Buscar

Movimentos do Direito Penal Moderno Minimalismo Garantismo e Abolicionismo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Movimentos do Direito Penal 
Moderno: Minimalismo, Garantismo 
e Abolicionismo 
24 de julho de 2019 
Carlos Eduardo Sousa Pereira 
Resumo 
O presente artigo cientifico tem por objetivo analisar as modernas teorias do direito 
penal, conhecidas como – minimalismo, garantismo e abolicionismo. Nessa esteira, será 
verificado a possível aplicação das teorias na realidade atual da justiça penal, para isso, 
será desenvolvido as propostas das correntes teóricas, ao passo que o minimalismo se 
propõe a diminuir o Estado ao mínimo possível, o abolicionismo em outro extremo, 
induz que o Estado deva perder o poder de punir, por visualizar um modelo desumano e 
irracional. De outro giro, analisamos o garantismo, que prega a observância dos 
princípios constitucionais como pressuposto para o Estado punir, assim chegaria a um 
modelo ideal para o sistema penalista existente. Destarte, este estudo será conduzido, 
apoiando-se na histórica do direito penal no que couber, assim como, pautar os 
princípios basilares do referido ramo do direito e proceder a análise especifica dos 
problemas propostos, ou seja, examinar os movimentos penalistas atuais e seus 
tentáculos na jurisprudência, doutrina e Constituição. Sendo assim, o estudo se 
desenvolverá por intermédio da pesquisa bibliográfica, a fim de adequar as teorias ao 
momento contemporâneo do sistema criminal, visando discutir novas alternativas para o 
Direito Penal, em consequência levará o estudo para qual caminho a ser trilhado, 
conforme os preceitos pautados na Constituição do Estado Democrático. 
Palavras-chave: Direito penal minimalismo penal, garantismo penal, abolicionismo 
penal. 
 
Abstract 
The present scientific article aims to analyze the modern theories of criminal law, 
known as – minimalism, garantism and abolitionism. In this wake, the possible 
application of theories in the current reality of criminal justice will be verified. For this, 
the proposals of the theoretical currents will be developed, while minimalism proposes 
to reduce the state to the minimum possible, abolitionism in another extreme, induces 
that the State should lose the power to punish, by visualizing an inhuman and irrational 
model. From another twist, we analyze the garantism, which preaches the observance of 
constitutional principles as a prerequisite for the State to punish, so that it would arrive 
at an ideal model for the existing penal system. Therefore, this study will be based on 
the history of criminal law, as well as on the basic principles of this branch of law and 
carry out a specific analysis of the problems proposed, that is, examine current criminal 
Ricardo
Sublinhado
Ricardo
Realce
Ricardo
Realce
Ricardo
Realce
tentacles in jurisprudence, doctrine and constitution. Thus, the study will be developed 
through bibliographical research, in order to adapt theories to the contemporary moment 
of the criminal system, aiming to discuss new alternatives for Criminal Law, 
consequently will lead the study to which path to be traced, according to the precepts 
under the Constitution of the Democratic State. 
Keywords: Criminal law, criminal minimalis, criminal abolitionism, related searches. 
 
Sumário: 1 Introdução; 2 Movimentos do direito penal moderno; 2.1 Minimalismo; 
2.1.1 Incidência do princípio da intervenção mínima; 2.1.2 Convergência da 
fragmentariedade e o caráter da subsidiariedade do direiro penal; 2.2. Garantismo; 2.2.1 
Percepção proveniente do princípio da proporcionalidade; 2.3 Abolicionismo; 3 
Considerações finais; Referências. 
 
 INTRODUÇÃO 
É cediço que o Direito Penal passa pelos mais variados problemas, principalmente no 
que se refere à sua efetividade. Vários são os debates e estudos para acompanhar as 
transformações da sociedade e de como manter o Sistema penal sempre próximo aos 
fatos sociais relevantes. 
Assim, a história da humanidade sempre esteve atrelada ao crime, em decorrência dessa 
realidade, se fez de grande importância a criação e aplicação de um instrumento capaz 
de frear essa onda de instabilidade social, desencadeando então, um moderno sistema 
penal. 
Nessa perspectiva, o respeitado Edgar Magalhães Noronha, pontua: “a história do 
direito penal é a história da humanidade. Ele surge com o homem e o acompanha 
através dos tempos, isso porque o crime, qual sombra sinistra, nunca dele se afastou” 
(2000, p. 20). 
Através desse panorama, surgiram inúmeras propostas sobre a política criminal, com 
viés de erradicação das condutas ilícitas. Assim sendo, os doutrinadores penalistas 
buscaram desenvolver teorias elementares para apresentar resultados satisfatórios na 
corrida pela efetividade do Sistema jurídico penal. 
Nesse viés, surge os movimentos intitulados como: minimalismo, garantismo e 
abolicionismo, que, de um lado propõe a redução ao máximo necessário do Direito 
Penal, criminalizando apenas condutas extremamente necessárias, ao passo que, a outra 
teoria dispõe sobre uma abolição do sistema penal. 
Diante disto, surge a seguinte problemática: é possível com essas modernas teorias 
encontrar efetivas soluções para os atuais problemas no âmbito penal? Esses 
movimentos encontram respaldo por parte da jurisprudência ou na Constituição? 
Ricardo
Realce
Ricardo
Realce
Ricardo
Realce
O objetivo geral desta pesquisa é analisar a viabilidade das modernas teorias e verificar 
a possível aplicação no Sistema penal, e os específicos são proceder à história do 
Direito Penal no que couber, estudar os princípios fundamentais penais frente as teorias 
em estudo e analisar os movimentos do direito penal moderno. 
Além do mais, enquanto perdurar o impasse no que tange à criminalidade crescente e 
ineficiência das normas e do Estado na condução do Sistema repressivo, estará fadado 
ao fracasso os esforços teóricos e práticos, ficando todo o avanço conquistado apenas 
nos anais da doutrina. 
Este estudo foi coordenado, a partir de uma investigação dos institutos relativos ao 
conteúdo, o que foi realizado através da metodologia de pesquisa bibliográfica com a 
utilização de artigos, livros, internet e doutrina como fontes gerais e como fontes 
especificas, Constituição Federal, jurisprudência, analogia, costumes e princípios, 
articulada com o método indutivo. 
O artigo foi desenvolvido por meio de duas seções relevantes, culminando nas 
considerações finais. 
Ab initio, foi posta em pauta a análise dos movimentos modernos referente a matéria 
penal, dispondo seus aspectos relevantes, trazendo à baila suas propostas, seus criadores 
e o seu desenrolar teórico. Da mesma forma, procedeu o breve exame da história do 
Direito Penal em alguns pontos relevantes das teorias. 
Fruto dessa discussão, saltou aos olhos o debate acerca dos princípios que norteiam as 
bases conceituais do tema proposto, passando pela visão dos juristas, bem como da 
jurisprudência, revelando sua contribuição para os movimentos do direito penal 
moderno. 
Por fim, nas considerações finais, retomou-se as reflexões manifestadas nas seções que 
a antecederam e apontando os resultados ou constatações alcançadas. 
 
 MOVIMENTOS DO DIREITO PENAL MODERNO 
 
2.1. Minimalismo 
Este movimento vem conquistando muitos adeptos desde a década passada, onde tem 
suas propostas defendidas por grandes nomes, entre eles, os criadores Luigi Ferrajolie e 
Alessandro Baratta. Assim, a essência das ideias dos seus expoentes, está alicerçada 
para um Direito Penal menos interventor nos direitos individuais, utilizado somente 
para condutas realmente danosas e relevantes. 
Com efeito, os adeptos do direito penal mínimo, buscam voltar o pensamento para o 
ramo penal menos interventor, encurtando seu espaço de operação, ou seja, o direito 
penal do equilíbrio. Assim, oportuno observar o que diz Luigi Ferrajolie (2006, p.383-
384): “a justiça penal, com o caráter inevitavelmente desonroso de suas intervenções, 
não pode ser incomodada e, sobretudo, não pode incomodar os cidadãos por fatos de 
escasso relevo, como o são a maiorparte dos atualmente castigados com simples 
multas”. 
À vista dessas ponderações, constatamos que o Estado deve intervir minimamente nas 
relações sociais, visto isso, cabe tomar nota da incidência de alguns princípios 
fundamentais, como o princípio da intervenção mínima, que prega a ideia de um direito 
penal sendo a ultimaratio, quer dizer, a última alternativa do estado. 
É nessa perspectiva que os juristas adeptos dessa corrente propõem um domínio penal 
que resguarde os bens vitais para a vida em sociedade, sem ultrapassar os limites da 
intervenção estatal, posto que, a dignidade da pessoa humana, princípios e garantias 
constitucionais sejam levados em primeira linha de importância, porquanto outros 
ramos do direito são capazes de solucionar muitos dos conflitos sociais existentes. 
A partir desse prisma, observamos os princípios que bem sintetiza essa corrente teórica, 
qual seja, o princípio da intervenção mínima, assim como, o princípio da 
fragmentariedade e subsidiariedade do campo penal, todavia, não foram postos em 
prática totalmente, em razão da crescente onda de se criminalizar todo e qualquer ilícito, 
mesmo os que outros campos do direito fossem capazes de efetivar soluções menos 
danosas. 
Diante de um legislativo produtor de ilícitos penais em série, faz-se necessário pautar 
essa corrente de pensamento e buscar introduzir essa lógica na atuação legislativa, com 
a finalidade de podar a criação de leis penais, cada vez mais crescente, onde os 
legisladores com o intuito de levar respostas para um corpo social cada vez mais 
sedento por criminalizar mais e mais condutas, descaminham a real importância do 
Direito Penal. 
O que manifesta a jurisprudência sobre o tema, senão vejamos: 
HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL E PENAL. CRIME MILITAR. PRINCÍPIO 
DA INSIGNIFICÂNCIA. RECONHECIMENTO NA INSTÂNCIA CASTRENSE. 
POSSIBILIDADE. DIREITO PENAL. ULTIMA RATIO. CONDUTA 
MANIFESTAMENTE ATÍPICA. REJEIÇÃO DA DENÚNCIA. ORDEM 
CONCEDIDA. CRIME MILITAR 
1. A existência de um Estado Democrático de Direito passa, necessariamente, 
por uma busca constante de um direito penal mínimo, fragmentário, 
subsidiário, capaz de intervir apenas e tão-somente naquelas situações em 
que outros ramos do direito não foram aptos a propiciar a pacificação 
social. (grifo meu) 
2. O fato típico, primeiro elemento estruturador do crime, não se aperfeiçoa com 
uma tipicidade meramente formal, consubstanciada na perfeita correspondência 
entre o fato e a norma, sendo imprescindível a constatação de que ocorrera lesão 
significativa ao bem jurídico penalmente protegido. […] (HC 107638 PE, 
Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA, Data de Julgamento: 13/09/2011, Primeira 
Turma, Data de Publicação: DJe-187 DIVULG 28-09-2011 PUBLIC 29-09-
2011) 
Ricardo
Realce
Ricardo
Realce
Ricardo
Realce
Destarte, a adequação entre a conduta e a ofensa a um determinado bem jurídico deve 
ser levada em consideração, para fins de aplicação do danoso sistema penal na vida do 
indivíduo, uma vez que, frente ao ilícito irrelevante não se recomenda a utilização do 
citado ordenamento, ficando a cargo das demais áreas do direito a reparação do dano, 
evitando assim, excesso no uso do Direito Penal. 
O renomado penalista Callegari expõe: 
“Haja vista que o Direito Penal lida com o bem jurídico liberdade, um dos mais 
importantes dentre todos, nada mais lógico do que esse ramo do Direito obrigar-se a 
dispor das máximas garantias individuais. E mais, conhecendo o nosso sistema 
carcerário, fica claro que só formalmente a atuação do Direito Penal restringe-se à 
privação da liberdade. Na prática, a sua ação vai mais além, afetando, muitíssimas 
vezes, outros bens jurídicos de extrema importância, como a vida, a integridade física e 
a liberdade sexual, verbi gratia; uma vez que no atual sistema prisional são freqüentes as 
ocorrências de homicídios, atentados violentos ao pudor, agressões e diversos outros 
crimes entre os que ali convivem”(Callegari, 1998, p. 478) 
À face do exposto, avistamos uma teoria bem articulada com o atual momento que se 
encontra o Direito Penal, no qual o sistema prisional se encontra abarrotado e 
esfacelado, morosidade no desenrolar das ações judiciais, escassez de recursos e 
ineficácia de muitas leis penais. Dessa maneira, assiste razão às propostas dos juristas 
minimalistas, contribuindo para a ordem constitucional e levando um fio de esperança 
para solucionar ou começar angariar esforços para um novo modelo de direito penal. 
 
2.1.1. Incidência do princípio da intervenção mínima 
 Na proposta minimalista, observa-se a influência cristalina de um importante princípio 
constitucional penal, a intervenção mínima, na qual pontua que o Direito Penal deve 
intervir minimamente nas relações sociais, limitando o poder de punir do Estado e 
consequentemente, tutelar os bens mais indispensáveis para a vida em comunidade. 
Assim nos ensina o respeitado Doutor Rogério Greco (2015, p.97): “O Direito Penal só 
deve preocupar-se com a proteção dos bens mais importantes e necessários à vida em 
sociedade.” 
Nesse cenário, a intervenção mínima se configura como a base do direito criminal 
moderno, servindo de norte para o legislador e aplicador da lei pautar suas convicções 
voltadas apenas para bens relevantes, que mereça real proteção do ordenamento penal e 
assim deixar de sobrecarregar o referido ordenamento. 
Cumpre observar o que preleciona Cezar Roberto Bitencourt: 
“O princípio da intervenção mínima, também conhecido como ultimaratio, orienta e 
limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a criminalização só se legitima 
se constituir meio necessário para a prevenção de ataques contra bens jurídicos 
importantes. Ademais, se outras formas de sanção ou outros meios de controle social 
Ricardo
Sublinhado
Ricardo
Realce
revelarem-se suficientes para a tutela desse bem, a sua criminalização é inadequada e 
não recomendável.” (2013, p. 54): 
Com essa ponderação, latente é o reconhecimento que o princípio em análise busca 
refletir a atuação penal nos crimes solucionáveis por outros setores do Direito, ou seja, a 
sociedade constatará uma menor intervenção na vida cotidiana, ficando protegida pelo 
direito criminal apenas e tão somente quando extremamente necessário. 
Podemos observar a importância desse princípio quando percebemos uma tempestade 
de leis penais sendo criadas, o Estado intervindo o máximo que consegue na vida da 
coletividade e o problema da insegurança na sociedade continuar sem resolutividade. 
Uma vez que, a criação e endurecimento das penas não se mostraram capaz de 
solucionar os crescentes conflitos, assim, a sanção das penas não pode ser vista como a 
solução para todas as mazelas sociais. 
Nesse contexto, a criminalização de todo e qualquer bem tutelado, por menor 
ofensividade que seja, pelo direito penal, é afronta direta ao princípio aqui estudado, 
visto que, quanto mais se restringe as garantias individuais, mais as normas 
incriminadoras são desrespeitas e os presídios ficam sobrecarregados. 
Intervir minimante é caminho para dialogar com a sociedade por mais efetividade na 
aplicação e conhecimento das normas incriminadoras, porém, o legislador na busca 
incansável de apenas tipificar e punir condutas insignificantes sob o prisma do ramo 
criminal, acaba por abarcar comportamentos que seriam melhores tutelados por outras 
áreas do Direito. 
Logo, o princípio em pauta vem como forma de podar a ânsia feroz do Estado em punir 
sem observar as consequências, deixando de considerar que os bens mais importantes a 
serem tutelados estão contidos na Constituição, na qual a sociedade passou tempos 
exigindo e buscando meios para efetivar as conquistas, colocando o direito penal 
mínimo como forma de combate à criminalidade. 
Desta feita, podemos atentar para o que dispõe a jurisprudência do Tribunal de Justiça 
do Rio Grande do Sul, no que se refere a aplicação de outra esfera do Direito em 
hipóteses de bens jurídicos menos relevantes, ou seja, aplicação do princípioaqui 
exposto, senão vejamos: 
APELAÇÃO CRIMINAL. JOGOS DE AZAR. MUDANÇA DE ORIENTAÇÃO. 
ATIPICIDADE. INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO 
MÍNIMA. Hipótese em que, como decorrência do princípio da intervenção mínima, 
não há espaço para a intervenção do Direito Penal. Tipo penal que, ademais, não se 
coaduna com o Estado Democrático de Direito e, em especial, com a dignidade da 
pessoa humana (art. 1º, III, da Constituição Federal. Necessidade de resguardar o 
direito penal, sabidamente a ultimaratio para aquelas hipóteses em que o bem 
jurídico não pode ser protegido por outros meios menos gravosos, situação que 
claramente se desenha em relação aos jogos de azar, que tanto podem ser legalizados, 
quanto combatidos por outros ramos do Direito, em especial o Administrativo, que bem 
se presta para combater o funcionamento de estabelecimentos comerciais ou o exercício 
de atividades que se ponham em desconformidade com a lei. RECURSO IMPROVIDO. 
Ricardo
Realce
Ricardo
Linha
(Recurso Crime Nº 71005865860, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, 
Relator: Luiz Antônio Alves Capra, Julgado em 21/03/2016). 
(TJ-RS – RC: 71005865860 RS, Relator: Luiz Antônio Alves Capra, Data de 
Julgamento: 21/03/2016, Turma Recursal Criminal, Data de Publicação: Diário da 
Justiça do dia 28/03/2016) 
Nesse estrato de exposição, a intervenção mínima como princípio, mostra-se um meio 
para a descriminalização, posto que, o ramo penal deva preocupar-se apenas com fatos 
que tragam danosas consequências para a coletividade, em que as perturbações menos 
relevantes fiquem a cargo da esfera civil ou administrativa. 
Por esse ângulo, a corrente minimalista, trilha o caminho da intervenção mínima de 
forma cristalina, adquirindo para si, as bases conceituais aqui delineadas. Desta 
maneira, observamos que esse sustentáculo conceitual advém do brocardo Nulla lex 
poenalis sine necessitate, isto é, a lei penal não existe sem que haja uma necessidade 
concreta. 
 
2.1.2. Convergência da fragmentariedade e o caráter da subsidiariedade do direito 
penal. 
Na ótica da mínima intervenção penal, a fragmentariedade e subsidiariedade ganha 
espaço, uma vez que, decorre da natureza do princípio da intervenção mínima, 
arrolando que o Direito Penal não se ocupa na proteção de todos os bens jurídicos, no 
entanto, encarrega-se com demandas extremamente danosa e intolerável ao convívio 
social, revelando assim, a essência do caráter fragmentário. 
Corroborando este enfoque, Nucci manifesta: 
“Fragmentariedade significa que nem todas as lesões a bens jurídicos protegidos devem 
ser tuteladas e punidas pelo direito penal que, por sua vez, constitui somente parcela do 
ordenamento jurídico. Fragmento é apenas a parte de um todo, razão pela qual o direito 
penal deve ser visto, no campo dos atos ilícitos, como fragmentário, ou seja, deve 
ocupar-se das condutas mais graves, verdadeiramente lesivas à vida em sociedade, 
passíveis de causar distúrbios de monta à segurança pública e à liberdade individual.” 
(NUCCI, 2011, p. 88) 
Nesse substrato de exposição, possível notar as bases do princípio da fragmentariedade 
provém, como já mencionado, da mínima intervenção penal, igualmente do princípio da 
adequação social. 
Se certas condutas são aceitas pela sociedade, não se deve considerar criminosa, ainda 
que tipificada pelo código penal, essa é a essência do princípio da adequação social, 
visto que, as condutas socialmente aceitas não estão em desconformidade com a 
Constituição Federal. Porém, não são todas ações respaldadas, por exemplo, a pena de 
morte, boa parte da sociedade aceita, mas a Carta Magna veda essa prática. 
Ricardo
Linha
Ricardo
Realce
Ricardo
Realce
Ricardo
Realce
Ricardo
Realce
Dessa forma, parte do pressuposto que se condutas não são relevantes na concepção da 
sociedade na qual está inserido, não se deve pautar como delitos e dar respaldo jurídico 
para tais práticas. 
Segundo Cezar Roberto Bitencourt (2013, p. 57): “[…] também é verdade, certos 
comportamentos em si mesmos típicos carecem de relevância por serem correntes no 
meio social, pois muitas vezes há um descompasso entre as normas penais 
incriminadoras e o socialmente permitido ou tolerado.” 
À face do exposto, observamos que o princípio da adequação social não permanece 
imobilizado no tempo, pois sua essência acompanha o movimento da sociedade, onde 
temos condutas que foram tipificadas em tempos remotos que hoje em dia não se 
sustentariam mais como delitos, como exemplo: a capoeira, as vaquejadas, colocar 
brinco em criança. 
Ante o evidenciado, fica claro que o presente princípio busca afastar a tipicidade 
material da conduta incriminadora, ou seja, afasta a relevante lesão ou ameaça de lesão 
ao bem tutelado pelo ordenamento jurídico. Visto que, nos posicionamos frente a ações 
que socialmente são aceitas ou adequadas, porém, condutas que seriam consideradas 
como costumes, somente a lei afastaria a tipicidade do fato. 
Ao passo que a subsidiariedade, especificadamente, prega a intervenção do Direito 
Penal, somente quando outros ramos do Direito não lograr êxito na resolução dos 
conflitos, nesta esteira, o regimento penal não será a primeira via de resolução das 
desordens. 
Nesse viés de exposição, Claus Roxin apud Rogério Greco (2011, pag. 48) pondera 
sobre a subsidiariedade de forma louvável: 
“A proteção de bens jurídicos não se realiza são mediante o Direito Penal, senão que 
nessa missão cooperam todo o instrumental do ordenamento jurídico. O Direito Penal é, 
inclusive, a última dentre todas as medidas protetoras que devem ser consideradas, quer 
dizer que somente se pode intervir quando falhem outros meios de solução social do 
problema – como a ação civil, os regulamentos de polícia, as sanções não penais, etc.” 
Posto essa conjuntura, a subsidiariedade penal, assume papel relevante no panorama da 
corrente doutrinaria aqui debatida, já que, reza pela aplicação de ordenamento 
extrapenal, intervindo preferencialmente quando outros meios de solução de conflitos 
não granjear êxito. 
 
2.2. Garantismo 
Passando a analisar esse outro instituto, o garantismo penal, teoria desenvolvida pelo 
italiano Luigi Ferrajoli, expoente da grande obra intitulada Direito e Razão, em que se 
encontra as propostas desse movimento. 
Ricardo
Sublinhado
As propostas do sistema garantista estão voltadas para um Estado equilibrado, ao passo 
que para alcançar o equilíbrio é necessário que se preconize todas as garantias e direitos 
fundamentais dos acusados, evitando então, um Estado arbitrário. 
Corroborando com a narrativa da corrente aqui debatida, na qual observamos a 
explanação da necessidade de manter o ordenamento opressor em vigor, tendo em vista 
o corpo social não voltar a conviver com a vingança privada, partimos assim, para o 
estudo dos anais da história do Direito Penal, que pondera os tempos da sociedade 
arcaica, uma vez que não existiam leis para disciplinar condutas de seus integrantes, 
julgando pelo modo em que se organizavam, ou seja, em tribos, pequenos 
agrupamentos, totalmente contrário da forma que convivemos hoje, em configuração de 
Estado. 
À vista disso, observamos o surgimento da vingança privada, que consiste em uma 
retaliação por parte dos parentes, da própria vítima ou de sua tribo, sem o uso de 
proporcionalidade para com o infrator, que muitas das vezes não puniam apenas o 
agressor, mas toda uma aldeia em que pertencia o indivíduo transgressor. Assim, o 
senso de justiça era distorcido ou se quer existia à época. 
Para Capez e Bonfim (2004, p.43), em síntese: “reinava a responsabilidade objetiva, e 
desconheciam-se princípios como o da proporcionalidade, humanidade e personalidade 
da pena.” 
Nessa esteira de exposição, surge posteriormente o que entendemos por vingança 
pública, a partir de então, com uma sociedade mais organizada e com o advento do 
Estado, eis que a figura de um chefe passa a impor a pena, como interesse da 
coletividade. 
Sob o argumento de um controle sociale a sensação de tranquilidade, esse estágio do 
direito penal, que se desenvolvia em um corpo social mais organizando, apodera-se de 
parte da liberdade das pessoas e programa uma política penal voltada em nome de Deus, 
ao passo que o senhor reinante cometia diversas arbitrariedades. 
Como bem explana Antonio Sólon Rudá (2013), “[…] até chegarem à fase da Vingança 
pública, quando se observa o surgimento da casta de uma política penal, que se apodera 
de parte de liberdade das pessoas em troca de um controle social, de uma pseudo 
garantia de paz.” 
É nessa linha de pensamento que o festejado garantismo penal se desenvolve, 
rechaçando o abolicionismo e o abuso do direito de punir, ou seja, a ausência de regras e 
o Estado extremamente interventor nas relações sociais. Nesse viés, o pensamento dos 
teóricos se apresenta com a seguinte máxima, amplia-se ao máximo as liberdades 
individuas e coletiva, consequentemente, reduz ao mínimo necessário o poder do 
Estado. 
Porém, não se deve em nome dessa teoria rechaçar as regras postas e colocar os 
princípios como meio de atuação judicial para aplicação de um suposto garantismo. 
Desta forma, perde o real sentido da teoria, tendo em vista que propõe os princípios 
constitucionais como norte para as regras postas em legislações ordinárias, isto é, a 
legislação deve ser interpretada à luz dos princípios. 
Convém assentar, o movimento encabeçado pelos garantistas está voltado basicamente 
para a produção das leis, à medida que seu conteúdo esteja vinculado aos elementares 
valores postos pela Constituição. Portanto, é neste sentido que este movimento se 
diferencia dos outros, enquanto o abolicionismo busca retirar do Estado a incumbência 
de punir, a corrente teórica catequiza o fortalecimento do Estado social de Direito, vale 
dizer, o legislador fica restrito aos ditames da Constituição. 
Continuando o estudo, o jusfilosófo Luigi Ferrajoli pondera sobre um sistema capaz de 
reduzir os danos, ofertando garantias fundamentais para que não se chegue a condenar, 
por exemplo, um inocente, crendo em uma punição garantido direitos. Nesta vertente, o 
doutrinador expõe formas de se alcançar a minimização do poder estabelecido, isto é, 
por meio de dez princípios é possível minimizar o poder institucionalizado. 
Como bem pontua o autor, os axiomas propostos são: 
“A1 Nulla poena sine crimine 
A2 Nullum crimen sine lege 
A3 Nulla lex (poenalis) sine necessitate 
A4 Nulla necessitas sine injuria 
A5 Nulla injuria sine actione 
A6 Nulla actio sine culpa 
A7 Nulla culpa sine judicio 
A8 Nullum judicium sine accusatione 
A9 Nulla accusatio sine probatione 
A10 Nulla probatio sine defensione” (FERRAJOLI, 2006, p. 91)[1]. 
Deste modo, o doutrinador dispõe essas garantias em relação à pena, ao delito e ao 
processo, continuando o pensamento dispõe: 
“Denomino estes princípios, ademais das garantias penais e processuais por eles 
expressas, respectivamente: 1) princípio da retributividade ou da conseqüencialidade da 
pena em relação ao delito; 2) princípio da legalidade, no sentido lato ou no sentido 
estrito; 3) princípio da necessidade ou da economia do direito penal; 4) princípio da 
lesividade ou da ofensividade do evento; 5) princípio da materialidade ou da 
exteriorização da ação; 6) princípio da culpabilidade ou da responsabilidade pessoal; 7) 
princípio da jurisdicionalidade, também no sentido lato ou no sentido estrito; 8) 
princípio acusatório ou da separação entre juiz e acusação; 9) princípio do ônus da 
prova ou da verificação; 10) princípio do contraditório ou da defesa, ou da 
falseabilidade.” (FERRAJOLI, 2006, p. 91). 
Ricardo
Realce
Ricardo
Realce
Considerando essas ponderações, nota-se que esse movimento penal está vinculado à 
Constituição, devendo seguir esses axiomas de maneira rígida, receituário do 
movimento garantista para legitimar a execução do Direito Penal. Desta maneira, nossa 
Carta Política, assim como outras cartas politicas das democracias pelo mundo, 
absorveu essas propostas em razão da gravidade que seria punir um inocente. 
Observando esse recorte temático, podemos definir, a teoria aqui debatida se volta para 
a observância rígida dos preceitos fundamentais contidos na Constituição pátria, 
igualmente, as decisões no âmbito judicial e legislativo não deve destoar dos direitos 
constitucionalmente delineados, visto que, o máximo de direitos individuais e coletivos 
devam ser respeitados. 
Em síntese, o movimento garantista nada mais é do que um Direito Penal mínimo, ou 
seja, o máximo de bem estar para o não delinquente, subtraindo o mínimo de liberdade 
do indivíduo quando necessário. Ficando claro que esse movimento é o oposto do 
abolicionismo, em vista de o penal ser necessário para encerrar a vingança privada. 
 
2.2.1. Percepção proveniente do princípio da proporcionalidade 
Importante princípio do Direito, especialmente do direito penal moderno, exerce papel 
relevante frente ao Estado Democrático de Direito, protegendo indivíduos da ingerência 
excessiva e descabida, muita das vezes, do Estado, intervindo no espaço dos direitos 
fundamentais. 
Nos primórdios do direito penal a punição aplicada atinente ao delito cometido era 
marcada pela desproporção, no entanto, com o Iluminismo, movimento fundamental 
para a consolidação desse princípio, pregava a aplicação de penas graves ou leves 
conforme a gravidade da transgressão, aperfeiçoando o que já vinha sendo orquestrado 
desde a antiguidade. 
Segundo os ensinamentos do respeitado jurista Cezar Roberto Bitencourt (2013, p. 66): 
“Desde o Iluminismo procura-se eliminar, dentro do possível, toda e qualquer 
intervenção desnecessária do Estado na vida privada dos cidadãos. […] as ideias do 
Iluminismo e do Direito Natural diminuíram o autoritarismo do Estado, assegurando ao 
indivíduo um novo espaço na ordem social. […]” 
Nessa esteira de pensamento, observamos a importância do referido princípio com a sua 
consagração em diversos dispositivos da Constituição Federal, por exemplo, 
reconhecimento da individualização da pena (art. 5, XLVI), infrações de maior 
potencial ofensivo tem premissa de maior punição, ou seja, a proporcionalidade está 
sedimentada na Carta Magna e difundida nos poderes constituídos. 
Assim, temos um princípio voltado para contenção dos excessos, dos poderes: 
legislativo, judiciário e executivo, na qual se deve levar em consideração no momento 
da interpretação e aplicação dos textos legais, atentando se o preceito legal está 
conveniente, proporcional e inescusável. 
Em vista disso, conclui seu pensamento sobre o princípio da proporcionalidade, Cezar 
Roberto Bitencourt (2013, p. 69): 
“… com base no princípio da proporcionalidade é que se pode afirmar que um sistema 
penal somente estará justificado quando a soma das violências – crimes, vinganças e 
punições arbitrarias – que ele pode prevenir for superior a das violências constituídas 
pelas penas que cominar.” 
Princípio este que provém as bases conceituais para o movimento dos garantistas, posto 
que, prega pela preponderância dos direitos fundamentais frente a ingerência excessiva 
do Estado opressor, pautado pelo Código Penal e Processual. 
 
2.3. Abolicionismo 
Passando a analisar a perspectiva abolicionista, notamos uma crescente onda de adeptos, 
sustentando o Direito Penal como causa do problema posto na sociedade, propondo 
portanto, um outro olhar sobre a esfera penal que está sedimentado, isto é, a política 
criminal inoperante nos dias atuais, enaltecendo sua função extremamente negativa. 
Sob o olhar da evolução histórica do Direito Penal, constata-se as ponderações já 
delineadas no corpo do trabalho acima, onde arrazoa os aspectos da vingança privada, 
trazendo à baila mais uma discussão acerca da finalidade do campo penal, ficando 
evidenciado pelos abolicionistas a necessidade de erradicar esse sistema e colocar em 
prática meios alternativos de resolução de conflitos, ou seja, abolir o sistema do castigo. 
Segundo esta linha de pensamento,o âmbito penal já está fadado ao fracasso, tendo em 
vista a brutalidade do modelo, o alto custo financeiro para manter em operação, além do 
mais, pontua a falta de um pressuposto importante, a ressocialização. 
Em apertada síntese, os abolicionistas enxergam um direito penal deslegitimado, em 
vista de não punir de forma igualitária todas os ilícitos, levando a punição quase sempre 
aos mais desfavorecidos, atestando assim, um sistema de elevada desvantagem. 
Consequência disso, pleiteia a eliminação total desse modelo de controle estatal. 
Na lição do renomado jurista Zaffaroni (2014, p. 89): 
“O abolicionismo nega a legitimidade do sistema penal tal como atua na realidade social 
contemporânea e, como princípio geral, nega a legitimação de qualquer outro sistema 
penal que se possa imaginar no futuro como alternativa a modelos formais e abstratos 
de solução de conflitos, postulando a abolição radical dos sistemas penais e a solução 
dos conflitos por instâncias ou mecanismos informais.” 
Nessa linha de pensamento, os abolicionistas radicais rezam como objetivo o 
desaparecimento do modelo penal vigente, em consequência do seu sumiço, passaria a 
figurar como meio principal de controle social, outros métodos, como: arbitragem, 
mediação, reparação na esfera civil, etc), apostando assim, nessas soluções como mais 
eficazes na gestão da violência, racionais e humanas. 
Ricardo
Realce
Nessa mesma sonância, Bittencourt expõe (2012, p. 593): 
“A abolição da prisão supõe o desenvolvimento de formas alternativas de autogestão da 
sociedade no campo de controle da delinquência. Tais formas autogestionárias de 
controle da delinquência exigiriam a colaboração das entidades locais e das associações 
obreiras, afim de evitar o isolamento social que sofre o infrator quando é recolhido a 
uma instituição penitenciária.” 
Alguns renomados expoentes desse movimento são: Louk Hulsman, Thomas Mathiesen 
e Nils Crhistie, dividindo o abolicionismo em três correntes, quais sejam: 
Partindo do pressuposto da não interferência do Estado na resolução dos conflitos, seu 
criador Louk Husman, prega a abolição da justiça penal. Assim, idealiza a mudança do 
termo crime, que passaria a ser denominado como situação problemática ou acidente, 
apostando também nos meios intermediários para solução dos conflitos, pautando o 
consenso, a concitação, etc., como forma de solucionar os “acidentes”. (HUSMAN, 
1997), 
Nesse aspecto, Salo de Carvalho exterioriza (2013, p.254): “A estratégia não seria, 
portanto, centrada apenas na gradual abolição da coerção criminal, mas do próprio 
sistema de justiça penal, substituindo-o pelo mecanismo informal e flexível das justiças 
civil e administrativa.” 
A segunda corrente, defendida por Thomas Mathiesen, rechaça a prisão, por acreditar 
ser um meio de segregar a população desprovida de poder econômico, político e social, 
gerando a piora do sistema e caracterizando uma justiça desumana. (MATHIESEN, 
1997) E por fim, a terceira corrente doutrinaria, defendida por Nils Christie, partindo da 
máxima observância das regras morais, prezando pelo diálogo e rechaçando o 
sofrimento imposto pela pena ao indivíduo. 
Isto posto, observamos um movimento utópico, almejando a abolição da alçada penal, 
mas reconhece que os conflitos permanecem, ajustando apenas a forma de soluciona-
los, por meio de vias alternativas ao padrão que hoje está vigente. Porém, não leva em 
consideração a realidade social, com viés de práticas ilícitas crescente, principalmente 
em países não desenvolvidos. 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Consoante ao exposto, foi possível observar o Direito Penal sob a ótica dos movimentos 
modernos que debatem sore sua aplicabilidade, posicionando os mais relevantes 
aspectos que levaram a justiça penal ao patamar atual, ponderado pelos princípios e 
sendo modelado conforme a evolução do convívio social. 
Ao longo do trabalho, os movimentos inovadores da esfera penal foram abordados de 
maneira minuciosa, colocando propostas com viés resolutivo para os problemas do 
Direito Penal. Por conseguinte, saltou aos olhos as ponderações vistas na doutrina e 
jurisprudência, como forma de viabilidade de algumas das teorias em análise. 
Examinou os princípios pertinentes as correntes teóricas expostas, estudando seus 
conceitos e singularidades, pautando ainda as decisões proferidas pela jurisprudência 
pátria e considerações fornecidas pela doutrina especializada, na medida que se mostrou 
de grande valia para o tema em tela, tendo em vista o grau de relevância para nortear os 
movimentos modernos do âmbito penal. 
Outro ponto importante a considerar, fere-se ao conteúdo dos movimentos, ao passo que 
a teoria minimalista está em pauta em várias decisões da jurisprudência, o 
abolicionismo está em outro patamar, qual seja, o da utopia, idealizando uma sociedade 
sem o meio repressor, contribuindo para a volta da vingança privada e descontrole 
social. 
Já no que se refere ao movimento dos garantistas, foi possível constatar uma proposta já 
encabeçada pelas democracias modernas, na qual o Estado de Direito pressupõe as 
garantias fundamentais expostas em suas Cartas Magnas, e no Brasil não é diferente, a 
Constituição já oferta essas garantias como forma de nortear as relações individuais e 
coletivas. Assim, segundo o jurista Luigi Ferrajoli, a observância e custódia dos direitos 
abalizados na Carta Política, devem ser a tônica do Direito Penal. 
Isto posto, observando os julgados dos Tribunais brasileiro, a doutrina e a Constituição, 
podemos considerar que as teorias aqui desenvolvidas, resultam uma relevante 
contribuição para a melhora do sistema penalista e a utilização de suas premissas para 
fomentar a discursão da mudança de rumos para a justiça penal. 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL, Código Penal. Decreto-Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940. 
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral, 1 – 19.ed. 
ver., ampl. e atual. – São Paulo, Saraiva, 2013. 
BUZON, E. Código de Hamurabi. Petrópolis, Editora Vozes, 10ª ed., 2003. 
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1. 17ª Ed. 
São Paulo: Saraiva, 2012 
BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: introdução 
à sociologia do direito penal. Rio de Janeiro: Revan, 2014. 
CAPEZ, Fernando e BONFIM, Edilson Mougenot. Direito Penal, Parte geral. São 
Paulo: Saraiva, 2004. 
CALLEGARI, André Luiz. O Princípio da Intervenção Mínima no Direito Penal. 
IBCcrim, nº 70, 1998, P 478. 
CARVALHO, Salo de. Antimanual de criminologia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. 
p. 254. 
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão. Tradução de Ana Paula Zomer Sica, Fauzi Hassan 
Choukr, Juarez Tavares e Luiz Flávio Gomes. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. 
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do galantismo penal. 2. Ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2006. 
FERNANDES, Newton, Valter. Criminologia Integrada. ed. Revista dos tribunais. 
São Paulo, 1995. 
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Vol. I. 17.ed. Rio de Janeiro: Impetus, 
2015. 
HUNGRIA, Nelson. Apud FERNANDES, Newton; FERNANDES, 
Valter. Criminologia Integrada. 2a ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais. 
2.002.Pp. 26/27. 
HULSMAN, Louk. Temas e conceitos numa abordagem abolicionista da justiça 
criminal, in Edson Passetti e Roberto B. Dias da Silva (orgs). Conversações 
abolicionistas: uma crítica do sistema penal e da sociedade punitiva, São Paulo, 
IBCCrim/PPG – Ciências Sociais PUC-SP, 1997, p. 207. 
MATHIESEN, Thomas. A caminho do século XXI: abolição, um sonho 
impossível?, in Edson Passetti e Roberto B. Dias da Silva (orgs). Conversações 
abolicionistas: uma crítica do sistema penal e da sociedade punitiva, São Paulo, 
IBCCrim/PPG – Ciências Sociais PUC-SP, 1997, p. 277. 
NORONHA, E. M. Direito penal. Vol. I. 35.ed. São Paulo: Saraiva, 2000. 
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 7ª ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2011. 
PRADO, Luiz Régis. Curso de Direito Penal Brasileiro:Parte Geral. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2008. 
PEIXOTO, Afrânio. Criminologia, 4ª edição, Ed. Saraiva, São Paulo.1953. 
RUDÁ, Antonio Sólon. Breve história do direito penal e da criminologia: do 
primitivismo criminal à era das escolas penais. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-
4862, Teresina, ano 18, n. 3807, 3 dez. 2013. Disponível 
em: <https://jus.com.br/artigos/25959>. Acesso em: 16 ago. 2017. 
ROXIN, Claus. Derecho Penal – parte general. apud GRECO, Rogério. Curso de 
Direito Penal. Impetus: Rio de Janeiro, 2011, pg. 48. 
SILVA, José Geraldo da. Os direitos fundamentais e a cidadania na formação do 
Direito Penal Brasileiro. Campinas, São Paulo: Servanda Editora, 2012, p. 98. 
ZAFFARONI, Eugênio Raúl. Em busca das Penas Perdidas: a perda da legitimidade 
do sistema penal. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Revan, 1991, 2014. 
[1] A1 Não há pena sem crime; 
A2 Não há crime sem lei; 
A3 Não há lei penal sem necessidade; 
A4 Não há necessidade sem ofensa à bem jurídico; 
A5 Não há ofensa ao bem jurídico sem ação; 
A6 Não há ação sem culpa; 
A7 Não há culpa sem processo; 
A8 Não há processo sem acusação; 
A9 Não há acusação sem prova; 
A10 Não há prova sem defesa. 
(Tradução nossa)

Continue navegando