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Endocrinologia Morgana Fernandes A produção dos hormônios tireoidianos ocorre nos folículos. Dentro dos folículos existe uma substância chamada de tiroglobulina, uma glicoproteína produzida por eles. Produção: 1. Transporte ativo de iodeto pela bomba de iodeto. 2. Dentro do folículo o iodeto se oxido em iodo elementar, por ação da enzima peroxidase. • Anti-TPO: anti-tireoperoxidase. 3. O iodo se lida aos resíduos de tirosina formando DIT e um MIT. • MIT + DIT: T3 • DIT + DIT: T4 4. T3 e t4 livres na corrente sanguínea: 99% se ligam a proteínas de forma reversível e 1% fica livre (forma ativa). • TBG – proteína ligadora de tiroxina • A tireoide produz: 100% T4 e apenas 20% T3 circulante, os outros 80% são decorrentes da conversão T4 → T3. • T3 apresenta maior atividade biológica. Eixo hipotálamo – hipófise – tireoide TRH -> TSH -> T3 e T4. Na corrente sanguínea o T4 -> T3. O TSH é o melhor indicador de alterações discretas da produção hormonal da tireoide – identifica as condições subclínicas. Efeitos fisiológicos dos hormônios tireoidianos ➢ Aparelho cardiovascular: aumenta contratilidade do miocárdio e a FC – altera o nó sinoatrial. ➢ TGI: aumenta a motilidade, causa hiper-defecação. ➢ Ossos: crescimento e maturação, maior atividade de osteoblasto e osteoclasto, aumenta a remodelação óssea. ➢ Sn: desenvolvimento SNC central e alerta mental ➢ Sistema endócrino: aumenta a degradação de LDL ➢ Geral: catabolismo e termogênese. Falso emagrecimento: perda de músculo!!! Quadro clínico • Fácies basedowniana Endocrinologia Morgana Fernandes • Excesso de produção e secreção do hormônio tireoidiano • Tireotoxicose: excesso de HT circulante que pode ter como fonte a tireoide, ingestão de HT, tecido tireoidiano ectópico. • Nem toda tireotoxicose é hipertireoidismo. Sinais e sintomas de tireotoxicose. • Nervosismo • Sudorese • Intolerância ao calor • Palpitação • Cansaço • Perda de peso • Fraqueza • Aumento de apetite • Hábito intestinal aumentado • Taquicardia • Tremor • Sinais oculares • Fibrilação atrial (idosos) • Dispneia Causas • Doença de Graves – 80% • Bócio multinodular tóxico • Adenoma tóxico • Ingestão de HT • Tireoidite subaguda • Adenoma secretor de TSH • Carcinoma metastático de tireoide ➢ Hipertireoidismo de GRAVES. Todo paciente com bócio difuso e hipertireoidismo tem DG até que se prove o contrário. • Doença autoimune • Produção de IG que se ligam ao receptor do TSH (TRab): promove secreção de HT e crescimento da glândula • Anti-TPO e anti-TG também podem ser encontrados • TSH também estimula o trofismo – bócio • 80% dos casos de hipertireoidismo • 3% mulhres:0,5% homens • Adulto jovem • Predisposição genética • Fatores ambientais: cigarro, estresse e infecção. ➢ Inspeção: avaliar simetria, tamanho (bócio difuso) ➢ Palpação: localização – tópica, consistência fibroelástica, indolor, superfície lisa ou com nódulos, mobilidade e frêmito pode estar presente • Frêmitos e sopros na tireoide são exclusivos da doença de Graves. • Lembrar de palpar os linfonodos de todas as cadeias cervicais. ➢ Ausculta: tireoide (podem existir sopros) e artérias carótidas e subclávias. ➢ Olhar assustado: retração palpebral, não é exoftalmia e ocorre em todo tireotoxicose, está relacionada aos sintomas adrenérgicos. ➢ Orbitopatia: característico da doença de graves. Protusão pela deposição de glicosaminoglicanos no globo ocular. Irreversível Endocrinologia Morgana Fernandes ➢ Paciente tem exoftalmia e sinais inflamatórios ➢ Inflamação e edema da musculatura ocular extrínseca: • Proptose; • Acometimento de mm extraocular; • Compressão do nervo óptico. Exame físico: ➢ Inspeção: olhar assustado e edema palpebral ➢ Borda visível da esclera entre a pálpebra superior e a margem superior da íris durante o olhar para baixo (Lid lag positivo). ➢ Sinais de inflamação da conjuntiva. ➢ Mixedema pré-tibial: • Manifestação rara e tardia. • Edema não depressível por acúmulo de mucopolissacarídeos. • Aspecto de casca de laranja. • Unhas de Plummer. Diagnóstico ➢ Quadro clínico ➢ Dosagem de TSH, T4 e T3 livres. ➢ TRab positivo. ➢ Captação da tireoide aumentada. ➢ USG da tireoide: hipervascularização. • Útil para o seguimento de tamanho do bócio e avaliação da existência de nódulos ➢ Cintilografia: hipercaptação. Dosagens laboratoriais Forma clínica • Excesso de T4 livre circulante. • T4 LIVRE ELEVADO + TSH ELEVADO → CENTRAL. • T4 LIVRE ELEVADO + TSH BAIXO → PRIMÁRIO. Diagnóstico diferencial entre hipertireoidismo subclínico e T3 toxicose. • Dosagem de T3 livre. • Único caso que se dosa T3 livre. • TSH SUPRIMIDO + T4 E T3 LIVRES NORMAIS → HIPERTIREOIDISMO SUBCLÍNICO PRIMÁRIO. • TSH SUPRIMIDO + T4 LIVRE NORMAL E T3 LIVRE AUMENTADO → T3 TOXICOSE. ➢ Bócio de longa duração; ➢ Acomete mais idosos; ➢ Quadro clínico mais leve; ➢ Não tem oftalmopatia; ➢ Anticorpos anti- tireoidianos negativos; ➢ TSH suprimido e T3 e T4 elevados; ➢ Captação difusa. ➢ Um nódulo que produz e secreta hormônios tireoidianos independentemente do estímulo pelo TSH. ➢ Elevação da produção de T3 e T4 ➢ Supressão de TSH. ➢ Nódulo hipercaptante na cintilografia. Tratamento do hipertireoidismo Uso de drogas antitireoidianos (tioamidas) → metimazol (tapazol) e propiltiouracil. • Inibição da síntese de T4 e T3 dentro das células foliculares, por interferirem formação de MT e DIT. Endocrinologia Morgana Fernandes • bloqueio da peroxidase tireoidiana. • Não inibem a captação do iodo pela tireoide nem afetam a liberação dos hormônios já sintetizados e estocados dentro da glândula → efeito terapêutico iniciado de 10 a 15 dias após início de tratamento. • Tapazol: dose de 10-30mg por dia em dose única. • Propiltiouracil: fornecido pelo sus – 100mg, 3x por dia. • O paciente deve ser avaliado a cada 4 – 6 semanas. • Eutireoidismo: a dose deve ser reduzida até que se obtenha a menor dose terapêutica Efeitos colaterais: • Erupção cutânea • Prurido • Intolerância gástrica • Artralgia • Neutropenia • Febre • Trombocitopenia • Aplasia medular • Hepatite colestática • Necrose hepatocelular • Hipoglicemia • Vasculite ANCA-positiva • Agranulocitose: potencialmente fatal. Odinofagia e febre que evoluem para sepse. Para controlar os sintomas adrenérgicos pode associar betabloqueadores. ➢ Propranolol – 40- 120mg/dia, em duas a três doses. ➢ Bloqueia a desodinase que converte T4 em T3 Iodo radioativo 131I ➢ Via oral, solução ou cápsula. ➢ Melhor custo-benefício. Dose: 110, 12, 15, 20 mCi. Efeitos colaterais ➢ Tireoidite actínica: Transitória – dor na região cervical anterior – 3-4 semanas e as vezes exacerbação do quadro do hipertireoidismo. ➢ Hipotireoidismo. Contraindicado em grávidas e durante a amamentação. Tireoidectomia É indicada quando o paciente não é responsivo as outras terapias ou quando as medicações e o iodo radioativo são contraindicados. Complicações: hipocalemia, lesão dos nervos recorrentes laríngeos ou do nervo laríngeo superior. ➢ Preparo em caso de doença de Graves: 10 dias que antecedem a cirurgia: iodeto de potássio ou solução de lugol → reduzir a vascularização. Tratamento do Hipertireoidismo primário na forma subclínica Fator TSH < 0,1 TSH: Entre 0,1 e 0,44 Idade > 65 tratar Considerar Idade < 65 Doença cardíaca Sintomático Osteoporose Pós-menopausa sem tratamento tratar Considerar Idade < 65 sem comorbidades considerar observarEndocrinologia Morgana Fernandes Quadro clínico ➢ Deficiência na produção dos hormônios tireoidianos. ➢ Etiologias diversas. ➢ Hipotireoidismo na infância sem tratamento adequado: cretinismo. Primário ➢ Etiologias: • Congênito. • Adquirido: Hashimoto – autoimune. • Pós-cirurgia, radio-iodo. • Induzido por drogas (amiodarona). Central – acomete hipófise ou hipotálamo ➢ Etiologias: • Tumores hipotalâmicas e hipofisários. • Doenças infiltrativas inflamatórios. • Radiação. • Síndrome de Sheehan. • Mais comum. • Crônica linfocítica. • Doença autoimune caracterizada por infiltrado linfocítico e fibrose. • Anticorpos antitireoidianos circulantes: anti-tpo e anti- Tg. • Predisposição genética. • Ocorre com outras doenças autoimunes. • Mais comum em mulheres. • Se tiver anticorpo: tireoidite de Hashimoto, porém não obrigatoriamente desenvolverá hipotireoidismo. Quadro clínico do hipotireoidismo 1. Depressão. 2. Desaceleração dos batimentos cardíacos. 3. Intestino preso. 4. Menstruação irregular. 5. Diminuição da memória. 6. Cansaço excessivo. 7. Dores musculares. 8. Sonolência excessiva Diagnóstico ➢ Quadro clínico. ➢ Dosagem de TSH e T4 livre. ➢ Anticorpos. • T4 LIVRE BAIXO + THS ELEVADO → PRIMÁRIO • T4 LIVRE BAIXO + TSH. BAIXO → CENTRAL (RM DE SELA TÚRCICA). • T4 LIVRE NORMAL + TSH ELEVADO → HIPOTIREOIDISMO PRIMARIO SUBCLÍNICO. Tratamento ➢ Levotiroxina via oral dose única diária ➢ Pela manhã, 30-60 min antes da alimentação sem associação com outros medicamentos ➢ Inibidor de prótons com diferença de 1 hora Idade Dose (mcg/Kg/dia) 3- 12 meses 6 - 10 1-3 anos 4 - 6 3-10 anos 3 - 5 10-16 anos 2 - 4 16-65 anos 1,6 – 1,8 > 65ans 1,6. ➢ Evitar mudar de marca. Endocrinologia Morgana Fernandes ➢ Em pacientes > 65 anos de idade, coronariopatas ou com hipotireoidismo grave de longa duração, deve-se iniciar a reposição da LT com 12,5 a 25 micrograma/dia, reajustando de 15-30 dias. ➢ Reavaliar após 6 semanas ➢ Aumentar a dose em 12,5 – 25 microgramas por dia até que consiga a normalização. ➢ Se tiver elevado, reduzir de 12,5-25 microgramas. ➢ Metas: 20-60 anos: 1-2,5 mU/l. 60-70 anos: 3-4 mU/l. > 70 anos: 4-6 mU/l. ➢ Resposta ao tratamento → de acordo com os níveis de T4 livre ➢ Nunca dose TSH! ➢ Meta: manter T4 livre no terço superior da faixa de normalidade ➢ Antes de aumentar a dose, questionar: ➢ Adesão ao tratamento: ➢ Doenças disabsortivas: pós- bariátrica, doença celíaca, intolerância à lactose ➢ Uso de medicamentos associados. Tratamento TSH 4,5 -6,9 Não tratar assintomáticos Considerar tratar: Sintomáticos e risco de progressão TSH 7 – 9,9 Considerar: Sintomáticos, risco de progressão, DCV preexistente, risco cardiovascular elevado TSH>10 TRATAR MAIOR DE 65 ANOS NÃO TRATAR • Inflamação da tireoide podendo levar a disfunção da tireoide. • Precedido por infecção do trato respiratório. • Dor cervical anterior, febre, sudorese e astenia. • Exame físico: sinais flogísticos e intensa dor à palpação. Linfonodomegalia. • Função NORMAL. • Tratamento com antibióticos. • Causa mais comum de dor na tireoide. • Entre a terceira e quinta década de vida. • Evolução em 4 fases: 1. Fase dolorosa, inflamação → tireotoxicose devido à destruição dos folículos. T4 alto, VHS alta e PCR altos: fase aguda. 2. Eutireoidismo (estoque). 3. Hipotireoidismo 4. Eutireoidismo – reconstituição dos folículos. 5. Causa infecciosa – com agressão ao parênquima 6. Cintilografia: captação diminuída. Tratamento é sintomático.
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