Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UMA VISITA A LUDOVICO ARIOSTO E ORLANDO FURIOSO, RESENHA LITERÁRIA Introdução Aos amantes da Literatura Italiana, não se pode passar despercebido um dos poetas italianos mais importante dos romances de cavalaria, Ludovico Ariosto. E nesse trabalho iremos fazer uma breve visita ao escritor e uma de suas obras mais conhecidas, Orlando Furioso, para conhecer um pouco mais sobre o autor que revolucionou a escrita do Renascimento Italiano. Ariosto antes de Orlando Furioso Ludovico Ariosto nasceu em Reggio Emilia, em 1474. Prestava serviço para os “Duchi D’Este” em encargos administrativos e era considerado o exemplo mais célebre de intelectual “cortigiano”. Em Ferrara, iniciou os estudos em direito, mas acabou por abandonar para seguir sua paixão pelas letras. Foi também em Ferrara que conheceu Bembo, tornaram-se grandes amigos e foi Bembo quem incentivou Ariosto para a poesia “in volgare”. Ariosto foi governador em Garfagnana, mostrando-se um exímio administrador, tendo seu governo duração de 1522 a 1525. Ao que se refere a escrita, Ariosto gostava de “brincar” nas suas obras com a disparidade da vida nos palácios e a vida humilde do povo. Em Giovanili, escrita em língua latina no final de 1503, o autor traz a dualidade da dureza da vida cotidiana e o ideal do ócio literário, essa dualidade pode ser encontrada também em outras obras do poeta, principalmente nas sátiras. “Le rime in volgare” são presentes em toda a vida do escritor, principalmente nos arcos amorosos. ORLANDO FURIOSO A obra mais conhecida de Ariosto, Orlando Furioso, teve início em 1505, com uma trama cavaleiresca, inspirada na obra de Boiardo L’Orlando innamorato. A primeira edição de Orlando Furioso foi publicada em 1515, uma segunda em 1521 e uma terceira e última em 1532, trazendo esta última 6 cantos inéditos. Uma curiosidade, nas primeiras duas edições a língua utilizada foi o “volgare” da corte Ferrarese, mas na terceira o escritor seguiu o cânone fiorentino de Bembo. A história continua cavaleiresca nesta “continuação” de Orlando Innamorato, narrando a paixão de Orlando pela princesa Angélica, paixão essa que o leva a atos extremos, mas, agora, Ariosto deseja mostrar uma versão do cavaleiro diferente da já conhecida na literatura da época. A obra, quando escrita, era destinada a um público culto, feita para a diversão de “senhores”, mas a difusão foi tão imensa, maior até do que o autor imaginava, que ela pode ser considerada um best-seller do período. Na trama temos um recurso inovador para a época, o entrelaçamento e a mistura de vários heróis, constituindo assim uma complexidade na rede narrativa. Para entender melhor o entrelaçamento, temos que ter ciência de três pontos chaves dessa história. O primeiro é a guerra entre Bradamante e Carlo Magno, a segunda é a paixão de Orlando por Angélica e a terceira é a relação entre Ruggero e Bradamante. E o entrelaçamento nada mais é que, primeiramente, a condução desses três vieses narrativos, construídos de maneira igual, que se alternam durante a obra e em um dado momento essas histórias se encontram, tornando-se apenas uma. É importante saber que da união de Ruggero e Bradamante se originou a dinastia Estense, e Estense era o nome da família para quem Ariosto trabalhava. A ESTRUTURA DO POEMA Ariosto apresenta outra novidade na sua obra, a “inchiesta”. Todos os personagens são movidos pelo desejo de ter, ter alguma coisa. E a “inchiesta” é exatamente isso, o desejo, a motivação, e se antes essa motivação era por razões religiosas, agora não, o objetivo, o desejo, a motivação, são mais profanos e os personagens não conseguem ter um foco em seu objetivo principal, não atingem esse objetivo. Os desejos vão “mudando” em vários momentos e a “inchiesta” se torna um movimento circular, circular porque não chega a lugar nenhum, as ações que os heróis realizam não são aquelas originalmente traçadas. Essas ilusões momentâneas das personagens criam um desviar-se contínuo, que pode ser dividido de três formas: A material, que é não ter uma meta, afastar-se do objeto de desejo. A espiritual, Orlando “esquece” da sua missão de cavaleiro. A intelectual, a loucura de Orlando. O ESPAÇO E TEMPO O espaço em que a história se desenvolve é bastante vasto, passa pela França, Itália, Espanha e alguns outros países. Já o espaço do texto de Ariosto é horizontal, se faz exceção a viagem de Astolfo a lua para tentar recuperar a sanidades de Orlando. O mundo de de Ariosto e de Orlando Furioso reflete as características da condição humana no período do Renascimento, mas o de Orlando se baseia nos desejos e nas escolhas das pessoas. Os movimentos da vida são ditados pelo homem e pelo “capricho da sorte”, e nesse ponto é interessante fazer uma comparação com Dante e Boccaccio. Dante na Divina Comédia tem um espaço vertical, ou seja, inferno, purgatório e paraíso e as ações são lineares. No Decameron o homem não tinha condições de lidar com a sorte, mas sim a submeter-se a caprichos, também o tempo, assim como o espaço, é labiríntico, na história várias linhas narrativas se entrelaçam com eventos narrados em tempos diversos, com fatos contados sucessivamente aos demais, mas que acontecem antes, como flashbacks. Mesmo que o desenrolar narrativo pareça um labirinto, o cosmo da história é harmônico, e esta é a diferença entre Ariosto e Boiardo, as ações de Ariosto, mesmo labirínticas, são geridas de maneira ordenadas, e Orlando Furioso tem um final. Orlando ajuda na batalha contra “I mori”, Angélica casa com Medoro e Ruggero, depois de se converter, esposa Bradamante. O IDEAL CAVALEIRESCO DE ORLANDO FURIOSO Enquanto a intenção de Boiardo era a de transferir os valores cavaleirescos as novas cortes, prudência guerrilheira, e a “energia” do indivíduo que enfrentava as desventuras da sorte, Ariosto trata as ações dos cavaleiros como forma de imergir na narração. Essas são simbolizadas pelo prazer e uma série infinita de amores, duelos e batalhas. Mas do que o tema de cavalaria, Orlando Furioso é para conhecer o mundo de Ludovico Ariosto, e Orlando Furioso que é considerado o primeiro romance “contemporâneo” da história. IRONIA E ESTRANHAMENTO Ariosto deseja descrever a realidade e para isso não se abandona aos “prazeres” da narração romanesca. A ironia em Orlando furioso acontece através de dois processos: O primeiro é o estranhamento, que é uma mudança de perspectiva, a intervenção da voz do narrador, algumas vezes com comentários maliciosos. O segundo é a redução, o autor reduz a dignidade heróica dos fatos que está narrando. A LÍNGUA O ESTILO Em 1532, Ariosto adequa os seus escritos ao cânone de Bembo, mas a língua de Ariosto é muito mais diversa do monolinguismo petrarquesco, mas devemos ter atenção a diversidade de Ariosto que não pode ser confundida com o plurilinguismo Dantesco. E assim encerramos nossa visita a Ludovico Ariosto. Além da importância de ler Orlando Furioso, pois se consagrou na literatura italiana, é importante também conhecer os detalhes de sua composição, pois sabemos que é conhecendo a fundo a obra que conhecemos o caminho que o autor percorreu para criá-la. REFERÊNCIAS A linguagem do Humanismo. Toda matéria. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/a-linguagem-do-humanismo/> . Acesso em: 18/10/2020. Ariosto, Orlando Furioso. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gA2Bw8y1iw0&ab_channel=Emmecit%C3%AC> . Acesso em 18/10/2020. Biografia de Ludovico Ariosto. O pensador. Disponível em: <https://www.pensador.com/autor/ludovico_ariosto/biografia/> . Acesso em: 18/10/2020. Ludovico Ariosto, vita e opere. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6gUFhkz2VjI&t=386s&ab_channel=Emmecit%C3%AC> Acesso em: 18/10/2020. https://www.todamateria.com.br/a-linguagem-do-humanismo/ https://www.youtube.com/watch?v=gA2Bw8y1iw0&ab_channel=Emmecit%C3%AC https://www.pensador.com/autor/ludovico_ariosto/biografia/ https://www.youtube.com/watch?v=6gUFhkz2VjI&t=386s&ab_channel=Emmecit%C3%AC
Compartilhar