições de comportamentos 
de criminosos profissionais. Portanto, não tinha nada de biológico ou nato, 
sendo apenas a descrição de um tipo de comportamento (GARCIA; MOLINA; 
GOMES, 2002).
Escolas criminológicas4
Lombroso não afastou os fatores exógenos da gênese criminal, entendendo 
que eles eram apenas aspectos motivadores dos fatores endógenos. Assim, o 
clima, a vida social, etc. poderiam desencadeara propulsão interna para o delito, 
pois o criminoso nasce criminoso (determinismo biológico). Tais conclusões 
embasaram-se especialmente em estudos médico-legais feitos na necropsia 
do famigerado bandido italiano Villela. Nesses estudos, Lombroso descobriu 
que Vilella possuía uma fossa occipital igual à dos vertebrados superiores, 
mas diferente da do homo sapiens, o que foi entendido como degeneração. Na 
sequência de seus estudos, ao analisar os crimes de sangue cometidos pelo 
soldado Misdea, Lombroso verificou que a epilepsia poderia se manifestar 
por meio de impulsos violentos (epilepsia larvar).
Inúmeras críticas foram tecidas a Lombroso, justamente pelo fato de que 
milhares de pessoas sofriam de epilepsia e jamais tinham praticado qualquer 
espécie de crime. Assim, diante desse cenário e em socorro ao mestre, surgiu 
o pensamento sociológico de Ferri (PENTEADO FILHO, 2012).
Enrico Ferri (1856–1929) — sociologia criminal
Enrico Ferri foi um criminologista e político socialista italiano, também 
conhecido por ser um dos expoentes da Escola Italiana Positivista. Sua obra 
mais importante foi Sociologia Criminal, publicada em 1884. Nela, ele afirmou 
que os fatores econômicos e sociais interferiam no comportamento criminoso. 
Sua teoria influenciou o código penal de vários países europeus e latino-
-americanos. Assim, a teoria desenvolvida por Ferri se baseou nos estudos 
dos fatores sociológicos para definir o que é crime e quem é o criminoso.
Ferri, diferentemente de Lombroso, sustentava que o crime era origi-
nário de fenômenos sociais, e não produto de patologias individuais. Sua 
teoria afirmou que as causas do crime eram individuais ou antropológicas 
(constituição orgânica e psíquica do indivíduo, características pessoais 
como raça, idade, sexo, estado civil, etc.), físicas ou naturais (clima, esta-
ção, temperatura, etc.) e sociais (opinião pública, família, moral, religião, 
educação, alcoolismo, etc.).
De acordo com Garcia, Molina e Gomes (2002, p. 196):
[...] o cientista poderia antecipar o número exato de delitos, e a classe deles, 
em uma determinada sociedade e em um número concreto, se contasse com 
todos os fatores individuais, físicos e sociais antes citados e fosse capaz de 
quantificar a incidência de cada um deles. Porque, sob tais premissas, não se 
comete um delito mais nem menos (lei da “saturação criminal”).
5Escolas criminológicas
Outro ponto abordado por Ferri em sua teoria foi o fato de a pena, por si só, 
ser ineficaz se não fosse precedida ou acompanhada de reformas econômicas e 
sociais, bem como por uma análise completa do delito. Essas reformas seriam 
a psicologia positiva, que foi defendida por Garófalo, a antropologia criminal 
(apontada por Lombroso) e a estatística social.
Para Ferri, havia dois tipos de criminosos: o nato, o louco, o habitual, o 
ocasional, o passional e o involuntário/imprudente. Entretanto, apesar dessa 
classificação, ele acreditava na vida cotidiana e nas características de diferentes 
tipos em uma mesma pessoa. Defendeu a pena indeterminada e a indenização 
da vítima como formas de erradicação do crime.
As críticas à teoria de Ferri repousam no fato de existir um excesso de 
preocupação com a personalidade do criminoso, e não com os efeitos da pena 
aplicada a ele. Em síntese, o autor dá pouca importância ao efeito da aplicação 
da pena, pensando excessivamente na função ressocializadora (GARCIA; 
MOLINA; GOMES, 2002).
Rafaelle Garófalo (1851–1934) — psicologia positiva
Garófalo foi o primeiro autor da Escola Positiva a empregar o termo “crimi-
nologia”, utilizado em sua obra Criminologia, escrita em 1885. Sua teoria é 
baseada na definição psicológica do crime, e ele sustentava a ideia do crime 
natural, definindo assim todo e qualquer comportamento que julgava ser uma 
afronta aos sentimentos de piedade e probidade em uma sociedade.
De acordo com Garófalo, a ausência de algum desses sentimentos no 
indivíduo seria o passaporte para o crime. Na lição de Dias e Andrade 
(1997, p. 17): “A sua obra ficou assinalada pela tentativa de definição de 
um conceito ‘sociológico’ de crime, capaz de satisfazer as exigências 
de universalidade que a criminologia deveria respeitar para justificar o 
qualificativo de crime”. 
A teoria da psicologia positiva de Garófalo afirmava ainda que o criminoso 
possuía um déficit moral da personalidade, de cunho endógeno, e uma mutação 
psíquica, que seria transmissível hereditariamente e com conotações atávicas 
e degenerativas. Sua classificação do delinquente se deu da seguinte maneira: 
o assassino, o criminoso violento, o ladrão e o lascivo. Para Garófalo, a sanção 
deveria servir como castigo e ter como referência as características particulares 
de cada criminoso (DIAS; ANDRADE, 1997).
Escolas criminológicas6
A teoria do criminoso nato de Lombroso propagou que certas características físicas 
encontradas em alguns indivíduos, sobretudo mestiços, atestariam a sua predisposição 
à vida criminosa. 
A teoria de Lombroso causou tanta repulsa que, em 21 de dezembro de 1965, a 
Organização das Nações Unidas (ONU) organizou a Convenção Internacional sobre a 
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, que foi acolhida pelo Brasil, 
sob o seguinte argumento: “Convencidos de que qualquer doutrina de superioridade 
baseada em diferenças raciais é cientificamente falsa, moralmente condenável, social-
mente injusta e perigosa, e que não existe justificação para a discriminação racial, em 
teoria ou na prática, em lugar algum” (BEZERRA, 2015).
A Escola Intermediária de Lyon
A Escola de Lyon, também chamada de Escola Antropossocial ou Criminal 
Sociológica, propaga um pensamento diverso do das teses de Lombroso e 
configura uma crítica à Escola Positivista Italiana. De acordo com a Escola de 
Lyon, o criminoso é como um vírus incubado, até que o ambiente adequado 
o faz eclodir. Dessa forma, o meio social tem papel fundamental, juntamente 
à predisposição criminal individual presente em determinadas pessoas, for-
mando assim o criminoso.
A Escola de Lyon possui como representantes maiores os pensadores 
Émile Durkheim e Alexandre Lacassagne. Assim, por meio de Lacassagne, 
a Escola de Lyon definiu o crime como um movimento antifisiológico que 
ocorre na intimidade do organismo social (GOUZER, 1894 p. 271). Con-
sidera-se que o ambiente possui grande influência fisiológica no cérebro, 
de modo que as influências não seriam apenas biológicas, mas individuais 
(MOLINA, 2003).
A partir dessa construção, os fatores mais importantes da criminologia 
para a Escola de Lyon são os fatores biológicos e sociais, sendo o social um 
organismo biológico. Partindo das alegações da teoria de Gall sobre as localiza-
ções cerebrais, Lacassagne dividiu o cérebro em três zonas (MOLINA, 2003):
1. zona occipital — a sede dos instintos animais;
2. zona parietal — usada para atividades sociais;
3. zona frontal — sede de faculdades superiores.
7Escolas criminológicas
Com base nessa divisão do cérebro, Lacassagne nominou os criminosos 
da seguinte forma:
 � zona social frontal produz criminosos;
 � zona social parietal produz criminosos criminosos;
 � zona social occipital produz criminosos sentimentais ou instintivos. 
A teoria de Lacassagne afirma que o delinquente possui mais anomalias 
corporais e anímicas do que o homem não delinquente. Porém, o autor atribui 
essas anomalias ao meio social, sendo que para explicar o crime é necessário 
entender o seu contexto. Em sua compreensão, não são essas anomalias que 
fazem o delinquente, senão a relação de troca entre o sistema nervoso central 
do indivíduo e o meio social, que se traduz em imagens mais ou menos equi-
libradas do cérebro (MOLINA, 2003).
Porém, a importância dada pela Escola de Lyon ao meio social não confunde 
as ideias dessa escola com a teoria situacional da criminalidade, professada 
pela Escola Clássica (MOLINA, 2003). Isso significa que não haveria dife-
rença qualitativa entre o homem delinquente e o não delinquente (princípioda igualdade).
Dessa forma, o crime seria um produto derivado de ato de liberdade in-
dividual e da opção concreta ao delito, explicáveis por fatores estritamente 
situacionais. A Escola de Lyon reconhece uma influência patológica no delin-
quente, porém entende que esse viés patológico não se sobrepõe à relevância 
do meio social.
Alexandre Lacassagne era um especialista em toxicologia. Ele foi um dos primeiros 
a analisar os padrões de manchas de sangue e a pesquisar as marcas de balas e sua 
relação com armas específicas.
As escolas intermediárias ecléticas 
Em meio ao cenário de extremos bem pontuados das Escolas Clássica e Positiva, 
surgiram, na sequência dos acontecimentos, posições conciliatórias. Embora 
abraçassem o princípio da responsabilidade moral, os fiéis dessas escolas não 
Escolas criminológicas8
aceitavam que tal responsabilidade pudesse ser fundamentada no livre-arbítrio, 
substituindo-o pelo “determinismo psicológico”. As escolas ecléticas, também 
chamadas intermediárias, visam a buscar um equilíbrio entre os postulados 
clássicos e positivistas nos diversos âmbitos: metodológico, filosófico, penal, 
criminológico e político-criminal. A seguir, você vai ver como as escolas 
intermediárias ecléticas se dividem. 
Escola Positivista Crítica (Terza Scuola Italiana)
Foram expoentes importantes da Escola Positivista Crítica (Terza Scuola 
Italiana) os pensadores Alimena, Carnevale e Impallomeni. Segundo Carne-
vale, a responsabilidade criminal do delinquente possui a base na sua saúde, 
entretanto o autor reconhece a necessidade de aplicar medidas de segurança 
ao inimputável (apud FERRI, 2009). Para o positivismo crítico, a reforma 
social é o dever principal do Estado no combate à criminalidade, entretanto 
essa corrente rechaça o conceito de Lombroso sobre o criminoso nato.
A teoria do positivismo crítico refuta a possibilidade de o Direito Penal 
ser absorvido pela sociologia, como apregoa Enrico Ferri na Escola Posi-
tivista, e entende a conveniência de se complementar a definição de delito 
por meio da sociologia, da estatística, da antropologia e da psicologia. Para 
a Escola Positivista Crítica, a função da pena não se resume apenas ao 
castigo do culpado, mas requer também a sua correção e a sua readaptação 
social (MOLINA, 2003).
Escola de Marburgo 
A Escola de Marburgo também é conhecida como Escola Sociológica Alemã 
e Jovem Escola de Política Criminal. Os seus expoentes são Prins, Van 
Hamel e Von Liszt, que em 1888 fundaram a Associação Internacional de 
Criminalística. Prins divulgou sua teoria a respeito do “estado perigoso”, 
tendo sido o primeiro a formular uma teoria autônoma da “defesa social” 
(MOLINA, 2003). 
Porém, o pensador mais relevante dessa escola foi Von Liszt, que se dis-
tanciou dos postulados clássicos e positivistas. Ele sustenta ser necessária 
uma visão pluridimensional do crime, levando em consideração como fatores 
criminógenos a predisposição individual e o meio em que o criminoso está 
inserido.
Na ótica de Von Liszt, o crime é obra da idiossincrasia do infrator no mo-
mento do ato e dos fatores externos presentes no momento do cometimento do 
9Escolas criminológicas
delito. Para a Jovem Escola de Política Criminal, as causas da criminalidade 
são os defeitos da personalidade, os déficits no processo de socialização e a 
decadência da justiça penal.
Para Von Liszt, o Direito Penal visa a proteger o indivíduo e a limitar o 
programa social. Ele nega o livre-arbítrio, assumindo o pensamento determi-
nista do positivismo, sugerindo que a pena seja um fim, não simplesmente um 
castigo, e que se ajuste à fase atual de evolução biológica da espécie humana, 
com uma clara influência da concepção evolucionista (MOLINA, 2003).
Escola da Defesa Social 
Com o conceito de “defesa social”, surge a ilustração, porém é com o positi-
vismo que o expoente Enrico Ferri afirmava a necessidade de defesa social 
frente aos atos contrários às condições de existência individual e coletiva. 
A defesa social se traduz em um movimento de política criminal que teve a 
sua primeira aparição com Prins, em 1910, e que foi consolidado por outros 
pensadores da época.
Essa escola tinha a preocupação de articular uma forma eficaz de proteção 
da sociedade pela atuação da criminologia, da ciência penitenciária e do 
Direito Penal. De acordo com Filippo Gramatica (apud FERRI, 2009), que 
fundou o Centro Internacional de Estudos da Defesa Social em 1945, a defesa 
social significava um sistema jurídico eficaz para substituir o sistema penal 
convencional. Ou seja, o que se desejava não era somente a imposição de 
pena para reprimir o delito cometido, mas a aplicação de medidas de defesa 
social preventivas, educativas e curativas, de acordo com a personalidade do 
criminoso.
Já Ancel, outro expoente dessa teoria, afirma que o movimento de política 
criminal se preocupa não com o castigo do delinquente, mas com a proteção 
eficaz da comunidade, cogitando até a “desjurisdicização” de certa parcela da 
ciência penal com a finalidade de conferir eficácia à política criminal (apud 
FERRI, 2009). Para a Escola da Defesa Social, o tratamento ressocializador 
tinha como base uma investigação biológica, psicológica e situacional do 
criminoso.
Escolas criminológicas10
No Brasil, o Sistema Duplo Binário começou a ser utilizado com o Código Penal de 
1940, originado no projeto de Alcântara Machado e inspirado no Código Rocco, de 
1930. Nesse momento, houve uma grande evolução da ciência penal no Brasil e o 
País passou a adotar medidas apontadas pelas escolas penais em destaque na época.
O Código Penal de 1940 possui influência da Escola Eclética e, de acordo com o 
disposto na exposição de motivos, “os postulados clássicos fazem causa comum com 
os princípios da Escola Positiva” (DE SÁ, 2017, documento on-line) e mantêm a tradição 
liberal presente desde o Código do Império.
Além da implantação do Sistema Duplo Binário no Brasil, o Código Penal trouxe outras 
características oriundas da Escola Moderna Alemã, como: técnica e simplicidade; pena 
retributiva com finalidade repressiva e intimidadora; caráter repressivo, construído 
sobre a crença da necessidade e suficiência da pena privativa de liberdade para o 
controle da criminalidade.
Acesse a versão atualizada do Código Penal no link a seguir.
https://goo.gl/t0Tjp
BEZERRA, E. Lombroso e a teoria do Criminoso Nato. 2015. Disponível em: <https://
incrivelhistoria.com.br/direitos-humanos/lombroso-criminoso-nato/>. Acesso em: 
23 maio 2018.
CARVALHO, H. V. et al. Compêndio de medicina legal. São Paulo: Saraiva, 1987.
DE SÁ. L. M. F. Direito Penal: Escolas Penais. 2017. Disponível em: <https://luizamigliari.
jusbrasil.com.br/artigos/440506758/escolas-penais.> Acesso em: 23 maio 2018.
DIAS, J. de F.; ANDRADE, M. da C. Criminologia: o delinquente e a sociedade criminó-
gena. 2. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 1997.
FERRI, E. Princípios de direito criminal: o criminoso e o crime. 3. ed. Campinas: Russel 
Editores, 2009.
GARCIA, A.; MOLINA, P. de; GOMES, L. F. Criminologia. 4. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2002.
GOUZER, Théorie du crime, Archives d’anthropologie criminelle, Lyon, France. 1894.
PABLOS DE MOLINA, A. G. Criminologia: uma introdução a seus fundamentos teóricos. 
Tradução de: Luiz Flávio Gomes. 3ª. ed. Revista dos tribunais. São Paulo, 2002.
PENTEADO FILHO, N. S. Manual esquemático de criminologia. São Paulo: Saraiva, 2012.
11Escolas criminológicas
https://goo.gl/t0Tjp
http://incrivelhistoria.com.br/direitos-humanos/lombroso-criminoso-nato/
http://jusbrasil.com.br/artigos/440506758/escolas-penais.
Leituras recomendadas
BARATA, A. Criminologia crítica e crítica do direito penal. 2. ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 
1999.
BENEVIDES, P. R. Caos: superlotação x penas alternativas. Revista Visão Jurídica, v. 6, 
n. 59, p. 70-71, abr. 2011.
BITENCOURT, C. R. Tratado de direito penal: parte geral. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 
2011. v. 1.
BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de1940. Código Penal. 1940. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. 
Acesso em: 21 maio 2018.
GARÓFALO, R. La criminologia: estudio sobre el delito y sobre la teoría de la represión. 
2. ed. Madrid: Agustin Avrial, 1890. 
LOMBROSO, C. Discours d’ouverture.VI CONGRÈS D’ANTHROPOLOGIE CRIMINELLE, 
6. Annalles..., Paris, 1967.
Escolas criminológicas12
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm
http://ouverture.vi/
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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